Harukaze escrita por With


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores, tudo bem?
Sei que sumi por um tempo. Na verdade eu desanimei um pouco com a história, mas vi que não era justo comigo e nem com quem favoritou e acompanha deixá-la de lado, então trago mais um capítulo.
A todos: Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 6

O amanhã chega e temos que dizer adeus.

Eu continuo andando sozinha, suspirando sob as árvores

Lembrando de sonhos que se passaram.

— Deixa ver se entendi. — Jirayia andava de um lado para o outro na sala da Hokage, nervoso. — Então, essa garota que você está “abrigando” em Konoha é uma das cobaias de Orochimaru?

— É o que tudo indica. — Tsunade confirmou, tão decepcionada quanto seu ex-companheiro de time. — Tentei saber algumas coisas, mas Tsuhime-chan se fecha. Ordenei que Aburame Shino servisse de guia a ela, talvez ele consiga algo.

Jirayia sentou-se sobre a mesa da Hokage, o queixo apoiado nas mãos. Finalmente uma notícia que tivesse a ver com o relatório que ele tinha que dar a Tsunade, afinal mesmo não sendo oficial ele fora em uma missão ordenado por ela. Descobrira parcialmente as causas dos desaparecimentos, e por mais que aquilo houvesse se tornado “natural”, aquele assunto sempre lhe soava assustador.

— Quero ver a garota. — O Sannin disse de repente, pegando tanto Shizune quando Tsunade de surpresa. — Nós não podemos deixar essa passar, quem sabe ela possa nos ajudar a encontrar Orochimaru.

— Impossível. — Tsunade cortou logo as lógicas de Jirayia. — Tenho certeza que ela jamais contaria algo. Pensei em levá-la até Inoichi, mas não acho certo. Aquela garota não chegou a Konoha simplesmente como turista, ela estava fugindo.

— Fugindo? — Jirayia atribuiu atenção dobrada a mulher loira, interessado no que ela acabara de dizer. — Como assim?

— Pense, Jirayia, se eu fosse uma cobaia de Orochimaru tentaria escapar. — Tsunade fechou os olhos, revelando para si mesma uma possibilidade que não queria abandonar seus pensamentos. — E sobre os desaparecimentos, o que descobriu?

— Devemos ver a garota. — O homem de cabelos brancos insistiu. Ele nunca pedia algo sem ter garantia do que falava. — Ela poderá nos explicar muitas coisas.

— O que insinua? — Shizune atreveu-se a se ingressar na conversa, já havia entendido boa parte da discussão.

— Sei que você já entendeu, Shizune. — Jirayia sorriu, enquanto Tsunade acatava ao pedido do Sannin.

(...)

Alguma coisa se aproximava, Tsuhime reconhecia aquela sensação de alerta em qualquer lugar. Durante a estadia com Orochimaru e Kabuto, ela desenvolvera uma capacidade de percepção. Seu pai julgava inútil, contudo, ela conseguira se livrar de alguns experimentos. E agora se sentia sufocada, como se a qualquer momento a premonição fosse se cumprir. Levantou-se assustada, fazendo Shino se exaltar completamente igual.

— O que foi? — O Aburame perguntou, e como resposta um ANBU apareceu entre eles. Sua máscara de gato foi o suficiente para fazer com que Tsuhime se afastasse.

— Tsunade-sama ordena que leve a garota imediatamente a sala dela. É importante. — Dito isso, o ANBU desapareceu tão rápido quanto chegara.

No entanto, o olhar de Tsuhime encontrava-se perdido. As palavras do ANBU não se fixaram em seus pensamentos, sua atenção voltava-se para a sensação gélida que dominava cada parte do seu corpo. Preocupou-se ainda mais ao lembrar-se que Shino estava ao seu lado, no mínimo especulando a sua súbita mudança. Duvidava de sua capacidade para proteger alguém. Porém não responderia nada agora, mesmo se quisesse não seria capaz.

Percorreu toda área com olhos vidrados, procurando de onde vinha a aura perturbadora e deteve-se em uma espécie de hotel. Afastou-se um pouco mais, seus instintos mandavam que corresse e teria feito se não fosse pelas mãos de Shino a segurando.

— Tsuhime, está tudo bem? — Pela expressão séria no rosto do Aburame e por tudo que ele havia visto, mentiras seriam falhas tentativas. — Vou acompanhá-la até a sala da Hokage.

— Não precisa, eu irei sozinha. Sei o caminho. — Ela desvencilhou-se dele e deu as costas, passando a correr em direção daquela que a aguardava.

Justo agora? Tsuhime interrogava-se consigo, enquanto olhava por cima do ombro o rapaz que deixara para trás. Aquilo não daria certo se continuasse dessa forma. Perderia seus sonhos, perderia a relação que mal havia começado com Shino. E ele era importante demais, não poderia arriscá-lo mesmo que ainda fosse apenas sua imaginação. Talvez fosse o medo de ser descoberta que a transtornava, porém o melhor seria prevenir.

Correu o mais rápido que pôde até a sala da Hokage, e era como se a cada passo se distanciasse mais. O coração palpitava rápido dentro do peito, a respiração falhava miseravelmente. Não se anunciou, e com seu gesto furtivo assustou a todos que ocupavam o cômodo. Havia um homem que ela se lembrava de ter visto nas fotos, porém o nome dele fugiu-lhe da memória. Recompôs-se, ajeitando a roupa e a euforia que se encontrava.

— Shino não veio com você? — Tsunade investigou, enquanto os olhos de Jirayia percorriam a garota. Era espantosa a semelhança que ela tinha com Orochimaru e a má sorte que a regia doeu-lhe o peito.

— Não era necessário. — Tsuhime rebateu ainda cansada, e a sensação ainda a perseguia. Como sempre ela era teimosa, jamais escaparia definitivamente deles. — Para que a senhora mandou me chamar?

— Na verdade, quem te chamou aqui foi Jirayia. — A Hokage apontou para o único homem na sala, e ele apenas acenou com a cabeça. — Ele quer te fazer algumas perguntas.

— Perguntas? — A garota deu um passo para trás, aquele não era seu dia de sorte. — Sobre o quê?

— Vamos direto ao assunto. — Jirayia caminhou até ela com um pergaminho em mãos. Foi assustador notar tal semelhança com o ex-companheiro de time. — De acordo com que Tsunade me disse, você é uma das cobaias de Orochimaru.

Tsuhime sentiu a garganta lhe oprimir as palavras, logo as lágrimas revestiram seus olhos. Encarou a Hokage, como se não acreditasse que ela já tinha conhecimento sobre isso.

— Nós sabemos o que ele faz, então não nos esconda o que sabe. — Jirayia atrapalhou seu raciocínio, mostrando-se irredutível enquanto ela não contribuísse. — Investiguei alguns desaparecimentos em uma região não muito longe de Otogakure, que suponho que seja onde mora, e as pistas me levaram a acreditar que o motivo disso tenha sido para os experimentos de Orochimaru. E acho que você sabe de alguma coisa.

— Eu... — Tsuhime encontrava-se encurralada, o que ela poderia responder àquele homem? Ele a intimidava com seus argumentos, e temia que ele fosse capaz de algo. Seus segredos já não estavam tão bem guardados. E era vergonhoso. — É verdade, meu pai atraía essas pessoas para aumentar seu estoque de corpos, mas...?

— Espere. — Tsunade interrompeu a história, surpresa, os olhos mostrando total incredulidade. — Você disse “pai”?

— Sim. — Desta vez, ela não ocultaria, afinal, seu barco começou a afundar quando cometera o erro de se refugiar em Konoha. — Orochimaru é meu pai e sou uma cobaia de sucesso dele. Meu corpo estranhamente aceitou muito bem todas as modificações a que ele me submeteu e me tornei a obsessão dele. A cada dia ele tinha um novo material genético para misturar com o meu, houve vezes em que quase morri devido às pressões e dores. E os corpos que encontrou, não passam de testes. Papai não pensa em parar. Há corpos que o suprem por anos, e somos os responsáveis pelos desaparecimentos que mencionou.

Jirayia e Tsunade se encaravam em um misto de repulsa, raiva e irritação. Aquela garota na frente deles crescera na dor, tratada como um mero objeto e isso mexia completamente com o Sannin. Os olhos da garota tinham um brilho fosco e triste, e Jirayia entendia o porquê de Tsuhime ter se dado tão bem com as modificações. Não havia nada na garota que fugia de Orochimaru; Os mesmos olhos de cobra, o mesmo material genético que por sua vez já viera alterado. Em outras palavras, Orochimaru se quisesse poderia transformá-la em uma máquina com poderio militar gigantesco.

Em um gesto de descontar todos os sentimentos sanguinários, Jirayia destruiu a parede da sala com apenas um soco. Era inaceitável que aquela garota contasse de forma tão inexpressiva seu sofrimento, a verdade como um mero acaso. Orochimaru iria pagar caro, ele se encarregaria de fazê-lo de forma lenta e dolorosa.

— Eu fugi do meu pai, mas sei que já deve ter espiões em Konoha me procurando. — Tsuhime atraiu todos ali com sua voz embargada e convicta. — Não pensei que me afeiçoaria tão rápido a esta vila. Foi um erro, eu não deveria ter criado tantos problemas.

— Você não tem culpa. — Tsunade aproximou-se da garota, porém ela se esquivou do que quer que fosse realizar. — Seríamos incapazes de machucá-la.

— Desde quando você sofre com as modificações? — Jirayia voltou ao assunto, intrigado, olhando fixamente para a filha de seu ex-companheiro de time.

— Desde os cinco anos. — A resposta soou da forma mais covarde e Jiraya segurou-se mais uma vez. — Tsunade-hime, por favor, não conte nada para Shino. Eu não quero que ele saiba! Isso é vergonhoso, o que ele pensaria?

— Tudo bem, não iremos dizer nada. Fique tranqüila. — Tsunade no momento, tudo o que pôde fazer foi aceitar.

— É melhor eu voltar. — Tsuhime proferiu entre pensamentos, limpando uma lágrima que havia escapado sem que notasse. — Shino deve estar me esperando.

Jirayia caminhou até a garota, e pousou as mãos sobre os ombros dela em uma maneira de conforto. Sentiu quando Tsuhime estremeceu, e concluiu que hoje seus pensamentos conturbados não o deixariam dormir.

— Vai ficar tudo bem.

— Eu sei que não vai. — A garota de olhos amarelados afastou-se do contato. Odiava que a tratassem como ele estava fazendo, esse foi um dos motivos que preferiu ocultar toda a verdade. O brilho de compaixão nos olhos daquele homem a faziam se sentir como já tivesse se perdido há muito tempo. — Por favor, não interfiram nisso.

Com passos decididos, Tsuhime abandonou a sala da Hokage. Agora, havia algo importante a fazer. Ela só não sabia por onde começar.

(...)

Kabuto divertia-se em seu quarto ao ver o quanto Tsuhime carregada um fardo extra de azar. Conhecia a garota para saber que tudo o que ela fazia não era planejado. Por isso, Orochimaru a intitulava instável e fácil de manipular. O trajeto de Tsuhime agora se mostrava o contrário no visor do aparelho, e talvez ele não devesse esperar tanto por uma oportunidade. Pelo que supunha a garota já havia aproveitado a fuga mais do que lhe convinha.

Começou a preparar tudo para capturá-la e levá-la de volta para casa. Aproveitaria a fragilidade de Tsuhime para agir, e ainda esta noite estaria refazendo o caminho para Otogakure. Seria a última vez que Tsuhime veria a lua de Konoha.

— Desculpe-me, Orochimaru-sama, mas estou ansioso.

(...)

Encontravam-se de frente para o outro no que parecia uma praça. Tsuhime tentou escapar de Shino, porém o Kiikai fêmea a acompanhara por todo o trajeto. Literalmente, o Aburame a tinha nas mãos e jamais a deixaria ir muito longe. Todavia, seu nervosismo atrapalhava qualquer possibilidade de tentar alguma coisa. Sua voz se prendera na garganta e evitava contato visual com Shino. Havia muitas perguntas expressas no semblante do rapaz, e ela ainda não se prepara o suficiente para respondê-las. Contava com Tsunade, confiara o seu segredo inteiramente a ela e esperava que cumprisse o combinado.

— Você vai começar ou terei que te forçar a falar? — Shino desferiu sua chateação como um poderoso tapa, acertando covardemente Tsuhime. A distância entre eles aumentou graças aos passos da garota, contudo, ele a puxou, obrigando a continuar ali. — Não me faça ser insistente e rude com você.

Desconcertada, Tsuhime rendeu-se ao cansaço e sentou-se. Sua oportunidade para colocar um ponto final naquela história antes que magoasse Shino virou pó a sua frente, enquanto uma vozinha irritante gritava em seus ouvidos o quanto ela era fraca e passional. Jamais havia descoberto aquela sua outra face, e desejou nunca ter saído do lado de Orochimaru. Pelo menos não haveria de zelar por mais ninguém. Riu de si mesma.

— Shino... — Ela iniciou a conversa, porém palmas vindas ao fundo atrapalharam-lhe completamente. A sensação gélida percorreu-lhe a espinha, e colocou-se a frente do rapaz.

Entretanto não adiantou protegê-lo, pois o ataque veio rápido por trás. A única coisa que Tsuhime pôde fazer foi segurar Shino para que ele não sofresse impacto com o chão. Procurou o que tirara a consciência tão instantaneamente e encontrou uma pequena seringa vazia nas costas dele. Retirou-a e com a força que ingeriu no ato acabou por destroçar o vidro, sobrando por fim apenas a agulha intacta. Levou-a ao nariz, sentindo o cheio tão familiar de sedativo.

— Não se preocupe, ele deve acordar em algumas horas. — Kabuto revelou-se, notando o olhar ferino que Tsuhime lhe lançava. — O que foi? Precisávamos de privacidade, ou gostaria que ele descobrisse tudo?

— Espero que não tenha o machucado. — Tsuhime acomodou o corpo incapaz de Shino no chão, porém permaneceu perto dele o suficiente.

— Eu já disse que não. — O espião sorriu maldoso. — Não acredita em mim? Enfim, está na hora de irmos para casa. Sua brincadeira já me cansou. — Acariciou a própria nuca em cansaço.

— Vá você para casa. — Enquanto rebatia o divertido de Kabuto, Tsuhime concentrava seu deficiente chakra na mão direita. — Demorei muito para conseguir achar a saída daquele lugar.

— Se eu fosse você não faria isso. — Kabuto, em questão de segundos a arrastara para longe, prensando-a contra o chão com todo o seu peso. — Nós sabemos o que eu tenho que fazer depois, e não estou a fim de ser sua comida hoje. Então, vamos para casa sem relutar. Eu odeio esse lugar.

— Saía de cima de mim! — Tsuhime empurrava-o com a força que tinha, mesmo que talvez isso servisse para aumentar a diversão daquele homem.

Como sempre Kabuto fazia muito pouco dela. E com razões. Sua incapacidade atribuiu efeitos em Shino, que por sua causa acordaria tonto e com uma forte dor de cabeça. Sentiu os olhos arderem pelas lágrimas de frustração, e evitou se recriminar por isso.

— Não grite, Hime-chan. — Kabuto caçoou mais uma vez, levantando-se e trazendo-a consigo. — Despeça-se, nós estamos de saída.

Tsuhime sentiu uma dor em seu pescoço, algo entrava em seu corpo relaxando-a aos poucos. Balbuciou algumas palavras, cujas Kabuto não fizera questão de entender. Aos poucos, sentiu-se ser arrastada para a escuridão e tudo dentro dela pareceu cessar.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a quem leu, espero que tenha gostado.
Se quiser deixe sua opinião, sugestões e críticas sugestivas.
Até o próximo!
Beijos!



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