Harukaze escrita por With


Capítulo 51
Capítulo 51


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 51

Tantos anos a minha frente
Para simplesmente apagar esses sentimentos?
Eu quero voltar atrás e terminar
As coisas que eu ainda não terminei

 

  — A mamãe anda muito ocupada, ? — Haru verbalizou, incomodado com a forma que Tsuhime se despedira deles. Vê-la pelas costas apenas fazia com que ela ficasse ainda mais distante. Eram tão próximos, sempre se divertindo juntos e conversando que agora soava como se aqueles momentos não existissem. — Sinto falta dela.

  Kakashi olhou o menino pelo canto do olho, vendo ali toda saudade ressentida. Fato que ele também sentia a falta da esposa, de chegar a casa e vê-la preparando o jantar, brincando com Haru ou simplesmente sentada na varanda como ela gostava. Desde que Tsunade a designara para trabalhar na sala de autópsia o tempo que gastavam juntos diminuíra. Tsuhime retornava sempre sobrecarregada, tomava banho e apagava em questão de minutos.

  — Eu também... — Confessou, os pensamentos vagando em direções desordenadas. — Mas ela tem se esforçado bastante para nos dar atenção, vamos dar a ela uma folga.

  — Você sempre defende a mamãe. — Haru retrucou, nos lábios um sorriso travesso. — Ah, isso me faz lembrar que o aniversário dela chegando! O que a gente vai fazer?

  O ninja copiador guardou as palavras. Desde que se casara com Tsuhime, percebeu que o aniversário não era uma data a ser comemorada, que se tornava arredia quanto a receber cumprimentos e passava o dia como se fosse outro qualquer. Esforçara-se para deixá-la mais confortável com a questão, afinal era um dia especial e que merecia atenção, porém Tsuhime alegava que realmente não precisava de felicitações nem nada de especial, enquanto que no seu aniversário e de Haru ela preparava uma festa. Talvez fosse culpa do passado doloroso que ela tivera, ele jamais a julgaria.

  — Não sei, filho... O que você quer fazer?

  — Hm... Tenho que pensar.

  — Me avise se tiver alguma ideia. — Kakashi afagou os cabelos de Haru e recebeu um sorriso, logo se despediu e tomou o caminho que o levaria ao Gabinete da Hokage.

 Yatsuki Haru seguiu até a área de treinamento seis, distinguindo a silhueta de Saiyuri. A menina o olhou triste, evitando compartilhar qualquer cumprimento. E Haru suspirou. Ele não queria ter sido grosso com ela, nem fazê-la pensar que não gostava de sua companhia, pelo contrário. Mas como ele poderia envolvê-la em suas decisões sendo que pouco as compreendia? Talvez pudesse pedir desculpas, ou deixar as coisas daquele jeito. Quanto menos pessoas soubessem melhor para ele, e também se permitisse que Saiyuri se aproximasse na certa, preocupada como era, contaria a sua mãe e poderia esquecer a busca por Tobi e Kabuto.

  Sim, Kabuto se incluíra na lista. Ele estava atacando Tsuhime de uma forma que mexia com seus sentimentos e ele não gostava de ver o semblante da mãe contorcido em agonia. Havia alguma coisa nela que indicava que passara por muitas situações ruins, e o aniversário dela estava chegando. Tsuhime merecia um momento de felicidade.

  Portando Haru guardou silêncio até Hideki se juntar a eles, e três minutos depois Hyuuga Neji fez o mesmo. A postura do Hyuuga era altiva e confiante, aqueles olhos incolores exprimiam poder e controle. Era como Hideki afirmara: Ele era um sensei perfeito para os três e Haru mal via a hora de começarem a se enturmar como um time.

  — Ohayo. — Neji cumprimentou, recebendo a cortesia em uníssono. — Essa será nossa área de treinamento. Como podem ver é ampla e não irá nos limitar. Quero que deem o melhor de si nos treinos. Hoje preparei uma simulação. Meu papel será de um nukenin que roubou um pergaminho importante da vila e a missão de vocês é resgatá-lo. Mas, para isso, terão que trabalhar em equipe. Se o elo for fraco vou saber.

  Haru não gostou das últimas palavras do sensei, mas não mencionou. Neji lhes deu cinco minutos para pensarem em uma estratégia e Haru ouvia com atenção o que Hideki falava. O garoto tinha uma inteligência de invejar, com o mínimo de informações conseguia planejar um plano. Ficou decidido que, como o oponente possuía poderes oculares, que Haru seria responsável pela retaguarda dando suporte a Saiyuri enquanto Hideki emboscaria o alvo com seu Doton. Talvez soasse um pouco simples, então apenas poderiam contar com o desenrolar da atividade. O tempo acabara e os três se prepararam.

  Se soubessem que Hyuuga Neji era tão rápido Hideki teria agido com mais eficiência. Assim que manipulava a terra, o sensei escapava como se nada o impedisse. Fez um sinal para Saiyuri, que avançou pronta para desferir um chute certeiro nas costas de Neji, porém sua perna foi agarrada e jogada para trás. Haru analisava a situação. Golpes diretos não iriam funcionar, e sem dúvida seriam perceptíveis. Juntou-se a Hideki, cochichando no ouvido dele o que faria e o viu assentir. Saiyuri já havia se restabelecido e travava uma luta utilizando Taijutsu. Hideki manipulou o solo, criando ondulações e fazendo com que o Hyuuga perdesse o equilíbrio. Por sua vez, Haru ativou o Sharingan e se concentrou no Genjutsu.

  Sua missão era manipular a mente do Hyuuga e submetê-lo a sua ilusão. Familiarizado com o poder do Sharingan, Haru gostava muito da sensação de superioridade que ele trazia. Poderia controlar o consciente de uma pessoa como bem entendesse, além de prever todos os movimentos do inimigo. Que, naquele momento, o sensei o era. Enquanto se distraia criando o Genjutsu, Saiyuri e Hideki prenderam o Hyuuga. Porém, a frustração foi imediata ao ver que se tratava apenas de um bunshin. Haru trincou os dentes, irritado. É claro que o trabalho em equipe estava dando certo demais, sinônimo de alguma coisa está errada.

Reagruparam-se, observando a área à procura da presença do Hyuuga. O sensei usaria todos os métodos para complicar o treinamento, deveriam ter esperado algo daquele nível. A unha do polegar de Hideki estava presa entre os dentes, o semblante contorcido pensativo. Ataques físicos seria desperdício de energia. O jeito era pegá-lo de surpresa. O barulho das árvores se mexendo os alertou.

— Ali! — Saiyuri disse, lançando uma kunai e fazendo Neji sair de sua camuflagem. Corajosa e determinada, ela avançou contra ele. Era boa no Taijutsu, disso não restavam dúvidas, mas acompanhar e se defender dos ataques de alguém anos a frente era deveras complicado. Recebeu o golpe no peito e foi empurrada para trás. Doía um pouco, mas nada que não pudesse suportar.

A menina lançou um olhar a Hideki, que entendendo ativou o Doton e elevou o espaço que Saiyuri estava, dando distância suficiente para que ela atacasse. Haru desviou uma shuriken lançada contra Saiyuri e a devolveu ao sensei justamente no instante em que o punho de Saiyuri desceu contra ele, desfazendo mais um bunshin. Aquilo estava ficando irritante.

— Não vai adiantar ficar insistindo com isso. — Ela comentou ofegante. — Se fosse de verdade o nukenin já teria matado a gente.

— Pode achá-lo? — Hideki referiu-se a Haru.

— Sim. — Analisou mais uma vez a área, tentando rastrear a ressonância do chakra de Neji e a sensação era fraca, prova de que o sensei o escondia muito bem. Apontou o dedo, mostrando um ponto a duzentos metros a direita deles. — Lá.

— Entendi. Saiyuri...

— Deixa comigo.

E Haru gostaria muito de entender quando aqueles dois criaram uma conexão tão forte. Bastava apenas um olhar ou palavra para que ambos entendessem a mensagem e agissem. De repente sentiu-se excluído. Talvez ele merecesse pela forma que tratou os amigos.

— Haru, vamos agir juntos.

Os três partiram na direção que Haru apontara, e em um dado momento Hideki sumira. Saiyuri sorriu, pronta para o segundo passo enquanto Haru tomava uma kunai em mãos. Demorara um pouco para compreender, mas assim que viu o amigo e sensei saindo debaixo da terra tudo ficou claro. Sorriu, agindo em sincronia com Saiyuri e acertaram Neji com um belo chute duplo. Com fios quase invisíveis Saiyuri amarrou as mãos do sensei nas costas e sentou-se sobre ele.

— Ponto para o Time Sete! — A garota exclamou sorrindo, fazendo sinal para os amigos.

Hai, hai, tudo bem. — Neji retrucou, conseguindo se levantar. — A sincronia é boa, mas... O que está preocupando você, Haru?

— Hm? — O Yatsuki o encarou ainda com o Sharingan, confuso com tal pergunta. — Eu? Nada, por quê?

— Descansem um pouco, temos muito que fazer hoje. — O Hyuuga desconversou e livrou-se dos fios. — Vamos almoçar.

O sol estava forte quando Haru sentou-se embaixo da árvore, um pouco afastado dos amigos. Então, Neji percebera tudo? Ele precisava ser mais cuidadoso em manter as inquietações apenas dentro dele e se concentrar no que tinha que fazer. Experimentou um pouco do Curry, alheio a forma que as nuvens se moviam até ouvir um pio. A sombra do pássaro se desenhou sobre eles juntamente com um cachorro pequeno. Haru já o tinha visto algumas vezes e custou a reconhecê-lo.

— Pakkun!

— Neji, vou precisar dele. — O cachorro retrucou, não fazendo questão em cumprimentos. — Vamos, garoto.

— O que houve, Pakkun? — Haru seguiu o cachorro ninja às pressas, temendo a resposta dele.

— Sua mãe. Parece que alguém a atacou e ela foi levada para o hospital.

O menino se negou a saber mais, a raiva fervia em seu sangue. Ele sabia muito bem o autor daquilo: Kabuto. Agora, por que ele sempre estava atrás de sua mãe? O que ela fizera para merecer tamanha atenção? Haru não fazia ideia da história de Tsuhime, até porque a mulher não queria que o filho soubesse quem ela era de fato, resistindo ou fugindo do assunto sempre que Haru perguntava. Isso apenas deixava margem para suposições. Kabuto conhecia sua mãe, então os dois deveriam ter sido bastante próximos. Será que Kabuto diria?

“Sua mãe e eu somos grandes amigos”, a fala de Kabuto se desenhou em seus pensamentos, dando razão ao que formulava. “Eu vou machucar a sua mãe”, o tom do ninja médico era sádico e culpado, como se pedisse desculpas antecipadamente. E o que mais o chateava além de tudo era o fato de ter confiado em Kabuto, em achar que ele fosse um cara legal. Mas as aparências enganavam, e ele estava aprendendo isso de uma forma dura.

No mundo shinobi não havia tantas pessoas que se empenhavam em serem boas, muitas sucumbiam a vinganças passadas ou se cansavam de levar a vida de forma honesta, tornando-se Nukenins. Desertores. E Haru cogitava a ideia de que com Kabuto também fora assim, temendo aquele sentimento estranho dentro dele. Talvez ele seguisse por esse caminho porque era um Uchiha, ou porque era sua natureza. Ele já não compreendia. Havia alguma coisa de errado com ele, disso Haru não precisava que outras pessoas lhe dissessem. E aos poucos, à medida que corria junto com Pakkun, a resposta se tornava mais nítida. Ele apenas não sabia se estaria pronto para aceitá-la.

— O que houve com a mamãe? — Haru decidiu por perguntar, embora não fosse gostar da resposta. Ele apenas se incomodava com aquele silêncio.

— Não sei os detalhes, apenas que está na sala de cirurgia. Em breve você poderá interrogar a Godaime. — Pakkun retrucou, conduzindo Haru até o hospital.

O local era o mesmo, não mudara nada desde a última vez em que esteve ali: As paredes brancas, um silêncio perturbador, alguns bancos dispostos na recepção e uma planta bonita. Hospitais não eram lugares atraentes. Fez uma careta diante do conceito e seguiu o cachorro ninja até o segundo andar: A ala das cirurgias. O aspecto não era diferente ali, pelo contrário, era ainda mais silencioso. Mesmo estando alguns metros longes podia distinguir a figura sentada de frente para a porta, a cabeça apoiada na parede e os olhos fechados, parecendo cansados: Kakashi.

Entretanto, em vez de se aproximar, Haru deu meia volta e correu pelos corredores incolores. Ele não aguentaria ver a mãe naquela situação novamente sem fazer nada, sem ao menos repreender aquele que lhe causou dor. O amor que sentia para com ela era imenso, tanto que chegava a lhe desconfortar. Sentiu lágrimas pesadas descerem por seu rosto e ele não as limpou, seria bom chorar enquanto aquela raiva estava viva dentro dele. Precisaria estar em pleno controle de suas emoções quando se encontrasse com Kabuto.

Ele não ligava se demoraria, se o pai viria atrás dele, Haru apenas queria acertar um belo soco no rosto de Kabuto, exigir dele que parasse de perturbar a sua mãe. Embora ainda fosse uma criança, isso não o incomodou. Ele podia fazer isso, tinha poder e a herança Uchiha correndo em suas veias, pelo menos uma vez ele se renderia e a aceitaria.

Se tornaria o Uchiha que Tobi sugeriu que ele fosse.

(...)

  Yatsuki Haru ainda conhecia o caminho, ele fizera questão de gravá-lo na memória caso um dia precisasse percorrê-lo, porém admitia que se tivesse um cachorro para lhe mostrar uma rota mais rápida seria ótimo. As árvores ocultavam sua presença, fundindo-o naquele ambiente. A luz do sol escapava por entre as copas, atingindo-o vez ou outra. Em breve escureceria, então ele tinha em torno de cinco horas para ter com Kabuto. Esperava que fosse o suficiente antes que Kakashi mandasse seus cães procurá-lo. E a última coisa que ele queria era cachorros muito bem treinados em seu encalço, destruindo suas expectativas.

Enviou chakra para os pés, aumentando seu impulso e velocidade. Aquela técnica se tornava bem útil, e avançou. De repente Haru ouviu vozes cansadas e irritadas, discutindo entre si. Escondeu-se, averiguando de quem se tratava. Três homens, igualmente feridos, faziam um esforço para coordenar os movimentos, colocando um pé na frente do outro com cuidado. E Haru sabia quem eles eram: Daichi, Kuro e Tori, os homens que o atacaram por diversão. E a forma que o sangue escorria dos ferimentos indicava que se não se apressassem aquela floresta seria um bom túmulo.

— Maldita Hime... — Tori exclamou, as sobrancelhas franzidas e um braço segurava a cintura, como se impedisse algo de sair. — Quem diria que fosse forte. Olha nosso estado!

— A culpa foi nossa por subestimá-la. — Daichi rebateu, o rosto contorcido em dor e banhado de suor. De todos, ele fora o mais acometido. — Tivemos sorte de escapar a tempo, ou estaríamos em apuros agora.

— Mas que porra de técnica era aquela? — Tori perguntou, embora não se preocupasse em receber uma resposta concreta. — Sarcófago Espelhado?

— Faz realmente jus ao nome. Ela ia nos aprisionar. — Daichi riu nervoso, lembrando-se que se não fosse por Kuro teriam mil furos pelo corpo. — Ao menos conseguimos o sangue.

— Foi a única coisa boa! — Tori lançou um olhar atravessado para Kuro, que permanecia em silêncio todo o trajeto. — Você legal?

— Estou. — Kuro disse sem entusiasmo, nada o agradava manter uma conversa enquanto sentia dor.

— Ótimo, vamos apressar o passo antes que venham atrás de nós.

E Haru os seguiu silencioso, o sangue correndo rápido nas veias. Então foram eles que atacaram sua mãe, e por que não estava tão surpreso? Poderia queimá-los ali mesmo, mas se fizesse isso jamais chegaria até Kabuto. Abaixou a frequência de chakra, o ritmo deles o deixava impaciente.

Talvez uma hora houvesse se passado e ele finalmente se viu diante de uma rocha grande, barrando a passagem de estranhos. Viu Kuro se aproximar e fazer selos de mãos, em seguida a rocha deslizou dando passagem. Apressou-se para não ficar do lado de fora e se fundiu a escuridão, que parecia viva, desafiando em saber os quão corajosos seus visitantes eram.

Os três homens discutiam menos, guiando-o por uma inclinação. Andou mais alguns metros até que se deparasse com um laboratório. A menina na câmara lhe foi irrelevante perante a figura de Kabuto, que os recebeu com um sorriso. Ele estava diferente, talvez fosse os cabelos curtos ou o olhar sádico, realmente Haru não se atentava.

— Que bom que voltaram. — Kabuto recepcionou, observando o estado deplorável dos três. — Vejo que não foi fácil.

— Aquela vadia tinha muitos truques. — Tori se defendeu, irritado. Retirou das vestes três frascos e os estendeu para Kabuto. Assim que o ninja médico fez menção em pegá-lo, colocou-os fora do alcance dele. — Primeiro cumpra com a sua parte.

— Você é bastante ambicioso, Tori. — Kabuto deu as costas, pegando da prateleira três seringas. O líquido alaranjado dançando no recipiente. — Aqui está, como pode ver. Eu cumpro com minhas palavras.

— É melhor garantir. — Puxou a manga da blusa para cima, estendendo o braço para ele. — Injete.

— Não confia mesmo em mim. — Yakushi Kabuto se fez de ofendido.

Então aconteceu o que Haru não esperava: Assim que o líquido entrou no corpo de Tori, o homem se contorceu em agonia e dos olhos vertiam lágrimas de sofrimento. Caiu no chão, arranhando a garganta na esperança sufocante de conseguir respirar. Mais alguns minutos e o corpo de Tori se dissolveu, restando apenas as roupas. Haru engoliu seco, Kabuto era perigoso, muito mais do que imaginava.

— O que você fez com ele?! — Daichi gritou a pergunta, olhando abismado para as roupas vazias. — O que é isso?

— O que prometi a vocês, não tenho culpa se o corpo dele não resistiu.

— Está mentindo... — Daichi e Kuro deram alguns passos para trás, temerosos. Observou Kabuto se abaixar e tomar em mãos os três frascos, preenchidos com sangue. E o brilho malicioso que se apossou dos olhos do médico fez sua garganta se fechar. — Você o matou.

— Eu não, mas a ambição dele sim. — Calmamente Kabuto despejou o material em um recipiente maior, unindo-os aos que já conseguira. — Estou um pouco decepcionado. Pensei que vocês aguentariam a pressão, mas não vou ter cobaia melhor do que Tsuhime.

Ao ouvir o nome da mãe Haru cogitou se anunciar, entretanto ele não poderia colocar tudo a perder. Ali, a sua frente, se encontrava uma chance única de descobrir mais sobre Tsuhime. Então, respirou fundo e se manteve quieto.

— Ela sim nunca me decepcionava.

— Ela tinha razão quando me disse que você nos mataria. — Daichi revelou, afastando-se mais de Kabuto. — Que você mentiria para nós.

— Deveria tê-la ouvido, então. — Kabuto não se importava se eles finalmente perceberam suas intenções. Apenas realizou selos de mão. — Acabou a utilidade de vocês.

Do mesmo modo que Tori, Daichi e Kuro se dissolveram, deixando apenas as roupas vazias. E Haru estava aterrorizado com o poder daquele homem. Aquele não era mais o Kabuto que ele conhecera, já não o reconhecia. O corpo escorregou até sentar-se no chão, a respiração alterada e ruidosa.

— Até quando vai ficar escondido, Haru-chan?

Então ele sabia desde o início que estava ali, espionando, pensando estar camuflado o suficiente. Confiante, Haru se levantou e se colocou sobre a luz. As mãos tremiam e ele as fechou, tentando ocultar o nervosismo. Ele era apenas uma criança, o que poderia fazer?

— Seja bem vindo. — Kabuto sorriu para ele enquanto comportava um recipiente de vidro e remexia o conteúdo com algo de metal. — Demorou um pouco, mas finalmente conseguimos chamar sua atenção.

— Sabia que eu viria.

— Sabia. Você é previsível como sua mãe.

E escutar novamente Kabuto falando sobre sua de forma tão displicente foi à gota d’água. Atirou sobre ele kunais e shurikens, cujas Kabuto se desviou. Contudo, ele possuía mais. Invocou uma grande quantidade de fogo, cuspindo-a sobre Kabuto. Quando a fumaça se dissipou, as chamas haviam queimado quase tudo, menos o essencial. A risada de Kabuto cantou as suas costas, interessado no que ele faria. Haru acertou um forte chute no estômago de Kabuto, o Sharingan ativo lhe deu uma prévia do que ele planejara. E antes que o médico escapasse, Haru fechou os dedos no pescoço do médico. Apesar de interromper o ar dos pulmões dele, o médico se recusava a soltar o recipiente de vidro.

— Me dê isso. — Haru apontou, disposto a usar qualquer método. Aquele sangue era de sua mãe, e deveria ficar com ela.

— Não posso. — Embora preso, o sorriso não se apagou dos lábios dele.

— Você está machucando a minha mãe! — Os olhos de Haru mudaram. O que antes existiam apenas dois pontos, agora três assumiam forma. O Sharingan estava evoluindo devido ao ódio que ele sentia. — Ela está na sala de cirurgia por sua culpa!

— Por que insistem em jogar a culpa para cima de mim? — Kabuto afastou Haru, empurrando-o. — Sua mãe se machucou porque não é forte o bastante. Aceitar a verdade, dói menos.

— Não vou deixar que a machuque de novo. — Haru avançou, ele precisava fazer com que Kabuto soltasse o material genético. Mirou um chute, porém, ele não entendia como, seu corpo estagnou naquela posição a milímetros de distancia daquele vidro.

Por sorte os olhos se mexiam e ele viu uma terceira figura se juntar ao cenário. A máscara dele havia mudado, dando lugar a uma branca e com três furos. O olho que ficara escondido agora apresentava ondulações, como os dos homens que atacaram Konoha, e no outro ainda brilhava o Sharingan. Uma espada de formato estranho se prendia as costas dele, contrastando com a roupa azul e comprida. Passou muito tempo desde a única vez que experimentara o poder daquele homem. Haru sentiu o suor descer pela têmpora, contornando o rosto.

— Não quero participar dessa reunião de família. — Kabuto alfinetou, deixando os dois a sós.

— Finalmente você veio. — Tobi argumentou, liberando os movimentos de Haru. — Como está, Haru?

— A voz na minha cabeça... Era você. — E não foi uma pergunta, Haru afirmou. Os olhos não o perdiam de vista, com medo de um ataque surpresa.

— Hm... Pode ser eu, se isso te conforta. Mas é o seu chamado, Haru. O clã Uchiha deseja você.

— Não quero.

— Não é você quem decidi isso, Haru. — Tobi sentou-se num dos bancos, à vontade com a presença do menino. Ele crescera, disso não tinha dúvidas, mas ainda lhe faltava percorrer um longo caminho. E ele o guiaria. — A sua natureza está tomando conta de você. E eu posso ajudá-lo a controlá-la.

— Por quê? — Haru estreitou os olhos, desconfiado de toda aquela cordialidade. As lembranças que tinha de Tobi não batiam com o homem que via a sua frente. Aproximou-se dele, disposto a não temer tal figura. Ele era seu pai, independente do quanto negasse.

— Eu sei que não quer que nada de ruim aconteça a sua mãe. Se aceitar, eu prometo que nada irá feri-la.

— Não acredito em você. — Haru apontou, contrariado. — Você não gosta dela, então por que quer proteger ela?

Tobi repensou antes de responder. Aquela era questão digna de cogitação, ele admitia. Haru não só crescera fisicamente, mas sua percepção também evoluíra. Compreendia com mais facilidade as entrelinhas, e ele não poderia estar mais orgulhoso.

— Os meus motivos não interessam, apenas os seus. Tsuhime não precisa se machucar mais. Não é isso que você quer?

— Você pode salvá-la? — A voz de Haru escapou baixa.

— Isso depende do que você vai me responder. — Tobi sorriu sob a máscara. O garoto era, de fato, interessante. — O que me diz, Haru? — Diante do silêncio, o mascarado optou por mudar a tática. — Vou te dar três dias para pensar. E espero que a resposta seja “sim”.

Haru apenas deu as costas, a mente confusa sem se fixar em nenhum ponto. Tobi era manipulador, disso ele sabia, mas o mais estranho fora que ele soube aonde atiçá-lo. Haru faria qualquer coisa para ver a mãe em segurança, mas se aceitasse Tobi isso não seria o mesmo que trair Konoha, os pais e os amigos? Aquele era a linhagem Uchiha, o clã conhecido por amar demais? Não era justo colocá-lo para tomar uma decisão como aquela.

Regressou a Konoha perdido e distraído, encontrando-se com Pakkun e mais outros dois cães. Todos eles designados para encontrá-lo. Não deu explicações, apenas os seguiu de volta ao hospital e tentou não demonstrar o quanto se sentia fatigado. Deixara Kakashi sozinho para resolver questões internas, que vê-lo lhe causava mal estar. Ele deveria ter ficado com o pai, mesmo que não fizesse diferença. Abaixou os olhos à medida que Kakashi caminhava em sua direção, e pelo jeito o pai não estava feliz. Que motivos teriam para sorrir, afinal?

Pakkun e os outros cães foram dispensados, restando apenas Kakashi e Haru. O menino mordia o lábio inferior, a espera das palavras dele. Será que ele entendia o que passava dentro dele? Afinal, Kakashi possuía o Sharingan assim como ele.

— Não vou fazer perguntas agora. — Kakashi proferiu cansado, suspirando pesado. Não dormira nem comera, e seu humor estava péssimo. Era como se os problemas gostassem de testá-lo, ver até onde aguentaria. E confessava que não sabia mais como resolvê-los. — A cirurgia acabou faz dez minutos, você pode vê-la se quiser, mas não a acorde.

— Entendi.

O semblante confuso de Haru não passou despercebido por Kakashi enquanto o acompanhava até o quarto em que a esposa estava. E, definitivamente, se preocupava com os tipos de pensamentos que o menino poderia estar tendo. Estavam novamente naquela situação, contudo, de uma coisa Kakashi tinha certeza: Haru fizera uma escolha. 


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter lido, espero que tenha gostado.
Crítica construtiva, opiniões, sugestões... Receberei com muito carinho.
Até o próximo!
Beijos.



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