Fita de Seda escrita por moonrian


Capítulo 41
Capítulo 41 - Os Primeiros Sintomas


Notas iniciais do capítulo

Olá, galerinha o/
Cheguei na hora dessa vez para postar um novo capítulo de FDS sobre o tão esperado baile, onde nossa garota irá dançar com o gostosão do Kaname Kuran! E agora vamos cantar:
Feels like the end. When you’re closer to losing your dreams, Than losing a friend (8
Classic Rock, baby!
É isso mesmo, galera, hoje tem beijoooooo!!! Não vai ser tão longo e descrito quanto aquele em “Como fogo e pólvora”, mas ainda assim é um beijo e não podemos menosprezar isso u.u E não, não é do Zero :3
Sobre a última frase do capítulo anterior, a bomba que ela jogou em cima do Zero, eu vou fazer um pouco de mistério sobre como tudo aconteceu, mas relaxem que eu direi a visão geral do que aconteceu! Agora deixa eu agradecer pela milionésima vez para todas as lindas que comentaram o capítulo anterior: Cni, Hailang, Saky, Ayuno, KaramelDragon, Bella, Dredrey, Lily, Random e deathgirl16.
E principalmente a diva da Cni que deixou uma recomendação super diva na história e encheu meu coração de amor e alegria *-*
Agora vão ler esse capítulo!
*Boa Leitura*



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“– Vamos, Olívia, você não está se esforçando.

A pior parte era que eu estava me esforçando. E muito.

Kira só costumava dizer meu nome quando estava muito fulo comigo ou quando desejava me pressionar, o que era a intenção dele.

Seus olhos azuis ardiam, atentos a cada movimento sofrível meu, enquanto eu tentava provar para ele que eu aprendera cada um dos golpes que ele passara tanto tempo me ensinando com paciência e dedicação, mas eu não conseguia sair da posição defensiva – ele não devia estar contando que sua discípula seria tão descoordenada e lerda, mesmo que me conhecesse tão bem e há tanto tempo.

– Não seja previsível, faça alguma coisa! – Insistiu.

Desviei do golpe dele por um tris, mas antes que pudesse ficar alegre por finalmente ter conseguido algo que estava tentando a aula inteira (já estava completamente dolorida e não só pela atividade física, mesmo que Kira estivesse maneirando bastante na força dos golpes), Kira segurou meu braço em um segundo e no outro eu já estava no chão com ele sobre mim, imobilizando-me.

– Vamos, pense em alguma coisa para se livrar. – Ele incentivou – Inove, faça algum ataque inesperado!

Eu me debatia debaixo do corpo de Kira, ainda achando que aquilo era um combate injusto vendo que eu era uma magrela de quatorze anos e ele tinha todo aquele porte atlético de um garoto de dezesseis, mas segundo ele, o inimigo não iria relevar só por eu ser pequena e uma menina, então se conseguisse vence-lo em uma batalha poderia vencer qualquer um – eu ainda era humana, não ascendera e sequer estava perto disso, como eu poderia sequer acerta-lo?

Olhei em volta, desesperada, procurando por qualquer coisa na sala de treinamento que os pais de Kira construíram que pudesse me livrar do seu aperto subjugador e intransponível, mas não havia realmente nada. Precisava de um plano miraculoso, tinha que provar para ele que eu não era um caso perdido, que eu podia dar orgulho a ele. Voltei a olhar seus incríveis olhos azuis que ardiam com um fogo perpétuo, ele incentivando-me a fazer alguma coisa... Então surgiu um plano na minha mente que era completamente idiota, mas era melhor do que nada.

Levei meu tronco para cima rapidamente e moldei meus lábios sobre os dele. A sensação da boca morna de Kira sobre a minha me arrancou um suspiro de prazer e por um instante eu me permiti desfrutar daquele momento que eu almejara por tantos anos – era apaixonada pelo Asamiya já havia tempo demais... Mas depois tentei empurrar a sublimidade do momento para o fundo de minha mente e me concentrar no que eu planejara fazer. Kira lentamente foi diminuindo o aperto, e quando os lábios dele se moveram sobre os meus... Perdi o fio da meada sobre o que ia fazer.

‘Qual era o meu plano mesmo? Cara, ele beija tão bem... Concentração, Hime! Oh, meu Deus, ele tá mordendo meu lábio... Concentração, Hime, e faça agora antes que esse beijo se torne mais profundo e sua capacidade de pensamento vá para a Cochinchina!’

Em um movimento súbito, inverti as nossas posições e aproveitei dos instantes desnorteados dele para imobiliza-lo no chão – tentando ignorar a sensação que ainda queimava em minha boca e o fato de estar hiperventilando.

Vi os intensos olhos azuis dele passarem de atordoados para a pura fúria homicida, e eu tratei de soltá-lo e me afastar dele antes que o Sangue-Puro me surrasse.

Kira se pôs de pé em um movimento rápido e perfeito.

– Por que você fez isso? – Ele estava quase gritando comigo, indignado.

Meu rosto corou em mil matizes de vermelho enquanto ele se aproximava de mim a passos largos e elegantes, suas mãos fechadas em punhos ao lado de seu corpo – ele estava muito intimidante. Voltei meu olhar para as mãos minhas mãos geladas e suadas, que se remexiam nervosamente.

– E-eu... Você disse q-que era par-ra eu fazer alg-go inesperado... – Gaguejei ridiculamente.

Os olhos de Kira se estreitaram perigosos.

– E sua ideia de ataque inesperado foi me beijar? – Ele praticamente cuspiu a palavra. – É isso que você vai fazer quando seu inimigo te imobilizar? Vai beijá-lo também?

Eu me senti completamente tola, uma idiota sem tamanho, o que na atual situação, eu era.

– Não... É claro que não! Eu sinto muito, Kira...

Ele me fitou por um longo tempo, sentia aqueles orbes azuis ardentes queimando em meu rosto, e eu não fazia ideia do que ele estava vendo ou o que estava pensando; não conseguia me forçar a olhar para seu rosto depois do que eu fizera.

Então ele suspirou derrotado, e bagunçou meus cabelos em um afago estranho e fraternal que ele sempre fizera em mim – antigamente eu odiava quando ele o fazia, pois indicava que ele não me via como nada mais do que uma pirralha, agora era um alívio, pois mostrava que ele havia me perdoado.

– Está tudo bem. – Ergui o rosto a tempo de ver um canto dos seus lábios entortar para cima – O erro foi meu por ter te visto como igual naquele instante, e não minha oponente.”

Abri os olhos para o teto do meu quarto no Dormitório do Sol, desnorteada e ofegante, vendo que o espaço ainda estava escuro. Devia ser madrugada.

A primeira coisa que eu notei quando acordei foi que eu tive uma lembrança do meu passado, e que meu coração ainda batia descompassado com a recordação do beijo de Kira – a sensação dos lábios dele ainda estava muito viva nos meus.

A segunda coisa foi que estava ensopada de suor, e ainda assim sofria de involuntários tremores de frio; o que indicava que a pequena febre que eu estava sentindo antes de dormir havia piorado miseravelmente e o remédio de Sakura não me servira de nada. Havia uma dor em cada músculo de meu corpo impossível de se ignorar, meu estômago se contraía e dava voltas desconfortáveis e sentia um pouco de falta de ar – e eu estava muito certa de que havia sido isso que me tirara de minha recordação.

A terceira coisa foi como um soco forte em meu rosto que consistia em três palavras:

Zero. Me. Odeia.

Lembrar a maneira como Zero falou comigo depois da minha confissão, o jeito que ele olhou para mim, os olhos lilases transbordando asco e desprezo; era como se o rapaz preocupado de instantes atrás nunca tivesse existido – e relembrar isso quase me empurrou da borda para cair em mais uma sessão de choro, mas acreditava que havia acabado com meu estoque de lágrimas anual.

Eu fui direto para o meu quarto no Dormitório do Sol e afundei o rosto no travesseiro, chorando copiosamente.

Explicar para Kaien tudo o que Kira me dissera sobre o que eu era e o que poderia ser foi uma tarefa mais fácil do que eu esperava, e eu fiquei surpresa ao perceber que meu problema nunca foi com o que Kaien pensaria de mim, pois eu sabia que ele me aceitaria independente de tudo; que o meu problema sempre foi o albino. Eu não contei a Kaien que estava indo embora com Kira, eu não tive coragem de ver um olhar tristonho ou ofendido nele, eu estava muito sensível naquele instante e com uma vontade louca de chorar que eu contive com grande esforço. Kaien pareceu perceber e me deixou em paz.

Meu coração foi estraçalhado por Zero Kiryuu, como eu sempre soube que ele faria.

E Ícaro cai no mar com as asas queimadas após tentar alcançar o distante Sol.

Eu formei uma enorme parede naquela ponte que nos ligava, impedindo-me de ter qualquer informação sobre os sentimentos que ele estivesse sentindo e esperando que também pudesse impedir que ele soubesse que eu estava me afogando na merda.

Após uma sessão interminável de choro – daquele tipo patético que te faz gemer e soluçar, enquanto repete mentalmente como uma criança birrenta que tudo isso não é justo, – comecei a ter uma febre leve quando minhas lágrimas secaram, e pensei que poderia ser algo emocional; mas naquela madrugada, após essa piora agravante dos meus sintomas, já acreditava que era porque o meu aniversário estava muito próximo e por consequência a minha transformação em vampira Sangue-Primário – eu não fazia ideia do dia do meu aniversário, aliás. Kira havia avisado que durante essa semana eu poderia sentir alguns desconfortos físicos referentes à mudança, quando a magia que me mantinha humana ia desvanecendo e meu corpo retornando a sua forma original.

Soltei um suspiro trêmulo, as lágrimas queimando em minha garganta, e esfreguei a testa quente por debaixo da franja longa suavemente.

De uma coisa eu sabia: Aquela bateria o recorde de “Piores noites da minha vida”, e eu estava certa.

Passei a noite sofrendo com os sintomas que subiam a níveis alarmantes e baixavam até quase ser possível ignorar, minha visão entrava e saía de foco de maneira incômoda, então quando estava perto do sol nascer tudo cessou. Por um ínfimo segundo eu pensei que havia me tornado uma vampira, mas após uma averiguação rápida no meu corpo eu não senti nenhuma mudança na forma como eu me sentia.

Consegui dormir um sono pesado e sem sonhos por algumas horas preciosas, e como não teria aula por causa do baile que seria apenas a noite, eu aproveitei para repor as várias noites de insônia e só fui acordar lá pelas quatro da tarde com Sakura cantarolando alguma música K-pop que eu não fazia ideia de quem era.

Esfreguei os olhos para espantar o sono e coloquei-me sentada na cama, bocejando.

Meu nariz ardia com o aroma do perfume doce que Sakura havia passado demais, quase me dando uma dor de cabeça, e eu balancei a mão na frente do rosto para tentar afastar o odor enjoativo do meu alcance olfativo.

– Não acha que exagerou um pouco no perfume? – Perguntei-a com a voz rouca, minhas pálpebras pesadas demais para eu conseguir abrir.

– O que? – Ela inqueriu, e por que raios essa menina estava gritando? – Eu não te ouvi.

Ah, que ótimo! Minha colega de quarto agora está surda. Provavelmente de tanto ficar no meio das escandalosas fanáticas pelos garotos da Night Class que só sabem ficar gritando “Kyaa, Kyaa”.

Esfreguei os olhos mais uma vez, suspirando de impaciência com a Sakura, e tentei gritar tão alto quanto ela dessa vez.

– Eu disse que... – abri os olhos e me espantei ao encontrar o quarto vazio quando a voz dela soava como se estivesse a poucos passos de mim.

A claridade adentrando o local feriu meus olhos e me cegou, como se houvessem mirado um holofote em meu rosto, e eu precisei fecha-los e cobri-los com a mão para reforçar a escuridão.

Mas que merda é essa?

Então eu percebi.

Minha audição estava mais aguçada. Podia ouvir os barulhos característicos que indicavam que Sakura estava no banheiro se emperiquitando, mas não eram sons desconexos que uma pessoa normal ouviria. Conseguia ouvir o som do pincel deslizando sobre algo e levantando um pó com um cheiro estranho – devia ser o blush – então o farfalhar das cerdas deslizando pela bochecha dela, que estava me dando uma tremenda gastura de arrepiar a pele – mas isso não era o pior de tudo.

Eu conseguia ouvir todo o dormitório, cada mísera conversa sussurrada ou animada, cada passo, respiração, roer de unhas, bater de lápis, risada alegre, palminhas empolgadas, martelar cardíaco, sangue correndo pelas veias...

Minha garganta ardeu tão fortemente que eu engasguei. Meu estômago se contraiu e deu várias voltas, enjoado, e eu fui engolida por labaredas que me queimaram dos pés a cabeça.

Minha gengiva pulsava, meus dentes doíam e eu jurava que podia senti-los se contorcerem em minha boca, principalmente os caninos; pareciam querer deslizar para fora como aqueles vampiros de Hollywood. Senti o gosto metálico em minha boca, e seu sabor variava em meu paladar; às vezes saboroso e em outros, repulsivo.

Mas no fim, tudo cessou – as dores, o pulsar e até a enorme sensibilidade sensorial.

Abri os olhos lentamente para testar minha visão, temerosa, e a luz não me desconfortou dessa vez.

– Hime, você está bem? – Ouvi Sakura perguntou.

Virei-me na direção do som, que não parecia tão próximo quanto da primeira vez que ela falou, e sua cabeça maquiada apareceu por uma fresta na porta para me averiguar.

Eu balancei a cabeça positivamente, mas acho que pareceu falso por eu ter feito o movimento rápido demais.

– Eu apenas preciso usar o banheiro. – Afirmei.

Sakura me cedeu o banheiro e eu tranquei a porta atrás de mim, virando-me para o pequeno espelho redondo acima da pia.

Abri um sorriso quadrado e falso para averiguar os meus dentes, descobrindo com pavor que eles estavam manchados com sangue como se eu tivesse gengivite ou algo do tipo, mas eu sabia que não era por isso.

Inclinei-me sobre a pia e colocando a mão em concha, peguei água e enfiei tudo na boca, bochechei e cuspi vermelho. Afastei os lábios dos dentes outra vez, tendo uma visão melhor da transformação que ocorreu em minha boca. Meus dentes haviam se alinhado com uma perfeição fenomenal – não que antes eu tivesse os dentes completamente tortos, mas havia diferenças de tamanho entre cada um, como o fato de os da frente serem um pouco maiores que o resto. Agora os sentia mais firmes do que nunca em minha boca, como se eu pudesse morder concreto sem medo de ser feliz, além de estarem perfeitamente simétricos, exceto pela próxima coisa que me chamou a atenção, que foram meus caninos. Eles sobressaiam um pouco sutilmente em relação ao resto, pareciam mais pontiagudos. Não chegavam a ser tão finos e nem tão afiados quanto os de um vampiro, mas tampouco eram mais os dentes de um ser humano.

Suspirei com tristeza com aquela prova irrevogável do que eu estava me tornando, e quase ri da estranheza de eu ainda ser humana (por enquanto) com dentes quase tão poderosos quanto os de um vampiro.

Empurrei minhas preocupações sobre minha lenta transformação para o fundo da minha mente, pois aquela era minha última noite como aluna e “humana normal” na Academia Cross, então precisava aproveitar o máximo que pudesse.

Sacudi a cabeça, esperando que isso espantasse qualquer pensamento sobre minha mudança de espécie, animando-me para a minha noite mágica no baile com a companhia de Kaname Kuran, mas antes teria que me arrumar divinamente.


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Notas finais do capítulo

Se um dia vocês tiverem um gato cem por cento tipo o Kira te treinando, já sabem o que usar como “golpe inesperado” hehehehe Eu já estou aki na busca de alguma aula de luta com um professor muito lindo para eu testar esse novo golpe recém aprendido u.u
Mas agora vamos falar desse primeiro sintoma de transformação da Hime! Que vocês acharam, galerinha? Espero que vocês tenham gostado!
No próximo capítulo vai ser o baile, sabe? Agora é super sério, vai ser o baile kkk
Até a próxima o/