O diário de um garoto pensativo. escrita por Rachel


Capítulo 18
Capitulo 18 - Observações


Notas iniciais do capítulo

-



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/580599/chapter/18

Quando amanheceu, acredito que não tivemos problemas, eu havia dormido na mesma cama que o Smile, e com certeza alguém entrou no quarto para dar uma espiada, mas como tudo estava calmo quando eu acordei, deduzi que não tinha nada de errado.

Smile ainda dormia, me sentei na cama e acariciei seu cabelo, não imaginaria que só com uma caricia ele fosse acordar, ou já estivera acordado.
–Bom Dia... -Falei com a voz rouca-
–Oi. -Ele falou no mesmo tom-
–O que temos pra hoje?
–Café da manhã, e mais algo que podemos fazer. Sugestões?
–Hnm, não sei -Disse olhando meu celular, estava com novas mensagens- Recebi mais mensagens da Kel, acho melhor voltar para casa logo.
–Entendo, deve ser frustante para ela ficar sozinha.
–Ou talvez não, ela me odeia.
–Ah, que isso, ela é sua prima, é claro que ela gosta de você.

Suspirei e me levantei indo em direção a minha mochila, pronto para pegar meus pertences, tomar o café da manhã e ir para casa.

Após o café e de malas prontas, me despedi do Smile, sua mãe ainda estava dormindo, resolvi não incomoda-la. Me despedi e fui para casa. Não levou muito tempo para chegar, meus passos estavam longos naquela manhã, quando cheguei a Kel já estava acordada, jogada no sofá vendo televisão, quando me viu, pulou e correu na minha direção.
–Finalmente! -Ela gritou-
–Oi.
–Por que não me avisou antes que iria dormir fora? Fiquei na pura solidão aqui.
–Desculpa, foi algo meio de ultima hora, e também, por que você se importa?
–Não tinha ninguém para eu irritar ou zoar por ter revistas eróticas. -Ela dizia com um ar de tristeza-
–É, é, mas agora tem.

Ela me abraçou de um modo irritantemente fofo, comecei a perceber que ela sentia falta mesmo, não só por ficar solitária, mas por gostar de ter "eu" por perto. Era quase 12h, minha mãe estava em seu quarto mexendo no notbook com uma pilha de folhas jogadas em cima da cama, era algum trabalho que ela tinha que entregar na sua faculdade (Sim, minha mãe apesar de ser velha, estava na faculdade, resolveu colocar a vida em ordem depois de casada), estava frio, por isso fiquei na sala vendo tv junto com minha prima com um imenso cobertor nos enrolando, ninguém se manifestava a fazer nada.
–Amanhã é a última semana de aula, o que vamos fazer nas férias? -Kel me perguntou sem tirar os olhos da tv-
–Também não sei, pensei em passar no hospital para ver como está a Nyaru.
–Ela está bem, acredite.
–Bom, de qualquer forma, quer fazer algo hoje, ou prefere ficar mofando na frente da tv?
–Não é má ideia. -Ela riu- Está muito frio lá fora, aonde você pretende ir com esse vento?
–Ah para, nem está ventando tanto. Poderíamos passar no shopping, tomar um café, sei lá.
–Hnm... -Kel pensou um pouco, e em seguida jogou a coberta longe, nos deixando com frio- Pode ser, vou me arrumar.

Ela foi em direção ao meu quarto, e logicamente, eu também fui, as coisas delas ficavam guardadas em uma gaveta vazia minha. Abri meu armário na esperança de encontrar alguma roupa boa para sair, enquanto isso minha prima se trocava atrás de mim, eu havia sugerido que ela usasse o banheiro, mas ela retrucou dizendo que estava frio demais para sair do quarto quentinho. Resolvi usar uma blusa de linha cinza, com um jeans normal e um tênis da mesma cor que a blusa, não dava muita atenção para o cabelo com o azul pouco desbotado, o jeito bagunçado era o melhor. Quando me virei, a Kel já estava pronta, usando um vestido estilo princesa azul, um cachecol marrom, e botas pequenas de inverno. Fui até o quarto da minha mãe avisar que estávamos saindo, ela apenas concordou e tornou-se a focar em seu trabalho. Peguei as chaves e saí.
–Pretende comprar algo? -Perguntei-
–Bom, talvez. Estou levando um dinheiro aqui, caso eu encontre algo hiper mega ultra legal, eu compro.
–É, digo o mesmo.

Eu morava em um bairro onde quase tudo era junto, o centro era perto do meu apartamento então podíamos ir andando, era umas quatro quadras depois da onde eu morava. Chegamos no shopping que estava mais cheio do que o normal, talvez por ser frio, os casais iam aos cinemas, nas praças de alimentação, ou qualquer loja, só para se manterem aquecidos. Entramos já de olho nas lojas iniciais, que eram de celulares, e roupas femininas, a Kel já havia se encantado com as vitrines, ela sempre estava de olho nas tendencias.
–Ei, vamos olhar aquela loja ali! -Ela entrelaçou seu braço no meu, me arrastando para as lojas-
–Mas... mal entramos e você já vai entrar nas lojas? -Retruquei-
–Não seja tão chato Peter, depois vamos ver algo para você. -Ela continuou a me arrastar-

Por sorte, a loja tinha seção masculina, fui dar uma olhada nas roupas sem intenção de comprá-las, cada peça que eu via imaginava tanto eu quanto o Smile as vestindo, até pensei em comprar algo para dar de presente a ele, era o mínimo que eu poderia fazer.

Antes que eu me perdesse nas nuvens, Kel me encontrou e tornou a agarrar meu braço, me puxando para fora da loja, ela tinha uma expressão de angustia.
–O que foi? -Perguntei-
–Não posso entrar em lojas. -Ela dizia mudando sua face para uma expressão triste-
–Por que?
–É como tomar uma facada, você entra nas lojas, vê roupas lindas a ponto de se apaixonar por elas, daí quando vê o preço, desiste da vida.
–É por isso que você usa roupas de mendiga? -Caçoei-
–Ridículo! -Ela fez uma careta e em seguida riu-

Fomos até a cafeteria, havia várias opções, desde o café, á achocolatados, era meu lugar preferido. Fizemos nossos pedidos, peguei um chocolate amargo, e minha prima um cappuccino, nos sentamos nas mesinhas em frente.
–Eu adoro esse lugar! -Disse provando minha bebida quentinha-
–Sem dúvida é o melhor.
–Queria vir aqui todo dia.
–Queria morar aqui.
–Imagina que louco ficar preso dentro do shopping! -Disse imaginando mil situações-
–Iria ser muito louco, poder comer tudo, usar todas as roupas, fazer tudo!

Rimos das ideias malucas, e tornamos a beber. Quando percebi estava relembrando o que o Smile tivera me falado em relação aos meus sentimentos pela Kel, enquanto refletia sobre isso, fiquei a observando, nunca havia reparado em como os olhos dela eram lindos, seus cabelos longos com uma mistura de castanho e loiro eram suaves... Ela me olhou, e me pegou olhando fixamente para ela.
–O que foi? -Ela disse, estranhando-
–Ah... Não é nada. -Virei o rosto, meio corado-
–Você ficou vermelho, é alguma coisa, o que foi?
–Já disse, não é nada. Só estava pensando.
–No que?
–Não é da sua conta.
–Que grosseiro, eu que paguei as bebidas. -Ela dizia tentando me intimar-
–Ninguém mandou gastar seu dinheiro.
–Como ousa? -Ela se levantou indignada-

Tornei a olhar para ela, que estava brava. Comecei a rir de sua expressão, ela tentou ficar séria, mas não resistiu, começou a rir junto. Quando as risadas terminaram, olhei bem nos olhos dela, que respondia ao meu olhar. Assim, ficamos perdidos nesse mar de olhares.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O diário de um garoto pensativo." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.