The weight of us escrita por Last Rose of Summer


Capítulo 1
There's a cold heart burried beneath




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John lançou um olhar para Sherlock, que estava sentado na pequena mesa do apartamento que eles dividiam, ainda em pijamas, lendo alguma coisa no jornal. Uma vez que Sherlock raramente se interessava por política ou pelas notícias de celebridades como qualquer pessoa normal, John supôs que saíra alguma notícia sobre o caso não-resolvido mais recente, e Sherlock apreciava olhar os casos não-resolvidos do jornal ou que passavam na televisão e deduzir um culpado.

Essa era, basicamente, a única coisa que apreciava.

Há um coração frio enterrado abaixo;

— Bom dia — disse ao passar por ele, que não levantou os olhos do jornal nem respondeu. John imaginou se ele sequer escutara. Duvidava.

E sangue quente correndo profundamente;

John suspirou ao colocar a chaleira no fogo para fazer seu chá da manhã — com água para dois, uma vez que Sherlock provavelmente não comera nada desde que acordara se descobrira o jornal antes de fazer o café da manhã. Uma vez que não via nenhum copo usado ou prato sujo, supunha que não.

Ele podia não ser brilhante como Sherlock, mas aprendera algumas coisas com o convívio. Cada ação deixava pistas e, se não havia pistas, não havia ação.

John sentou-se de frente para Sherlock, enquanto esperava que a água fervesse, e apoiou a cabeça nas mãos. Ele encarou o jornal por alguns instantes, mas nenhuma das manchetes era interessante. Deixou seu olhar flutuar, então, para as mãos que seguravam o jornal, levemente inclinado, que tampava seu rosto até mais ou menos a altura dos olhos.

Sherlock possuía mãos grandes e firmes, e John frequentemente imaginava como seria tê-las passando pelo próprio corpo.

Segredos — são meus para guardar

Protegidos pelo sono silencioso;

A chaleira apitou. John balançou a cabeça para espantar os pensamentos da cabeça e se levantou para terminar com o café da manhã. Ele já sabia qual era o chá preferido de Sherlock, e qual era a quantidade de manteiga que ele gostava no pão. Foi até rápido. Na altura que ele terminou, Sherlock parecia ter saído do transe e lia alguma outra notícia — John ouvira-o, pelo menos, trocar a página do jornal.

John colocou o prato com o pão na frente de Sherlock e a xícara de chá do lado e sentou-se em seu lugar de sempre, em silêncio. Observou enquanto ele levava a xícara aos lábios sem levantar os olhos do jornal ou encará-lo. Suspirou.

Era em momentos assim que ele sentia tudo o que estava entalado em sua garganta subir para a ponta da língua, sentia seus sentimentos queimarem seu peito, apertarem sua respiração e revirarem seu estômago. Era em momentos assim, quando ele olhava para Sherlock de manhã, que ele desejava que Sherlock sentisse alguma coisa por ele — qualquer coisa — além da amizade limitada que ele podia oferecer.

— Sherlock…? — John chamou, a voz cheia de intenções. Lá estava a vontade de colocar tudo para fora, um embate entre o cérebro e o coração.

Eu não estou preparado…

Sherlock levantou os olhos muito verdes do jornal e lançou-os em sua direção. Não estavam exatamente vazios — não, os olhos dele eram sempre muito cheios —, mas estavam indecifráveis. Era impossível dizer o que estava ali, mesmo que você conseguisse encará-los por tempo suficiente.

— John? — ele chamou quando o silêncio durou mais que o normal. John suspirou. Não, não tinha coragem. Ele tomou um gole do chá, engolindo todas as palavras que estavam na ponta da sua língua.

— Nada, não.

Para o peso de nós,

Para o peso de nós,

Para o peso de nós dois….


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