Harukaze escrita por With


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!
Postando um pouquinho mais tarde, fiquei sem internet =/
Boa leitura!



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Harukaze

Capítulo 22

É uma daquelas noites quando meu peito fica apertado

Que eu nem consigo dormir

Eu quero ouvir sua voz agora

Durante algumas semanas Tsuhime percebeu que a presença de Kabuto em seus dias ultrapassava o essencial para estabelecer limites. Ele constantemente fazia-lhe perguntas com teor íntimo e que ela não tinha a menor vontade de respondê-las. Não sabia precisar por quanto tempo estava naquele esconderijo com Tobi — sim, o mascarado finalmente havia revelado seu nome — e Kabuto, o tempo em seu novo lar era completamente diferente. Era como se ela estivesse pressa em uma realidade estranha, que não lhe permitia sair.

Agora, com o semblante tedioso, Tsuhime esperava que Kabuto colhesse a amostra de sangue que precisava. Várias questões assolavam seus pensamentos e ela refletia se deveria jogá-las contra Kabuto. Talvez ele não lhe explicasse nada ou pudesse lhe dar respostas simples e vazias, como sim e não.

— Está fazendo isso para descobrir se estou doente? — Ela questionou, recebendo apenas o silêncio como confirmação. — Kabuto, pare de me tratar assim! Vivemos a maior parte da vida juntos. Olhe para mim ao menos uma vez!

— O que espera que eu diga? — Kabuto fez a vontade da jovem, olhando por cima dos óculos redondos. — Você pergunta coisas sem ter a certeza do que quer ouvir. Acho que eu não preciso criar um diálogo irritante entre nós. — Retirou a agulha do braço de Tsuhime, jogando no cesto de lixo mais próximo. Com a impaciência de Tobi, ele tivera que montar um mini-laboratório. — E mesmo que eu dissesse o que você deseja escutar, você não entenderia.

— Tente. — Ela segurou o braço dele numa tentativa de fazê-lo ficar, pois Tsuhime sabia que dentro de alguns segundos ela voltaria a permanecer sozinha naquele quarto. — Por que me mantém aqui? O que aquele homem quer comigo?

— É a lei natural da vida que as pessoas se multipliquem. — E Kabuto não fugiu do contato dela. — É extremamente natural que pessoas concebam outra vida. E é para isso que você está aqui. A pessoa que você tem visto, que acha que fez amor, não é quem imagina. Só estamos te manipulando, como tantas vezes. — Deu de ombros ao concluir, enquanto observava com atenção a reação da jovem. E, para sua surpresa, ela não se alterou.

— Eu... — Tsuhime abraçou-se a altura da cintura, como se quisesse esconder tudo o que vinha sentindo nas ultimas três semanas. — Eu não consigo entender. Por que eu? Por que me fadar a um futuro cheio de reviravoltas e que irá fixar meus olhos no passado? Apenas gostaria de saber o assassino do papai, e os planos mudaram como o vento!

— Esse é o preço que você paga quando decide saber demais. — Kabuto rebateu entediado, contudo tentando mostrar a verdade de uma maneira fácil e compreensiva. Já havia se cansado de toda fraqueza que Tsuhime exalava. — Mas não seria diferente, pois eu teria te buscado.

— Não tem vontade de viver longe disso? — Naquele instante as sobrancelhas do ninja médico se franzirem. Ele entendia o que Tsuhime queria dizer, no entanto, ouvir tais palavras saírem dos lábios dela causou-lhe outras sensações. — Você é inteligente, bonito e talentoso, não precisa ficar a mercê das pessoas porque pode caminhar sozinho.

— O foco da conversa não sou eu. — Ele desvencilhou-se dela enquanto lavava as mãos. — Você tem que pensar no que vai fazer agora, independente de tudo essa criança tem um pai e vai gostar de estar perto dela.

— Eu poderia ter vivido com você para sempre... — Tsuhime murmurou, o teor nostálgico e longínquo.

O silêncio recaiu entre eles de forma pesada, o único som que se reverberava pelo mini-laboratório era os utensílios que Kabuto limpava e guardava em seu devido lugar. Era possível notar traços de cuidados nos gestos dele. Kabuto era um homem que facilmente fazia com que pensasse em diversas situações a seu respeito, porém nunca com uma conclusão. E era justamente o nó que se formava nos pensamentos da Yatsuki.

— Por que você permitiu? — Essa era uma das perguntas que Kabuto queria obter resposta. Algo naquela questão o incomodava e muito.

Tsuhime guardou silêncio, não havia necessidade que ela se expusesse à curiosidade de Kabuto. Aquilo deveria ser trancafiado dentro dela, somente para seu conhecimento. Entretanto, ela sabia o quanto Kabuto poderia ser insistente. Prova disso era que ele a obrigava encará-lo, segurando com os dedos o seu queixo. Os olhos negros e penetrantes tentando arrancar os seus segredos.

E surpreendentemente a voz do rapaz ecoava suave pelo quarto, instigando Tsuhime a quase confessar. Contudo, ela impediu o avanço das palavras e mordeu o lábio inferior.

— Você é o mais inteligente aqui. Deveria ser capaz de entender.

(...)

A conversa que tivera com Kabuto há exato dois dias ainda martelava nos pensamentos de Tsuhime. Ela não havia admitido, mas sabia que no fundo o homem que a tocara com tanto carinho não era Shino. E, como Kabuto perguntara, o porquê Tsuhime não fazia ideia. Dissera aquilo para o médico deixá-la em paz, porém dentro dela estava uma completa confusão. Misturando-se a sua realidade, persistia o fato de que alguém precisou dela seja no que fosse. Não lhe apetecia vangloriar-se por isso, contudo, seu ego inflamou-se uma centelha de proporção.

— Os resultados dos exames foram satisfatórios. — Tobi apareceu no quarto de repente, assustando a jovem. Os olhos faiscando exaltação. — E isso é muito bom para você.

— Não está feliz por saber que em breve será pai? — Tsuhime exclamou convicta. Nos olhos um brilho de fúria contida. Ela não precisava que exames de sangue comprovassem o que sentia. Conhecia e entendia os sinais de seu corpo. — Por acaso acredita que o homem deve plantar uma árvore, escrever um livro e ter filhos? Não, eu não acho que essa teoria sirva para você.

— Sou um homem como todos os outros. — Ele rebateu, cruzando os braços e encostando-se a parede mais próxima, indiferente. O fato de Tsuhime ter descoberto suas mentiras em nada o incomodava.

— Claro, e esse homem como todos os outros planeja nos usar para alguma coisa. — Tsuhime estreitou os olhos, vendo que conseguira mudar a postura de Tobi. Aproximou-se alguns passos dele, enfrentando-o. — Um homem bom não costuma usar outros para solucionar seus problemas pessoais. Um homem bom faz as coisas sozinho.

— Acontece que eu sou um homem, mas em nenhum momento disse que era bom. — Ele sorria por baixo da máscara laranja. Afinal, ele já a mantera no rosto por muito tempo e Tsuhime era uma pessoa que ele era íntimo. Retirou-a, revelando seu rosto coberto por cicatrizes. O modo como Tsuhime arregalou levemente os olhos em nada o incomodara. — Agora, vou devolvê-la a Konoha.

— Acha que pode me mover como se eu fosse uma peça de xadrez? — Tsuhime quase gritou, se não fosse o ar intimidador que Tobi exalava. — Eu estou tentando encontrar meu lugar no mundo!

— Você já tem esse lugar. — Tobi acariciou o rosto dela, vendo-a se retesar ao seu toque. — E tenho certeza que é bem melhor do que imaginou.

— Não fale como se soubesse de alguma coisa! — Ela estapeou a mão que a acariciava, mesmo não vendo sabia que as sobrancelhas de Tobi haviam se franzido, desaprovando sua atitude. — Você pode ser um gênio, mas está longe de entender as pessoas. Você as usa e as descarta como se fosse algo simples!

— E é algo simples quando não existem sentimentos de empatia dentro de você. — Tobi rebateu, cansado daquele diálogo. — Sabe por que ainda luta para viver em paz?

— Eu não preciso escutar isso de você!

—... Porque o conceito viver não se aplica a você, Tsuhime. — Continuou o monólogo, como se a jovem jamais o tivesse interrompido. — Com todos os genes que existem dentro do seu corpo, sua vida já deveria ter se extinguido há muito tempo. Simplificando: Está viva por não aceitar a própria realidade. Aceite o fato de ser apenas mais uma entre todos, que ninguém irá lutar por você, que você não está indo embora por sua vontade e sim porque eu estou deixando você ir!

— Já... É o suficiente. — Kabuto integrou-se a conversa, vendo que Tsuhime tentava bloquear as palavras de Tobi tapando os ouvidos e fechando os olhos. Caminhou para ela, porém foi afastado com um empurrão.

— Decida-se, Kabuto! — Tsuhime encarou-o irredutível, nos olhos uma película de raiva e tristeza. A postura recomposta rapidamente. — De que lado você está? — E não esperou ouvir uma resposta, pois poderia imaginá-la sem que ele lhe desse pistas, e saiu apressada do cômodo sem olhar uma única vez para trás.

(...)

Um mês depois...

Dentro do gabinete da Hokage, uma discussão crescia e tomava forma à medida que as vozes se aglomeravam. Todos falavam ao mesmo tempo e não era possível deduzir que assunto importante era. Além da Hokage, estavam presentes: Jirayia — que se negava a não opinar —, Shizune — onde sua senhora estivesse era indispensável sua presença — e o time Kakashi — que apesar de não saber do ocorrido, acabaram por se integrar ao debate. O único quieto e pensativo era Kakashi, ele dispunha do seu tempo analisando o que cada um falava e somava às suas especulações.

Depois da breve conversa que tivera com Tsuhime, há um mês, o jounin não tivera mais nenhuma notícia da jovem. De alguma forma, apesar de ser preocupante o desaparecimento repentino dela, em seu íntimo o Hatake deveria esperar por uma atitude como aquela vinda de Tsuhime. A garota exalava um ar rápido, como se desejasse que ninguém se acostumasse a sua figura. Ela quase se assemelhava a uma brisa, onde você a sente por pouco tempo e logo lhe deixa uma sensação de vazio e saudade. E essa era a sensação que tomava Kakashi até aquele dia em especial.

Ele deveria ter ido atrás dela? Sim. Então, por que ele não conseguia se arrepender por não ter tomado tal atitude? Havia tantas questões dentro dele que Kakashi optou por não pensar mais nelas. Espere-me. Talvez Tsuhime tivesse um bom motivo para fazer aquele pedido e talvez a resposta fosse exatamente essa: Ele havia cumprido.

— Aconteceu de novo! — Tsunade extrapolou o tom de voz, para que os outros a ouvissem. — Alguém precisa educar aquela garota! Quando ela voltar, e eu sei que vai, vou me encarregar disso!

— E se ela não voltar? — Naruto cometeu o erro de perguntar e o olhar que recebeu de Tsunade não foi o suficiente para intimidá-lo. — E se algo tiver acontecido? Um mês se passou e deveríamos tê-la procurado por todos os lugares. Ela é de Konoha!

— Sabemos disso e a procuramos, moleque! — Jirayia interessou-se em respondê-lo. — O problema é que ela é muito boa em se esconder.

— A questão não é essa. — Tsunade retomou a liderança no debate, a unha do dedão presa entre os dentes. — Eu não deveria ter contado a ela sobre a morte de Orochimaru. Na certa ela foi atrás do responsável. Tsuhime-chan poderia ter raiva do pai, mas gostava dele.

— Ela sabia o que estava pretendendo fazer quando me procurou. — Kakashi falou diante do aglomerado de vozes, fazendo todos se calarem e prestarem atenção no que dizia. — Tsuhime me fez um pedido pouco antes de partir.

— O que foi, Kakashi-sensei? — Naruto perguntou, incitando a curiosidade dos outros, menos de Sakura.

A kunoichi deduzira que, pelo olhar de seu professor e por ele ter se mantido em segredo durante aquele tempo, fosse algo pessoal e que ninguém deveria cobrar que ele revelasse. Parecia quase como uma promessa e Sakura não queria que Kakashi falhasse com Tsuhime. Estava na face de Kakashi a resposta e cada um poderia interpretá-la como quisesse. E foi em meio aos devaneios que a figura à janela chamou-lhe a atenção.

Os olhos acastanhados encaravam-na firmemente e o dedo indicador traçando os lábios pedia dela completo silêncio. A pessoa que confiava nela naquele momento era Yatsuki Tsuhime, com o semblante abatido e cansado. Sakura jamais esperou que ela voltasse assim, de surpresa, e ao mesmo tempo em que queria cumprir o pedido dela cogitou se não estaria contribuindo para a ansiedade de todos ali. Todavia, ela queria ser próxima de Tsuhime e guardou o que vira apenas para si. Acenou com um gesto de cabeça para a bonita moça e ela logo se retirou antes que fosse vista por mais alguém.

— Desculpem-me, é pessoal. — Kakashi esquivou-se da interrogação, não se importante se poderia soar egoísta.

Jiraiya encarou o jounin com atenção, cruzou os braços e logo sorriu. O que ele presenciava em Kakashi era justamente o sentimento que tanto o corroia por anos e a vontade incontrolável de declarar-se a Hokage. Não era novidade para ninguém que o Ero-Sannin amava a mulher explosiva e foi compreendendo-o que ele deu a reunião por encerrada, mesmo que fosse contra a ordem de Tsunade.

— Acho que não precisamos nos descabelar por agora.

— Como não, Jirayia? O que você tem na cabeça? — Tsunade caminhou para ele, irritada. — Tsuhime é só uma criança e mal sabe as coisas que faz! E você, Kakashi? — Virou-se para o jounin com o mesmo olhar acusador. — Não é hora para segredos! Querem saber: Eu vou beber!

(...)

Como era bom estar de volta, apesar de não se sentir totalmente inteira. Ainda não acreditava que se deixara enganar por uma imagem, embora fosse impossível recusar-se a ela. Afinal, por mais tempo que havia se passado, Tsuhime ainda amava Shino e o amaria pelo resto da vida. E agora havia algo mais importante para se preocupar: Ela estava grávida.

A ideia não a assustava mais, pelo contrário. Talvez aquele bebê fosse a sua salvação. Acariciou o ventre reto, sem sinais de gravidez, e fechou os olhos tentando sentir o pequeno ser que já se desenvolvia dentro dela. Esperava que agora pudesse viver em paz, que Tobi nem Kabuto a procurassem mais, contudo, Tsuhime sabia que, mesmo que a sua liberdade houvesse se concretizado, devia explicações.

— Sempre estou devendo algo a alguém. — Ela conversou consigo, imaginando se Sakura contara que a viu. Depositou na kunoichi sua sorte. Ainda não estava pronta para encará-los e dizer “eu voltei”. Principalmente Kakashi, que deveria ser o mais confuso dentre todos. — Você ainda vai cumprir nossa promessa?

O quarto em que Tsuhime estava não era de uma hospedaria qualquer, e sim de sua própria casa. Ela não sabia como fora tão eficiente a ponto de refugiar-se rápido dos olhares dos curiosos. A casa ficava um pouco afastada das pessoas conhecidas, onde ela poderia recompor o que quisesse sem precisar viver cautelosamente. Depois que tivera a discussão com Kabuto, Tsuhime se libertou das amarras de Tobi e fazia quase duas semanas que havia se estabelecido na vila novamente.

Entretanto, não sentia a mínima vontade de se revelar. Na certa, poderia esperar por uma visita de Sakura e quem sabe encontrasse na jovem uma confidente? Não seria muito difícil detectar seu chakra, ainda mais se ela tivesse alguma ajuda. Todavia, deixou as especulações de lado e tomou um banho, cobrindo-se apenas por um roupão macio. Pensou também em cozinhar tamagoyaki e misshouri se batidas na porta não denunciassem a presença de alguém.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, espero que tenha gostado.
Deixe sua opinião, crítica construtiva, sugestões... Tudo será bem vindo.
Até sexta!
Beijos!



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