A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 5
Encontro Inesperado - Parte 4


Notas iniciais do capítulo

Última parte do capítulo. Agora Kayan conhecerá um pouco do castelo de Drugstrein.



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Capítulo 004

Encontro Inesperado (Parte 4)

Sakuro aproximou-se de Kayan em meio a surpresa. O rapaz não sabia ao certo como reagir à situação, principalmente por reparar que os detalhes dourados no sobretudo daquele homem o indicava como um granmestre da Ordem de Drugstrein.

­– Spaak, comece a me explicar agora o que está acontecendo – exigiu, em um tom mais severo do que o pretendido.

– Sakuro, podemos chamar este rapaz aqui de Kayan Atreius. Kayan, conte-me a história que você me contou em Bereth.

O jovem mago acenou afirmativamente e detalhou tudo o que ele havia contado para Spaak anteriormente. Quando terminou seu relato, Sakuro caminhava de um lado para o outro do salão com uma mão no queixo.

– Sim, agora me lembro. Kaatus me falou muito de Selenne. Ele havia me dito que não queria trazê-la para o nosso castelo por causa da guerra, mas que já havia garantido que ela teria uma vida segura caso o pior acontecesse com ele.

O granmestre parou e olhou para Kayan mais uma vez.

– É bem provável que nem mesmo ele detinha o conhecimento de que Selenne estava grávida, caso contrário também teria tomado providências para que você fosse enviado para cá quando chegasse o momento.

– Realmente foi por pura sorte que eu encontrei Kayan em Bereth, caso contrário nunca saberíamos que ele existe – complementou Spaak. – Mas uma coisa interessante que eu descobri é que Kayan aprendeu o básico da magia em livros. Ele quase conseguiu enfrentar Allen.

– Quase seria um exagero, mestre Spaak, eu conheço apenas o principio da magia e alguns feitiços classificados como de nível um.

– Isso é bem interessante, Kayan – Sakuro retomou a palavra. – Quais esferas você conhece?

O rapaz parou um pouco para refletir sobre a pergunta e, em seguida, respondeu ao granmestre.

– Conheço o crisis, warhi, clayn e até arrisco um pouco com vitta.

– Fogo, água, terra e natureza – acentuou Sakuro. – Seria demais esperar um tangrea, mas e que tal o jinn? Eletricidade era a esfera primordial de seu pai e o domínio do ar também era potencializado por ele. Na verdade, tangrea é a esfera primordial da maioria dos Atreius.

– Tenho muita dificuldade com a esfera ar, ou jinn, se preferir utilizar seu nome original. Criar eletricidade, então, está totalmente fora de cogitação para mim.

– Isso não quer dizer nada, Sakuro. Alguns magos não tem a sua esfera primordial herdada da família da qual veio.

– Realmente, Spaak, isso não quer dizer nada. A partir de hoje eu o reconheço como Kayan Atreius, filho de Kaatus Atreius. A semelhança é inegável e os relatos aqui apresentados são idênticos aos que eu mesmo conheço sobre Kaatus.

– Imagino como o granmestre Radamanthys reagirá à essa notícia.

Sakuro ergueu sua sobrancelha enquanto olhava para Spaak.

– Acredito que ele será indiferente à isto, assim como o é para a maioria dos assuntos.

– Perdoem-me a intromissão, mas o que esse granmestre Radamanthys tem a ver comigo? – manifestou-se Kayan.

– Ele é o irmão mais velho de seu pai, ou seja, seu tio. Até hoje acreditávamos que ele era o último dos Atreius – esclareceu-lhe Spaak.

– Eu tenho um tio?

– Tem, Kayan, mas sinto em lhe dizer que ele e seu pai não eram muito amigos, então não espere muita atenção por parte dele.

Sakuro avisou Kayan sobre o tio, mas isso não tirou do garoto a vontade de conhecer seu único parente vivo. Saber que ainda lhe restava alguém, mesmo que fosse uma pessoa da qual Kayan nunca havia ouvido falar, era um motivo de alegria. De certa forma, o jovem Atreius não havia sequer ouvido a parte em que seu tio provavelmente seria indiferente à ele estar vivo ou não, estava determinado a estreitar os laços familiares que ainda lhe restavam.

– Mesmo assim eu quero conversar com ele.

– Posso tentar convencê-lo a te encontrar, mas não fique muito esperançoso – alertou-o Sakuro. – Agora, imagino que não saiba realmente quem foi seu pai e como ele morreu, não é?

Foi uma mudança repentina de assunto, mas Kayan pareceu não se importar.

– Na verdade não. Minha mãe só me falou que ele era um mago muito poderoso.

Spaak abriu um sorriso ao ouvir aquilo e foi o mestre quem respondeu-lhe.

– Kaatus Atreius é considerado por muitos o mais poderoso dentre todos os magos que já existiram.

A resposta que recebeu, de certa forma, o deixou chocado. Kayan nunca teria imaginado ter um progenitor assim tão singular. Por um momento ele cogitou a hipótese daquilo ser algum tipo de brincadeira, mas não fazia sentido. Para que aqueles homens, que eram lideres da maior ordem de magos de Wesmeroth, iriam querer enganá-lo acerca daquilo?

– Sim, Kayan – Sakuro voltou a falar. – Seu pai tornou-se granmestre com apenas vinte e três anos. Um ano mais tarde a Rebelião Negra teve seu inicio e ele liderou a maior parte das investidas contra Zeffirs e os magos à ele aliados. No final de tudo, seu pai enfrentou o mago negro em um duelo onde ambos pereceram.

– A guerra foi tão intensa que três dos granmestres foram mortos. Apenas Grendolow Maxwell sobreviveu e o conselho nomeou nosso amigo Sakuro Cyren, aqui, Saltzer Fixue e seu neto Aikos para substituir os que pereceram durante a guerra. Eu mesmo tinha apenas quatorze anos na época e estava apenas começando como mago aqui.

­– E o meu tio Radamanthys, quando ele se tornou um granmestre?

– Isso faz nove anos. Saltzer era bem velho e se retirou da ordem para terminar seus dias em uma confortável casa ao norte daqui. Os mestres de elite, então, optaram por Radamanthys, uma vez que ele é o mago mais poderoso atualmente.

Sakuro respondeu a indagação e aguardou por uma nova, que não tardou a vir.

– Então o granmestre Radamanthys Atreius é o mais poderoso de Drugstrein?

– Provavelmente de Wesmeroth – respondeu Spaak. – Talvez alguns dos anciões dos elfos ou dos draconianos possam rivalizar com seu poder. Mas dentre as outras ordens acho difícil haver algum mago, mesmo um granmestre, que seja tão poderoso quanto Radamanthys.

– Todos os Atreius geram magos poderosos, Kayan – informou-lhe Sakuro. – A família de um mago tem grande influência em sua esfera primordial e em seu poder. Um mago de uma família menos poderosa pode vir a exceder as expectativas, mas as de uma família mais forte dificilmente decepcionam.

Aquilo gerou em Kayan um certo receio em não atingir as expectativas que tinham sobre ele, mas ele tinha uma personalidade forte e decidida e não iria se precipitar. Preferia esperar que os mestres lhe ensinassem antes de supor qual seria seu nível de poder no futuro.

– Foi muito gratificante conhecê-lo, Kayan, mas tenho obrigações a cumprir e devo voltar à minha sala. Spaak, poderia mostrar a torre dos aprendizes para Kayan?

– Certamente, Sakuro.

– Então até qualquer dia desses, Kayan. Espero conversar mais com você no futuro.

O granmestre apertou a mão do aprendiz.

– Foi um prazer conhecê-lo, granmestre Sakuro.

O Cyren, então, subiu uma das escadarias no fundo do grande salão e passou por um das grandes portas adornadas com prata. Assim que ele saiu, Spaak voltou sua palavra para Kayan.

– Vamos lá, Kayan, vou levá-lo aos seus futuros aposentos na torre dos aprendizes.

A dupla seguiu por uma das portas laterais e saíram para um jardim interno totalmente fechado por muros. Era um jardim realmente muito grande, recheado de árvores e caminhos revestidos de cascalho e delimitados na lateral por cercas baixas de madeira. Haviam flores, arbustos, bancos de pedra, estatuas e chafarizes. Era perceptível que aquele era um amplo local para que os magos relaxassem no dia a dia. Alguns magos e até mesmo mestres encontravam-se naquele local.

Eles seguiram pelo jardim até uma das torres maiores e entraram por uma grande porta de madeira e ferro muito bem adornada. A entrada estava identificada com um letreiro onde se via grafado "Academia" em letras muito elegantes e douradas.

Assim que entraram no recindo eles se depararam com uma sala muito ampla. O formato redondo denotava que ela era composta por toda a base da torre. Haviam dezenas de sofás e poltronas espalhadas por ali, além de candelabros com as lâmpadas mágicas, tabuleiros de jogos, mesas diversas e vários outros artigos de entretenimento.

– Aqui é a sala de estar dos aprendizes. Está vazio agora porque poucos de vocês chegaram até agora, já que a maioria é composta de filhos de magos e ainda vivem nos aposentos de seus pais. Aqui é onde você passará grande parte de seu tempo livre no próximo ano. O jardim também pode ser utilizado pelos aprendizes além dos magos e mestres.

– E os outros aprendizes terão a minha idade?

– Sim, Kayan, treze anos é a idade ideal para começar seus estudos com um mestre e a maioria terá está idade, com a exceção de poucos que não conseguiram aprender tudo o que deveriam em um ano e devam permanecer por mais um. Agora vamos seguindo que eu tenho que lhe mostrar as outras partes da torre.

Eles subiram a escadaria ao fundo da torre. Enquanto caminhavam, Kayan viu um ou outro aprendiz nos corredores, além de vários dos serviçais que mantinham o castelo funcionando.

Os dois andares superiores eram compostos por uma enorme biblioteca. Eles eram divididos por várias salas onde cada qual era de um tema diverso. Haviam prateleiras e mais prateleiras de livros, tantos que Kayan nunca imaginaria que existiam tantos livros assim no mundo.

– Aqui é a biblioteca da ordem. Não só os aprendizes têm acesso à ela como todos os magos. Todos os nossos livros estão aqui, com exceção de uma pequena biblioteca reservada apenas para os mestres. Aqui temos livros de magia, mas também temos livros diversos e de literatura. Um mago tem que conhecer mais de Wesmeroth do que apenas magia.

Os próximos andares eram os de salas de estudos. Cada qual era identificada com uma disciplina diferente, sendo que a maioria delas era o nome de uma esfera diferente de magia. Além disso, também havia a sala particular do mestre de cada uma das disciplinas.

Acima daqueles andares havia um grande refeitório, onde Spaak explicou que também haviam cozinhas anexas e despensas. Só então vieram os andares onde ficavam os dormitórios.

– Cada dormitório conterá três camas, armários, iluminação e um banheiro com latrina e uma banheira de pedra. Possuímos um sistema de água quente encanada que pode chegar até as banheiras sempre que quiserem tomar banho.

– Quer dizer que eu terei colegas de quarto?

– Sim, terá. Mas o dormitório dos garotos é separado do das garotas, infelizmente para vocês. Vamos continuar.

Depois do dormitório haviam armazéns diversos e, no topo da torre, uma grande área aberta.

– Aqui vocês podem apreciar a vista de uma longa distância. Ninguém ousaria atacar Drugstrein, então as torres acabam não possuindo o efeito defensivo que possuem em diversos castelos, mas ainda poderiam ser utilizadas para tal. As vezes as aulas práticas são feitas aqui.

Eles, então, desceram todas aquelas escadarias até o salão de entrada da torre dos aprendizes, antes, porém, Spaak pegou uma chave de cobre com uma das camareiras e entregou-a para Kayan.

– Seu quarto será o 316. Suas coisas pessoais estarão lá amanhã, mas as roupas não, já que os aprendizes ganham uniformes da Ordem de Drugstrein. Você receberá os seus amanhã também.

– Que pena, eu gostava de minhas roupas – protestou Kayan. – Mas posso me acostumar com as novas.

– É assim que se fala. As suas lições terão inicio no 61º dia da primavera, ou seja, você tem dez dias para se preparar. Agora tenho que ir, já é tarde da noite e amanhã tenho assuntos à resolver.

– Obrigado por tudo, mestre Spaak.

– Não precisa me chamar de mestre quando estivermos sozinhos, Kayan, afinal de contas, acho que nos tornaremos amigos a partir de agora. Virei conversar com você outro dia novamente. Boa noite.

– Boa noite, Spaak.

O mestre, então, retirou-se do recinto, deixando Kayan sozinho no grande salão ricamente iluminado.

Uma ansiedade tomou conta do jovem. Aquilo era como um sonho que se realizava e ele mal podia esperar para conhecer outros aprendizes. Um certo receio também tomava conta do rapaz. Ele temia não conseguir atender as expectativas depositadas sobre ele.

Depois de tudo o que vira naquele dia, Kayan estava determinado a se tornar um mago da Ordem de Drugstrein. Sua vida de mago independente havia acabado. A partir daquele momento sua vida seria totalmente diferente e foi com estes pensamentos em sua mente que ele começou a subir as escadas em direção à sua nova moradia.


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Notas finais do capítulo

É isso aí. Espero que as descrições não tenham ficado cansativas demais, mas eu queria que todos pudessem imaginar como era o castelo.

Críticas, sugestões, comentários? Se gostou deixe um comentário, se gostou mais ainda favorite e deixe uma recomendação. Se não gostou, comente também e aponte onde devo melhorar.

Vejo vocês no próximo capítulo.



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