Maldição | Amor Imortal 03 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 37
Capítulo 37




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Dimitrius estava sentado ao lado de Gaia em sua longa mesa de jantar e apesar de estar cheia de diversos pratos diferentes que agradaria qualquer pessoa comum, a imortal se limitava em comer apenas aquele que foi preparado especialmente para ela.

A filha dos elementos não comia nada que fosse “morto” pelos imortais para servir de alimento, seja animais ou a vegetação que também eram seres vivos. Apesar de não precisar se alimentar, Gaia comia apenas os frutos maduros que a natureza lhe oferecia.

Com o tempo o arcanjo tinha reparado que ela não comia quase nada do que era colocado na mesa diante dela e Dimitrius acabou perguntando o que a agradava desde que algumas vezes ela apenas tomava água. E desde então, o anjo passou a reparar nos pratos que ela mais gostava e pedia para as suas cozinheiras fazê-los.

No começo, quando eles começaram a comer refeições juntos, Dimitrius se sentia estranho por ter alguém ao seu lado que falava pouco e que também não abria a boca para nem mesmo comer. Mas eles já tinham superado essa fase e aos poucos também estavam começando a conversar mais sem que os assuntos morressem depois de Gaia perguntar sobre o bem estar da sua família.

Agora a imortal sempre falava sobre as diversas flores e animais que existiam na natureza, falava também sobre os pequenos lobos e o que aprotavam durante o dia em sua mansão. Podia parecer ser tão pouco, mas considerando a antiga relação que eles possuiam, era muito.

— Dimitrius,— Gaia o chamou por seu nome e ele teve que desviar seus olhos do prato em sua frente para encará-la.— Você sabe que não posso ver almas, certo? Mas que posso sentir tudo o que existe nela?—

O anjo movimentou sua cabeça para concordar com a sua pergunta, ficando um pouco confuso desde que não sabia exatamente por que ela estava falando sobre tal assunto tão incomum. Gaia raramente falava sobre ela mesma.

— Quando Patrick apareceu essa tarde eu pude sentir os sentimentos que manchavam a sua alma.—
— Onde você quer chegar com isso, Gaia?— Ele perguntou com certa inquietação.
— Você estava com ciúmes.— A imortal foi direto ao seu ponto e Dimitrius acabou ficando paralisado pela surpresa que percorreu seu corpo.

Ciúmes?

Isso era mesmo possível?

O anjo tinha sentido tantas coisas quando viu Patrick se aproximando de Gaia que ele não podia nomear os seus sentimentos, ainda mais quando sabia que Diane havia o danificado emocionalmente.


Ele não suportava a ideia de alguém o traindo novamente e imaginar que a imortal fosse capaz de tal coisa era algo que o irritava profundamente.

Dimitrius desejou jogar Gaia em seus ombros e levá-la de volta para mansão para deixá-la o mais longe possível do tenente demônio. E quando viu que ambos se encaravam, faltou apenas um fio de paciencia para que ele não a envolvesse em suas asas para escondê-la de todos.

Se isso podia ser chamado de ciúmes, então o arcanjo estava completamente roxo de ciúmes.

Ainda mais quando sabia que Patrick possuía com ela uma relação muito mais avançada que ele.

— Você é minha.— Ele falou antes que pudesse realmente pensar em suas palavras e se considerou um animal territorial por não controlar a sua língua.

E foi por causa de suas palavras que o arcanjo percebeu que já havia se tornado super protetor com tudo que era relacionado a Gaia.

O imperador devia considerar esse fato como um erro, mas não o considerava assim.

— Eu acredito que é melhor você reconsiderar as suas palavras.— Ela disse de forma orgulhosa e Dimitrius não esperava por palavras diferentes. Gaia sempre se tornava puro ácido quando esquecia o temor que envolvia a sua aparência e o passado dela.— Eu não sou sua.—

Dimitrius sorriu para provocá-la.

— Você pode pensar como desejar, gatinha, mas certos significados nunca podem mudar mesmo que exista várias explicações.—
— Até que eu fale que pertenço a você, eu nunca serei sua.— Ela bufou em pura indignação.
— Você deve se lembrar disso quando eu fazer essas palavras sairem da sua boca.— O arcanjo a avisou.
— Não fuja do assunto principal, Dimitrius, nós estávamos falando sobre você.— Gaia falou e por alguns segundos ele observou as bochechas delas ficarem levemente rosadas.

Ele cortaria suas próprias asas para saber o que a imortal estava pensando naquele momento para ficar tão constrangida e mudar o assunto de forma tão rapidamente.

— Eu não sou conhecido por dividir o que é meu.— Ele a respondeu, apesar de não existir nenhuma pergunta.— Pode me chamar de egoista, mas vê-la próxima do seu ex-namorado não é agradável.—
— Patrick não é meu ex-namorado.—

Dimitrius sabia que isso era verdade, pois acreditava nas palavras da imortal. Contudo, ele também era ciente de que ela não era feliz por ambos não ter avançado para esse tipo de relacionamento.

O anjo da humanidade se levantou do seu assento e se aproximou de Gaia para que pudesse curvar seu corpo até que seus rostos estivessem na mesma altura. Ele apoiou suas mãos no topo da cadeira em que ela estava e a outra na mesa para que a filha dos elementos não tentasse fugir pelas laterais.

Gaia arregalou seus olhos pela aproximação, mas não afastou o seu rosto do dele ou desmaiou como fazia antigamente. Pelo o que Dimitrius estava observando, a imortal estava fazendo um ótimo esforço para superar o medo que tinha por ele.

— Você precisa ser mais convincente para que eu possa acreditar em suas palavras, gatinha.—
— Eu não sei como posso ser mais sincera.— Ela o respondeu em uma calma controlada.
— Beije-me.—

A filha dos elementos ficou congelada por vários segundos, provavelmente processando o escandalo que suas palavras lhe causaram. Em seguida, Gaia se levantou rapidamente e Dimitrius foi obrigado a se afastar para que nenhum dos dois se machucasse quando ela o acertasse com o seu movimento.

— O quê?!— Sua voz saiu estremecida por causa da sua respiração atrapalhada. E quando a imortal tentou se afastar, Dimitrius a puxou para perto novamente e virou as costas dela em direção da mesa para que suas bordas servissem de barreira.

O arcanjo da humanidade desejou colocá-la em cima do objeto, mas desde que estava cheia de pratos, isso poderia machucá-la e causar novos hematomas. Apenas apoiar as costas de Gaia seria o suficiente para que ela não tivesse muitas chances de fugir da sua aproximação.


— Nós já fizemos isso, gatinha.— Ele a lembrou sobre o beijo que trocaram em seu quarto.— Não há nada de novidade para estar tão horrorizada.—
— Eu... Eu...— Dimitrius sorriu por vê-la tão constrangida a ponto de ficar sem palavras e tentar desviar seus olhos dos dele a todo custo.

O anjo estava adorando provocá-la e quando os rosas das suas bochechas voltaram, ele ficou maravilhado pela beleza inocente de Gaia.

Dimitrius aproximou seu rosto do dela até que sua respiração pudesse ser sentida contra a pele do seu rosto e encontrou aqueles olhos azuis claros tão únicos para que pudesse sussurrar suas próximas palavras.

— Beije-me novamente, Gaia.—

O anjo havia desajado beijá-la naquela tarde antes que os tenentes do seu irmão chegassem e atrapalhassem tudo. E como Gaia não se afastou quando ele se aproximou, a imortal apenas fez claro o fato de que não negaria o seu beijo quando ocorresse novamente.

Dimitrius se movimentou para quebrar o restante do espaço que existia entre suas bocas para roçar levemente os lábios da imortal em uma caricia que apenas a provocaria. Quando o arcanjo a tocou, foi o mesmo que tocar o fogo por causa da sua temperatura tão quente, mas mesmo que a filha dos elementos tivesse uma temperatura tão eleveda, isso não fez com que todo o interior do anjo deixasse de se agitar.

Um leve tremor percorreu o corpo de Gaia e ele não tinha nada haver com o medo que sempre havia sentido dele por causa de Gregory.

Dimitrius afastou seus lábios dos dela para que pudesse ver seus grandes olhos azuis chocados por causa do toque tão íntimo.

O anjo estava se movimentando para tocar os lábios dela novamente, para dessa vez realmente beijá-la. Só que antes que pudesse fazê-lo, o imperador da humanidade sentiu a presença de outra alma em sua mansão e xingou em voz alta ao mesmo tempo que se afastava de Gaia.

Ele não podia acreditar que outra pessoa estava interrompendo o seu momento com a imortal novamente.

Dimitrius olhou em direção de Gaia que havia ficado ainda mais chocada por causa do seu xingamento e para que ela não pensasse coisas erradas, ele se apressou para explicar.

— Argent está aqui.—

Gaia congelou por um momento e seus olhos se tornaram vagos assim que o nome do seu parente distante foi mencionado. A imortal parecia odiar estar no mesmo local que Argent mais do que estar próxima de Dimitrius no passado.

Isso era estranho. Afinal, ele nunca soube sobre o seu tio se envolvendo com Gaia de alguma maneira, mas também não era nenhuma novidade alguém odiando o anjo em questão.

Nem mesmos seus irmãos gostavam de Argent e Dimitrius sabia que devia se manter longe, pois o anjo era o próprio caminho dos problemas que devia se manter longe.

— Você não gosta de Argent, não é mesmo?— Ele perguntou para Gaia e a observou com calma para tentar descobrir exatamente o que ela sentia.
— Não, eu não gosto.— Ela o respondeu demonstrando certo constrangimento pela sinceridade.
— Vá para o seu quarto.— Dimitrius disse.— Eu irei me livrar dele.—

Gaia começou a se movimentar para sair do salão em que faziam suas refeições juntos, só que antes de sumir da sua visão, a imortal se virou para encontrar os seus olhos novamente.

— Obrigada, Dimitrius.— Ela o agradeceu, mas Dimitrius não tinha certeza sobre o que exatamente ela estava agradecendo. Seu agradecimento apenas parecia ser completamente sincero e o anjo sabia que tudo o que havia feito para Gaia até agora eram coisas minimas que qualquer um poderia fazer sem ao menos conhecê-la.


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