A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 83
Elfos - Parte 5


Notas iniciais do capítulo

Muito difícil dar um preview do capítulo aqui sem dar spoilers, então apenas leiam lá.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/589040/chapter/83

Capítulo 082

Elfos (Parte 5)

Assim que viu Thays sendo atingida por Rantred, Kayan parou sua investida imediatamente. Sabia que sua amada ainda estava viva, uma vez que ainda podia sentir sua aura diminuindo lentamente enquanto ela desmaiava, mas isso não queria dizer que estava segura.

Aquela sensação era angustiante. Tudo o que ele queria naquele momento era tê-la de volta em seus braços, sã e salva, mas ele sabia que não havia nada que pudesse fazer para garantir aquilo. Rantred Eisen se provara um mago muito mais poderoso que ele. Além disso, sabia que Illya também havia perdido seu duelo.

O Eisen riu enquanto mostrava sua mão direita, já sem o giudecca. Em seu rosto havia um sorriso debochado.

— Surpreso, jovem Atreius? Eu desfiz meu feitiço e a golpeie apenas com minha aura. Mas, será que eu devo mesmo poupar a vida da Cyren?

— Por favor, Rantred, deixe-a ir. Eu... eu faço o que você quiser.

— Oh! Parece que vocês dois realmente são um casal.

— Fará o que quisermos mesmo?

Quem indagava era Sellene, que caminhava pela floresta com Illya sobre seu ombro direito. Logo atrás dela vinham as duas mulheres que eles haviam feito como prisioneiras.

— Então junte-se a mim. Seja meu amante como meu amado Zeffirs o foi – completou ela.

Apesar do que ela dizia, Kayan a ignorou enquanto encarava o Eisen. O mago negro apenas riu das palavras de sua companheira.

— Não acho isso uma boa ideia. Ele iria fugir ou nos trair na primeira oportunidade.

— Então devemos apenas levá-lo como nosso prisioneiro. Com o tempo ele acabará percebendo a beleza nas coisas que fazemos.

— Já temos o que precisamos em seu ombro. Não quero o Atreius e nem tampouco a Cyren.

Aquelas não eram boas palavras, por um momento Kayan esteve certo de que ele mataria Thays e depois partiria para exterminá-lo. Aquela certeza se desfez quando o Eisen utilizou sua aura para arremessar a Cyren pelos quinze metros que os separavam. O rapaz saltou imediatamente e pegou-a em seus braços em pleno ar, conduzindo-a para um pouso suave.

— Vocês escaparam dessa. Melhor não ficarem no meu caminho novamente.

Após aquelas palavras eles começaram a se afastar dos dois pela floresta. Pelo olhar de Sellene, Kayan percebeu que ela estava sendo contrariada, mas não ousaria desafiar Rantred Eisen.

O Atreius observou-os partir sem entender muito bem a sorte que teve. Sentia-se mal por deixar que levassem Illya com eles, mas uma parte egoísta de seu ser alegrava-se pelo fato de tanto ele quanto sua amada permanecerem a salvo.

* * *

Thays tentou se sentar assim que acordou, mas a forte dor na região do abdômen a manteve deitada sobre o saco de dormir estendido no chão da floresta.

— Vá com calma, você tem três costelas quebradas.

Só então ela percebeu que Kayan estava sentado logo atrás de sua cabeça. Ela também estava sem as botas, o cinto e o sobretudo, o que indicava que ele havia feito o máximo para deixá-la confortável.

— Acho que eu consigo curar isso. Ajude-me levantando minha túnica.

Com cuidado, Kayan levantou-a pelos ombros e apoiou suas costas sobre sua perna esquerda para que ela ficasse com o corpo um pouco inclinado. Em seguida, puxou a túnica da moça para cima de maneira a expor sua barriga, mantendo a roupa apenas cobrindo-lhe seus seios e os ombros.

Thays, em seguida, colocou ambas as mãos sobre seu abdômen e concentrou sua aura. Levou vários minutos até que ela conseguisse curar suas costelas quebradas e os ferimentos internos em seu corpo. Após isso, ela curou as queimaduras e hematomas no corpo de Kayan.

— O que aconteceu depois que o Rantred me derrubou?

— Eles levaram a Illya e libertaram nossas prisioneiras.

— Acho que não tínhamos nenhuma chance de vencer. Como você me tirou de lá?

— Eu não tirei. Rantred Eisen apenas nos deixou viver. Ainda não consigo imaginar seus motivos além de levar uma maga anciã dos elfos.

— Fico triste que ela tenha sido levada, mas fico feliz que você não tenha se ferido. Fiquei com medo de que você avançasse que nem um louco quando ele me pegou.

Aquela afirmação de Thays fez com que o Atreius ficasse em silêncio por algum tempo enquanto fixava seu olhar para baixo. Naquele momento eles sentavam-se de frente um para o outro sobre o saco de dormir e a moça já o conhecia o suficiente para saber que ele apenas organizava seus pensamentos para buscar algum apoio nela como sempre o fazia. Kayan levantou seu olhar e fixou-o nos olhos de sua amada antes de prosseguir.

— Quando ele te pegou... quando ele fingiu ter te perfurado com o giudecca... eu paralisei. Simplesmente fiquei sem reação, com medo de que eu fosse passar por aquilo de novo... com medo de te perder.

As lágrimas não saiam, embora Thays pudesse vê-las ali, marejando os olhos de seu amado. Apesar de ainda estar dolorida, ela inclinou seu corpo e abraçou-o com força. Kayan puxou-a ainda mais para perto de si e permaneceram daquela maneira por um longo tempo.

— Essa certamente não será a última situação perigosa pela qual passaremos, Kayan. Se você me perder, quero que você siga em frente. Você deve manter a calma mesmo que seja difícil, e lutar com a razão e não com a emoção, exatamente como temos feito até agora.

— Eu não sei se consigo, Thays. Não sei se aguentaria passar por aquilo mais uma vez sem você para me apoiar.

Ela afastou-o gentilmente para poder encará-lo diretamente nos olhos.

— Você consegue. Você é mais forte que isso. Sei que você iria sofrer muito, assim como eu sofreria caso algo acontecesse com você, mas quero que me prometa que você se erguerá e seguirá em frente e se encontrar outra pessoa que te faça feliz, deixe-a te fazer feliz assim como você tem me deixado te fazer feliz depois que a Sarah se foi. Prometa-me, Kayan, pois é o que farei caso você seja tirado de mim.

Ele ficou sem reação por um momento. A sensação ruim havia se amenizado com aquelas palavras. A Cyren estava demonstrando uma maturidade muito grande com elas e ele também tinha que aprender alguma coisa com aquilo. Não eram apenas os dois em Wesmeroth e mesmo que um deles morresse, ou até mesmo ambos, a vida seguiria em frente.

— Tudo bem, eu prometo tentar – disse por fim.

Abraçou-a novamente após aquilo.

— É por isso que eu te amo, Thays.

— E eu simplesmente te amo, Kayan, apenas pelo que você é.

* * *

Após recolherem suas coisas que estavam no chão, Kayan e Thays seguiram até onde os elfos estavam, a menos de cinquenta metros dali. Havia cinco deles deitados no chão, inconscientes e quatro sentados, visivelmente muito feridos. Outros quatro preparavam o acampamento para passarem a noite, além de uma refeição constituída de javali assado e alguns legumes cozidos.

— Sete dos patrulheiros foram mortos por Sellene e nove foram gravemente feridos. Liriel foi até a aldeia dos centauros e descobriu que eles haviam passado por lá enquanto nos perseguiam, mas nenhum dos centauros foi ferido.

— Acho que posso curar a maioria dos ferimentos e amenizar o suficiente os que foram atingidos com magia negra.

Acompanhada por Kayan, que apenas podia lhe fazer companhia, Thays passou por todos os elfos feridos, curando-os da melhor forma possível. Quase duas horas mais tarde, quando a noite já havia caído, ela sentou-se entre as pernas de Kayan enquanto apoiava suas costas em seu peito.

— Estou exausta e faminta.

— Muito obrigado, mestre Thays Cyren, por ajudar nossos companheiros – uma elfa agradeceu enquanto lhe oferecia um generoso prato de madeira com alimento.

— Nós falhamos em protegê-los e proteger a Illya, era o mínimo que eu poderia fazer.

— Não sintam-se culpados. Se até mesmo Illya foi derrotada daquela maneira, quer dizer que aqueles dois eram mais poderosos que qualquer elfo. Acredito que nem mesmo nossos mais poderosos anciões poderiam enfrentá-los em uma disputa um contra um. Descansem bem, pois amanhã continuaremos nossa viagem para Elfelian e gostaríamos que vocês dois fossem conosco para informar ao conselho tudo o que sabem sobre Rantred Eisen.

A elfa entregou um prato de comida para Kayan e se afastou, deixando o casal sozinho. Illya parecia a única que apreciava a companhia de humanos e, embora sempre se mantivessem educados, os patrulheiros apenas mantinham a companhia dos mestres de Drugstrein quando realmente necessário.

O casal comeu em silêncio, apreciando o alimento com calma, após isso Kayan utilizou um warhi para lavar os utensílios que utilizaram e um visgoon para improvisar um acampamento com os ramos das árvores.

— Ah, ia me esquecendo!

Enquanto Thays deitava-se, o mago negro colocou sua mão dentro do bolso de seu sobretudo e retirou de lá a presilha feita com a flor do eterno inverno.

— Ela caiu quando Rantred te pegou, mas não se quebrou.

— Que bom, foi meu presente de aniversário atrasado – disse ela, já meio sonolenta.

Kayan guardou o objeto junto das coisas do casal e se deitou ao lado de sua amada, deu-lhe um breve beijo antes de se preparar para dormir. Havia sido um dia difícil, mas eles esperavam um restante de viajem mais tranquilo.

* * *

Três dias após o confronto contra Rantred e Sellene, o já reduzido grupo de elfos chegou a Elfelian acompanhados pelos dois mestres de Drugstrein.

A cidade élfica mesclava-se a floresta. Ela não possuía estradas que a ligava a nenhum outro local, mas havia quatro portões de acesso à ela. Os jovens magos observaram, fascinados, as proteções que guarneciam a cidade enquanto passavam por um arco representando a entrada leste.

As cidades humanas e dos anões eram protegidas por muralhas de pedras, mas a morada dos elfos guarnecia-se através de barreiras mágicas semi-transparentes que deixavam a luz totalmente turva quando a atravessava.

Kayan e Thays perceberam que as grandes torres de cor marfim eram as responsáveis por manter a barreira em pé. As construções eram feitas de pedras, mas magia havia sido usada para tornar as paredes lisas e uniformes, transformando a torre em um enorme monólito com algumas janelas para o acesso de arqueiros. Elas tinham um formato de folha, com a base com um diâmetro menor que se alargava até a metade da altura e voltava a se afinar a terminar de maneira pontiaguda com certa curvatura que tinha apenas finalidade estética.

Nenhum povo além dos elfos sabia como aquelas barreiras se mantinham. Os magos humanos apenas sabiam que eram com cristais em um processo semelhante ao das lâmpadas mágicas. Sabiam, também, que precisavam ser revitalizadas de tempos em tempos, tal como as paredes reforçadas com magia dos castelos das ordens de magos ou das cidadelas dos anões. Destruir uma daquelas torres causaria uma abertura de cerca de cem metros na defesa, mas não era um feito fácil de se realizar.

Assim que os patrulheiros conversaram com os dois magos guardando o arco onde ficava a entrada leste, todos puderam passar para a cidade. A partir daquele ponto, uma estrada pavimentada com pedras regulares os levava para o centro de Elfelian. Ao lado da estrada havia várias plantações, incluindo moinhos próximos de onde haviam grãos plantados. Apesar disso, a dominância era de frutas e os elfos não criavam animais, tendo sua carne proveniente da caça e da pesca.

A arquitetura élfica era muito singular. Ao contrário dos anões, humanos e até mesmo orcs que compartilhavam a estética de suas construções em certos níveis, os elfos tinham toda sua forma única de criar suas moradias. Todas com aspectos que lembravam árvores, geralmente no formato de folhas. Algumas, porém, realmente se assemelhavam com árvores, seguindo para o alto com uma grande torre que se dividia em várias menores se curvando em um formato que lembrava o da copa das árvores.

Tudo também era muito bem mesclado com o ambiente ao redor. Não havia grandes animais, mas muitas árvores, arbustos e pequenos animais como esquilos, coelhos e aves permeavam a cidade que tinha suas construções todas de cores muito claras como marfim, branco ou amarelo.

Kayan e Thays impressionaram-se com a forma que os elfos executavam seus afazeres de maneira tranqüila e graciosa. Todos os trabalhos mais pesados eram executados com auxilio da magia e eles podiam ver algumas tecnologias mágicas que eles sequer imaginavam como funcionava. Apesar disso, o que mais diferia aquela cidade das cidades humanas era a quase total ausência de crianças élficas.

Toda cidade humana e até mesmo dos anões era cheia de crianças correndo, brincando, ajudando seus pais e até mesmo roubando. Mas durante as quase três horas pelas quais eles percorreram Elfelian eles haviam avistado menos que dez crianças e, apesar delas demonstrarem curiosidade ao verem humanos pela primeira vez, mantiveram-se extremamente comportadas de maneira que sequer se pareciam com crianças de verdade.

O centro da cidade era composto pelas maiores estruturas e também maiores e mais antigas árvores. Grandes carvalhos brancos permeavam todas aquelas construções com bela arquitetura.

O casal de magos humanos foi conduzido até um grande salão com um formato de cúpula. Oito grandes pilares circulares curvavam-se para se encontrarem no centro e as paredes brancas eram conduzidas pelo mesmo percurso e permeada de pequenas frestas de quinze centímetros que serviam como entrada de ar e iluminação.

— Estes serão seus aposentos enquanto estiverem aqui – disse o patrulheiro enquanto abria uma grande porta de madeira.

O interior era muito espaçoso e permeado de alguns sofás, uma grande mesa e muitas estantes de livros. Algumas portas também podiam ser vistas naquele grande salão.

— Vocês terão dois banheiros com latrina e banheira e quatro quartos. A despensa esta abastecida com água e alimento fresco. Vocês serão chamados pelo conselho dos anciões em breve. Espero que possam esperar pacientemente enquanto isso. Acredito que os livros sejam de seu agrado.

Após aquelas palavras, o elfo fechou a grande porta e deixou o casal em paz. Kayan apressou-se em retirar o sobretudo e se livrar das botas. Sentou-se de maneira descontraída em um dos sofás de tonalidade verde musgo que preenchia o ambiente.

Thays também retirou as mesmas peças de vestimentas que o namorado, além do cinturão que prendia sua túnica. Passeou pelo ambiente verificando os vasos e esculturas que o enfeitavam.

— É impressão minha ou somos prisioneiros? – indagou ela enquanto brincava com uma bonita ampulheta que encontrou no centro da mesa.

— Eu não diria prisioneiros. Mas as paredes são protegidas com magia e aposto que há elfos vigiando nossa porta – respondeu Kayan, despreocupado.

— Eles não arriscariam fazer algum mal para magos de famílias importantes como nós – afirmou ela.

— Aposto que também não deixaríamos elfos visitantes andando livremente por Drugstrein antes de eles explicarem o motivo da visita a algum mestre de elite. Principalmente se outro grupo de elfos sequestrasse um dos nossos mestres.

— Acho que você tem razão – concluiu ela.

Thays, então, deixou a ampulheta sobre a mesa e puxou sua túnica por sobre a cabeça. Seus seios expostos movimentaram-se suavemente enquanto ela o fazia, o que hipnotizou o olhar de Kayan completamente. Ele já estava acostumado a vê-la nua, mas toda vez que ela removia suas roupas de forma repentina o Atreius agia como se fosse a primeira vez.

— O que você está fazendo?

— Acho que vou experimentar a banheira dos elfos. Estou precisando muito de um banho.

— Essa é uma boa ideia. Vou ajudá-la – respondeu ele com um sorriso travesso enquanto levantava-se e tratava de remover as próprias roupas.

* * *

Seis dias mais tarde o casal encontrava-se sentado no chão ao centro do salão circular. Thays trajava um confortável vestido sem mangas, de algodão, que chegava apenas até a metade de suas coxas. Kayan, por sua vez, limitava-se a utilizar calções de linho muito largos. Sentavam-se de frente um para o outro e a sua volta havia dezenas de livros e pergaminhos.

Foram dias tranquilos e confortáveis para o casal. Estar cercados por aliados e com um espaço privativo para os dois era reconfortante e lhes afastava as preocupações pelas quais haviam passado nos últimos dias. Naquele momento eles estudavam sobre vários aspectos da magia dos elfos que eles desconheciam completamente.

Apesar do foco que Kayan e Thays dedicavam àquela tarefa, eles não deixaram de perceber quando um elfo abriu a grande porta de madeira de maneira silenciosa.

— O conselho dos anciões irá recebê-los agora, mestres de Drugstrein.

— Tudo bem. Apenas iremos arrumar essa bagunça e nos vestirmos apropriadamente.

Após ouvir as palavras de Kayan, o elfo fechou a porta, deixando o casal com a sua privacidade.

— Será que seremos convidados a nos retirarmos de Elfelian? – indagou Thays enquanto removia seu vestido para poder colocar sua túnica de Drugstrein.

— Não sei, mas se formos ficar espero que nos deixem aqui mesmo. Foi bom passar esses dias sem um monte de elfos nos observando.

A Cyren apenas pode rir do comentário que o rapaz fez. Apesar disso, ela também estava muito satisfeita com as acomodações que lhes foram cedidas.

Minutos mais tarde, já vestidos com seus uniformes de mestres da Ordem de Drugstrein, o casal encontrava-se em um salão circular muito mais majestoso do que aquele em que eles haviam passado os últimos dias. O mármore branco permeava todo o ambiente, sendo manchado apenas pelas requintadas tapeçarias e belas lâmpadas mágicas feitas com cristais.

Havia doze elfos ali, todos de aparência jovial, mas com uma idade maior do que um milênio. Suas vestimentas eram de ceda e compostas por vistosas túnicas de variadas cores. Kayan e Thays sabiam pouco sobre a cultura daquela raça, mas sabiam que aquelas vestes com ares tão nobres eram reservadas apenas para os anciões do conselho de cada uma das três cidades dos elfos.

— Antes de mais nada, gostaria de dar-lhes as boas vindas à Elfelian e pedir desculpas caso tenham se sentido privados de sua liberdade. Faz parte de nosso protocolo que nossos visitantes sejam conduzidos aquelas acomodações antes de serem recebidos pelo conselho dos anciões. Isso geralmente é resolvido rapidamente, mas temo que tenhamos levado um tempo ligeiramente maior devido aos recentes acontecimentos.

O primeiro a falar foi um elfo de cabelos longos e tão claros que se aproximavam de um branco prateado.

— Tentamos resolver isso o mais rápido possível para recebê-los, mas temos ciência de que a percepção de tempo para nós é muito diferente que para vocês. O que foram seis dias, para nós se passou como se fossem seis horas.

Daquela vez foi uma elfa quem lhes dirigiu a palavra. Ela tinha baixa estatura e cabelos negros que chegava à altura de seus ombros.

— Não precisam se preocupar com isso. Nossas acomodações são muito confortáveis e os livros contendo o registro de sua história e magia são muito interessantes.

Thays expôs sua opinião em nome do casal. Eles estavam aprendendo vários aspectos sobre a magia dos elfos, embora sabiam que os segredos mais importantes nunca seriam expostos para os humanos.

— Ficamos felizes em ouvir isso. Apesar disso, não queremos nos alongar muito em nossa conversa então temo ter que indagar o que traz dois mestres de Drugstrein até nossa nobre cidade – um terceiro elfo, o mais alto dos presentes.

— Nós dois estamos viajando por Wesmeroth em busca de conhecimento e após passarmos algum tempo com os anões e confrontando os povos bárbaros, decidimos visitá-los, os elfos, para conhecer um pouco mais de sua cultura e estreitar nossos laços de amizade – respondeu-lhe Kayan.

— Realmente sentimos muito que um mago de nossa raça tenha sequestrado Illya li Myrial e assassinado alguns do seu povo. Tentamos impedi-los, mas nossa força não foi suficiente – complementou Thays.

— Nós ouvimos os relatos de todos os patrulheiros que estiveram presente neste acontecimento. Sabemos o quanto vocês dois lutaram contra Rantred Eisen e Sellene Rovkraz e o quanto esses dois indivíduos devem ser poderosos para conseguirem subjugar Illya, que é uma de nossas anciãs mais poderosas. Uma equipe contendo quatro de nossos mais fortes magos se unirá a outra equipe com quatro de Vil’ladain e se dirigirá até o território humano onde procurará por esses indivíduos e por nossa irmã de raça. Acredito que nossa aliança não será abalada caso esses dois indivíduos acabem perecendo nesta missão.

— Certamente que não. Esses dois magos são procurados por nós há muito tempo e será um favor que seu povo terá feito ao nosso caso consigam encontrar a ambos. Nós escrevemos uma carta explicando a situação toda para nossa ordem. Se entregarem para os mestres de elite Arthuro Magnum ou Spaak Firyn da ordem de Drugstrein eles farão com que ela chegue até o granmestre Sakuro Cyren que lhes dará todo o apoio para encontrar Rantred Eisen.

Após aquelas palavras, Kayan caminhou até o elfo de cabelos prateados e entregou-lhe um pergaminho selado com cera e contendo o brasão dos Atreius e dos Cyren.

— Agradeço por isso – disse ele ao receber a carta. – Toda a cooperação será importante para resgatarmos Illya o mais breve possível. Nesse meio tempo espero que apreciem a estadia em Elfelian. Poderão caminhar livremente pela cidade a partir de agora e utilizar as acomodações que lhes ofertamos livremente. Mais tarde eu os chamarei para uma refeição e poderemos conversar mais livremente.

Aquelas palavras dispensaram o casal da breve audiência com o conselho dos anciões de Elfelian. Os próximos dias se passaram com os dois aprendendo mais sobre a cultura e costumes dos elfos, além de praticar o que puderam da magia daquele misterioso povo. Apesar disso, menos de uma lua se passou antes que Kayan e Thays se encontrassem a bordo de um navio que navegava em direção a Mandrakory, a ilha habitada pelos draconianos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí. O que acharam da cidade dos elfos? E porque será que Rantred Eisen deixou dois potenciais inimigos livres para seguir seu caminho?

Continuando com as descrições das esferas, vamos para o fogo. A esfera do fogo é a capacidade de aquecer o ar ou qualquer outro tipo de combustível junto com o oxigênio do ar, para gerar fogo. É algo bem parecido com a alquimia de Roy Mustang de Full Metal Alchemist. As raças que utilizam esta esfera são: humanos, elfos, draconianos, taurinos, gnolls e sraths. Existem dois principais feitiços e alguns especiais que poucos magos conhecem.

Crisis: O principal feitiço e que dá nome à esfera. Com ele pode-se criar e controlar o fogo, dependendo apenas do poder e força da aura do mago que o conjurar.

Crisis Katris: Este já é um pouco diferente. Também cria chamas, porém, ao atingir seu alvo (ou ser interceptada no caminho) as chamas se expandem criando uma grande explosão de fogo.

Crisis Raryn: Feitiço conhecido apenas pela família Fixue. Consiste-se em criar um feixe de energia super aquecida. O feixe pode ser assimilado com um raio laser que vemos em filmes de ficção cientifica.

Crisis Char: Feitiço criado pela familia Firyn, porém apenas Spaak consegue utiliza-lo (nunca foi mostrado na história, mas Spaak tem primos). Consiste-se em criar uma corrente de aura que pega fogo. É um excelente feitiço ofensivo.

Crisis Sapris: Feitiço criado e conhecido apenas por Thays Cyren. Cria-se diversas esferas de fogo que ficam flutuando em volta de sua conjuradora, interceptando qualquer coisa ou feitiço que avance em sua direção. Também pode ser movida de acordo com os desejos de sua criadora



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Ordem de Drugstrein" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.