A rainha perdida escrita por Amanda


Capítulo 8
Eles atacaram de novo




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Eu nunca pensei que ficaria tão feliz depois de um banho, a dias eu não tomava banho, já estava me sentindo um pedaço de sujeira. Me senti até mal por ter me jogado na cama quando cheguei.

Assim que saí daquela banheira, um vestido azul me esperava. Azul escuro, leve, sem estampa alguma, ele era até o pé, era lindo. O vesti e, para minha surpresa, era confortável apesar de não parecer nem um pouco.

Voltei para quarto e Lilian estava procurando alguma coisa no armário. Fiquei a observando por algum tempo até que ela me notou.

– Senhorita Amanda, estava procurando algum sapato bonito que combinasse com seu vestido. – Ela levantou com duas sapatilhas na mão, uma era totalmente preta e a outra era azul com detalhes em prata. Ela sorria e segurava cada uma em uma mão. – Então, qual você prefere?

– Acho que...tanto faz...- Ela me olhou um pouco desapontada. Eu não entendia nada de combinar roupas e sapatos, principalmente em uma cultura totalmente diferente da minha, mas não queria parecer mais deselegante, então escolhi – o preto.

Ela sorriu e guardou o outro sapato.

– Boa escolha, aqui, coloque-os – ela me entregou os calçados. – A senhorita gostaria de fazer algum penteado no cabelo?

– Lilian...pode me chamar de Amanda, Senhorita é algo muito formal. E, não obrigada, vou deixa-los soltos mesmo. – ela me entregou a escova e eu fui desembaraçando aquele monstro que eu chamo de cabelo, mesmo sendo liso parece que micro escoteiros entram no meu cabelo só pra praticarem os nós.

...

– Bem, o castelo é grande demais para conhecer tudo em uma tarde, então vou mostrar apenas os lugares que você precisa conhecer para não ficar totalmente perdida. Na verdade não precisa se preocupar muito com isso, eu sempre vou estar por perto. – Ela andava pelo corredor em linha reta e eu apenas a seguia. – Todas essas portas por onde estamos passando são Quartos, grande parte está vazia, apenas os reis dormem nessa parte do castelo e não faz muita diferença saber qual quarto é de quem. – Nós descemos as escadas e paramos no mesmo lugar de quando cheguei. Um salão de entrada. – Vamos por aqui.

Como Cair Paravel era enorme. Andamos muito, era corredor atrás de corredor, portas atrás de portas, escadas atrás de escadas, grandes salas e quartos, e ainda assim não conheci nem a metade de toda aquela grandeza. Até que voltamos para o quarto.

Eu estava exausta, porém animada. Me joguei na cama com um grande sorriso no rosto.

– Lilian, isso tudo é tão estranho pra mim! Eu adorei cada pedacinho que conheci. Estou me sentindo uma princesa – fechei os olhos e suspirei.

Ela soltou um risinho de alegria, mas não disse nada. Parecia satisfeita com o meu comentário.

Sem perceber minha cabeça e meus olhos foram ficando cada vez mais pesados e então caí no sono.

...

Enquanto isso...

– Por que ela está demorando tanto? – Tive que me manifestar, só faltava ela.

– Será que ela não quer vir? Não é melhor pedir para alguém chama-la?- Tumnus sugeriu.

Chamei um dos criados que estava por perto.

– Sr Dilean, vá ver o que aconteceu com a Srta Amanda, afinal, sem ela não há razão para esse jantar – eu falei baixo perto do seu ouvido, seria muita falta de senso se eu falasse alto e os convidados ouvissem tudo.

Eu estava um tanto quanto nervoso com tudo isso, não conseguia parar de pensar nela como um problema, me sinto mal comigo mesmo, ela não tem culpa de nada, eu não deveria vê-la assim, é injusto, mas é inevitável, se a profecia estiver correta ela trará muito mal a Nárnia. Só em pensar nela, consigo imaginar o povo sofrendo, guerra...Meus pensamentos foram interrompidos por Dilean, fiquei tantos minutos assim viajando?

– Lilian me comunicou que a Srta Amanda está dormindo, mas pode acorda-la se o Senhor quiser.

– Sim, faça...- fui interrompido.

– Não, tudo bem, não precisa acorda-la. – Pedro disse.

– Mas esse jantar foi preparado por causa dela e ela não vai aparecer? – eu tentava falar o mais baixo possível.

– Edmundo, não se acorda uma pessoa assim, ainda mais alguém que precisa descansar. É só um jantar.

–Tudo bem. – Tentei manter a pose calma e despreocupada. Mas não tive tanto sucesso, parecia que só eu estava preocupado com o que estaria prestes a acontecer, das duas uma, ou estavam fingindo muito bem ou realmente estavam muito calmos.

A noite seguiu assim, alguns conversavam e riam, outros comiam vorazmente. Se eu não fosse um dos reis eu teria me retirado assim que terminei de comer, porém tive que permanecer até o final. Eu estava cansado e preocupado, a profecia não saía da minha cabeça. Foi uma noite um tanto quanto difícil.

...

Abri meus olhos. Estava tudo escuro. Sabe quando você dorme na sala e alguém te coloca na cama e então quando você acorda, tem um leve ataque de pânico por que não sabe onde está? Então, foi exatamente isso que aconteceu comigo. Eu dei um pulo da cama e segundos depois me lembrei de onde estava.

A única luz que iluminava o quarto era a luz do luar que vinha de uma fresta da cortina. Tentei virar para o lado e dormir de novo, mas não consegui. Então fiquei olhando para o teto e pensando em toda minha trajetória até aqui. Antes eu estava fugindo com medo de uma garota em um orfanato e agora estava deitada em um castelo enorme, depois de ter conhecido reis, falado com animais falantes, conhecido criaturas estranhas, ter lutado contra seres estranhos, ter me perdido na floresta com um leão...espera...seres estranhos, floresta, aquela coisa violeta. O que foi aquilo?

Por um momento eu tinha praticamente ignorado tudo o que tinha acontecido. Que barreira foi aquela? Tenho quase certeza de que fui eu.

Estava tarde, eu precisava dormir, tentei virar de lado mais uma vez, rolei na cama, mas nada, nem um pouco de sono. Pensei em levantar, quase desisti até escutar meu estômago roncar de fome. Eu não fui jantar ontem.

Queria sair, mas estava com medo de me perder no escuro. Mas a fome era tanta que tomei coragem e sai corredor a fora. Olhando para os lados e tentando lembrar o percurso que Lilian fez até a cozinha, segui em linha reta. Procurei a escada e nada, fui parar em um lugar totalmente diferente da cozinha, não conseguia enxergar quase nada. Procurei um foco de luz.

Vi uma janela enorme no final de um corredor então fui até lá. Essa foi uma das decisões mais idiotas que já tomei, depois de sair sozinha a noite em um castelo gigante.

Cheguei perto da janela e fiquei olhando lá pra fora até escutar passos atrás de mim. Congelei olhando pra janela.

– Quem é você? O que está fazendo aqui a essa hora da noite? – uma voz falou atrás de mim.

Nada saiu da minha boca. Não me movi. Eu ainda estava com medo, agora não mais de ser atacada, mas sim de ser punida por estar onde estava nessa hora.

– Responda o Rei, isso é uma ordem. – a voz do rei Edmundo soava calma, ela parecia mais cansado do que irritado.

– Amanda, Majestade – disse me virando devagar.

Vi ele colocando a mão na cabeça como se aquilo o estivesse deixando mais cansado.

– O que está fazendo aqui a essa hora? Não deveria estar dormindo?

– Eu esta...- um ronco na minha barriga me interrompeu. Que vergonha.

Escutei um riso baixo vindo daquela silhueta.

– Me desculpe, vou lhe mostrar a cozinha. – ele ainda ria baixinho. Ele foi andando e eu o segui, até que começamos a caminhar lado a lado. Ficamos em um silêncio constrangedor, eu estava com muita vergonha.

– Está mais descansada Srta? – ele disse sério.

– Sim – minha voz saiu mais baixa do que eu imaginava.

Ele não disse mais nada. Ficamos em silêncio até chegar a iluminada cozinha, onde algumas pessoas lavavam louça, ou preparavam algo ou limpavam o lugar. Vendo seu rosto iluminado, percebi olheiras embaixo de seus olhos, e seu ar de cansaço, ele não havia dormido até agora.

– Majestade – todos se curvaram e depois voltaram ao trabalho.

– O que os traz aqui? – um senhor gorda com um avental perguntou.

– Nossa convidada está com fome, será que poderia preparar algo para ela comer?

– Claro Majestade! Monsai! Prepare o forno! – e então saiu em direção ao outro lado da cozinha.

Ficamos sentados em uma mesa, ele olhava para a cozinha e eu o observava constrangida com o silêncio. Eu não queria incomoda-lo, ele parecia preocupado e cansado. Então esperei até que a comida chegasse.

Que Delicia. Aquela refeição estava maravilhosa, dever ter engordado uns 5 quilos! A comida do orfanato não chegava a unha do dedo mindinho dos pés daquele prato! Cheguei até a esquecer que Edmundo estava ali.

– Vejo que gostou da comida. – ele disse sério.

– Sim – eu disse me encostando nas costas da cadeira. – estava uma delícia.

– Está pronta para voltar para o quarto?

– Sim, estou.

Nos levantamos mas quando começamos a ir na direção da porta três criaturas pálidas surgiram na porta. Eram as mesmas da floresta. Elas vieram na nossa direção. Rápidas. Edmundo foi me empurrando para trás e todos largaram o que estavam fazendo e começaram a correr para a porta do outro lado da cozinha. Era pequena e rápida, corri com medo na frente de todos, até do Rei, mas assim que cheguei na outra porta alguma coisa me segurou.

Demorou alguns segundos para eu perceber que era um daqueles seres estranhos, tentei me debater mas ele era mais forte que eu e começou a me arrastar para fora, não conseguia gritar, pois ele tapava minha boca com uma das mãos, naquele momento senti que seria meu fim


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Notas finais do capítulo

Hey Pessoal!!! Primeiramente muito obrigada pelos comentários



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