Eu ainda estava temerosa demais para sair do hospital, no entanto, me dirigi a saida quase que arrastada por minha consciência, Lissa havia me mandado uma mensagem a pouco dizendo que iria visitar Dimitri no hospital com alguns colegas da escola, eu não respondi e sabia que ela interpretava meu silêncio como uma forma de aprovação.

Um calafrio esquisito percorreu minha espinha enquanto eu caminhava pelos diversos tumulos espalhados e uma sensação incomoda de estar sendo vigiada tomou conta de mim.

"Imagino que sua consciência falou mais alto." - Ouço a voz de Raquel

Não me viro, apenas continuo andando procurando seu nome em alguma lápide, por fim a acho, não foi tão dificil já que a lapide de Raquel estava ao lado de nosso pai. Raquel sempre havia sido a filha rebelde e dificil, não eu, eu sempre gostei mais de ver filmes, fazer coisas caseiras e me dedicar em vários projetos na escola, já Raquel se metia em todos os problemas possiveis para uma garota de quinze anos, o humor irônico e acido de Raquel estava presente na essência dela, no entanto, sua morte parecia ter piorado tudo.

–Eu não sei o que fiz para você me odiar tanto. - Digo

"Você vai se lembrar."

–Sinto muito, eu realmente queria me lembrar.

"Eu te odeio, e você não está longe de descobrir o porque." - Ouço sua voz próxima demais de meu ouvido.

–Porque você ainda está aqui?

"Reformulando a pergunta: você quer saber porque eu ainda estou aqui te atormentando?" - Ela pergunta sarcastica

–Você não conseguiu encontrar a luz?

Ouço a gargalhada de Raquel e olho para os lados apenas para ter certeza que estou sozinha conversando com minha irmã morta.

"A luz tem medo de mim Rose."

–O que quer dizer com isso?

"Quero dizer que quando você abre uma porta para a escuridão entrar, não há como fecha-la."

–Eu não entendo...

"Claro que não, você é uma ladra idiota." - Ela cuspe as palavras com rancor só para depois eu escutar seu gemido de dor.

–Raquel?

Silêncio

–RAQUEL? o que você quis dizer com ladra?

Mais silêncio.

Eu passo a mão pela lápide esculpida de minha irmã "Raquel Cristina Hathaway 1998 - 2013 Uma boa filha, uma boa irmã, uma péssima bruxa." Eu pisco algumas vezes e enfrego meus olhos voltando a olhar e ler a lápide e me assusto ao ver que "Uma péssima bruxa" desapareceu.

–Estou a cada dia mais louca. - Sussurro para mim mesma

A dor na minha cabeça começa em niveis extremos tão rapidamente que solto um grito agudo enquanto sendo de bunda no chão levando minhas mãos a cabeça procurando de alguma forma fazer a dor repentina parar.

Sussurros começam, imagens distorcidas dançam na minha mente de forma desenfreada.

–Ladra! me devolve! - Ouço o grito de Raquel.

–Não posso! não sei como fazer isso! - Ouço minha própria voz retrucar desesperada

–Isso é meu! você não pode roubar isso de mim também! você já roubou Dimitri...

–Raquel acorda! você é uma criança não faz ideia do que está falando.

–Rose me devolve agora, isso é meu!

As vozes mudam e tudo parece um grande disturbio de confusão.

–Sinto muito por isso Raquel, eu não queria te matar você está me obrigando.

–É você quem está me caçando? como pode fazer isso- Ouço a voz furiosa de Raquel mas no meio de tudo consigo identificar algo, magoa.

–Eu não queria chegar a esse ponto, mas você infectou a sua irmã, e agora vou ter que matar as duas! - Ouço a voz distorcida novamente

–Porque está fazendo isso? - Ouço a mim própria berrar enquanto choro. -Raquel, vamos sair daqui!

–Não! eu preciso ficar. - Implica Raquel

–Eu avisei.

Tão repentinamente quanto começou a dor de cabeça se esvai, e eu me vejo com os olhos lacrimejados e com uma dor tão dilacerante no meu peito que quase me ponho a chorar descontroladamente. O assassino de minha irmã estava atrás de mim, e ele iria atrás de Dimitri também assim como de Lissa, e nesse momento ambos estavam no hospital.