A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 16
Missão para Sakuro - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Uma mudança de ambiente e dois novos personagens. Uma importante e difícil missão aguarda o granmestre.



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Capítulo 015

Missão para Sakuro (Parte 1)

Sakuro Cyren estava sentado em sua confortável cadeira enquanto sua mente divagava nas lembranças das noites que ele passara com sua noiva Katherine e na constante insistência por parte dela de que eles deveriam se casar.

Os cabelos azulados do granmestre combinavam com a cor de suas roupas, que eram ligeiramente mais claras. O sobretudo negro e com detalhes dourados chegava a tocar o chão pelo motivo dele estar sentado.

A sala tinha um formato elíptico e ficava em uma das mais altas torres do castelo. A decoração era incrivelmente luxuosa e abrangia uma tapeçaria incrivelmente requintada que evidenciava o brasão da ordem. A mesa na frente da cadeira onde ele se sentava estava abarrotada em pergaminhos e documentos valiosos.

Em sua distração, ele ergueu um dedo da mão direita e começou a conjurar pequenos flocos de gelo, que tomavam formas diversas.

A pesada porta da sala se abriu e por ela passou um homem de estatura mediana e aparência singular. Seus cabelos castanhos eram curtos e jogados levemente para trás, tornando visíveis as entradas que a meia idade começava a lhe proporcionar, além dos diversos fios brancos que começavam a surgir. Seu olhar era determinado, porém sua face era manchada por uma cicatriz que atravessava o olho esquerdo, vindo do meio da testa e terminando ao lado da boca – incrivelmente ele ainda mantinha aquele olho intacto. Suas vestimentas eram vistosas: usava todo um conjunto negro, exceção à alguns detalhes de couro espalhados pelos membros e o contorno prateado na capa que lhe indicava o título de mestre de elite.

– Muito bonito. Eu aqui trabalhando feito um louco e você aí brincando com o gelo.

– Ah, obrigado Arthuro, eu também me acho muito bonito – o granmestre respondeu em seu tom brincalhão enquanto cessava a magia que envolvia gelo.

– Muito engraçado. Veja como estou rindo.

O mestre de elite Arthuro Magnum tomou a liberdade de puxar uma cadeira e sentar-se de frente a mesa do granmestre.

– Faz tempo que nós não saímos para nos divertir, não é? – disse Sakuro. – Acho que poderíamos sair para tomar alguma coisa essa noite. Que acha?

– Acho que Katherine não iria gostar dessa ideia.

– Ela vai gostar, se eu a convidar também – respondeu enquanto sorria.

Arthuro também sorriu, mas tal ato durou pouco mais que um segundo. Sua expressão tornou-se séria novamente enquanto ele estendia um pergaminho para Sakuro.

– Acho que esse programa vai ter que esperar outro dia. Veja o que uma equipe de reconhecimento relatou ao voltar de uma missão do que restou da cede da guilda Irton.

A expressão na face do Cyren tornava-se cada vez mais séria conforme ele lia o documento. Por fim, enrolou o pergaminho novamente e fitou o mago a sua frente.

– Arthuro, prepare seu cavalo. Chamarei Katherine e partiremos imediatamente.

– Levar uma maga branca será mesmo interessante. Mas ainda assim há risco de morte. Não seria melhor chamar o Grendolow?

– Ele ainda tem muito poder, mas já está perto de se aposentar. Ele não tem mais o mesmo pique para o combate. Katherine irá executar muito bem sua função. Nossa equipe apenas ficaria mais forte se eu chamasse o granmestre Radamanthys ou Aikos para me acompanhar. Ficaremos bem.

O mestre de elite levantou-se e seguiu em direção à porta. Antes de sair, porém, voltou a fitar o granmestre.

– Nunca imaginei que aquele homem voltaria a por os pés na região de Drugstrein.

– Eu também não, Arthuro, e espero que estejamos certos.

* * *

O ambiente era perturbador.

As paredes de pedra estavam todas destruídas, restando pouca coisa da estrutura em pé. As partes de madeira haviam sido queimadas e muito pouca cobertura havia restado para proteger o local das variações climáticas. O que outrora fora a magnífica mansão da guilda de magos Irton jazia em ruínas.

Como se isso não fosse suficiente, ainda havia dezenas de corpos espalhados pelo local, o que requeria um autocontrole muito forte para quem quisesse permanecer ali.

– Encontrou algo, Arthuro? – perguntou o granmestre.

– Nada aqui, Sakuro, e você?

O Cyren limitou-se a acenar negativamente com a cabeça.

– Consegui sentir alguma coisa. É um rastro de aura muito fraco, mas acho que já é uma pista. Provavelmente são três ou quatro magos – disse Katherine de súbito.

Katherine Sttiken, a noiva de Sakuro, possuía os cabelos muito longos e cacheados num tom de dourado, além de olhos verdes e graciosas formas femininas, que eram denotadas por sua vestimenta de couro na cor branca. Ela também era uma mestre de elite dentro da Ordem de Drugstrein.

– Ótimo! – exclamou Arthuro. – Vamos à diversão e caçar esses magos.

– Não acho que isso será uma caçada tão divertida, Arthuro – repreendeu-o Sakuro, com seriedade. – Lembre-se de quem estamos falando aqui.

– Foi apenas modo de falar. Sei que não será fácil lidarmos com Rantred Eisen.

– Acalmem-se vocês dois. Como podemos ter certeza de que é ele?

– Isso nos dá a certeza.

Arthuro indicou algo em uma parede que eles ainda não tinham visto. Nela havia grafado, em preto, um símbolo que era constituído por um grande triângulo e mais dois pequenos e invertidos que se uniam dentro deste, revelando suas pontas para fora da linha principal. Uma escritura completava os detalhes.

– O símbolo da Rebelião Negra e de Zeffirs.

– Realmente, isso nos confirma tudo, quem mais poderia fazer isso sem ser o último dos seguidores dele? Além disso, chacinar uma guilda com mais de trinta pessoas em apenas três ou quatro é algo que só alguém tão poderoso quanto ele poderia fazer.

Os três começaram a caminhar em direção aos cavalos para começar a seguir o rastro. Enquanto isso, Katherine fez uma pergunta.

– O que acham que ele queria destruindo essa guilda? Será que tem a ambição de reiniciar a Rebelião Negra?

– Se for isso, será nossa obrigação impedi-lo. Afinal de contas, o surgimento de Zeffirs como ele era foi inteira culpa de Drugstrein.

– Essa não é uma analogia comum a todos, Sakuro – contra-argumentou Arthuro. – A maioria dos magos atribui apenas parte da culpa a Drugstrein.

– Rapazes, essa não é a hora ideal para discutirmos culpas. Melhor seguirmos o rastro antes que ele desapareça.

Após as palavras de Katherine eles seguiram através das planícies na maior velocidade que os cavalos lhes permitiam.

* * *

Ao final da tarde, eles chegaram a uma pequena cidade ao sul de Drugstrein chamada Turdan. A movimentação daquele local era grande após o entardecer; entretanto, os três magos não deixaram de chamar atenção.

Eles haviam perdido o rastro de seus perseguidos naquela região e, cansados após um dia de intensa busca, resolveram parar e descansar um pouco.

Sakuro guiou-lhes até uma das melhores tavernas do local e eles entraram. Ela não era tão aconchegante quanto a do castelo da Ordem, mas seu piso de madeira e as paredes de pedra, junto com belas mesas e cadeiras dava um ar descontraído ao local.

O granmestre escolheu um local ao canto, onde poderiam conversar de maneira mais reservada. No entanto, as capas esvoaçantes que eles usavam chamava a atenção e denunciava-os como magos.

– Não consegue sentir nenhuma aura mesmo, Katherine? – o Cyren perguntou à noiva.

– Lamento muito, mas nada. Eles são muito bons em esconder sua presença e seu rastro.

– São extremamente profissionais. Não sei como eles conseguiram espalhar a aura deles por toda essa região. Andamos em círculos o dia inteiro – completou Arthuro.

Eles mal haviam se sentado e um taberneiro aproximou-se da mesa para atendê-los. Eles fizeram seus pedidos: vinho para Sakuro e Katherine e rum para Arthuro. Em seguida, o taberneiro seguiu até o enorme balcão que se estendia por quase todo o comprimento da taverna. Katherine perguntou ao noivo:

– E agora, Sakuro, o que faremos?

– Não sei, meu amor, estou pensando.

– Acho que o que podemos fazer por enquanto é descansar um pouco, mas não podemos nos dar ao luxo de deixar que esse grupo cometa outro crime antes de pegá-los.

Eles concordaram com Arthuro, mas agradeceram o fato de poderem tirar algum tempo de folga, apesar dela não ter durado muito. Eles mal haviam tocado em suas bebidas quando foram interrompidos por um homem baixo e de corpo atarracado, que exibia um farto bigode sob o nariz.

– Eu sou Carl, o dono dessa taverna. Desculpem minha interrupção, mas posso julgar pelos seus trajes que os senhores são magos vindos de Drugstrein.

– Você está certo – respondeu-lhe Katherine.

– Isso é muito bom, pois tem uma coisa que está perturbando muito as pessoas dessa cidade. – Ele baixou o tom da voz neste momento. – Dizem que magos perigosos tem rondado o local.

De repente, o trio interessou-se muito mais pelo que o pequeno homem tinha a dizer. Apuraram os ouvidos para não perder nenhum detalhe do que a voz que ficava cada vez num volume menor diria.

– Mas não quero falar sobre esse assunto num local como esse. Será que um de vocês poderia me acompanhar para um local mais reservado?

Uma breve troca de olhares foi suficiente para que todos entendessem que aquilo não estava totalmente certo. Também foi suficiente para que eles entendessem que deveria ser Sakuro a acompanhar o dono do local.

O granmestre de cabelos azulados levantou-se e acompanhou Carl. Eles passaram por uma portinhola no balcão e, após isso, seguiram para a cozinha e, então, para uma porta aos fundos.

Após atravessar uma rua sem saída, eles chegaram a um pequeno casebre de madeira. Subiram uma curta escadaria e o homem abriu a porta e entrou. Sakuro seguiu-o e, ao entrar no novo ambiente, percebeu a total escuridão.

O instante seguinte foi permeado por ações muito rápidas. Uma intensa luminosidade invadiu o ambiente enquanto um raio elétrico foi lançado contra o granmestre. Assim que o feitiço surgiu, porém, uma barreira de energia já havia sido conjurada, fazendo com que a descarga fosse completamente anulada.

Entretanto, a breve luminosidade foi suficiente para que o Cyren visse exatamente onde seu inimigo estava. Seu próximo movimento foi utilizar um aurus paggine para conjurar correntes que prenderiam o sujeito na parede do recinto, impedindo-o, inclusive, de usar sua aura ou qualquer outro tipo de feitiço.

Sakuro, então, usou magia para iluminar o ambiente e poder ver que o homem que lhe atacou era alto e tinha os cabelos loiros e escorridos pelos lados da cabeça. Não era um mago conhecido. Em seguida, viu que Carl estava sentado no chão e com as mãos na cabeça. Ele estava muito assustado.

– Eu... me desculpe... eu não tive escolha.

– Deveria ter confiado mais nos magos de Drugstrein – a voz de Sakuro permanecia calma, embora severa. – Diga aos outros dois que eu mandei chamá-los até aqui.

O homem ainda estava se recuperando do choque.

– Ele teria me matado se eu não...

– Não se preocupe com isso, apenas faça o que lhe pedi.

Sakuro não era um especialista em interrogatórios, mas, ainda assim, tentaria tirar alguma informação daquele sujeito. Aproximou-se dele antes de perguntar.

– Você está seguindo ordens de Rantred Eisen, não está?

O mago, porém, permaneceu impassível. Provavelmente não iria dizer sequer uma palavra.

– Não quer responder? Pois bem, não serei eu quem vai lhe forçar a falar. Arthuro o fará.

Um clima sombrio tomou conta do ambiente. Era provável que aquele homem soubesse exatamente quem era Arthuro e do que ele era capaz.


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Notas finais do capítulo

Muito bem, meus leitores, o que acharam dos dois novos mestres de elite?

E mais importante do que isso, alguém ainda se lembra de quem é Rantred Eisen?



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