A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 72
Sraths - Parte 5


Notas iniciais do capítulo

Os motivos de Kayan assumir a derrota são revelados e o Atreius e a Cyren podem conversar após os acontecimentos da noite anterior.



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Capítulo 071

Sraths (Parte 5)

Enquanto todos os magos expressavam sua surpresa com a declaração de Kayan, Kil-el-mih demonstrava um alivio na tensão do combate.

— Tem certeza disso? – indagou o srath com sua voz nasalada. – Você ainda está em condições de lutar.

— Não acho que eu seria capaz de vencê-lo nas minhas condições atuais. Apesar disso, sugiro que deixe o continente com seus sraths.

A sugestão de Kayan fez com que o sumo sacerdote fizesse um som parecido com uma risada.

— Por que eu faria isso? Nós estamos em maior número.

— Por que nós iremos vencer, mesmo em desvantagem. Lembre-se do que houve em nosso último confronto.

— Isso não importa, lutaremos mesmo assim.

— Não há necessidade disso. Se nos enfrentarmos de novo serei capaz de vencer você e os outros sacerdotes não serão capazes de fazer frente aos nossos melhores magos.

— Isso não importa. Mesmo se perdermos a batalha, mataremos o maior número de humanos que pudermos. Esse é o desejo de nosso deus Kliuss.

Os argumentos de Kayan não estavam funcionando. Ele acreditava que Kil-el-mih fosse mais racional, mas ele não passava de um fanático religioso. Apesar disso, ele não desistiu de convencê-lo.

— Aquele alto-sacerdote que nos enfrentou em Linoa, por acaso ele era seu filho? – presumiu Kayan devido ao uso semelhante do crisis com a calda.

— Sim, meu primogênito Kil-li-vih.

— E você irá arriscar a vida dele desta maneira? Ele é forte, mas nossos mestres são mais. E será um mestre a enfrentá-lo se isso acabar em uma batalha.

— Será uma honra para mim e para meu filho morrer em nome de Kliuss.

Aquela conversa não estava levando a nada. Kayan esperava convencer o inimigo a se retirar para poupar a vida de sua raça, mas ele estava disposto a sacrificar todos os sraths apenas para matar o maior número de magos humanos possível.

— Eu mudei de ideia, vamos duelar até a morte Kil-el-mih.

Aquela era algo muito arriscado para se fazer devido aos ferimentos que Kayan havia sofrido, mas se ele vencesse o sumo sacerdote ali nenhum de seus amigos correria perigo algum. E era isso que motivava a decisão do mago negro. No entanto, aquilo também falhou.

— Vocês têm cinco dias para nos desafiar no castelo que tiramos de vocês. Caso contrário, passaremos a destruir seus vilarejos e milhares de humanos morrerão.

Apesar da recusa de Kil-el-mih, Kayan avançou em meio a um gemido de dor. Seu ataque, entretanto, foi barrado por uma poderosa parede de chamas conjurada pelo srath. Aquele feitiço fez com que o mago negro recuasse e o srath ficasse ainda mais distante.

— Cinco dias, Kayan Atreius.

Enquanto o inimigo sumia rapidamente no horizonte, Kayan recuou lentamente até seus amigos.

— Pessoal, me desculpem, deixei ele escapar.

— Você não precisa se desculpar – adiantou-se Cristallia enquanto conjurava um ressin para curar Kayan. – Se você não estivesse aqui ninguém seria capaz de enfrentá-lo. Tire a parte de cima de suas roupas para que eu possa curá-lo melhor.

O Atreius fez como a garota pediu enquanto Thays observava aquilo com uma pontada de ciúmes. Ela sabia que a maga branca apenas queria ajudá-lo, mas aquilo não abrandava seus sentimentos.

— Kayan lutou muito bem, mas isso também prova que nossa batalha não será fácil. Vamos esperar uma hora e nos reuniremos na sala atrás do trono para traçarmos uma estratégia.

As palavras de Gorgar foram ríspidas, mas aquilo se devia mais à preocupação que à sua maneira de falar.

* * *

O clima na pequena sala de reuniões era tenso. Todos sabiam que a batalha que iriam enfrentar não seria fácil. Como ninguém se manifestava, Gorgar foi o primeiro a falar.

— Nós partiremos amanhã à primeira luz. Quanto mais rápido atacarmos maior será nossa chance de vitória, uma vez que Kil-el-mih foi muito afetado pelos raios negros de Kayan e, como os sraths não possuem feitiços de cura, ele levará algum tempo para se recuperar.

— Acho que podemos utilizar a mesma estratégia da última batalha – comentou Karzus.

— Precisaremos de algumas adaptações. Devemos considerar que eles tenham sete ou oito altos-sacerdotes além de uns vinte a vinte e cinco sacerdotes. Além disso, para vencer Kil-el-mih será necessário que Gorgar e Thays lutem juntos, o que nos deixa com apenas três magos capazes de enfrentar os altos-sacerdotes.

Os comentários de Kayan fizeram com que todos pensassem em uma alternativa.

— Acho que o mestre Gorgar pode nos ajudar contra os sacerdotes, assim o mestre Kayan ficará livre para enfrentar o sumo sacerdote – sugeriu Lair.

— Pensei em uma estratégia diferente. Primeiro precisamos derrubar o filho de Kil-el-mih, pois acredito que ele será o segundo mais forte. Kayan deverá enfrentá-lo, pois será uma vitória rápida, após isso poderá enfrentar Kil-el-mih. Eu manterei os sacerdotes ocupados enquanto Cristallia, Lair e Ellien derrubam todos eles. Devemos considerar que, devido o grande número de oponentes, talvez quem enfrentar os altos-sacerdotes terá que enfrentar dois ao mesmo tempo e talvez até mesmo alguns sacerdotes para atrapalhar.

— Sua estratégia é boa, Gorgar, pois poderei eliminar alguns sacerdotes enquanto abro caminho até Kil-el-mih após derrubar seu filho. O problema é que alguém terá que segurá-lo nesse meio tempo.

— Thays é a única além de mim que pode manter um duelo contra ele.

— Nem pensar nisso! – protestou Kayan enquanto levantava-se e batia na mesa com os punhos. – É perigoso demais.

— Será perigoso para todos – disse Gorgar. – O filho de Kil-el-mih poderá derrubar Mathen, Karzus ou Nathie se tiver ajuda e só você poderá vencê-lo rápido o suficiente. Para manter os sacerdotes ocupados será necessário o giudecca, uma vez que outros feitiços gerariam o risco de atingir nossos aliados. Além de mim, apenas Thays tem a força necessária para manter Kil-el-mih ocupado.

— É perigoso demais! – insistiu Kayan.

Daquela vez foi Thays quem levantou-se e encarou Kayan.

— Acha que não sou capaz disso? Posso não ter acompanhado sua evolução, mas ainda sou uma Cyren e uma mestre. Sou capaz de manter um duelo contra Kil-el-mih.

Kayan percebeu a razão nas palavras de Thays. Ele estava sendo egoísta na tentativa de protegê-la e não percebeu que a ofendia no processo

— Eu... me desculpe, Thays, você tem razão. Sei que você é capaz de manter um duelo contra ele por um tempo, mas... mas será perigoso e se acontecer alguma coisa com você... – fez uma pausa antes de continuar. – Tudo bem, acho que a estratégia está boa assim.

Perceptivelmente abalado, Kayan deixou a sala antes mesmo dos detalhes finais terem sido acertados. Os outros magos perguntavam-se o que havia acontecido.

— O que você está esperando? Vai atrás dele – sugeriu Nathie.

Sem pensar duas vezes, Thays saiu da sala logo atrás de Kayan.

* * *

O Atreius queria ficar sozinho por um tempo, por isso subiu em uma das torres do castelo de Girval. Assim que chegou a seu destino, porém, Thays saltou para cima do alto da torre.

— O que foi aquilo na sala? Primeiro você me evita durante o dia todo e agora demonstra toda essa preocupação comigo. Estou ficando confusa.

Thays caminhou lentamente até chegar ao lado de Kayan. Os dois permaneceram por alguns segundos apenas olhando para o horizonte.

— Você se lembra da conversa de outro dia sobre eu querer proteger os que têm menos poder do que eu? Isso inclui você. Porque você é uma das pessoas mais importantes para mim.

Aquelas palavras simples foram o suficiente para abalar Thays emocionalmente. Apesar disso, ela esforçou-se para que não transparecesse em sua voz.

— E eu devo proteger os que são mais fracos do que eu. É assim que deve ser. Eu vou manter Kil-el-mih ocupado e sei que quando eu estiver ficando sem forças você vai aparecer para lutar no meu lugar. Então você deve confiar que serei capaz de lutar contra ele durante esse tempo.

— Eu acredito em você. Desculpe-me se não foi o que parecia.

Mais um momento de silêncio pairou no ar enquanto Thays pensava se deveria mesmo tocar no assunto que martelava em sua mente.

— Kayan, me desculpe por ontem à noite.

Aquelas palavras provocaram um sorriso em Kayan.

— Você me enganou e eu fiquei um pouco chateado. Mas pelo que sei sobre a poção que você deve ter usado, tive uma parcela da culpa.

— O que você quer dizer com isso?

— Eu sempre te achei e ainda te acho muito atraente, Thays. Se fosse em outro momento, você nem precisaria daquela poção.

— Você quer dizer que queria fazer o que fizemos?

— Pode-se dizer que sim. O que não quer dizer que eu não me sinta um pouco culpado, já que faz muito pouco tempo que a Sarah me deixou.

Thays queria muito sanar uma dúvida que havia em sua cabeça, mas temia pela resposta. Apesar disso, tomou coragem e falou de uma vez.

— Durante nossa noite... você... pensava nela?

Diante daquela pergunta Kayan precisou parar para pensar. Queria ser totalmente sincero com Thays, mas não queria deixar margens para qualquer interpretação errada.

— Eu estava com você e era em você que eu pensava. Isso é o que me deixa um pouco confuso, pois eu me esqueci da Sarah naquele momento.

Apesar de tentar se manter séria, Thays não conseguiu evitar um sorriso em seu rosto.

— E pelo que percebi, você aproveitou bem a situação. Kayan, eu sei o quanto você a amava, mas ela se foi e você está aqui. Você não vai ficar sozinho para sempre.

— Você tem razão. Mas ainda não é o momento para isso.

Mais um momento de silêncio. Aquela estava sendo uma conversa delicada e tanto Kayan quanto Thays escolhiam as palavras cuidadosamente com receio de magoar a outra pessoa que ali estava.

— Acho que estou sendo egoísta com você, Thays. Sei o que você sente por mim e não posso retribuir da mesma maneira. Apesar disso, você sempre me apóia quando mais preciso de você.

— Espero não parecer uma menina apaixonada e patética, mas é como eu disse: você não ficará sozinho para sempre, então tenho que estar por perto quando você estiver pronto para se envolver com outra pessoa de novo.

Ciente de que não poderia afastá-la mesmo que quisesse, Kayan limitou-se a sorrir para ela. Era boa a sensação de poder conversar com Thays novamente. Apesar disso, ainda havia algo que o preocupava.

— Existe o risco do que fizemos gerar um novo Atreius ou Cyren?

— Não se preocupe com isso, tomo a poção da lua desde meus quatorze anos. Não faz mal nenhum e é bom sempre saber quando vai ser o meu ciclo.

Kayan suspirou aliviado com aquela informação, mas ainda não era tudo o que queria perguntar para a garota.

— Eu tinha curiosidade sobre uma coisa, Thays, mas não queria ser muito invasivo. Acho difícil ser mais invasivo do que fui ontem, então irei lhe perguntar. Você se envolveu com mais alguém depois que terminamos?

— Não exatamente. Não tive nada sério com ninguém, mas acho que você percebeu que não foi o meu primeiro. Eu só havia chegado nesse ponto com uma pessoa e uma única vez antes de você e foi logo após a sua partida para combater os bárbaros.

— E você não tinha vontade de fazer de novo?

— Fiz o que eu tinha vontade de fazer nesta noite. Nesse meio tempo tudo o que me restava era fazer carinho em mim mesma enquanto pensava em você.

Thays ficou um pouco constrangida após aquelas palavras. Mesmo assim abriu um grande sorriso para Kayan antes de saltar da torre.

* * *

Nathie e Mathen concentraram-se e a torre a frente dos dois começou a estremecer enquanto eles conjuravam um clayn. Enquanto a construção desabava, três sacerdotes que mantinham a vigia saltavam para a batalha que se iniciaria. O trio não chegou ao solo com vida, pois as chamas negras consumiram seus corpos ainda no ar.

Menos de um minuto mais tarde uma tempestade de fogo caiu sobre os magos. Kayan adiantou-se e conjurou uma barreira que protegeu seus dois amigos completamente.

Enquanto cinco altos-sacerdotes saltavam sobre a muralha para a batalha, Gorgar, Thays, Cristallia, Lair e Ellien invadiam o castelo pelo franco.

— Karzus, aqui. Mathen, comigo.

Seguindo as ordens de Kayan, o Mirl saiu de trás da grande rocha que lhe fornecia cobertura e alinhou-se com Nathie para combater os inimigos. O Atreius e o Muscort avançaram para o castelo enquanto um dos sraths conjurava fogo contra eles. O mago negro defendeu-se com um aurus pinn e devolveu a agressão com um durhan tangrea, que foi defendido pelo alto-sacerdote.

Os dois amigos conseguiram invadir o castelo enquanto Nathie e Karzus avançavam para a ofensiva. A maga da esfera da terra conjurou estacas de rocha que saiam do solo logo abaixo de um dos adversários, que saltou para evitar a ofensiva. Karzus lançou uma rajada de gelo que foi defendida em pleno ar. Apesar da defesa, cristais de gelo se formaram nos braços do srath, que viu-se obrigado a recuar. Momentaneamente seria dois contra quatro, mas por pouco tempo.

* * *

Assim que entrou no castelo, Ellien assustou-se com a quantidade de inimigos que teriam que enfrentar. A maioria era composta por sacerdotes, mas ela sabia que era muito fraca como maga de combate e apenas um deles já lhe daria grande trabalho.

Naquele momento ela viu quando Gorgar avançou e conjurou uma massiva quantidade de chamas negras contra os sraths. Dois dos sacerdotes foram atingidos e eliminados do combate. A maioria deles, porém, defendeu-se ou simplesmente esquivou-se do feitiço.

Cristallia e Lair avançaram enquanto o mestre conjurava um giudecca para lutar contra a grande quantidade de inimigos. Vendo os outros magos lançando seus feitiços ela também agiu conjurando um crisis contra um dos sacerdotes, que defendeu-se facilmente.

Thays passou muito próximo dela enquanto se dirigia ao local onde Kil-el-mih se encontrava. Um dos sraths colocou-se na frente dela e Ellien chegou a invejar a maneira como a Cyren conjurava um crisis de maneira graciosa, incinerando o inimigo ao mesmo tempo em que saltava sobre ele em meio a uma acrobacia.

Kayan e Mathen saltavam sobre a muralha naquele momento e aquilo era um alivio, pois os altos-sacerdotes ainda estavam livres e Gorgar tinha que lidar com quatro deles enquanto os sacerdotes atacavam os magos impunemente. Ellien estava completamente na defensiva e apenas não havia caído em combate ainda porque os inimigos estavam receosos em ferir os próprios companheiros e não atacavam todos de uma vez.

O Atreius havia acabado de eliminar um dos inimigos mais fracos em meio a sua entrada e distribuiu ordens mudando um pouco a estratégia.

— Mathen, você terá que manter todos seguros contra os sacerdotes. Gorgar tem seus próprios problemas agora.

A Iker voltou seu olhar para Mathen naquele momento e viu que ele conjurava três golens de cerca de um metro e meio. Aquilo não seria suficiente, mas ganharia algum tempo para eles.

As chamas eram intensas e cada vez mais ficava difícil se esquivar ou se defender. Um sacerdote um pouco mais forte que os demais atacou-a e o impacto das chamas atingiu seu escudo de energia com força o suficiente para jogá-la para trás. O oponente que avançava contra ela naquele momento era um alto-sacerdote. Ele tinha a cauda envolta em chamas e avançava com grande velocidade.

Assustada e ciente de que não conseguiria defender-se daquele poderoso e impiedoso golpe, Ellien apenas fechou seus olhos e esperou pelo impacto que nunca aconteceu. Quando abriu os olhos novamente viu que Kayan segurava a cauda do inimigo com a mão esquerda envolta em aura. Assim que o fez, jogou o srath em direção aos estábulos do castelo, afastando aquele duelo dela.

Lair veio em seu auxilio e atacou o srath que a havia derrubado com um tangrea. Ela por sua fez forçou-se a ficar em pé. Não tinha certeza de que sairia com vida dali, mas se fosse para morrer, que fosse lutando.

* * *

Gorgar foi o primeiro a invadir o castelo Lirbet, sendo seguido de perto por Thays. Assim que saltou sobre a muralha conjurou um durhan crisis que conseguiu eliminar dois dos sacerdotes inimigos. Considerando que mais três já haviam sido retirados do combate pelos magos que ainda estavam fora do castelo aquilo totalizava cinco a menos do lado dos inimigos.

Parou para conjurar um giudecca, nesses segundos que gastou os outros magos tomaram a iniciativa de atacar os sacerdotes. Os conjuradores mais fortes do inimigo agiram naquele momento e avançaram para o combate. Ele era o alvo dos altos-sacerdotes.

Tentou avançar e eliminar um deles o mais rápido possível, mas seu inimigo conseguiu recuar rapidamente e evitar o golpe fatal. Sua concentração voltou-se para os quatro inimigos a sua frente, mas conseguiu ouvir Kayan quando ele também invadiu o castelo. Concluiu que havia quatro ou cinco inimigos do lado de fora e Nathie teria ajuda de Karzus. Estava preocupado com sua amada, mas não havia nada que pudesse fazer além de segurar àqueles inimigos tempo suficiente até que Thays pudesse ajudá-lo e eles pudessem partirem para o combate fora do castelo.

Aquele não seria um combate fácil.

* * *

Ao entrar no castelo, Kayan encontrou uma situação extremamente complicada. Ele tinha que encontrar a melhor solução possível imediatamente. Por um lado tinha certeza de que Mathen não poderia manter quatro altos-sacerdotes ocupados, talvez aquilo fosse difícil até mesmo para Gorgar. Por outro lado também não tinha certeza de que os outros quatro magos seriam o suficiente para conter aquele grande número de sacerdotes sem ajuda de um mestre.

Ele poderia ajudá-los e pedir para Mathen se unir a Thays, mas o sumo sacerdote poderia acabar matando-o com um único feitiço. Deixar o filho de Kil-el-mih livre também era perigoso demais. Ao mesmo tempo em que eliminava um dos sacerdotes ao arremessar uma esfera de chama negra em seu peito, tomava a decisão que lhe parecia melhor no momento.

— Mathen, você terá que manter todos seguros contra os sacerdotes. Gorgar tem seus próprios problemas agora.

Teria que arriscar um pouco e confiar na força de seus amigos.

O que Kayan precisava fazer era localizar Kil-el-vih e derrotá-lo o mais rápido possível. Ele sabia que Thays já estava avançando para seu confronto contra Kil-el-mih e queria que o duelo dela fosse pelo menor tempo possível. Sorriu satisfeito quando viu que ele utilizava o crisis em sua calda para atingir Ellien, que estava totalmente perdida naquele embate todo.

Foi muito fácil alcançar a garota antes que o inimigo o fizesse, mas não teve tempo de conjurar um aurus pinn, então envolveu a mão esquerda em aura e segurou a cauda do inimigo pouco antes do golpe.

Aquilo causou algumas queimaduras na mão de Kayan, mas nada que o debilitasse no combate. Arremessou o srath para longe com a maior força que sua aura conseguia lhe conferir.

Ellien precisava de ajuda e Kayan apenas avançou contra seu adversário quando viu que Lair corria para ajudar a garota na batalha. Kayan se dedicaria ao duelo, mas não poderia evitar ficar atento à aura de seus amigos.

* * *

Thays avistou Kil-el-mih no momento em que adentrou o castelo. Aquele era seu objetivo e foi nele em que ela almejou chegar no menor tempo que conseguisse. Deveria evitar qualquer conflito nesse meio tempo e por isso pensou em seguir circulando a muralha.

Apesar de seu foco a Cyren mantinha-se atenta aos seus arredores para saber onde os inimigos estavam para evitá-los. Foi com isso que percebeu que nem tudo estava saindo conforme o planejado, pois os altos-sacerdotes estavam focando Gorgar enquanto os sacerdotes focavam os magos mais fracos.

Foi um alivio perceber que Kayan havia chegado com Mathen e tomado uma rápida decisão do que deveriam fazer. Ainda seria perigoso para os magos mais fracos, mas não havia muito que fazer quanto a isto.

Conforme avançava percebeu que além de Kil-el-mih havia outro srath que ainda não entrara em combate. Logo descobriu que ele almejava eliminar alvos fáceis e dirigia-se contra Ellien rapidamente.

Praguejando, Thays mudou sua rota para proteger a amiga. Não poderia simplesmente abandoná-la ali. Ela morreria se o fizesse. Agradeceu Kayan mentalmente quando percebeu que ele já havia percebido o mesmo que ela e avançava para salvar Ellien. Devido a isso, Thays apenas passou do lado da Iker e seguiu seu caminho até o líder dos inimigos.

Um srath entrou em seu caminho e a Cyren quase sentiu pena dele ao incinerá-lo facilmente enquanto saltava sobre o mesmo em meio a um giro de maneira a ficar de cabeça para baixo para lançar o feitiço.

A maneira como eles agiam era quase suicida. Era impossível que não soubessem a grande diferença de poder que havia entre um mestre e um sacerdote. Para ela não fazia sentido jogar fora a vida daquela maneira, mas não havia como saber o que se passava na mente de um srath.

Thays ainda estava a mais de vinte metros de Kil-el-mih quando começou a conjurar sua ofensiva. Aquela era uma técnica que ela vinha desenvolvendo há anos e na qual ficava cada vez melhor. Uma centena de labaredas de fogo foram conjuradas surgindo logo atrás da garota. Em seguida, todas foram lançadas contra o sumo sacerdote em um formato de arco.

Uma chuva de fogo caiu sobre Kil-el-mih, que iniciou suas manobras evasivas para evitá-las. A maga do fogo sabia que aquilo não seria o suficiente para ferir o inimigo, até mesmo porque ela havia poupado sua aura e as chamas não eram muito fortes. Sua intenção real era apenas causar uma distração.

Seu embuste serviu para encobrir sua aproximação rápida que visava atingir o inimigo com um poderoso crisis katris. Apesar do esforço, o plano de Thays não foi bem sucedido porque o srath cessou suas evasivas e recebeu diversas labaredas da chuva de fogo apenas com sua aura como defesa. Aquilo causou-lhe leves ferimentos, mas deu-lhe a oportunidade de criar um escudo de energia no momento preciso em que uma grande explosão aconteceu logo a sua frente.

— Realmente foi muito inocente de minha parte acreditar que isso iria lhe ferir.

Afirmou Thays enquanto observava a valeta de mais de dois metros de largura que se formou na terra em um formato circular que contornava o inimigo.

— Devo parabenizá-la. Você não é tão forte quanto o mago negro, mas tem potencial. Caso sobreviva a esta batalha.

Após aquelas palavras, o sumo sacerdote avançou enquanto saltava sobre a fenda que Thays havia criado. A calda do srath estava envolta em chamas e ele golpeava sem qualquer piedade. Thays, por sua vez, havia concentrado sua aura em seu corpo para garantir-lhe maior velocidade.

A Cyren perdia em poder e capacidade da aura para muitos outros mestres, mas havia duas coisas em que ela era muito boa: controle do fogo e agilidade. E era nessas duas habilidades que ela esperava se apoiar para manter-se viva naquele duelo.

Os ataques eram rápidos e impiedosos, mas Thays conseguia evitá-los com maestria. Sua intenção era manter o inimigo ocupado, então ela não preocupava-se em sair daquela situação defensiva, uma vez que conseguia esquivar-se com grande facilidade.

As coisas começaram a se tornar mais complicadas quando a garota percebeu que estava se cansando mais rapidamente que seu oponente. Ela já devia ter se esquivado de mais de uma centena de ataques, mas seu oponente não mostrava qualquer sinal de cansaço enquanto ela própria percebia que seus movimentos perdiam velocidade pouco a pouco.

Thays sentiu a necessidade de se afastar antes que fosse pega, então começou a reunir sua aura discretamente em sua mão direita enquanto se esquivava. Conjurou um crisis em forma de uma lâmina de fogo contra Kil-el-mih, atingindo-o de maneira certeira.

A Cyren se afastou assim que lançou o feitiço. Para ela era a hora de levar aquele combate para a longa distância. O desespero tomou conta de seu coração quando viu a mão de três dedos saindo do meio das chamas e agarrando seu pescoço.

O srath possuía uma força descomunal devido à sua aura e Thays não conseguia resistir. Sentia seu pescoço sendo cada vez mais apertado pela mão reptiliana e o ar já começava a faltar em seus pulmões.


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Notas finais do capítulo

A cena do Kayan e Thays na torre teve seus último momentos inspirados em uma cena do anime Kokoro Conect, que eu gosto bastante. Se alguém já assistiu ou sabe de que cena falo comente aí (a cena acabou virando um meme)



Neste capítulo a batalha se iniciou. Usei um recurso do qual gosto muito que é alternar de um personagem para outro mostrando a perspectiva de cada um da mesma situação global. Deem uma opinião de como ficou.



E por último, como acham que Thays irá se safar dessa? Ou será que não vai? É uma batalha e vocês sabem que o autor aqui mata uns personagens importantes de vez em quando.



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