Quando o Amor Chega escrita por Miss Viegas


Capítulo 1
Problemas




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QUANDO O AMOR CHEGA

PROBLEMAS

Kurt acordou sobressaltado. Tivera aquele sonho outra vez, ele já estava ficando cansado dele, principalmente porque não o compreendia. Era sempre a mesma coisa: ele beijava uma menina e de repente ela sumia, o pior é que ele nunca conseguia ver o seu rosto e depois do sonho ele não conseguia dormir direito e ficava cansado durante as aulas do dia seguinte.

Ele se levantou, com a camiseta toda suada e foi à cozinha tomar um copo d’água.

“O que está acontecendo comigo?” - pensou ele.

No dia seguinte, todos na mansão estavam tomando café e conversando, enquanto Kurt de cinco em cinco minutos bocejava chamando a atenção de todos na mesa.

O que foi, Kurt? – perguntou Scott – Madrugou hoje?

Pra falar a verdade, não dormi direito. – respondeu ele mal-humorado.

Calma, Kurt! Não precisa ficar chateado. Nós estamos preocupados com você, só isso. Percebemos que algo vai errado e...

Não há nada de errado comigo! – Kurt mudou de repente – Me deixem em paz! – disse ele levantando-se da mesa e indo embora.

Kurt! Espera! – chamou inutilmente Kitty

O que está havendo com ele? – perguntou Jean

Eu não sei, mas tem algo haver com a Amanda, eu acho. Sabe como é, ele era á fim dela e você sabe o quê houve.

É, o Kurt está muito abalado. Mas eu notei que ele ficou assim de uns tempos pra cá, acho que não é só por causa da Amanda não.

Kurt saiu correndo e queria ficar sozinho. Nem se importou em esperar os outros para ir para a escola, queria andar um pouco, espairecer, esfriar a cabeça, pensar. Scott tinha razão, algo estava errado. E esse algo errado tinha um nome: Amanda. Eles estavam bem, mesmo quando ela descobriu que ele era um mutante, não havia problema, ela aceitara bem, mas depois que o mundo todo descobriu que haviam mutantes convivendo com humanos, a história pareceu mudar. Ela passou a ficar com medo de que pensassem que ela também era mutante porque namorava com um e aí ela terminou tudo com ele. Ele compreendia, a luta entre humanos e mutantes era violenta ás vezes. Muitos grupos de justiceiros humanos invadiam casas de mutantes e faziam as maiores atrocidades e como os mutantes reagiam isso gerava um completo caos. Mal ele sabia que Amanda não era a causa, mas apenas um fator agravante.

Por que eu nasci um mutante?! Por que eu?! Eu queria que alguém gostasse de mim, mesmo quando eu não estou usando esse transformador! – disse ele olhando com raiva para o relógio de pulso que lhe permitia admitir forma humana. Todos na escola sabiam que ele era um mutante, mas poucos viram a sua verdadeira forma. Kurt sabia que geraria ainda mais aversão às pessoas se elas vissem como ele realmente era. Nessas horas ele sentia raiva de ser um mutante, raiva de ter a aparência que tinha e aquele sonho, para ele significava a aversão dos outros. Contudo, Kurt estava enganado.

A kilômetros dali, em uma cidade vizinha, uma menina arrumava suas malas, ou melhor, mochila, colocando apenas o necessário para cair no mundo.

Susan, você não pode sair por aí sozinha. O mundo lá fora é muito perigoso para uma menina de 15 anos.

Diggory, eu te garanto que aqui dentro é muito mais perigoso do que lá fora! Ela pode entrar a qualquer momento no meu quarto e me dar uma facada ou um tiro, ou pior, me dar uma injeção com alguma droga que ela faz naquele laboratório ridículo dela! – respondeu com uma voz dura a menina

Não fale assim, Susan! Ela é nossa MÃE! – falou alto o rapaz, que devia ter uns 20 anos.

Mãe? Mãe. – disse ela sarcasticamente – Só se for sua mãe! Porque minha ela não é mais! Ou melhor, eu é que não sou filha dela. Ela deixou isso bem claro lá embaixo! Ela foi tão clara quanto água! ‘Você não é mais minha filha!’ Não foi isso o que ela disse, Diggory? – perguntou com sarcasmo

Ela não estava falando sério, Susan. Ela ama você.

De onde você tirou essa ilusão? Ela já não me amava antes, imagina agora que ela descobriu que eu sou uma MUTANTE!

O rapaz estremeceu ao ouvir a última palavra, mas ele também já estava desconfiado.

Susan daremos um jeito. Você não precisa ir embora, para onde vai? Você pode ficar, eu falo com a mamãe e...

Pode parar, Diggory. Eu agora sou livre, não tenho família, só você, é claro. Mas mãe, eu não tenho mais. Pensando bem, nunca tive. Ela nunca foi mãe de verdade, afinal. Adeus, Diggory. A menina pegou sua mochila com algumas peças de roupa, colocou nas costas e saiu do quarto que um dia foi seu. Antes, deu um abraço em seu meio-irmão.

Espere, Susan. Você não pode sair sem dinheiro algum. Rapidamente ele foi ao seu quarto e pegou algumas notas de dinheiro e entregou á ela. – Boa sorte, se cuida, maninha.

Você também, Diggory. E lembre-se: Susan Guyne ficou pra trás, ela morreu no dia em que descobriu o que realmente era. O nome é Wulcan agora.

Wulcan? – perguntou ele atônito

Acho que combina muito bem com a minha nova condição. Adeus.

Ao descer as escadas, Wulcan observou que a sua mãe estava sentada em uma poltrona em frente á janela, de costas para ela. Ao ouvir os passos de Wulcan descendo as escadas, ela se virou e falou secamente:

Podemos tentar um tratamento. Wulcan pega de surpresa, afinal nem esperava que a mãe falasse com ela na sua partida, respondeu:

O quê?

O laboratório e eu estamos trabalhando em cima do gene x que causa mutação, acreditamos que pode haver uma cura ou ao menos algo que possa diminuir os poderes a um ponto em que os mutantes pareçam normais. Podemos tentar em você. A primeira reação de Wulcan foi rir, um riso cínico, sarcástico.

Sempre foi assim, não é? A senhora me exibindo como uma boneca de porcelana pra que todos a admirassem. E agora a senhora vem com esse papo de tratamento, eu sei porquê, para que no final todos a aplaudam como a mãe altruísta que ajudou a filha a se livrar de um grave problema. Pois saiba que eu estou fora! Ouviu? Fora! Eu sou o que sou e gosto de ser, nem a senhora nem ninguém nesse maldito mundo têm o direito de mudar isso! E quer saber o que mais? Eu quero que essa sua pesquisa junto com aquela equipe de laboratório vão para o raio que os partam!

Você está cometendo um erro. – disse com a voz seca de sempre

A senhora é que está cometendo um erro ao tentar ser mãe de alguém como eu sendo que nunca teve vocação pra isso! A não ser quando se trata do Diggory, pois ele apesar de tudo é o filho que a senhora pediu á Deus e em breve, se continuar assim vai estar junto com a senhora naquele laboratório nojento! Não se preocupe, Sra. Guyne não vou mais usar o nome e o sobrenome sujo que a senhora me deu. Susan morreu, eu sou Wulcan de agora em diante – dizendo isso ela chutou a porta da frente para abri-la e caminhou em direção á rua. A Sra. Guyne, cujo nome era Stella ficou sentada, imóvel. Enquanto isso, Diggory descia as escadas

Não posso acreditar que a senhora a deixou ir mamãe. Logo no momento em que ela mais precisa.

Eu ofereci o tratamento, mas ela recusou. – disse seca como sempre

ELA NÃO PRECISA DE TRATAMENTO! – gritou Diggory – ELA PRECISA DE AMOR!

Wulcan ia caminhando rua á frente e percebia olhares reprovativos dos vizinhos, cochichos.

Olhe, não é a filha da Sra. Guyne, ali daquela casa? Eu ouvi que ela é uma mutante, parece que está indo embora. – Wulcan ouviu uma senhora dizer.

Melhor mesmo que vá. Não só para a Sra. Guyne, mas para todos nós, afinal essa menina é um deles e não sabemos se pode ser perigosa. – disse outra

Wulcan sentiu algumas lágrimas brotarem em seu rosto, mas tratou de secá-las imediatamente. Não estava triste por causa de sua mãe, nem por causa da conversa que ouvira, mas pela sua condição como filha e por causa de seu meio irmão Diggory. Nunca foi desejada por sua mãe, uma cientista séria, compenetrada nos estudos e no seu amado laboratório, onde junto com sua equipe eles faziam fórmulas variadas dependendo da finalidade. A Sra. Stella Guyne sempre foi competente, muitas vezes foi até requerida pelo governo para que prestasse seus valiosos serviços, mas um dia aconteceu algo que a séria cientista não esperava: ela se envolveu com alguém que não era do seu meio. Ela fora casada com um outro cientista do mesmo laboratório onde trabalhava, mas ficara viúva. Desse primeiro casamento nasceu Diggory, filho desde o primeiro momento muito amado por ela, que sonhava ver seu filho no mesmo caminho percorrido pelo pai. Mas com Wulcan foi diferente, desde a época do seu nascimento o governo secretamente fazia experiências com mutantes, longe do conhecimento da população, algo ultra-secreto. Daí o mutante teve uma aventura com a sua mãe, na verdade era um artifício para que ele pudesse escapar de todas aquelas experiências. Stella Guyne foi movida a se relacionar com ele mais pelo fato dele ser cobaia e pelas descobertas científicas que ela podia fazer através dele do que por amor ou paixão. Daí o mutante conseguiu fugir e deixou Stella grávida e furiosa, pois o filho que esperava era prova de que fora enganada por aquele mutante que ela julgava inferior pelo fato dele ser uma simples cobaia. “ O que ela queria mesmo era ter me jogado na primeira lata de lixo que ela viu pela frente ou ter me sugado com um daqueles tubos. Mas ela não fez isso porque tinha uma imagem a zelar, não ficaria nada bem para uma cientista fazer um aborto ou jogar um filho no rio, ela estava pensando somente na reputação dela. Somente nisso!”, pensou Wulcan com raiva. O relacionamento das duas só piorou a cada dia que passava, Stella tratava os dois filhos diferente e isso era completamente visível, principalmente para Wulcan que era marginalizada. No dia do aniversário dela a mãe mal lhe dava um parabéns enquanto para Diggory ela fazia uma enorme festa e convidava todos os seus amigos. Contudo essa diferenciação não separou os dois meio-irmãos, ao contrário, eles se amavam muito e Diggory sempre tentava o possível para fazer as duas se darem bem, o que sempre era inútil. Mas, ele era a única companhia de Wulcan. Ela descobriu que era uma mutante quando tinha sete anos, resolveu não contar para ninguém, nem para Diggory, pois pensava que ele contaria para a mãe e a situação pioraria ainda mais. O que aconteceu no dia em que Stella teve a certeza de que a filha era uma mutante, certeza mesmo, pois suspeitava á muito tempo.

Você é uma deles! Uma anormal! Uma aberração! –falava Stella

Posso ser tudo isso na SUA opinião, mas o que eu realmente sou é uma Mutante! Ouviu bem? MUTANTE!

Fale baixo! Não quero que os outros saibam o que você é!

O que a senhora não quer é que os outros falem que a “Sra. Guyne” tem uma filha mutante! Seria vergonhoso, não é? Mas saiba que as coisas já não são mais como na época em que nasci, em que a senhora fazia experiências escondidas, ultra-secretas, hoje as coisas são diferentes! Hoje humanos e mutantes convivem juntos e muitos nem sabem disso! Mas todos sabem que os mutantes são reais!

Calada! Eu me envergonho de ter uma filha assim!

Eu é que me envergonho de ter uma mãe assim! O meu pai teve muito juízo ao fugir de você! – Stella nesse momento desferiu uma violenta bofetada no rosto de Wulcan.

O seu pai era um mutante maldito que eu torço para estar morto! E mesmo se estiver não vai anular o fato de ter deixado em mim essa semente maldita que é você! O gene x nós descobrimos no laboratório que é proveniente dos machos, eu já desconfiava, pois eu nunca geraria algo assim! Wulcan se recuperando da bofetada ergueu a cabeça e olhou para a mãe.

Pois eu não me envergonho de ser uma mutante! Eu acho que muitos mutantes são mil vezes melhores como pessoas do que humanos como você podem ser! – mais uma vez Stella deu um tapa em sua filha. – Eu não sou o Diggory! Por isso que a senhora me odeia, não é? Mas vai ter que me aceitar como sou! Porque senão a situação aqui vai ficar pior do que foi a vida inteira!

Eu nunca vou aceitar uma aberração como você dentro da minha casa! Você não é mais minha filha!

E a senhora nunca foi a minha mãe! Pelo menos não de verdade! Eu vou embora daqui! E não precisa comemorar porque eu não faço questão! – disse Wulcan sarcasticamente.

Daí ela arrumou a mochila e estava caminhando praticamente sem rumo, não sabia para onde iria nem como faria para viver quando o dinheiro que Diggory lhe deu acabasse. Mas de uma coisa ela tinha certeza: não voltaria para a casa de sua mãe, nunca mais. Era humilhação demais para uma única pessoa: ter uma mãe que além de não ser mãe de verdade tinha vergonha de algo que ela mesma ajudou a dar origem. Mas a mãe era uma das menores preocupações de Wulcan no momento, o que a preocupava era como o mundo a veria agora. Ela ouvira histórias de mutantes que tentaram se defender das hostilidades dos humanos e acabaram como os vilões da história. No momento ela queria que todos a deixassem em paz e sozinha mas mal ela sabia que ela poderia até ter paz mas não estaria sozinha por muito tempo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Então tá bom? Bem, vou ser sincera fanfic não acabada e parada há um bom tempo, mas dessa vez vejo se termino. Reviews e obrigada por ler!