A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 81
Elfos - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Quem será que são os três magos que invadiram a floresta dos elfos. E qual será seu objetivo?



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Capítulo 080

Elfos (Parte 3)

Spaak subiu as escadas da torre dos mestres até chegar em frente aos aposentos pretendidos. Assim que chegou, retirou uma chave de um dos bolsos do cinto e abriu a porta. Após entrar e fechar a porta atrás de si, retirou o sobretudo e as botas antes de caminhar até o sofá onde Aghata estava sentada e dar-lhe um beijo carinhoso.

Ela trajava um vestido simples e leve e puxou-o para que ele se sentasse ao seu lado. Assim que o fez, o Firyn levantou as pernas da moça e apoiou-as sobre as suas próprias. Após isso, passou sua mão direita suavemente sobre a barriga da Willis antes de beijá-la mais uma vez.

— Tenho aqui comigo uma carta da Thays para você.

— Sério? Essa menina finalmente decidiu dar algum sinal de vida – disse ela, feliz.

— Sim, o Kayan também, ele escreveu para mim. Na verdade eles mandaram mais de dez cartas para várias pessoas da ordem. A última já fazia umas nove luas quando eles disseram que iriam treinar em um lugar isolado por algum tempo e não poderiam escrever.

Spaak, então, retirou as cartas do bolso de suas calças e entregou uma para Aghata enquanto abria a sua própria.

— Olha só, a Thays está dizendo que conseguiu criar um feitiço novo – afirmou a mestre após ler sua carta. – Ela o chamou de crisis sapris. Sabe o que pode ser?

— Um feitiço novo... Era de se esperar desses dois, mesmo que criar algo realmente novo seja bem difícil. Pelo nome literal seria armadura de fogo, mas não creio que seja algo literal. Acho que teremos esperar eles voltarem para descobrir. Alias, o Kayan diz que agora eles estão indo para Elfelian e de lá pretendem ir até Mandrakory.

— A carta da Thays diz a mesma coisa. Parece que ainda ficaremos algum tempo sem ver os dois.

— Tudo bem, eles merecem. Espero que também estejam se divertindo nesse meio tempo.

— Pode ter certeza de que estão. E é melhor nos divertirmos um pouco também porque vou sair em missão com a Nathie e o Karzus logo após o almoço – concluiu ela enquanto se dedicava em tirar a túnica do Firyn.

* * *

Arthuro Magnum estava na taverna de Drugstrein na companhia de seu sobrinho Gorgar. Ambos conversavam banalidades enquanto apreciavam a boa comida e bebida do local.

— Então quer dizer que você apenas me convidou para lhe fazer companhia esta noite porque sua namorada saiu em missão durante a tarde.

— Sabe que não é verdade, tio. É você quem trabalha demais.

— Sou um mestre de elite e tenho que manter esta ordem em funcionamento – justificou-se.

— Esqueça isso, vamos aproveitar para botar os assuntos em dia. A propósito, recebi uma carta de Kayan esta manhã. Não tinha muitas novidades, mas ele me contou sobre os locais que visitou com a Thays. Eles passaram nove luas ao norte dos Portões do Exílio, algo bem perigoso em minha opinião.

— Certamente que sim, mas se fizeram isso é porque sabiam que poderiam se garantir em um lugar como aquele – concluiu o mestre mais velho pouco antes de tomar um bom gole de sua bebida. – Falando nisso, o Kayan escreveu na carta que me enviou que está trabalhando em um feitiço novo da esfera da destruição.

— Ele não escreveu nada disso na carta que me enviou. O que é?

— Ele não especificou. Nós estávamos teorizando uma coisa antes deles viajarem, mas chegamos à conclusão que era inviável para se utilizar em um combate.

— Na carta da Nathie a Thays disse que tinha criado um feitiço novo da esfera do fogo. Espero que o Kayan consiga algum progresso nisso também.

— Como eu disse, havíamos chegado à conclusão de que era impossível. Pode ser que ele esteja criando algo totalmente novo. No entanto, mesmo que eu tenha dito que era inviável, talvez ele encontre um jeito de fazer funcionar.

— Quer saber de uma coisa, tio, eu estou ansioso para ver como esses dois evoluíram.

— Eu também, Gorgar. Eu também.

* * *

O trio havia cercado os invasores antes que eles tivessem tempo de reagir. Apesar disso, eles estavam prontos para um contra-ataque a qualquer momento.

— Eu me lembro desse homem – comentou Thays. – Você não, Kayan?

Ao ouvir o que a namorada dizia, o Atreius observou bem o sujeito, forçando sua memória, mas nada lhe veio na cabeça.

— Eu deveria?

— Talvez. Ele tornou-se mestre durante aquele primeiro exame que nós dois fizemos há alguns anos. Ele é de uma guilda.

— É verdade, agora me lembro. Guilda Gatrow, mas ela foi desfeita pela Ordem de Darthone no início do ano passado porque seu mestre estava extorquindo o rei do reino ao qual pertencia.

— Nada disso importa – disse Illya. – Quero saber por que vocês estão invadindo nosso território? Foram vocês quem mataram nossos patrulheiros?

As duas mulheres acenaram uma para a outra e rapidamente, com um feitiço visgoon, fizeram com que os galhos das árvores próximas se esticassem para prender seus inimigos. Nesse meio tempo, o homem tentou fugir entre meio aos mesmos.

— Thays!

Assim que Kayan gritou o nome da moça, ela adiantou-se para perseguir o fugitivo sem se preocupar com os galhos que tentavam aprisioná-la, pois Illya já tinha utilizado outro feitiço visgoon para neutralizar o de seus inimigos.

Com raiva, as duas adversárias que ficaram para trás conjuraram um crisis katris para explodir a elfa, que defendeu-se rapidamente com uma barreira de energia. A explosão foi tão intensa que derrubou árvores e empurrou-a uns três metros para trás.

Kayan agiu rapidamente em seu auxilio e conjurou um feitiço de gelo contra a maga de cabelos longos e castanhos. A rajada congelante foi intensa o suficiente para congelar o solo e galhos das árvores próximas. Sua oponente, porém, conseguiu mover-se rapidamente e escapar do ataque do mago negro.

Como forma de contra-ataque, a maga, que assim como os demais trajava um sobretudo de mestre, lançou uma poderosa labareda de fogo utilizando as duas mãos em um feitiço devastador.

Kayan ficou de lado para a direção em que o feitiço vinha e estendeu sua mão esquerda para conjurar um aurus pinn. As chamas atingiram a barreira e se dividiram em duas, passando inofensivamente em ambos as laterais do corpo do jovem Atreius.

— Vai ter que se esforçar muito mais do que isso se quiser me ferir – provocou-a com um sorriso no rosto.

Irritada, a mulher gritou enquanto conjurava um crisis katris na tentativa atingir seu oponente, que conjurou um clayn para que uma parede de terra se formasse a sua frente. Kayan a formou de maneira a formar uma meia cúpula voltada na direção do feitiço e as chamas explodiram dentro desta formação rochosa reforçada para que sequer a floresta fosse danificada.

— Ainda não é suficiente – disse enquanto fazia com que a terra se assentar novamente no solo.

Ainda mais irritada, a maga conjurou um tangrea que avançou próximo ao chão, danificando-o no processo. Daquela vez, Kayan sequer se defendeu, deixando que sua aura lhe protegesse dos efeitos do feitiço. Sentiu um leve incomodo enquanto avançava contra sua adversária.

— Você é igual a mim, bem fraca com o elemento eletricidade.

Assim que o rapaz venceu a curta distância entre os dois, ela tentou saltar para trás numa tentativa de ganhar distância novamente. Kayan agiu rápido e agarrou sua perna na região do tornozelo em pleno ar e arremessou-a contra uma árvore. A força ampliada fez com que o impacto fosse tão forte que ela cuspiu um pouco de sangue quando se chocou contra a mesma.

Para finalizar, Kayan conjurou uma forte rajada de vento que a fez chocar-se novamente contra a mesma árvore, derrubando-a no processo. O impacto, porém, fez com que a mulher perdesse a consciência e ficasse caída no chão, desacordada.

* * *

Illya viu-se livre para agir assim que Kayan assumiu o duelo contra a outra invasora. Ao contrário do mago negro, porém, ela preferiu atacar primeiro e para isso utilizou um visgoon para manipular os galhos das árvores contra sua oponente. A moça utilizou toda sua agilidade para evitar ser aprisionada, conjurando um crisis para queimar os galhos quando necessário.

Assim que encontrou uma abertura, conjurou um crisis katris para tentar derrubar a elfa antes que fosse aprisionada pelo feitiço da mesma. Illya sequer teve que se mover para conjurar uma defesa e o fez com uma barreira de energia que suportou a explosão de fogo facilmente.

Enquanto se defendia, continuou manipulando os galhos e raízes em direção a maga de cabelos loiros. Como ela estava atacando, não teve tempo suficiente para escapar daquela investida e sentiu os ramos se prendendo em seus tornozelos e pulsos, além de cintura e pescoço.

Illya aproximou-se lentamente enquanto via sua oponente tentar se desvencilhar desesperadamente. Mesmo com sua força ampliada por sua aura ela não conseguiu romper as plantas que estavam sendo fortificadas pela magia da elfa. Assim que chegou perto, tocou a testa da moça e utilizou um encantamento da esfera da natureza que induzia ao sono. A invasora dormiu sem sequer resistir.

* * *

O mago ruivo correu impulsionado por sua aura. Thays, por sua vez, perseguiu-o enquanto percebia que as raízes que tentavam prendê-la eram neutralizadas por Illya. Parou na frente de seu adversário segundos mais tarde, impedindo sua fuga.

Confiante de que poderia derrotar a Cyren facilmente, ele parou apenas por um segundo para conjurar um clayn no formato de uma grande onda de terra que soterraria a moça com facilidade.

Sem se preocupar, Thays conjurou um crisis katris apenas com força o suficiente para destruir o solo que era dirigido contra ela, buscando minimizar os danos à floresta.

— Impossível! – exclamou ele, surpreso.

Apesar disso, o mestre concentrou-se e abriu os braços para dar forma a dois golens de terra e raízes de mais de quatro metros de altura. Eles eram esguios e mais rápidos do que Thays esperava que fossem.

Enquanto os constructos avançavam contra a mestre de Drugstrein, o ruivo procurou circulá-los para poder fugir. A Cyren, porém, não se moveu e apenas apontou ambas as mãos, cada qual para um golem, e conjurou dois crisis katris. As explosões foram precisas e transformaram as criações de seu inimigo em pó.

Naquela altura ele acreditava já estar longe o suficiente para escapar e sorriu ao considerar que agradaria seu mestre. Surpreendeu-se novamente quando sentiu algo gelado em seu pé direito e percebeu que não conseguia se mover.

Thays havia se virado para ele assim que destruiu suas criações e, com um ryado, criou uma superfície de gelo que se estendeu rapidamente para o outro mago, congelando sua perna até o joelho.

Preso, o ruivo tentou conjurar uma poderosa rajada de fogo contra sua adversária, que simplesmente utilizou um jinn para afastar todas as chamas para longe. Livre do feitiço que a ameaçava, Thays conjurou um tangrea. Ela havia enfraquecido o raio propositalmente para não matar seu adversário, mas teve que forçar um pouco para atravessar o escudo de energia que seu oponente havia criado. Encerrou o feitiço assim que percebeu que ele havia perdido a consciência.

* * *

Terminado os três duelos, o trio reuniu os magos derrotados em uma área um pouco mais livre de vegetação. Pouco a pouco os patrulheiros começaram a se unir a eles.

— Devo-lhes um pedido de desculpas, mestres de Drugstrein. Subestimei completamente a força de vocês.

— Não se preocupe com isso, Illya – disse-lhe Kayan. – Acho que nem o pessoal de nossa própria ordem vai acreditar quando falarmos o quanto evoluímos nesse último ano.

— E o que vamos fazer com esses caras aqui? – perguntou-lhe Thays.

— Iremos levá-los para Elfelian onde descobriremos o que eles queriam em nossas terras. Para isso precisamos neutralizar suas auras.

A elfa anciã pegou três coleiras inibidoras de aura de seus patrulheiros, além de três frascos contendo uma poção de cor azulada. Começou a colocá-las em seus prisioneiros e forçá-los a ingerir o liquido.

— Essa é aquela poção que atrapalha a concentração e impede a conjuração de feitiços que usamos em Kallamite? – indagou-lhe Kayan.

— Exatamente. Uma vez por ano nós levamos certa quantidade para os países do sul, que mantêm comércio conosco. Os magos que administram a prisão de vocês vêm comprar de nós nessas cidades.

Passado alguns segundos após a colocação do inibidor de aura, o homem de cabelos ruivos começou a ter alguns espasmos e respirar com dificuldade. Illya correu até ele para verificá-lo, mas o mago morreu em poucos segundos sem que nada pudesse ser feito.

— Está morto – constatou ela, perplexa.

— Como? – indagou Thays. – A poção causou alguma reação?

— Impossível. Nunca ouvi falar sobre essa poção causar algum mal além de impedir o uso de magia e a remoção do inibidor de aura.

Kayan aproximou-se do corpo e começou a analisá-lo. Verificou a coloração dos olhos e procurou por marcas, após isso, colocou a mão sobre o peito do rapaz e procurou por qualquer resquício de aura.

— Acredito que ele tenha sido vitima de um encantamento conhecido como corrente do juramento.

— Que encantamento é esse? Nunca ouvi falar dele – disse a elfa.

— Nem eu – concordou a Cyren.

— Ele é um encantamento de magia negra muito antigo, mas foi proibido há muito tempo. É algo bem complexo e todos os livros que teorizam sobre ele foram destruídos, até onde sabemos. Eu mesmo não faço ideia de como ele funciona, mas sei que a pessoa a ser encantada deverá concordar com uma condição, um juramento. Se a situação que foi estipulada acontecer, a pessoa morre imediatamente.

— Realmente um encantamento horrível. Um mago negro poderia forçar a pessoa a aceitar um encantamento assim – disse Illya. – Mas quem poderia estar por trás disso? Existe alguma maneira de um elfo negro ter obtido este conhecimento e estar usando esses magos humanos para algo contra nossa raça?

— Acredito que não. Só existe uma pessoa que conhece esse encantamento: Rantred Eisen.

Ao ouvir aquele nome, a expressão no rosto de Thays tomou um semblante preocupado.

— Se for mesmo ele, podemos ter problemas. Nem mesmo meu primo conseguiu vencê-lo em um duelo.

— Esse é o mago negro mais perigoso dentre seu povo – não era uma pergunta. – O que ele poderia querer aqui em nossa floresta?

— Isso é um grande mistério. Não sabemos nada sobre o que ele planeja. Há anos Drugstrein tenta pegá-lo, mas ele sempre escapa ou mata seus perseguidores – respondeu-lhe Thays.

— Também não vai adiantar nada ficarmos aqui especulando. Vamos enterrar este que morreu e levar as duas magas até Elfelian para ver o que elas podem nos falar.

* * *

O resto do dia se passou sem qualquer imprevisto. Os patrulheiros carregavam as invasoras enquanto os magos mantinham-se atentos ao ambiente na busca de possíveis novas ameaças.

Ao final da tarde eles já podiam avistar um grande lago no horizonte, foi quando Illya explicou-lhes o destino do dia.

— Aquele é o famoso lago Centauro, passaremos a noite próximo à ele, na vila dos centauros.

— Vila dos centauros? – indagou Thays.

— Vocês não sabiam que ela existia? Ela inclusive dá o nome ao lago. Esta raça geralmente é um povo nômade que vive transitando entre o oeste do território humano e nossas terras, mas esta tribo em especifico fixou sua morada ao redor do lago há séculos. Os fundadores se foram há muito tempo, mas seus descendentes se mantêm aqui.

Não levou muito mais tempo para avistarem a tal vila. Era algo muito simples, constituída de uma dezena de barracões de madeira. A arquitetura era bem acabada, embora sem grandes detalhes. Havia uma pequena plantação próxima a eles e pomares de frutas mais próximo à floresta.

— O estilo de vida desses centauros é bem simples – explicou-lhes Illya enquanto mostrava cerca de uns trinta deles galopando de um lado para o outro. – Eles vivem de suas plantações e da caça. Geralmente dormem ao relento, e utilizam seus barracões apenas para guardar suas colheitas e se abrigarem da chuva.

O casal já havia tido contato com a raça antes, mas nunca foram acostumados a conviver com a mesma então seguiram em frente com certa timidez, esperando que Illya os apresentasse. Isso não demorou muito para acontecer.

— Esta é Liopes – disse a elfa ao se aproximar da maior do grupo. Ela trajava uma armadura de couro cobrindo a parte humana de seu corpo e mantinha os longos cabelos castanho escuro trançados até que eles tocassem sua parte meio cavalo.

— Sejam bem-vindos à nossa vila, mestres de Drugstrein – disse ela em uma voz bem grave, apesar de notavelmente feminina. – Eu sou a líder desta tribo.

— Muito prazer, Liopes. Eu sou Thays Cyren e este é meu namorado, Kayan Atreius.

— Já teve contato com magos humanos antes? – indagou o mago negro, curioso.

— Na verdade não, jovem mestre, mas a anciã Illya li Myrial costuma passar um longo tempo conosco e nos ensinou muitas coisas sobre Wesmeroth.

Aquilo justificava o fato de Liopes saber que eles eram mestres devido às suas capas. Talvez ela também tenha decorado o brasão das ordens, ou ao menos da mais importante delas.

— Espero que não se importem se passarmos um tempo com vocês – disse-lhe Thays, simpática.

— Para nós será um prazer dividir nossa fogueira e nosso alimento. Se quiserem, poderão utilizar aquele pavilhão. Como não está chovendo nós dormiremos ao relento.

— Obrigada – respondeu-lhe a garota.

— Meus patrulheiros e eu também dormiremos sob a luz da lua, então vocês dois podem se acomodar da maneira que melhor desejarem. Alias, podem utilizar o lago para se banharem. Bem sei que os magos humanos têm o costume de se banhar todos os dias quando possível.

— Isso é verdade – concordou Kayan. – Nós até aprendemos com os anões a usar um feitiço clayn para solidificar a terra ou areia, criando uma banheira para enchermos com um feitiço warhi, mas um lago nos poupa muito do trabalho desnecessário.

— Solidificar a terra... parece algo útil para diversas situações. Acho que já faz uns trezentos anos que não vejo um anão.

— Visitá-los é bom. Eles sempre são muito hospitaleiros – comentou Thays.

A conversa se seguiu naquele mesmo sentido enquanto eles preparam uma fogueira para poderem preparar um gostoso ensopado que os centauros sabiam cozinhar. Para acompanhar, tiveram um pão escuro e de casca grossa que os elfos traziam consigo.

A companhia dos centauros era melhor que a dos elfos, com exceção de Illya que também participou animadamente da conversa. Eles divertiram-se em volta da fogueira sem nunca desviar completamente a atenção de suas prisioneiras ou de qualquer aura que pudessem sentir ao redor do pequeno vilarejo em que estavam.

Já era tarde da noite e muitos dos centauros já estavam dormindo quando Kayan e Thays decidiram ir até o dito lago para tomarem um banho. Tomaram precauções extras para que sua intimidade não fosse observada por nenhum dos elfos, mas aquilo provou-se desnecessário uma vez que eles não pareciam ter interesse em espiar humanos enquanto eles se banhavam.

Após isso, foram até o tal barracão, que era mais limpo do que eles esperavam apesar do chão ser feito de terra batida. Dormiram profundamente após o dia cansativo.

* * *

O sol despontou preguiçosamente no horizonte daquele dia nublado que estava nascendo. Não parecia que realmente choveria, mas com o inverno se aproximando aquilo deixava o dia com temperaturas bem mais amenas, mesmo para a floresta que era mais quente que podia se esperar daquela época do ano.

— As noites já começaram a se tornar frias e a água do lago não devia estar muito agradável. Como vocês podem se sentir bem indo se banhar tão tarde da noite em águas pouco agradáveis?

Illya questionou os magos durante o desjejum antes de continuarem a viagem. Diante daquela indagação, o casal entreolhou-se em meio a rápidas risadas.

— Digamos que nós fizemos algo para nos aquecermos na água – respondeu-lhe Kayan.

Os centauros ali presentes pareceram não compreender o que eles queriam dizer. A elfa, por sua vez, devolveu-lhes um sorriso que indicava que ela sabia exatamente sobre o que os dois falavam.

— Espero que tenham aproveitado bem a noite, então, pois ainda temos um longo caminho até Elfelian.

O grupo apenas terminou a rápida refeição antes de agradecerem e se despedirem de seus anfitriões e colocarem-se em movimento novamente.

O dia nublado tornava a passagem pela floresta em algo bem agradável. Enquanto seguiam a viagem, Illya tomava o cuidado de explicar para o casal de magos as particularidades de algumas plantas que só eram encontradas naquela parte de Wesmeroth, além, é claro, de alguns animais que os dois magos humanos nunca haviam visto em suas vidas.

Apesar do ritmo um pouco acelerado, todo o percurso foi sendo traçado sem nenhum inconveniente até próximo a hora do almoço. Foi neste momento que eles sentiram duas fortes auras muito próximas de onde eles estavam. Elas moviam-se em uma velocidade estonteante e em menos de dez segundos estavam na presença do trio de magos.

O homem era alto e de musculatura desenvolvida, com olhos verdes de um olhar penetrante e os cabelos negros penteados para trás de uma maneira bastante sofisticada. Ele trajava roupas escuras com uma cota de malha, braceletes e grevas de metal polido. Uma capa negra estava presa por suas ombreiras de aço.

A mulher aparentava ser pouca coisa mais velha que ele e tinha os cabelos longos e castanhos claros. Suas vestimentas eram todas de couro e muito coladas ao seu corpo. O casal de mestres já a conhecia de uma ocasião pouco agradável.

— Você deve ser Rantred Eisen. Foram muito espertos em ocultar suas auras até que estivessem bem pertos de nós – observou Illya, mais descontraída do que era de se esperar.

Kayan e Thays estavam bastante preocupados com aquela situação. Eles próprios estavam ocultando muito bem suas auras e, como não haviam utilizado magia desde o conflito na manhã anterior, não deveria ser fácil sentir suas presenças.

— Eisen isso, Eisen aquilo – disse a mulher em um tom de voz divertido. – E ninguém se lembra da pobre Sellene Rovkraz.

— E veja que surpresa temos aqui – Rantred desviou o assunto. – Um Atreius e uma Cyren. Completamente inesperado.

O tom de voz debochado do Eisen tornava impossível dizer se a presença de ambos realmente era uma surpresa para ele ou não. Uma coisa era certa, com aquela velocidade que eles se moviam, talvez nem mesmo Illya seria capaz de escapar dali sem lutar.


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Notas finais do capítulo

Agora a porra ficou séria pessoal. Será que Kayan, Thays, Illya e os patrulheiros elfos serão fortes o suficiente para enfrentar Rantred Eisen e Sellene Rovkraz e "zerar" a história antecipadamente?

Além disso, dei uma dica de algo que irá acontecer no futuro (foreshadow, acho que é assim que chamam), mas foi bem sutil. Será que alguém adivinha?

Continuando com as explicações sobre as esferas, vamos falar da esfera natureza. Ela é utilizada pelos humanos, elfos e draconianos e consiste-se no domínio da natureza. Com ela é possível utilizar vários encantamentos para manipular plantas (e animais no caso dos elfos). Em combate existe apenas um feitiço útil desta esfera:

Visgoon - Trata-se de um feitiço que cria raízes, galhos e cipos vindos da terra ou até mesmo areia para aprisionar ou empalar um oponente. As plantas secam assim que o mago para de enviar sua aura para as mesmas.

Além disso, a esfera da natureza pode ser combinada com outras esferas para conjurar melhores feitiços, veremos isso em outros capítulos. Alias, este mês teremos um capítulo extra daqui a duas semanas. Em troca, digam o que estão achando da história, please.



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