A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 69
Sraths - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

A primeira batalha contro os sraths estava para começar, mas será que tudo ficará bem para os magos de Drugstrein?



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Capítulo 068

Sraths (Parte 2)

— Não há necessidade desse olhar de vocês dois. Não pretendo nos levar para uma batalha suicida – defendeu-se Gorgar após observar a reação de Kayan e Thays.

Ouvir aquilo foi um alivio para os dois, que não estavam preocupados consigo mesmos e sim com os membros mais frágeis da equipe. Avançar contra o castelo tomado pelos sraths sem ter nenhum plano ou estratégia poderia significar a morte para algum dos magos ali presentes.

— Primeiro o que devemos recordar é que os sacerdotes se diferenciam dos demais sraths pelas vestimentas e pela coroa em suas cabeças. Os sacerdotes utilizam uma de prata enquanto os altos-sacerdotes usam uma de ouro. As de cristais ficam para os sumo sacerdotes.

Enquanto falava, Gorgar traçava uma tosca figura do castelo na areia que permeava o ambiente.

— A ideia é atacarmos em três direções simultaneamente para cobrirmos maior espaço visual e nos reunirmos no pátio do castelo para enfrentar qualquer ameaça. Se houverem lanceiros, Lair e Ellien podem cuidar deles sem problemas. Kayan, Thays, Nathie e eu ficaremos com os altos-sacerdotes enquanto os demais deverão se encarregar dos sacerdotes. Caso Kil-el-mih esteja neste castelo eu o enfrentarei.

— Posso dar minha opinião? – indagou Cristallia.

— Fale – respondeu o mestre, ríspido. Kayan percebeu quando Nathie repreendeu sua rispidez com um beliscão na barriga.

— Acho essa estratégia muito boa para tomar o castelo, mas temo pela nossa segurança. Com essa quantidade de sacerdotes, devo supor que eles tenham ao menos cinco alto-sacerdotes ali dentro. Se quatro deles ficarem em duelos individuais, sobrará um deles e mais uns quinze sacerdotes contra cinco dos magos mais fracos aqui. Não conseguiremos aguentar muito tempo nessa desvantagem.

— Isso sem contar os lanceiros – acrescentou Ellien.

— Proponho a seguinte alteração – disse-lhes Kayan. – Gorgar, Thays, Nathie, Karzus e Mathen enfrentarão os altos-sacerdotes. Eu irei atacar os sacerdotes, quando eles perceberem que sou um mestre, todos tentarão se unir para me derrubar rapidamente, uma vez que todos os seus conjuradores mais capacitados estarão ocupados.

Ao ouvir a proposta, Thays foi a primeira a protestar.

— Não gostei da ideia. Mesmo você, Kayan, não poderá enfrentar quinze adversários ao mesmo tempo.

— Minha ideia não é derrotá-los. Pretendo apenas me defender deles enquanto Cristallia, Ellien e Lair se encarregam do ataque após derrubar os lanceiros, caso haja alguns.

— Parece razoável, mas Karzus e Mathen têm a capacidade de superar um alto-sacerdote? – indagou-lhe Gorgar.

— Caso nossos adversários sejam mais fortes que nós, podemos manter a defensiva até que o mestre Gorgar ou a mestre Thays venha em nosso auxilio.

A ideia de Karzus foi boa e o rapaz recebeu uma parabenização silenciosa por parte de Kayan, que acenou-lhe com a mão direita em um sinal de positivo.

— Então vamos agir!

Seguindo o comando do Magnum, cada equipe avançou por um lado enquanto a dele próprio avançou pelo centro. Ao contrário do que esperavam, não houve nenhuma resistência para que chegassem ao castelo, apesar deles terem visto alguns sraths aparecendo sobre algumas das torres.

As muralhas eram baixas e a maioria deles conseguiu saltar sobre as mesmas apenas com sua aura. Para Ellien e Lair, Thays conjurou um degrau de terra rapidamente antes de saltar para dentro da fortificação do castelo.

Uma vez dentro da fortificação eles puderam ver dois dos altos-sacerdotes saltando de cima das torres de vigia para enfrentá-los. Thays e Nathie adiantaram-se para desafiar os dois.

Segundos mais tarde, vários outros começaram a surgir de dentro do castelo, alguns vindos do prédio principal e outros dos estábulos e até mesmo do celeiro. Todos eram sacerdotes ou altos-sacerdotes. Não havia nenhum lanceiro entre eles.

Eram seres altos e esguios, apenas três dedos nas mãos e nos pés e uma calda longa e fina saindo de sua coluna. Seus focinhos eram alongados e os olhos amarelados e com pupilas ofídicas. A pele coberta de escamas oferecia certa proteção e suas vestimentas eram constituídas de diversos cinturões de couro permeando seus corpos e uma toga cobrindo a região onde supostamente estariam suas partes intimas. Era possível que houvesse algumas fêmeas entre eles, mas para os humanos era impossível de distingui-los.

Cinco alto-sacerdotes no total, perfeito, pensou Kayan enquanto conjurava seu giudecca. Agora ele sabia que a estratégia tinha tudo para dar certo. Enquanto via seus amigos avançando contra os altos-sacerdotes, Kayan atacou o primeiro dos sraths com seu feitiço e atravessou-o com facilidade. Sentiu-se mal por fazer aquilo. Parecia tão injusto aos olhos do srath, uma vez que ele era muito superior em termos de capacidade mágica. Apesar disso, seguiu em frente, ciente de que tinha que fazer aquilo pelo bem de seus preciosos amigos.

Percebendo a grande capacidade de Kayan, todos os sacerdotes uniram-se contra ele enquanto ele avançava contra uma segunda vítima.

Labaredas de fogo foram lançadas contra ele para impedir seu avanço, mas o mestre apenas conjurou uma rajada de vento forte o suficiente para afastar as chamas e continuou até executar seu alvo.

A partir daquele momento as coisas não ficaram tão fáceis para ele. As chamas vieram de todos os lados e, apesar da forte aura que o envolvia, elas tinham a capacidade de feri-lo quando ele era atingido. Ele sabia que pouco a pouco suas forças iriam se esvair se não se cuidasse, então concentrou-se em se esquivar ou se defender.

Kayan poderia se arriscar e tentar derrubar mais de seus adversários, mas sabia que aquilo não seria necessário, pois Ellien Cristallia e Lair estavam enfrentando os sacerdotes enquanto ele mantinha a maioria deles ocupados. Se eles fossem cuidadosos, logo conseguiriam derrubar a maioria deles e tudo se tornaria mais fácil. Sempre que percebia que mais de três sraths tirava o foco dele, o Atreius tornava-se mais agressivo, atraindo a atenção novamente. A seu ver, era apenas uma questão de tempo até que todos os sacerdotes estivessem caídos.

* * *

Mathen preparava-se para o combate iminente. Da mesma maneira que ele podia sentir a aura de seu oponente, sabia que ele também percebia a sua própria e o estudava antes de qualquer movimento.

A coroa de ouro mencionada por Gorgar não passava de uma tiara circular e de pouco mais de dois centímetros de altura sobre sua cabeça, mas era finamente ornamentada. Em suas costas, um manto se agitava com o vento e era essa a única diferença entre seu vestuário para o dos sacerdotes comuns.

O primeiro movimento foi o do srath. Estranhamente ele avançou para um combate corpo a corpo. Mathen pensou em criar um golem para testar a força do oponente, mas ele era rápido demais e não lhe daria tempo para esse feitiço.

Sem opções, Mathen concentrou sua aura para conjurar um aurus pinn assim que viu a calda do seu adversário se envolvendo em chamas para golpeá-lo. Seu escudo de energia resistiu firmemente o ataque, mas ele pode sentir a grande força e o poder das chamas quando recebeu o impacto.

Os ataques eram rápidos e ininterruptos. O Muscort concentrava-se para deixar o escudo de energia conjurado o tempo todo, mas seu adversário o circulava e saltava sobre ele sempre buscando uma abertura. E esta apareceu logo no início do combate, quando Mathen viu-se obrigado a colocar seu braço esquerdo na frente de seu rosto para evitar um impacto direto.

A dor foi tão terrível que ele teve que abafar um gemido enquanto suportava o castigo a ele imposto por seu adversário. Mesmo com sua aura lhe protegendo, o impacto foi tão grande que ele sentiu que seu braço quase se fraturou ao recebê-lo. Além disso, as queimaduras eram intensas.

O mago saltou para trás no momento em que recebeu este golpe, mas isso não significou uma trégua para ele. Muito pelo contrário, pois o srath o perseguiu e manteve sua ofensiva impiedosa.

Mathen sabia que seu forte não era a agilidade como a de Thays ou de Kayan e ele não podia lutar daquela maneira por muito tempo. Tinha que colocar alguma distância entre ele e seu oponente ou estaria com grandes problemas.

Não preciso vencê-lo, apenas mantê-lo ocupado. Com esses pensamentos em mente, Mathen deixou-se ser atingido no braço esquerdo mais uma vez. Daquela vez, sentiu seu braço se quebrando enquanto era atingido.

Gritou com a dor enquanto conjurava uma poderosa rajada de água com sua mão direita. Aquele feitiço foi apenas para afastar o srath e o jovem mago usou toda sua concentração para ignorar a dor de seu ferimento e enviar aura suficiente para conseguir uma boa vantagem contra seu adversário.

Ofegante, Mathen conseguiu espaço suficiente para conjurar um clayn visgoon e criar um golem com pouco mais de três metros atrás de si. Não era o maior que ele já havia feito, mas era o possível naquele momento.

Ainda durante a conjuração, o srath avançou violentamente. O golem ficou pronto bem a tempo de golpeá-lo com seu punho de cima para baixo, obrigando o srath a se esquivar e tentar uma nova abordagem pela direita. Concentrado, Mathen manipulou seu constructo para bloquear seu oponente.

O srath começou a se afastar e dar mais espaço para o Muscort, que manipulou seu golem contra ele, forçando ainda para mais longe, em direção a uma das torres da muralha exterior do castelo. Nesse meio tempo, o mago conseguiu dividir sua concentração entre sua criação e um feitiço visgoon para fazer algumas raízes de árvore crescerem do solo e envolverem seu braço esquerdo. Os ramos secariam e imobilizariam seu membro para evitar mais ferimentos. Ele poderia usar um ressin, mas nunca fora muito bom em curar e fazer ossos quebrados se ligarem novamente estava totalmente fora de suas capacidades.

O srath estava a uns quinze metros de distância naquele momento e Mathen tentava desesperadamente manipular seu golem para atingi-lo. Apesar de seus esforços, o inimigo mostrava-se extremamente ágil e capaz e evitar todos os ataques sem qualquer esforço.

Era tarde demais quando o Muscort finalmente percebeu o que o inimigo planejava fazer. Ele estava atraindo o constructo para perto da torre com o objetivo de saltar por cima do mesmo e utilizar o impulso de sua aura para jogá-lo contra a estrutura do castelo.

Assim que o golem atingiu a torre, ela desabou, inutilizando a criação de Mathen. Ainda no ar, o alto-sacerdote conjurou um crisis katris, que avançou em grande velocidade contra o mago humano.

Mathen esforçou-se para se esquivar do feitiço do oponente, mas foi impossível afastar-se totalmente da explosão, que o atingiu parcialmente. Ele pode sentir a dor do impacto e das queimaduras pelo seu rosto, tórax, braços e pernas. Quando caiu no chão, ainda girou algumas vezes sobre o próprio corpo antes de parar caído de bruços.

Ele estava acabado. Aquele feitiço havia praticamente encerrado o combate para ele. Mesmo que se levantasse não seria mais capaz de lutar direito devido aos severos ferimentos.

Talvez fosse melhor encerrar a luta ali mesmo, deixar que o srath acabasse com sua vida. Ele sabia que seus amigos, principalmente Kayan, sofreriam pela sua morte, mas eles já haviam perdido pessoas antes e sobrevivido. Sua mãe também sofreria, tal como o resto de sua família, mas, felizmente, ele tinha outros irmãos para suprir aquela perca. E quanto aos outros magos naquela batalha, isso era a menor de suas preocupações, uma vez que havia muitos deles mais poderosos para suprir sua falta.

Todos aqueles pensamentos passaram pela cabeça do Muscort em menos de um segundo enquanto ele estava ali caído. Ele se questionava por que continuar lutando, por que continuar sofrendo, mas a resposta veio muito mais rápido do que ele imaginava. Enquanto forçava seu corpo a se por em pé e tossia um pouco de sangue no processo, Mathen chegou a conclusão de que não se esforçava tanto para viver devido ao sofrimento que sua morte causaria à outra pessoa e sim porque ele queria viver para si mesmo. Sim, esta era sua conclusão. Ele não lutava pelos outros e sim pela sua própria vida.

E foi com essa determinação que ele colocou-se em pé justamente a tempo de criar uma barreira para se defender do crisis que seu oponente havia conjurado.

As chamas atingiram seu aurus pinn com grande força e ele pode sentir o calor castigando-lhe a pele já queimada de seu corpo. Apesar disso, sua vontade de viver era grande demais para que ele desistisse de resistir. Havia muitas coisas que ele ainda queria fazer em sua vida e ele não queria morrer ali.

Mathen já estava em suas últimas forças, mas ele acreditava que era apenas uma questão de tempo até que algum de seus amigos viesse em seu auxilio.

Cada segundo parecia uma eternidade e o Muscort sentia sua aura se esvaindo enquanto ficada cada vez mais exausto e ferido devido a grande temperatura das chamas. Quando suas últimas esperanças se esvaíram, entretanto, as chamas subitamente se extinguiram.

Exausto e ofegante, Mathen apenas percebeu que Kayan surgiu ao seu lado quase como se tivesse se teleportado. Apenas deixou que seu amigo amparasse sua queda enquanto a consciência lhe esvaia.

A verdade é que seu inimigo não havia cessado o ataque por ter sido atacado e sim porque todos os sraths estavam recuando da batalha e deixando o castelo para os magos.

— Preciso de um mago branco aqui urgente – gritou o Atreius.

— Já estou indo! – respondeu-lhe Cristallia.

— Pode deixar prima, já estou aqui!

Kayan surpreendeu-se quando viu que Ellien havia chegado muito mais rápido do que ele julgou que a garota fosse capaz de se mover. Calmamente ele deitou o amigo no chão para que a maga branca pudesse curá-lo. Nesse meio tempo, Cristallia focou-se em curar Nathie, que também havia se ferido no combate.

— Gorgar, dois dos altos-sacerdotes fugiram, além de seis dos sacerdotes. Quer persegui-los? Acho que nós dois somos mais que o suficiente – Kayan esforçou-se para manter sua voz o mais neutra possível.

— Acho que seria um esforço em vão. Eles são rápidos com a fuga, alcançaríamos apenas os sacerdotes e isso não nos dará muita vantagem em um próximo combate.

— Tudo bem, então.

Dito aquilo, Kayan usou a força de sua aura para saltar sobre uma das torres da muralha que ainda estava intacta. Não levou muito tempo para que Thays o acompanhasse.

— Sinto muito, Kayan, deixei meu alvo escapar.

— Esta tudo bem, Thays. Ele era mais forte que você?

— Não. Eu iria acabar com ele, mas o maldito foi bem esperto em fugir.

Ela se aproximou de Kayan até que eles ficassem lado a lado.

— Você fez um bom trabalho protegendo nossos magos mais fracos. – Para congratular o mago negro a garota tocou-lhe no ombro. – Kayan, você está tremendo. Esta tudo bem?

Só então ele percebeu que realmente estava tremendo bastante. Mesmo apoiando as mãos nas ameias da torre elas não paravam de tremer. Afastou-se da maga subitamente.

— Esta tudo bem – respondeu de maneira mais ríspida do que pretendia. – O que o Gorgar vai fazer com os sraths que sobreviveram?

— Acho que ele pretende executá-los. É meio cruel, mas teríamos o mesmo tratamento se fossem eles quem vencessem a batalha.

— Entendo. Você poderia vigiar esta torre? Vou ficar na outra.

Thays percebeu que Kayan queria ficar sozinho. Ele parecia muito nervoso, mas ela não sabia o porquê daquilo. Pretendia questioná-lo mais tarde, quando ele se acalmasse. Por hora ela considerou que seria melhor realmente deixá-lo sozinho.

* * *

Depois do final do combate, Gorgar comandou os magos para organizarem o castelo para passarem a noite. Cristallia e Lair ficaram responsáveis por levarem os cavalos para o castelo. Ellien terminou de curar Mathen e, após isso, levou-o para um dos quartos da fortificação para que ele repousasse.

Enquanto Kayan e Thays mantiveram a vigilância para garantir que não haveria uma emboscada por parte dos sraths, Gorgar executou os poucos inimigos que não haviam perecido na batalha. Nathie e Karzus ficaram responsáveis para improvisar alguns quartos para que pudessem ficar mais confortáveis. A garota até mesmo conseguiu arranjar uma banheira para que todos pudessem tomar um bom e relaxante banho.

Horas mais tarde Mathen acordou e agradeceu Ellien por ter cuidado de seus ferimentos. Apesar de ter sido curado, ainda sentia várias dores, principalmente em seu braço, então preferiu permanecer repousando na confortável cama acolchoada com palha na qual havia sido colocado.

— E aí, moribundo, como tem passado?

Apesar da tentativa de parecer bem humorado, Kayan estava mais sério que o de costume.

— Já tive dias melhores. A Ellien estava me contando o que aconteceu na batalha.

— Achei a atitude do mestre Gorgar muito sombria. Ele executou cinco sraths de maneira muito fria – disse a garota.

— Realmente tem que ter muito sangue frio pra fazer isso, mas era necessário – respondeu-lhe Kayan enquanto se aproximava da cama do amigo.

— Vou ver se o Karzus e o Lair terminaram de preparar nosso jantar e trazer um pouco pra você, Mathen.

Os dois amigos observaram a garota sair da sala antes de voltarem a conversar.

— Ela esta cuidando muito bem de você. Em pensar que vocês nem se falavam quando ela estava namorando o Fedrick.

— Bem observado. Acho que ela ganhou um pouco mais de maturidade nesse meio tempo.

— Devo dizer o mesmo de você.

— Sim, mas isso não me ajudou muito como mago, já que fui o único que perdi o duelo contra um alto-sacerdote. Até mesmo o Karzus, que é um ano mais novo que eu, conseguiu cumprir a parte dele.

— Não fique triste com isso. Acho que você teve a falta de sorte de enfrentar o mais forte deles. Além disso, a Thays também acabou deixando o oponente dela escapar.

Mathen ajeitou-se melhor na cama antes de continuar sua conversa.

— Espero conseguir identificar ele na próxima batalha para evitá-lo. Os outros também utilizavam a cauda para atacar?

— Não, acho que isso era uma técnica de combate de alguns sraths em especifico. Talvez eles também tenham algum tipo de clã ou família entre eles.

— Mudando de assunto, ficaremos neste castelo por quanto tempo?

— Apenas até amanhã. O Gorgar quer chegar ao castelo de Girval o mais breve possível.

— Ele acha que os sraths atacarão o castelo?

— Existe a possibilidade. Inclusive a Thays e eu manteremos a vigilância por metade da noite. Ele e a Nathie ficarão com a outra metade.

— Pelo jeito vou poder descansar despreocupado esta noite.

— Pode contar com isso.

A conversa entre os dois amigos durou mais alguns minutos antes de Kayan se dirigir para a cozinha para se alimentar e, posteriormente, até uma das torres onde Thays já estava vigiando o horizonte do castelo.

— Olá, Thays. Você já comeu alguma coisa? – perguntou ele assim que alcançou a garota.

— Já sim, Kayan – respondeu ela em meio a um sorriso.

— De qualquer maneira eu trouxe um lanche para o caso de ficarmos com fome.

A garota apenas observou-o enquanto ele ajeitava as coisas que havia trazido consigo. Após isso, resolveu tocar no assunto que a intrigava.

— Kayan, eu preciso lhe perguntar o que houve com você hoje após a batalha. Você estava tremendo.

Por um momento o Atreius pensou se realmente queria falar sobre aquele assunto. Depois de alguns segundos chegou a conclusão de que se fosse conversar sobre isso deveria ser com Thays.

— O Mathen... ele quase morreu hoje – disse enquanto fitava o horizonte.

— Então você estava preocupado com ele.

— Não é só isso. Enquanto lutava contra os sacerdotes eu tentei prestar atenção no combate de todos vocês. Eu percebi o quanto o oponente do Mathen era forte, mas não pude ajudá-lo.

Virou-se para Thays antes de prosseguir e o negro de seus olhos encontrou-se com o castanho dos dela.

— Eu pensei em ir até ele. Talvez eu conseguisse manter todos eles ocupados enquanto vocês venciam os demais adversários. O problema seria se os sacerdotes não me seguissem. Isso significaria a morte para a Ellien, o Lair e a Cristallia.

— Eu acho que entendo o peso que você está carregando. Você é forte, Kayan. Possivelmente o mago mais forte aqui e se sente responsável por manter todos seguros.

— Sabia que você me entenderia.

— O problema é que você não pode, Kayan. Ninguém pode proteger todo mundo. Meu primo não pode, nem o seu tio. Não importa o quão poderoso seja um mago, ninguém pode proteger todo mundo. É por isso que precisamos confiar em nossos companheiros.

— Eu sei disso tudo, Thays, mas isso não torna as coisas mais fáceis. Eu não quero perder mais ninguém.

Sem saber mais o que falar para animar Kayan, Thays fez o que estava ao seu alcance e o abraçou. Aquele gesto surpreendeu o rapaz de início, mas ele acabou retribuindo o gesto de carinho.

— Você não vai perder mais ninguém. Eu vou te ajudar a manter todo mundo seguro.

Aquilo trouxe certo conforto para Kayan. Não aliviava suas preocupações quanto àquela missão, mas saber que podia contar com a ajuda da Cyren era suficiente para restaurar sua confiança de que podiam fazer tudo dar certo.

— Obrigado, Thays, por sempre me apoiar.

Aquelas últimas palavras de Kayan fizeram com que a garota sorrisse, pois percebia o quanto os dois estavam ficando cada vez mais próximos.


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer a todos os que leem e, principalmente comentam os capítulos desta história que tanto gosto de escrever. Passamos dos 200 comentários e 4k de views. Sei que não é muita coisa comparado à quantidade de capítulos que já temos, mas me deixa muito feliz.


Não se esqueçam de comentar neste capítulo. Vale lembrar que o importante não foram os combates, mas as consequências do mesmo. Para aqueles que estavam se perguntando como a morte da Sarah afetaria o Kayan ao longo tempo, podemos perceber que ainda restam alguns traumas.



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