Depois de todo o meu discurso, saio e caminho sem rumo até me deparar com um parque. Tiro meus saltos e sento no balanço, enfio os pés na terra e me lembro da última vez que vi meu pai.

Meus pensamentos disparam entre meu pai, Sara, Oliver e agora Thea. Perdi meu pai, na verdade ele nos deixou, o que não diminui a dor. Perdi Sara, que se tornou minha irmã. Perdi Oliver, mesmo que só por um tempo experimentei a dor. Não sei o que faria com mais uma perda, e sinceramente, não quero saber.

Não sei quanto tempo fiquei olhando para meus pés na areia e pensando. Alguém se senta no balanço ao meu lado, levando em consideração o tempo, ou é Dig ou Oliver.

– Oi Loirinha - Tenho uma vontade de me jogar em seus braços para sentir a segurança que só sinto em seus braços. A vida real dá um chute nos meus sonhos.

Ele não deveria estar aqui, deveria estar tentando impedir a irmã dele de se matar.

– O que está fazendo aqui? – Não deveria estar lá na Verdant fazendo a Thea desistir daquela ideia suícida? Oh desculpe, os Queen's não mudam de ideia, mesmo que possam morrer com isso. - Termino de falar com sarcasmo.

Ouço Oliver suspirar devagar, antes de começar a falar.

– Respondendo sua 1ª pergunta. Vim atrás do amor da minha vida, que por acaso, estava certa em tudo que falou, porém não me deu tempo de abraçá-la, beijá-la, dizer que a amo e pedir desculpas por todas às vezes que eu fiz isso. - Levanto a cabeça surpresa com suas palavras e dou um pequeno sorriso para ele. – Respondendo sua outra pergunta. Deveria, mas como você disse, quando tomamos uma decisão vamos até o fim, sem olhar ao redor, sem ver como afetam quem nos ama. Eu não a faria mudar de ideia, então torço para que ele não esteja lá. Também não posso perder mais ninguém.

Me levanto devagar do balanço. Acho que ele nem percebe como baixa a guarda quando está conversando comigo. Fico no meio de suas pernas, me inclino para frente e dou um pequeno beijo em seus lábios. Oliver levanta, segura minha cintura e aprofunda o beijo. Nos separamos para respirarmos e eu pergunto.

– Vai ser sempre assim né? - Vejo que ele ficou confuso. Explico. – Suas decisões, vão ser sempre assim.

Toda vez que ele tiver que tomar uma decisão eu serei deixada para trás. Para chorar, para sofrer.

– Não, não vão ser. Prometo Loirinha.– Ele diz confiante.– Eu não consigo pensar em magoar você, então... Daqui pra frente, vai ser diferente. - Diz e me beija novamente.

Calço meus sapatos e saímos do parque de mãos dadas, num silêncio acolhedor, estávamos caminhando quando o celular de Oliver toca.

– Oi Dig. - Dou um sorriso involuntário, como sempre ele está preocupado comigo.

– Estou. Mais ou menos. - Ouço ele responder.

Continuamos caminhando até que Oliver para de repente e por estar segurando sua mão, me choco com seu corpo, me viro confuso para ele.

Suspira, e dá meia volta para voltarmos.

Fico calada, porém continuo andando. A curiosidade me matando e eu me recuso a perguntar, até que Oliver cede.

– Pergunte Felicity. - Ele me diz.

– O que o Dig falou? Você está tenso e nós estamos voltando. - Pergunto mei com medo, já que ele não reagiu da melhor forma.

– Pediu que voltássemos para a caverna... - Sinto meus olhos marejarem. Ela está morta. Oh me Deus, eu perdi mais alguém de novo. - Calma. Não é nada com Thea e Roy, mais ou menos, não estão mortos se é isso que está pensando. Nyssa foi ao encontro de Merlyn e ai trazê-los. Provavelmente machucados.

Voltei a caminhar no modo automático. Minha cunhada e meu irmão caçula machucados. Meu Deus... Oliver quando lutou com Merlyn quase morreu, como estão Thea e Roy?

Meu coração aperta e mil coisas vem na minha mente. Será que eles tem ossos quebrados? Quantos? Perderam sangue? Quanto?

Passei o caminho todo imersa em pensamentos que nem vi quando chegamos, sento na minha cadeira e espero eles chegarem.

Ouvimos a trava e nos viramos para esperar descerem. Nyssa veio primeiro segurando Thea que estava desmaiada. Minhas pernas pararam de funcionar, meu cérebro mandava eu ir vê-la, minhas pernas não obedeciam. Oliver correu e a colocou na maca improvisada. Agora que eu vi essa outra maca. Ele e Lyla começam a cuidar dela.

Logo desce um homem segurando Roy, que tinha uma flecha cravada no ombro. Dig corre e o traz para a maca ao meu lado, ele me puxa pelo braço para começarmos a cuidar dos ferimentos de Roy. Retiramos a flecha e eu começo a lutar contra as lágrimas que insistiam em cair. Suturo os cortes e só então percebo que Roy está recebendo sangue. Olho confusa para Dig.

– Depois do que aconteceu com você, estocamos meu sangue, do Roy, da Thea e vamos fazer o mesmo com você e o Oliver. - Ele explica e eu assinto.

Terminamos de tratar Roy, me abaixo e dou um beijo em sua testa.

– Não ouse morrer. Agora que você virou meu irmão mais novo, eu não aceito te perder. Ainda tenho que te dar uma bronca em você e na Thea.

Então vou ver Thea. Ela tem marcas roxas no pescoço no formato dos dedos de Merlyn. A fúria me consome. Sinto os dedos de Oliver envolver os meus, meu coração aperta mais um pouco ao vê-lo com lágrimas nos olhos.

– Estou com medo. Pelos dois. - Ao vê-lo tão vulnerável, meu lado protetor aflora.

Me sento no seu colo e dou um selinho antes de falar.

– Não fique. Ela é forte e não vai morrer, os dois são.

Assim que termino de falar, ouço Merlyn rir e falar.

– Eles só estão assim por que ela é estupida igual o irmão. Ela vai sobreviver por que é uma Merlyn e o garoto... Espero que morra.

Antes que qualquer um fizesse algo me levanto do colo de Oliver e vou em direção a Merlyn, quando estou próxima o suficiente, dou um soco, me preparo para dar outro quando sou puxada para trás. O encarei com fúria e falei.

– É melhor mudar de ideia. Se o Roy morrer... Eu. Te. Mato. Você me ouviu?– Merlyn ri, me solto de Nyssa e me aproximo de novo dele. – Olhe nos meus olhos e me diga se eu estou brincando. Você não tem medo de mim? Se o Roy morrer... É bom ter.

Quando vejo que sou levada a sério, dou as costas me dando enfim conta da dor. Flexiono os dedos e mordo os lábios para não gemer de dor.

– Belo soco.– Ouço Nyssa elogiar com surpresa na voz.

– Concerteza.– Falam Dig e Lyla juntos.

Dou um sorriso para retribuir.

Oliver chega ao meu lado. E estende a mão.

– Vem. - Seguro sua mão e ele me puxa em direção as escadas.

– Aonde vamos?– Pergunto confusa.

– Colocar gelo na sua mão.– Responde e continuamos subindo, ou melhor, continuamos com ele me puxando.

Chegamos ao bar e Oliver continua me puxando para a parte de bebidas. Se vira,me pega pela cintura e me coloca sobre o balcão. Pela surpresa, grito, mas logo estou rindo e ele me acompanhando.

– Me dá sua mão.– Ele pede com carinho e eu estico a mão um pouco inchada. - Belo soco por falar nisso. - Dou risada sem graça. Eu não sei dar socos, o pouco que sei foi a Sara que me ensinou. – Aquilo que você falou para o Merlyn se o Roy... É verdade? - Pergunta sério.

– Sobre matar o Merlyn? Sim é verdade. - Respondo séria. – Eu não sei como, mas se o Roy morrer e ele já não estiver morto, eu vou matá-lo, vou vingar o Roy.– Digo e baixo a cabeça sem saber o que ele vai pensar de mim após minhas palavras.

– Ei. – Ele diz segurando minhas mãos e logo levanta meu rosto. – Ele vai ficar bem e você não vai precisar matá-lo.

Eu dou um sorriso para ele e há aquela eletrecidade está de volta entre nós. Não é hora e nem lugar, mas isso não quer dizer que é menos intensa. Ele se aproxima e nos beijamos. O beio logo está quente e suas mãos vão para minhas coxas e ele aperta, eu gemo e Oliver morde meu lábio inferior. Vai descendo beijos pelo meu pescoço, quando escutamos passos na boate, enterro meu rosto no pescoço de Oliver para que meu rosto diminua a vermelhidão.

– Thea acordou. – Ouço a voz de Dig e sinto que ele está sorrindo. Acho que pela forma que estamos, eu sentada no balcão com o rosto no pescoço de Oliver e ele no meio das minhas pernas, com as mãos nas minhas coxas.

– Já vamos descer. - Oliver diz de volta.

Esperamos o barulhos dos passos cessarem. Oliver me dá um breve e me tira do balcão. Descemos juntos.

Thea estava sentada na maca. Paro ao lado de Nyssa e observo os irmãos que se abraçam.

– Me desculpa Ollie...– Thea diz com a voz fraquinha e as lágrimas descendo pelo rosto.

– Está tudo bem Speedy, está tudo bem. - Ele a tranquiliza fazendo carinho nos seus cabelos.

– Não, não está se eu não tivesse pedido ao Roy que fosse comigo ele não estaria ali.– Aponta para a maca que Roy está deitado.– É minha culpa.

Você só pode estar brincando comigo.

– Arg!! Qual é? - Digo de onde estou, frustrada com ela. – Sério, vocês tem complexo de culpa ou o quê? - Pergunto olhando para os dois. – Não é sua culpa Thea. Roy foi por que te ama. A culpa é de Merlyn. Ele tentou te matar e Roy interviu. Se fosse ao contrário você faria o mesmo. Não vale a pena se culpar. Se a situação fosse comigo e com Oliver, ele não hesitaria em me defender e nem eu a ele. - Dou um sorriso para ela.

Thea assentiu.

– Sinto muito não ter te escutado e ter ido vê-lo. - Ela me diz e logo me lembrou de Oliver e sua mania de fazer besteiras e logo depois me pedir desculpas, dou um sorriso.

– Está tudo bem. Seu irmão também é cabeça dura. - Rimos juntas.

– Ei!? - Oliver falou fingindo estar ofendido. Rimos mais e Lyla e Dig nos acompanhou.

Nyssa pigarreou antes de fazer a pergunta mais importante da noite.

– O que vamos fazer com ele?– Pergunta apontando para Merlyn.

– Por mim mata.– Disse Thea seca, com os olhos brilhando de ódio.

– Por mim também. - Falei simplesmente.

Dig e Lyla trocavam um olhar e Dig deu o veredicto.

– Por nós também.– Dig falou.

Oliver assentiu concordando com nossa decisão. Antes de qualquer movimento, Merlyn levantou e pegou o arco de Nyssa que estava na mesa ao lado de onde ele estava preso.

– Ninguém vai me matar.– Ele falou apontando o arco para Nyssa.

Tudo o que minha mente via era Sara falando de Nyssa. " Ela me deu uma nova esperança. Posso não gostar de matar, mas... Ela é meu mundo, quando ela sorri... Tudo some, só existe ela e eu". Suas palavras me lembraram Oliver.

Entro na frente da mira do arco.

– Vai ter que atirar em mim para isso.– Falo decidida a dar minha vida por ela.

– NÃO! - Oliver gritou e deu um passo e minha direção. Ao ver seu rosto estampado com o medo, quase desisto da minha decisão, mas o rosto de Sara brilha na minha mente.

– Mais um passo e ela leva uma flechada. - Oliver para na mesma hora.

– Felicity... Não tem por que fazer isso.– Nyssa falou para mim.

– Tenho sim. Pela Sara.– Falo com meus olhos enchendo de água. – Por algum tempo ela foi como uma irmã. Fez muito por mim. Está na hora de retribuir, e que forma melhor seria se não ajudar a pessoa que ela mais amou.

Nyssa segura minha mão e me dá um sorriso lindo. E por um momento fui capaz de ver a mulher que Sara descreveu.

– Vá em frente Merlyn. - Declaro, preparada para tudo.

Quando tiro minha atenção dele, vejo Roy em pé ao lado do armário onde ficam as armas, próximo a maca. Aponta para Merlyn e atira.

– Ninguém machuca minha irmã mais velha. - Sorri para mim, retribuo e logo depois ele cai.

– Roy... - Thea fala e logo começa a chorar. Dig e Oliver correm para colocá-lo de volta na maca. Me viro e Nyssa me abraça, abraço de volta.

– Obrigada. - Sussura no meu ouvido.

– Sempre. – Sussuro de volta.

– Está morto. - Declara Oliver e enfim parece que podemos respirar normalmente.

Ele vem até mim e me dá um beijoque me pega de surpresa e que me deixa sem fôlego. Passa o braço pela minha cintura e se vira para Nyssa estendendo a mão.

– Eu vou te ajudar a lutar contra seu pai. - Me olha e volta a falar. – Acho que podemos dizer que isso é uma aliança?

Nyssa pega sua mão e balança confirmando o acordo.

– Sim Queen. Podemos dizer que isso é uma aliança. Obrigado Felicity, mais uma vez.

– Sempre que precisar. - Brinco e vejo que Oliver faz uma careta.

Nyssa está subindo as escadas quando tenho uma ideia.

– Nyssa? - A chamo.

– Sim? – Ela respondeu.

– Amanhã quero te mostrar algo.– Nyssa assentiu e saiu. E assim eu percebi que havia feito um novo laço, tão forte quanto com a Sara.

Oliver se vira para mim.

– Vamos ter uma conversa séria em casa. - Declara sério, eu coro, por me sentir constrangida por ter feito ele passar por isso.

– Eu sei, mas desde já. Eu faria tudo de novo. Pela Sara. - Digo com um pequeno sorriso.

Vamos em direção a maca onde Roy está deitado, mas está acordado.

– Eu não morri, está vendo? – Me pergunta debochado.

– Você que ousasse. - Digo.

– Fiquei sabendo que deu um soco em Merlyn. - Thea falou com um pequeno sorriso. Roy arqueia uma sobrancelha.

– Ele disse que queria que você morresse. - Lyla falou apontando para Roy. - E te chamou de Merlyn. - Apontou para Thea.

– Eu sou uma Queen. - Declara olhando e sorrindo para Oliver que retribui.

– Agora... Onde diabos vocês estavam com a cabeça que lutaram contra Merlyn? Queriam morrer?– Eu pergunto já alterada.

– Não. Eu perguntei e ele negou, perdi o controle. O xinguei e ele disse uqe era para respeitá-lo, que ele era meu pai, eu disse que meu pai era Robert Queen. Ele começou a me sufocar na parede e me deu um murro, começamos a lutar, ele me derrubou e me sufocou até que eu perdi a consciência.– Thea fala colocando a mão no pescoço. Oliver fica tenso ao meu lado.

– Thea me pediu 10 minutos à sós com ele, tempo depois, ouvi gritos e entrei correndo. Dois caras vieram na minha direção, lutei com os dois e os derrubei, mas apanhei mais do que gostaria. Cheguei até o lugar onde eles estavam, Merlyn me viu e a soltou, fui para cima dele e começamos a lutar. Ele disse que ia me matar, e eu disse que queria que a Thea matasse ele para me vingar, por que ela me amava, ele ficou furioso e me bateu, fiquei desestabilizado, quando voltei a mim, ele estava com o arco apontado para mim. Fechei os olhos e esperei ele soltar a flecha, ouvi dois gritos, o meu e o dele. Atrás dele a Nyssa estava com arco apontado para ele, e ele com o braço ferido. Logo apaguei.

– Thea! Sério? Ficar sozinha com ele? – Eu pergunto irritada. Ela abaixa a cabeça.

– Desculpa. - Pede igual uma criança pequena.

Ouço Dig rir.

– E eu que achei que ver a Barbie irritada assim só era divertido com o Oliver. - Todos rimos.

– É sempre assim? - Lyla pergunta rindo.

– Sim. - Eu, Roy e Dig respondemos.

– Não. – Oliver responde ao mesmo tempo nos fazendo rir mais um pouco.

O celular de Dig vibra e ele faz uma careta.

– Temos que ir. A Sara não quer dormir. - Todos rimos e logo se despediram, ficando só nós quatro na caverna.

Eu dou um bocejo e me encosto em Oliver.

– Temos que ir para casa. – Thea diz.

– Vamos. - Estendo a mão para o Roy.

– Hã? - Ele pergunta confusa.

– Você não acha que vamos deixar você aqui sozinho né? – Oliver pergunta debochado e o ajudando a levantar da maca.

Saímos os quatro juntos, ainda bem que eu e Oliver viemos no meu carro. Oliver foi dirigindo comigo ao seu lado e Thea e Roy no banco de trás. Chegamos ao apartamento e subimos. Acompanhamos Roy até o quarto. Ele olhou ao redor antes de nos olhar confuso.

– Eu vou dormir no quarto da Thea?

– Você prefere dormir comigo e a Thea com a Felicity? - Oliver pergunta irônico, eu e Thea rimos. - Não faça eu me arrepender Roy.

Dito isso me puxou para seu quarto e assim que fechou a porta, me pôs contra a parede e começou a me beijar.

Fomos tirando nossas roupas. Quando chegamos na cama, já estavamos nus. Oliver me deitou e ficou por cima de mim, segurou minhas mãos e foi me penetrando devagar, coloquei minhas pernas ao redor de sua cintura mas ele continuou os movimentos lentos e torturantes.

Ele se sentou me puxando, de forma que fiquei no seu colo, com uma perna de cada lado de seu quadril. Me movimentei também de forma lenta. Quando senti que estava chegando no êxtase, joquei a cabeça para trás com os olhos fechados.

– Abra os olhos Felicty. Eu quero ver seus olhos. - Oliver me falou com a voz rouca.

Forcei meus olhos a abrirem. E então chegamos ao êxtase juntos. Foi mais do que isso, foi além da ligação física, foi emocional.

Ele se deitou me puxando para seu peito, e logo dormimos.