Quando o Amor Chega escrita por Miss Viegas


Capítulo 2
Uma grande ajuda




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UMA GRANDE AJUDA

As aulas no colégio de Bayville corriam normalmente, mas Kurt estava um caco. Não conseguia prestar atenção em nada, principalmente porque as aulas daquele dia eram na área das exatas: matemática, física, química, o que contribuía para que ele ficasse com mais sono e mais cansado ainda. Na hora do almoço, ele ficou em uma mesa isolado até que Vampira se aproximou dele.

-E aí, Kurt? O que tá pegando?

-Nada. – respondeu ele automaticamente

-Qual é, maninho? Pensa que eu não te conheço? Vai logo, bota isso pra fora.

-Não é nada, Vampira. Eu só tenho sofrido de uma leve insônia, só isso.

-Ninguém sofre de insônia sem mais nem menos. Tem algum motivo especial pra isso, Kurt? – perguntou ela maliciosamente.

-Não! Claro que não! Quer dizer... Bem... Eu conto se você me prometer não contar pra mais ninguém.

-Tudo bem, eu não conto. Mas acho que o professor Xavier sabe. – disse ela abafando o riso.

-Não tem graça. Bem, de uns tempos pra cá eu tenho tido um sonho estranho todas as noites, ele sempre se repete e depois dele eu não consigo dormir.

-Que tipo de sonho é? É aquele tipo... – disse ela abafando outra risada.

-Não! É diferente. Aparece uma menina, eu vejo que ela tem cabelos compridos e castanhos, mas nunca consigo ver seu rosto. Ela me beija, me abraça, acaricia meu rosto e depois some, daí eu acordo de repente e não durmo mais. Só sei que me sinto meio triste meio alegre depois. Alegre porque o fato dos carinhos me alegra, mas triste porque lembro de que sou... – ele parou por um instante para dissimular a tristeza – Você sabe.

-Não é vergonha ser um mutante, Kurt. Se você se sente triste por isso, imagina a minha situação que não posso tocar em ninguém sem mandar para o hospital, pode acreditar que é mais difícil viver sem tocar ninguém do que ter a aparência que você tem sem esse transformador.

-Mas Vampira, ninguém vai se aproximar de mim! Quem vai se aproximar de um cara que parece um demônio azul! Já temem todos os mutantes, imagina aqueles que têm a minha aparência!

-Mas ao menos você sabe como é tocar alguém, você ficou com a Amanda, sabe como é sentir o beijo de alguém.

-Posso ter namorado a Amanda por um tempinho, mas sabe porque ela me deixou? Porque ela ficou com medo do que os outros iam pensar se a vissem com um mutante! Mesmo com o transformador, todos sabem que eu sou um mutante e já me temem por isso! Imagina se vissem quem eu realmente sou!

-Por que você não mostra realmente quem você é, então? Acho que quando você fizer isso talvez esse seu medo do que os outros pensam vai passar.

-Nunca! Nunca eu vou deixar que vejam o que eu sou, uma aberração azul! Eu odeio ser um mutante!

-O que é isso, Kurt?! Você nunca se revoltou por ser um mutante, até gostava das suas habilidades. Por que isso agora?

-Por que eu percebi que ninguém nunca vai gostar de um cara com orelhas pontudas, mãos com três dedos, pés com dois e um rabo! Mesmos as mutantes preferem mutantes com aparência humana, quem vai querer ficar com alguém feio? Até você é assim, está apaixonada por aquele francês boa-pinta!

-Pode até ser, Kurt mas Gambit e eu nunca nos tocamos porque eu temo fazer mal á ele. E depois não muda de assunto! O que importa não é o que você aparenta ser mas o que você realmente é.

-Isso na prática não funciona e você sabe!

-De qualquer forma eu espero que você melhore o seu estado e não se preocupe porque algum dia vai acontecer quando menos esperar. – disse ela se levantando da mesa. – Espero você na Sala do Perigo, hoje temos treinamento não se esqueça.

-Tudo bem, te vejo lá.

Kurt ficou por alguns momentos sozinho, pensando. Lembrou-se de Amanda, não entendia porque o amor aparecia de repente e o deixava sem mais nem menos. Os dois viveram momentos felizes juntos mas talvez não tenha sido o suficiente para os dois permanecerem juntos. A “guerra” havia estourado há alguns meses e apesar de uma certa estabilidade na relação entre humanos e mutantes, todos sabiam que o preconceito e o medo existiam. Kurt sabia disso, os membros da Irmandade de vez em quanto faziam gracinhas com os humanos, provocando e usando seus poderes em público, daí os X-men interviam tentando detê-los e apartar a briga, caso tivessem, com a polícia. Mas talvez o pior ainda estivesse por vir.

Wulcan continuava andando sem rumo, passara a noite em uma praça mas não se importava, pelo menos não tinha mais que suportar o relacionamento com sua mãe, comprou um cachorro quente com o dinheiro que Diggory lhe dera. Precisava pensar em como arranjaria mais dinheiro pois aquele não duraria para sempre, voltar para a casa de sua mãe, nem pensar, estava fora de cogitação. Havia fontes alternativas de renda, mas ela não estava sujeita a roubar, assaltar e muito menos se prostituir. Continuou caminhando, era como se agora estivesse livre de qualquer responsabilidade e pudesse fazer o que quisesse, então resolveu ir até o parque, lá tinha um lago onde ela sempre ia com Diggory, eles alimentavam os patos que ali viviam, tomavam sorvete, comiam pipoca, coisas que um irmão mais velho faz para sua irmã menor. Daí lembrou de fatos de sua infância, sempre fora diferente das outras meninas, chegara até a sentir inveja das suas amigas porque elas sempre tinham a mãe por perto.

-Susan, por que sua mãe não veio na reunião de pais? – perguntavam sempre.

-Ela está muito ocupada trabalhando. – respondia encabulada.

Depois que cresceu um pouco, um pouco antes de descobrir que tinha poderes, ela começou a pensar que era adotada, ficou noites sem dormir. Mas não era por sua mãe não ser sua mãe, porque ela já havia se acostumado a não ter carinho por parte desta mas era pelo fato dela estar sendo enganada. Diggory que sempre foi seu companheiro tratou de acalmá-la:

-Susan, de onde tirou essa idéia? – disse ele abraçando a menina.

-Ela não gosta de mim. Vejo todas as minhas colegas com suas mães recebendo amor e eu só tenho você. – disse Susan em lágrimas.

-Você é filha legítima dela, eu me lembro da mamãe quando ela estava grávida, ela enjoava muito. Eu achava bem engraçado.

-Se fosse verdade, eu pelo menos teria uma justificativa para o fato dela não gostar de mim.

-Susan - disse Diggory carregando-a no colo – Ela só não sabe demonstrar o carinho que tem por você, mas ela te ama.

-Então por que por você ela consegue demonstrar amor e por mim não?

-Algum dia você talvez entenda. – disse ele que também não entendia o porquê.

Wulcan só entendeu o porquê em uma noite quando ouviu a conversa escondida da mãe com Diggory, ela já havia descoberto que era uma mutante embora não entendesse o que isso significasse exatamente. Mas depois daquela noite tudo fez sentido. Stella havia chegado em casa, parecia chateada e Diggory foi falar com ela sobre Wulcan.

-Mãe. – chamou ele.

-Olá, meu filho. Como passou o dia?

-A senhora já percebeu que quando chega só pergunta por mim e nem quer saber da Susan?

-O que você quer dizer, meu amor?

-O que eu quero dizer é que a senhora parece gostar mais de mim do que dela.

-Mas isso eu nunca escondi de ninguém, não dá pra notar através dos meus atos? – a voz doce de outrora tornara-se dura e seca.

-É exatamente isso que me deixa pensativo. Por que a senhora não gosta da Susan? Ela sempre foi uma boa filha! Nunca lhe deu preocupações, por que? Por que, mãe? – apesar de jovem, Diggory era muito maduro.

-Bem, então lhe contarei toda a história. Eu sou uma cientista e ás vezes faço serviços ultra-secretos para o governo e descobrimos a existência de mutantes.

-Mutantes? – perguntou ele atônito.

-Sim, mas mantemos essa informação longe dos ouvidos da população. Fazemos experiências com eles, o gene x é o que possibilita que eles tenham poderes especiais. Foi no serviço ultra-secreto no qual trabalho que eu conheci seu pai, brilhante cientista, estávamos trabalhando há muitos anos e mesmo depois que ele morreu eu continuei o projeto dele. Trabalhávamos com um mutante poderoso e depois que fiquei viúva só tinha o projeto e você para me dedicar, mergulhei de cabeça no trabalho em cima do mutante, mas aconteceu algo que eu não esperava. Nós nos relacionamos, não pense que foi por amor ou paixão, nunca sentiria isso por uma aberração como aquela. Na verdade ele estava armando contra mim, se aproveitou de um descuido meu para fugir, mas antes disso me deixou uma desgraça no ventre que é a sua irmã. Torço para que ela não seja como ele, sinto raiva de todos esses mutantes e sentirei dela se ela for assim.

-Por isso a trata assim, a exclui sem saber o que realmente ela é. Está jogando nela toda a raiva que sente do mutante que a engravidou, sendo que ela não tem culpa do erro que foi seu!

-Não fale assim comigo, Diggory! Fui enganada, já disse! E não importa se ela tem culpa ou não, tudo ligado á um mutante é ruim! Tudo! Eles apenas servem para fazermos experiências e assim conseguir uma maior evolução para os humanos! Ouviu bem! Humanos!

-Não acredito que pense assim, agradeço á Deus todos os dias porque ele me colocou no caminho de Susan, porque com a senhora ela não pode mesmo contar. No entanto vou continuar apartando as brigas e dizendo á ela que a senhora a ama. Mesmo sabendo que não é verdade ainda tenho esperança que a senhora caia em si.

Wulcan estava sentada em um degrau da escada escondida de modo que eles não podiam vê-la mas ela podia ouvi-los. Lágrimas corriam pelas suas faces, agora entendia todo o desprezo e o desamor da mãe. “ Agora sei porque essas coisas estranhas têm acontecido comigo. Eu sou uma mutante como esse que a mamãe acabou de falar, mas não devo contar pra ninguém porque senão ela vai ficar com mais raiva de mim.”, pensou ela. Desde desse dia ela procurou não mais se importar com os “maus tratos” da mãe e tão pouco procurou saber de seu pai, afinal se ele tinha fugido era porque não gostava de sua mãe e muito menos dela, depois nem sabia se ele estava vivo. Stella nunca teve intenção de contar á filha sobre sua verdadeira origem, mas um dia foi obrigada por perceber que Wulcan já sabia de tudo. Ela sorriu ao se lembrar desse dia, foi uma forma de chamar a atenção da mãe, mesmo se fosse para deixá-la zangada. Ela tinha tirado notas péssimas na escola, tão baixas como nunca havia tirado, isso junto com algumas confusões que ela tinha feito como pichar o muro da escola, jogar bolinhas de papel no professor e arranjar uma briga com uma menina com quem ela não simpatizava muito fez com que a diretora chamasse Stella para uma conversa. Depois quando esta chegou em casa chamou Wulcan para dar uma bronca, pra variar:

-Como você explica isso?- perguntou ela com uma voz alterada.

-O quê? – disse Wulcan com uma voz cínica.

-Essas notas! Essas confusões que você arranjou! A vergonha que me fez passar! – gritou Stella

-Se você está dizendo... Bem, foram só algumas besteiras mas se quiser da próxima vez faço pior. – disse ela calmamente deixando Stella mais nervosa.

-Não brinque comigo, Susan. Você está passando dos limites, não me obrigue a tomar medidas drásticas.

-Como a senhora pode saber que estou passando dos limites se nunca soube quais são os meus limites?

-Você não passa de uma garota de treze anos rebelde!

-Agora eu posso estar sendo rebelde porque a vida toda eu tentei ser uma boa filha, mas agora parece que eu chamei a sua atenção mesmo por algo ruim. – disse ela com um sorriso malandro. Na verdade ela estava se divertindo com tudo aquilo, finalmente chamara a atenção da mãe para si e mesmo que fosse por algo ruim ela chamara atenção e era isso o que importava.

-Por que você não é igual ao Diggory? – perguntou ela como em um desabafo – Ele é um rapaz tão brilhante, tão estudioso, tem um belo futuro pela frente. Agora, olhe pra você, só me dá problemas, por que?! – perguntou ela se virando.

-Talvez seja porque nós não somos filhos do mesmo pai. – disse Wulcan fazendo a mãe se virar de repente e encara-la.

-O que está dizendo? – perguntou ela com um ar um pouco nervoso.

-Isso mesmo que a senhora ouviu, eu sei de tudo! Diggory e eu não somos filhos do mesmo pai, por isso a senhora me detesta! Eu não sou filha do mesmo brilhante cientista, pai do Diggory!

-Eu não sei como você soube isso mas era algo que eu não queria que soubesse!

-Eu descobri por acaso! E foi há mais tempo do que imagina, eu tinha uns sete anos e ouvi sem querer uma conversa sua com o Diggory. Mas não falei nada, porque no fim das contas eu tinha uma justificativa para o jeito como a senhora me tratava!

-Você está louca?! Ficar ouvindo as conversas atrás das portas! Que falta! Não acredito que fez isso!

-Acho que isso é o que menos importa agora! O que importa é que agora eu sei porque sempre fui tratada tão mal enquanto o Diggory era tratado como um príncipe! Não que eu tenha inveja ou ciúme mas acho que uma mãe de verdade não deve fazer distinção entre os filhos!

-Não interessa o que você acha! O que interessa é o que eu acho!

-Não se preocupe, não falaremos mais sobre isso, não porque a senhora não gosta de falar mas porque eu não quero que a senhora fique enchendo a minha paciência!

Wulcan sorria ao lembrar dessa discussão, foi daí que ela passou a falar, até brigar com a mãe se esta fizesse algo que ela não achasse certo. Com o passar do tempo, seus poderes foram crescendo sem que ela percebesse, mas um dia foi inevitável que a mãe visse os mesmos atuando e daí foi o escândalo ocorrido antes dela sair de casa. Não se importava em sair de casa, muitas vezes já pensara em fugir mas faltava um motivo forte para isso. Nunca pensara que o relacionamento dela com a mãe tomaria um rumo daqueles. “ Dizem que os nossos pais são os nossos heróis, acho que quando eu era uma criancinha ela era a minha heroína, mas depois que cresci vi os podres dela surgirem”, pensou Wulcan.

Ela continuou andando, agora pelas lojas que freqüentava, sorriu ao passar em frente em uma delas, lembrou de uma situação em que ficara com muita raiva mas que agora podia rir dela. Ela sempre teve seu estilo influenciado pela mãe, coisas do tipo “uma moça não deve usar isso!”, agora estava livre para usar o que quisesse.

-Você não vai sair comigo usando essa coisa ridícula! – dizia Stella apontando para o lenço que Wulcan usava. – Nunca vi ninguém usar isso!

-A senhora não, mas eu já! – rebatia Wulcan.

-Você não é nenhuma palhaça para usar isso por aí! Você é por acaso alguma cigana de circo?! Pode tirar isso já!

-Eu odeio quando a senhora faz isso! – dizia Wulcan tirando o lenço bruscamente.

Hoje ela era livre para fazer o que bem entendesse, sentia um pouco de medo sim, mas a sensação de liberdade era melhor, ela muitas vezes sonhara em ficar solta pelo mundo sem ter ninguém lhe dizendo o que devia ou não fazer. Olhou-se em um espelho da loja de roupas em que a mãe sempre lhe levava, olhou para o seu estilo. Ela usava um conjunto com um short vermelho e preto com uma camiseta vermelha que continha um ponto de interrogação estampado. Calçava all stars vermelhos de cano alto e usava luvas esportivas cujos dedos ficavam de fora. “Ela nunca me deixaria sair assim, pelo menos com ela.”, pensou.

-Deseja algo, mocinha? – perguntou uma atendente pegando Wulcan de surpresa.

-Hã? Ah, não obrigada eu não quero nada. – respondeu saindo da loja.

Saindo de lá ela continuou andando quando de repente viu uma turma de garotos se aproximando dela. Daí ela deu meia volta e apressou o passo, sabia a fama de certas turminhas. Eles assaltavam as pessoas, principalmente meninas. Tentou se esconder em um beco, por um momento pensou estar livre deles mas logo um deles apareceu.

-Oi, gatinha! – disse ele seguido dos outros.

-O que você quer? – perguntou Wulcan um pouco temerosa.

-Eu quero você! – disse ele querendo abraça-la

-Se afasta de mim!!! – gritou ela – Não quero que me toque!!!!!! Se quiser me assaltar, eu te dou todo o meu dinheiro, mas não me obriga a te machucar!!

-Você ouviu isso?! – disse sarcasticamente outro fazendo o bando rir – Ela acha que vai nos machucar. Não se preocupe, minha princesa, vamos ser muito carinhosos com você.

O líder que estava bem perto de Wulcan, a abraçou, beijando-a no rosto sem parar. Nisso, ela sentiu uma raiva e uma indignação muito grande e muda subir nela.

-Eu já disse, me solta! – disse Wulcan entre dentes

-Calma, chica! – disse o líder. Ela não agüentou mais e explodiu.

-ME SOLTA!!!!!!!!!!!!!!!! AH!!!!!!!!!!!!!!!!! – gritou ela usando seus poderes e jogando o líder para longe fazendo-o bater em uma parede e cair muito ferido no chão e praticamente morto. Os outros membros do grupo correram para ajuda-lo. – O que eu fiz? – perguntou Wulcan olhando para suas mãos.

-MUTANTE!!!!!!!!!! CRIMINOSA!!!!!!!!! – gritaram em coro chamando a atenção das pessoas na rua, que ao se aproximarem viram o rapaz estirado no chão e começaram a gritar também.

-MUTANTE PERIGOSA!!!!!! SOCORRO!!!!!!! POLÍCIA!!!!!!!!

-Vocês não entendem. – ela tentou explicar – Ele estava me atacando! Eu... Eu... Eu me defendi... Não sei como aconteceu!

-TODOS VOCÊS DEVIAM ESTAR TRANCADOS EM PRISÕES DE SEGURANÇA MÁXIMA!!!! – Gritou uma senhora

-POLÍCIA!!!! SOCORRO!!! – as pessoas continuavam a gritar mas ninguém se atrevia a chegar perto de Wulcan com medo de que ela fizesse algo. Ma de repente para a sorte deles ( e azar de Wulcan) uma viatura policial foi atraída para o local.

-Ah, não. – disse baixinho Wulcan saindo correndo daquele lugar. A mochila atrapalhava na corrida e ela sentia a sirene cada vez mais perto, daí ela jogou a mochila em um canto e continuou correndo o mais rápido que pode.

-PARADA!!! PARE EM NOME DA LEI!!! MUTANTE!!! – ela ouvia os guardas gritarem. Lágrimas embaçavam seus olhos mas de repente ela começou a ouvir tiros. Ouvia bem? Estavam atirando nela?! Atirando nela porque ela se defendera de uma turma de assaltantes?! Que absurdo! Ela continuava correndo, sabia que com o preconceito contra mutantes em alta ela nunca conseguiria explicar o ocorrido. Não usaria seus poderes mais uma vez, não podia só complicaria mais a sua situação.

Daí viu uma saída, um beco, parecido com aquele em que fora encurralada, era muito pequeno, os guardas não conseguiriam segui-la de carro, sem pensar duas vezes entrou no beco. Viu um escada, de um dos prédios que formavam aquele lugar e começou a subir sem parar, logo estava no topo do prédio. Olhou para baixo e viu que os guardas estavam subindo a escada também.

-E agora, o que eu faço? – pensou ela com desespero. Viu uma portinha, devia dar para o interior do prédio. – Eu não tenho muita escolha. E ela entrou, uma vez lá dentro mais escadas, ela começou a descer, descer e se viu na garagem. Tentou sair pela frente pois achava que os guardas já tinham ido embora, mas se enganou. Viu dois tiras conversando com o recepcionista.

-Ela é uma mutante perigosa, quase matou um rapaz em segundos. Ela se vestia de vermelho, qualquer informação nos procure.

-Claro senhor. Afinal, não podemos por em risco a vida dos moradores.

-Passar bem. – disse o tira se retirando. – Temos que pegar o depoimento das testemunhas do ocorrido. Adeus.

-E agora? Quem sabe tem uma outra saída que não seja pela frente. – pensou ela que escondida ouvira tudo. Voltou á garagem e decidiu esperar até a noite para tentar fugir, agora era uma foragida e sentiu-se só, triste e com medo. Lágrimas corriam pelas suas faces, se ao menos encontra-se alguém que pudesse ajuda-la. Escorregou por uma parede, chorando e lá ficou escondida até que chega-se o momento certo para sair.

Mas que droga! – gritou Kurt sendo pego de novo pelas garras de metal.

O que ta acontecendo com você hoje, Kurt? – disse Scott cortando a garra com seu raio.

Todos estavam na Sala do Perigo treinando, várias garras de metal saíam das paredes tentando pegá-los e várias armas disparavam tentando atingi-los. Evan destruía as armas com seus espinhos enquanto Jean fazia com que as garras pegassem umas ás outras destruindo-as. Alguns só fugiam dos ataques como era o caso de Kitty e Kurt dando distração e tempo para que os outros destruíssem os atacantes. Mas Kurt não parecia muito concentrado. Tentava dar o seu máximo contudo não conseguia, por isso acabava sendo pego de novo. Logan que estava lá orientando os alunos chamou a atenção dele, ( só que foi mais duro do que Scott):

Duende! É melhor que você fique atento porque nem sempre vai ter alguém por perto pra te proteger! – disse ele.

Desculpa Logan mas eu não tô com cabeça. – disse Kurt aborrecido.

Mais alguns minutos de luta se sucederam e todos já estavam bem cansados.

Tudo bem, garotos molengas! Chega por hoje! – disse Logan assim que a voz feminina computadorizada começou a anunciar: “Simulação Cancelada”.

Todos estavam saindo, tudo que queriam era um banho e passar o resto da tarde relaxando. Kurt queria sair logo dali, porque sabia que não fora nada bem em seu treinamento. Ele já estava quase na porta quando sentiu uma mão pegando-o por trás.

Ei, duende, quero falar com você. – disse Logan com uma voz séria.

Mas, Logan... Precisa ser agora, eu estou exausto. – disse Kurt querendo logo sair.

Você vai ficar e falar comigo. E eu acho que você não está tão exausto assim, pois não se esforçou muito hoje.

Mas...

Nada de mas, vamos ao escritório que eu quero falar com você.

Os dois então foram ao escritório da mansão, Kurt sabia que ia levar uma bronca e era algo inevitável, mas ele não estava nem um pouco á fim de levar sermão naquele dia. Contudo sabia que com Logan essa desculpa não colava e ele teria que agüentar até o fim.

Aqui podemos conversar sem que ninguém nos ouça. – disse Logan entrando seguido de Kurt. Os dois se sentaram e Kurt começou dizendo:

Olha, Logan, você está agindo como se eu tivesse cometido algum crime e...

Escuta aqui, rapaz a sua atitude ultimamente está sendo tão mesquinha como se você tivesse cometido um crime!

Não sei do que está falando.

Sabe sim! Eu tenho notado o seu jeito por aí e agora na Sala do Perigo você comete erros banais que nunca tinha cometido antes! É inaceitável!

Olha, eu só não estava com cabeça pra treinamento hoje, tá legal? – disse ele se alterando – Eu já estou cheio de todo mundo querer se meter na minha vida! Primeiro, foi o Scott de manhã. Depois a Vampira na hora do almoço e agora o senhor! Eu já estou cheio! Saturado! – ele já ia se levantando e dirigindo-se á porta quando Logan disse:

Você acha que se fosse humano as coisas melhorariam. – Kurt parou imediatamente – Mas está enganado.

O que sabe sobre isso? – disse ele ainda de costas.

Eu sei que são tempos difíceis, toda essa desconfiança mas nós não somos doença nem algo maligno como muitos podem pensar. Você está assim por causa daquela menina, a Amanda.

NÓS TERMINAMOS PORQUE EU SOU UM MUTANTE! – gritou Kurt virando-se bruscamente – SE EU FOSSE HUMANO AINDA PODERÍAMOS ESTAR JUNTOS!

Você gostava dela?

Muito. Ela ficou com medo do que os outros poderiam dizer. – disse ele com voz controlada.

Se ela gostasse de você não teria te deixado e depois como você quer ser aceito se você mesmo não se aceita?

Se eu fosse humano me aceitariam.

Mas que diferença faria? Seria mais um desses humanos comuns e com certeza não se preocuparia em saber mais sobre os mutantes. Você tem a oportunidade de provar pra todo mundo que é algo bom. Mas pra isso tem que provar primeiro pra si mesmo! Então, duende azul, mexa essa sua bunda e trate de mostrar para o mundo que você não é o que todos pensam!

Eu não sei como.

Trate de botar essa cabeça no lugar e trate de usá-la! E procure se concentrar mais porque eu não quero mais chamar a sua atenção na Sala do Perigo, estamos entendidos?

Tudo bem, Logan. Obrigado.

Agora vai tomar um banho porque você está precisando.

Kurt saiu do escritório e ficou pensando no que Logan lhe dissera, no fundo ele tinha um pouco de razão mas Kurt não sabia como se aceitar perante os outros. Foi para o seu quarto e debaixo do chuveiro tentou esfriar a cabeça e colocar os pensamentos em ordem. A água ia escorrendo pelo seu corpo e ele ia relaxando, pensando em tudo o que lhe acontecera naquele dia. “ Eles têm um pouco de razão... Quer dizer, toda a razão, eu sou o que sou e ninguém pode mudar isso. Acho que já me chateei muito com a Amanda, tenho que seguir em frente”. Ele começou a se aprontar quando ouviu uma gritaria do lado de fora do seu quarto. Kitty atravessou a parede entrando de repente:

Kurt! Kurt! Vem logo! Parece que o professor achou uma nova mutante!

Kitty! Será que você não tem respeito? – disse ele envergonhado, ele estava com uma camiseta e a toalha enrolada na cintura.

Vem logo! Parece que é grave e muito importante!

Como assim?

Acho que estão atrás dela! A Jean estava conversando com o professor depois que ele saiu do cérebro e me contou, pediu que eu avisasse a Ororo e o Logan e os alunos, acho que ela é muito poderosa. Ele convocou todos lá na sala para avisar, vamos logo! Trata de vestir alguma coisa decente! – disse ela entre um riso e atravessando a parede de novo.

“ E essa agora, o que será? – pensou Kurt terminando de se vestir.

Todos estavam na sala, Ororo, Logan, Hank, o professor Charles Xavier e fora os alunos, Kitty, Kurt, Jean, Vampira, Evan, Scott, etc. Estavam curiosos para saber o que estava havendo, haviam ouvido apenas que uma nova mutante havia sido descoberta, ouviram que era uma menina muito poderosa mas não sabiam que tipo de poderes ela tinha. Falavam ao mesmo tempo até que Logan interveio:

Calados todos! O professor Xavier vai falar agora.

Bem, vocês querem saber porque eu os chamei aqui, eu descobri através do cérebro uma mutante que usou seus poderes indevidamente e precisa de ajuda. Ela é especial e eu preciso que organizem uma equipe para trazê-la para cá.

Onde ela está, professor? – perguntou Scott.

Em uma cidade próxima daqui. Vamos organizar uma equipe.

Eu posso para liderar, professor. – se prontificou Ororo.

Muito bem, Ororo. Quem de vocês quer acompanhá-la?

Eu posso ir junto, pelo que vejo a situação é grave. – disse Kitty.

Como é uma menina, acho que será melhor irem só mulheres para que ela não fique desconfiada. – disse Jean. – Eu vou.

Daí o grupo ficou assim: Ororo, Jean, Kitty, Amara e Vampira.

Não esqueçam que ela está assustada. Cuidado com o que dirão. – disse o professor Xavier.

Onde exatamente ela está professor? – perguntou Kitty.

Escondida em uma garagem de um prédio.

Continua...


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