POV – BELLA

Caminhamos ate uma mulher, que esta de costas para a porta do café, em uma mesa afastada.

- Elizabeth? – Jasper a chamou.

Ela era linda, como o seu filho, o mesmo tom dos cabelos, a cor dos olhos.

Seus olhos eram observadores e tentavam encontrar algo nos meus olhos, que se escondiam.

– Olá! Sentem-se

Jasper nos apresentou, engolindo seco ao se referir a ele, e eu tive que dar um sorriso, embora fosse falso, para que continuasse. Desviei meus olhos dos dela, para que ela não visse o que eu sentia. Sabia que podia enganar meus pais, meus amigos, mas minha intuição dizia que com ela eu deveria ter cuidado, pois facilmente ela saberia. Eu devia ir embora, mas estava quase enlouquecendo por não ter noticias dele.

Logo que nos sentamos, a garçonete apareceu, fizemos nossos pedidos e ela se afastou.

– Então, Bella, você estuda junto com o Jasper?

– No mesmo colégio sim, mas não na mesma serie – respondi

– Hum... Quantos anos você tem mesmo?

– 14 – respondi baixo

– Pensei que estudava com o Jasper e o meu filho, mas você chegou a conhecê-lo?

– Sim

– Como?

– Através do Jasper – Respondi evasiva. Não era assunto que eu gostasse de falar.

A garçonete chegou, trouxe nossos pedidos e se retirou. Tomei um gole do meu suco, enquanto ela tomava o seu café

– Ah sim, Jasper e Edward sempre foram muito amigos.

Toda vez que ela tocava no nome dele, me fazia sentir dor e culpa por tudo que eu fiz com ele. E precisava desviar meus olhos dos seus olhos observadores.

– Vocês se conhecem há muito tempo? – Perguntou

– Nos que? – Perguntei sem saber se ela falava de Jasper ou de Edward

– Você e o Jasper

– Não muito, acho que uns nove meses

– Como você o conheceu?

– Através da Alice

– Alice é namorada de Jasper?

– Sim, e como eu sempre fui muito amiga dela, ela nos apresentou

– Que por sua vez, apresentou Edward?

– Sim

– Quanto tempo depois?

– Acho que não muito depois de termos nos conhecido

– Hum... Então você conhece Edward há muito tempo

– Digamos que sim

– Desde então você e Edward conversam?

– Na verdade não, só algum tempo depois

– Quanto?

– Uns três meses

– Sei, e antes vocês não se falavam?

– Raramente

– Hum, interessante

Arquei as sobrancelhas em sinal de duvida. Não via nada de interessante.

– Bem, sabe Edward sempre foi um bom filho, nunca me deu problema, até – Sua voz morreu ali, sugestivamente

– Agora – completei com a voz morta e não tive força para desviar meus olhos dos dela, estava detraída demais com meus pensamentos.

A dor, tristeza, culpa e amor que sentia por ele se misturava e me torturavam lentamente.

Senti Jasper tocar em minhas mãos, tirando-me dos meus pensamentos confusos, pisquei fortemente, retirando as lagrimas que se acumulou em meus olhos.

Olhei para ele e sorri fracamente.

– Bem, então já sabe o que pretende fazer depois do ensino médio? – Elizabeth perguntou olhando diretamente pra mim e mudando de assunto.

– Bom, já

– O que?

– Medicina

– Como o Edward – comentou triste, com certeza pensando se um dia ele realmente se formaria em medicina, assim como eu também pensei naquele momento. Sorri levemente e triste por meus pensamentos – E você Jasper?

– Eu ainda acho que farei psicologia, embora, às vezes penso em fazer filosofia

– Humm

O celular de Jasper tocou, e ele me olhou perguntando se podia atender. Fiz sinal para que atendesse, pois podia ser a Alice.

– Licença – disse e saiu atender o celular

– Então Bella, acho que você já sabe sobre o Edward, o fato de ele ter depressão

– Sim

– Bem, você não sabe como é difícil pra uma mãe ver seu filho nesse estado. Ate pouco tempo atrás ele tinha uma vida, agora ele parece estar morto.

– Eu imagino

– Ele era tão estudioso, feliz, disposto, agora, vive fechado no quarto, triste, os olhos antes tão vivos parece estarem mortos, eu já o ouvi chorando a noite no quarto, você imagina o quanto isso pra uma mãe é doloroso, ver seu filho sofrendo, morrendo por algo sem importância.

Conforme ela ia falando era como se eu recebesse uma facada em cada palavra em meu peito. Vi Edward se aproximar, fazendo minha dor aumentar e o choro que se acumulava em minha garganta aumentar.

Engoli seco o choro e disse com uma voz baixa

– Eu imagino

Assim que terminei, Edward apareceu, me olhando fixamente

– Mãe – ele chamou-a

Olhando-o minha dor e culpa, principalmente culpa, aumentou, sabia que precisava sair dali rápido, só não sabia da onde iria arranjar forças pra sair. Apesar de tudo não pude deixar de reparar que ele continuava lindo, calça jeans, camiseta vermelha, tênis adidas, o cabelo desarrumado, mas seus olhos castanhos escondiam algo que eu não soube decifrar.

– Eu preciso ir, adorei a sua companhia Elizabeth – disse tentando parecer feliz e que foi um encontro casual.

Não queria que ele pensasse que eu marquei esse encontro com a sua mãe para fiscalizar a sua vida.

Levantei, fui ate o caixa, paguei o meu suco e sai do café. Somente quando sai, deixei as lagrimas caírem, enquanto andava de cabeça baixa e acabei esbarrando em Esme.

– Desculpe – murmurei levantando a cabeça pra ver em quem eu havia esbarrado

– Bella!? O que houve? – Esme perguntou preocupada.

– Nada- disse quase sem deixar a voz sair, aumentando o volume das lagrimas que escorriam pela minha face.

– Venha! Entre – Disse Esme me puxando para o seu consultório

Entramos e ela me fez sentar no divã enquanto chorava. Ela se sentou na poltrona ao lado e esperou eu controlar o meu choro.

Eu a conhecia desde que nasci. Esme era psiquiatra casada com Carlisle, meu medico desde que nasci.

Carlisle é, há anos, amigo do meu pai, Charlie, e por isso minha mãe, Renne, conheceu Esme.

Quando meus pais pais se casaram há 17 anos, Carlisle ainda era solteiro e se casou com Esme dois meses após meu nascimento, por isso meus pais não foram ao seu casamento.

Foi ela quem tratou da minha avó materna, Marie, ela teve depressão e há dois anos acabou se suicidando. Por isso tinha tanto medo por Edward.

Quando as lagrimas não mais caiam dos meus olhos, Esme me perguntou

– O que houve Bella? Você não chora a toa

– É complicado

– Eu posso saber?

– Sim! Há alguns meses, eu fiz uma coisa horrível

– O que?

– Eu criei um MSN, com outro nome e dizia ter 16 anos e não 14. Então eu conheci uma pessoa

– Uma pessoa?

– Sim, um garoto de 16 anos, que estudava no mesmo colégio que eu, mas eu nunca o tinha visto antes

– E você gosta dele?

– Muito, eu o amo, de verdade. E me sentia mal por ter que mentir, então resolvi contar a verdade, depois de um tempo em que estávamos conversando

– E o que aconteceu?

– Marcamos de se encontrar na praça central, contei a verdade e bom, ele não gostou muito de saber a verdade. Então eu nunca mais o vi, ate hoje, no café ao lado. Foi horrível

– Por quê?

– Bom, quando ele chegou ao café, eu estava lá conversando com a mãe dele. O pior de tudo era ouvir o que sua mãe me dizia sobre ele, o como ele mudou depois do que eu fiz. Eu sabia que ele tinha depressão, uma semana após ter contado a verdade. Acho que nunca me senti tão culpada em toda a minha vida. Nem quando a minha avó morreu

Eu tinha feito psicoterapia com a Esme, após a morte da minha vó. Meus pais pensavam que seria bom pra mim, já que se eu tivesse chegado na hora certa em sua casa e não duas horas depois, eu poderia ter evitado o suicídio.

Esme ficou me olhando de um modo diferente, como se soubesse antes mesmo de me ouvir contar a historia. Olhei para a janela e vi que já começa a anoitece.

– Eu acho que eu tenho que ir – respondi

– Eu te levo

Obvio que Esme me obrigou a ir com ela, durante todo o caminho ambas ficamos em silencio, logo chegamos a minha casa.

– Obrigada Esme

– Por nada Bella, se precisar sabe que pode contar comigo. Você sabe onde me encontrar.

Afirmei com a cabeça, em concordância, sai do carro e caminhei ate a porta. Assim que entrei ouvi meu pai falando com alguém no celular. Sua voz vinha da cozinha, certamente havia acabado de chegar e entrava pela porta da garagem, ouvi também barulho de sacolas, minha mãe devia estar chegando com o meu pai e havia ido ao mercado, droga, daqui a pouco algum dos dois deve me chamar pra eu ajudar a guardar as compras, logo hoje que queria ficar em meu quarto sozinha.

Subi as escadas pro meu quarto rapidamente, fechando a porta logo em seguida, larguei a bolsa em cima da cama e corri ate o banheiro lavei o rosto tirando as marcas do choro, e ouvi minha mãe abrindo a porta.

– Bella

– Oi mãe! - disse saindo do banheiro. Ela me olhou de cima a baixo.

– Você saiu?

– Sim, com a Alice e o Jazz

– Hum... Venha me ajuda a guardar as compras

– Claro já estou descendo

Ela saiu e foi ate o seu quarto, enquanto eu descia ate a cozinha.

Comecei a guardar as compras. Logo minha mãe vem me ajudar

Assim que terminamos, meu pai apareceu na porta da cozinha

– Tenho uma ótima noticia.

– O que? – minha mãe perguntou

– Vamos no sábado para a fazenda dos Hales

– Que ótimo! Não acha Bella? – se manifestou Renee

– Sim, isso é ótimo – respondi fingindo estar animada. A verdade era que nada me animaria, pelo menos, lá eu teria Rose, pra conversar e me distrair um pouco

Subi para o meu quarto. Assim que entrei ouvi meu celular tocar. Deitei na cama atendendo-o

Bella: Alô?

Oi Bellinha!

Pela voz animada, só podia ser a Alice mesmo. Era incrível como ela sempre estava animada e feliz

Bella: Oi Allie. Tudo bem?

Alice: Sim! E com você?

Bella: Eu estou bem - murmurei

Alice: O que houve?

Bella: Nada

Alice: Como Nada? Que voz é essa?

Bella: A minha

Alice: Você o viu não é?

Bella: Sim

Alice: E como foi?

Bella: Péssimo, quer dizer, foi bom vê-lo, ele continua lindo, mas ainda sim foi horrível

Alice: Por que?

Bella: Simples, eu estava conversando com a mãe dele. Isso realmente foi horrível e constrangedor

Alice: Eu acho que posso imaginar

Bella: E você o que conta?

Alice: Meus pais querem conhecer o Jasper

Bella: E?

Alice: E o que?

Bella: Isso não é bom?

Alice: É, acho, não sei. Eu tenho medo. Vai que eles resolvam fazer algo ou falar e eu passo a maior vergonha. Tem como imaginar isso? Vai ser o mico dos séculos.

Bella: E quando vai ser o grande dia em que o Sr. Brandon ira conhecer o seu genro?

Alice: Pare de graça Bellinha! Ele vai jantar sábado aqui em casa

Bella: Serio?

Alice: Não, virei comediante! É obvio que é serio. Eu vou morrer

Bella: Por que?

Alice: Eu não tenho nada para vestir.

Eu nem sei porque perguntei, era claro que sendo a Alice era faria um pequeno escândalo, falando que não tem roupa, sendo que seu closet era quase do tamanho do meu quarto e estava lotado

Bella: Fala serio Allie, você tem um monte de roupa

Alice: Qual?

Bella: Humm – comecei a pensar no closet da Alice, então lembrei me de um vestido que acho que ela nunca usou – Você tem aquele vestido verde que você comprou em abril. Aposto que você nunca usou-o

Alice: É verdade. Obrigada Bellinha você é demais

– Bella, venha jantar! – Renee gritou

Bella: Allie, eu tenho que desligar, minha mãe esta me chamando

Alice: Claro, ate depois

Bella: Ate. E depois eu quero saber como foi o jantar.

Alice: Pode deixar eu te ligo contando.

Depois que desliguei, joguei o celular na cama e desci jantar. Meu pai estava ouvindo a TV, que estava ligada na sala, pra variar estava na ESPN. Eu odiava aquele canal e pela musica deveria estar passando Sport Center. Minha mãe estava contando da nova coleção de alguma grife que chegou hoje. Eu fingia prestar atenção no que ela falava enquanto comia.

– Eu estava pensando em reformar ou redecorar a casa. O que vocês acham? – Comentou minha mãe

– Do que?

–Reformar ou redecorar a casa. Eu estava pensando em falar com a Cynthia

– Faça isso quando voltarmos – Falou meu pai, indo pra sala de TV

– Eu vou ligar pra ela – Comentou minha mãe, indo ate o telefone

– Eu vou arrumar as minhas malas – Disse levantando e subi para o meu quarto

Entrei no meu quarto, fechei a porta e segui ate o meu closet. Comecei a separar as roupas que iria levar pra fazenda colocando-as sobre o sofá que havia no meu closet.

Duas horas depois, minha mãe entra no closet

– Esta fazendo as malas, filha?

– Sim

– O que vai levar?

– O que esta no sofá

– Humm- resmunga minha mãe mexendo nas roupas que havia separado.

– Então o que acha? – perguntei, sabendo que possivelmente ela reclamaria das roupas

– Não é muita coisa?

– Não, eu acho que não. Nos vamos ficar lá uns 17 dias. – resmunguei

– Então ta

– Posso arrumar a mala agora?

– Pode. Eu falei com a Cynthia Brandon.

– E?

– Bom, eu comentei que queria reformar ou redecorar a casa

– E o que ela disse?

– Eu perguntei se ela estaria na cidade, depois que retornássemos

– E ela disse que não

– É. Como você sabe?

– Alice me contou e disse que só voltam dois dias antes de começar as aulas

– Sim, então deixamos pra setembro.

– Esta bem. Já sabe o que vai mudar?

– Não. Eu vou pedir algumas idéias pra Cynthia e vou ver uma decoradora que uma amiga minha falou hoje, quando foi na loja. E bem que você podia e nesses dois dias na loja me ajudar a arrumar a nova coleção.

– Ta posso ate ir, mas eu não vou atender cliente e nem ficar no caixa.

– Esta bem. Quando eu falei com a Cynthia, ela comentou algo sobre a Alice e um garoto, com quem ela estava namorando

– Jasper – comentei baixo.

– Como?

– Jasper – disse olhando pra ela, pela sua cara ela não entendeu – O namorado da Alice se chama Jasper.

– Jasper...

– Whitlock

– Ele é filho do banqueiro?

– Sim, é ele

– Hum... Bom, ela me disse que ele vai lá no sábado, jantar, pra eles se conhecerem

– É, eu sei, Alice me contou

– Eu imaginei, então e você?

– E eu o que?

– Serio Bella, conta pra mamãe. Você não tem nenhum namoradinho ou sei lá ficante?

– Não mãe – Respondi calmamente

– O Jasper não tem um amigo, ou quem sabe um melhor amigo, que possa te apresentar, assim quem sabe, virar o seu namorado?

– Não mãe, ele não tem um melhor amigo pra me apresentar e que possa virar meu namorado – Respondi amargamente, fechando a minha mala. As palavras dela me fez lembrar ele, e senti as lagrimas começarem a cair.

– Mãe, já esta tarde, e eu tenho que deitar, então é boa noite – disse tentando disfarçar o choro

– Boa noite filha – disse ela ao sair do meu quarto fechando a porta atrás dela.

Fui tomar um banho rápido, deixando as lagrimas caírem, quando foi deitar algumas ainda rolavam pelo meu rosto. Lembrei das palavras da minha mãe e dele.

“O Jasper não tem um amigo, ou quem sabe um melhor amigo, que possa te apresentar, assim quem sabe, virar o seu namorado?”

“Tanto faz... Mas eu já digo não dou nenhuma esperança... Isso que eu estou de bom humor hoje... E parem de ficar mandando cartas... E nem venham disser que não foram vocês porque todo mundo viu vocês com as cartas... Eu só peço pra que vocês parem de me perseguir que esta me irritando... Só isso... Já falei tudo que é necessário e já ouvi muita coisa, mas eu tenho mais o que fazer.”

Chorei mais ainda, abafando o som com o travesseiro. Chorei ate adormecer.