Spirit Bound - o Recomeço escrita por Bia Kishi


Capítulo 23
Capítulo 23 - Sentimentos Estranhos


Notas iniciais do capítulo

Eu senti o poder queimando minha pele e senti todo o conforto e carinho daquele toque, mas não quis me virar. Eu sabia que não era Mason porque eu conhecia o toque frio dele. Sabia que não era nenhum dos meus amigos “vivos” porque eles não eram assim tão poderosos e eu sabia que não era Dimitri, porque eu conhecia bem demais o tamanho da mão dele. Resumindo, eu não fazia idéia de quem era, e naquele momento, eu nem sabia se queria descobrir.



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Meus pés pareciam não querer andar um na frente do outro. Tudo que eu conseguia pensar era que queria voltar lá, me jogar nos braços de Dimitri e dizer a ele que eu não desistiria dele, nunca. Eu não fiz isso, não adiantaria. Algumas coisas devem ser percebidas sem serem mostradas. Dimitri agora era um Strigoi, algo proibido, algo errado; eu precisava enfiar isso em minha cabeça de uma vez por todas e entender que a única maneira de ficarmos juntos era ajudá-lo a voltar a ser o velho Dimitri, e isso não seria fácil.

          Segui para dentro do hotel, sem olhar para trás, eu não poderia se quer inclinar minha cabeça, ou tudo estaria perdido.

              Respirei fundo e andei até o meu quarto. 

              Quando estava bem no meio do corredor, Lissa abriu a porta.

-         Rose! - Lissa gritou, correndo em minha direção.

          Eu a abracei o mais apertado que meus hematomas permitiram e a segurei junto á mim.

-         Liss! Quem bom que você está bem! Que bom que nada aconteceu á você!

          Lissa não parava de me apertar e pular e gritar e eu não queria dizer a ela o quanto tudo aquilo contribuía para minhas dores, porque era uma demonstração de que ela me amava e isso era algo de que eu realmente precisava.

          Logo atrás de Lissa, uma voz me confortou ainda mais.

-         Se continuar apertando Rose assim, Princesa, vai deixá-la mais machucada do que já está.

-         Stan!

          Lissa me soltou no mesmo instante e eu me joguei nos braços de Stan.

-                  Hey Hathaway, assim as pessoas vão começar a achar que você sentiu a minha falta!

Eu já estava tão ferrada que apenas admiti.

-                  Eu senti!

Stan me segurou junto á ele o mais apertado que pode, tanto que eu quase não consegui respirar. Apesar disso, ele não me machucava. Seu jeito de me abraçar era consolador e confortável. Deixei que minha cabeça descansasse no peito do guardião.

            Stan beijou o topo da minha cabeça e sussurrou bem baixinho:

-                  Também senti, Rose.

Um limpar de garganta insistente cortou o pouco de sentimento que começava a nascer entre Stan e eu.

-                  Todos ganham abraço, Little Dhampir, menos eu?

Eu me virei na direção da voz. Adrian.

            Ele abriu os braços e eu caminhei até ele.

-                  Adrian, você não existe!

Depois de cumprimentar abraçar todos – incluindo Christian Ozera – eu enfim pude entrar em meu quarto e relaxar um pouco.

Quando a porta se fechou atrás de mim e eu me vi sozinha, não resisti. Ajoelhei em frente á cama e me debulhei em lágrimas – como eu iria resolver tudo? Como eu faria para conseguir resolver todas essas coisas? Eu era só uma garota boba que tinha acabado de passar pela adolescência. Eu queria colo. Eu queria a minha mãe – não na verdade eu não queria, Jeanine Hathaway sem dúvida não era alguém que eu gostaria que me visse naquela situação.

Enquanto as lágrimas caiam dos meus olhos e inundavam o tecido da colcha, uma mão pequena e frágil pousou em meu ombro.

Eu senti o poder queimando minha pele e senti todo o conforto e carinho daquele toque, mas não quis me virar. Eu sabia que não era Mason porque eu conhecia o toque frio dele. Sabia que não era nenhum dos meus amigos “vivos” porque eles não eram assim tão poderosos e eu sabia que não era Dimitri, porque eu conhecia bem demais o tamanho da mão dele. Resumindo, eu não fazia idéia de quem era, e naquele momento, eu nem sabia se queria descobrir.

Continuei com o rosto enterrado na colcha e tentei sentir melhor. A mão não se movia. Ficava ali, parada na minha pele, transmitindo um turbilhão de sentimentos e sensações.

Lentamente, a curiosidade me vez virar.

A figura era clara e brilhante, como uma visão, embora eu pudesse vê-la sorrir para mim. Os cabelos eram longos e escuros, caindo em mechas até a cintura. Ela usava um vestido branco e sua pele era tão fina e delicada que parecia feita de cetim. Uma garota. Jovem. Menos de quinze anos.

A garota sorriu, e retirou a mão do meu ombro bem devagar.

-                  Que... Quem é você? – eu gaguejei

Hey, não me culpem! Dadas as ultimas circunstancias da minha vida, ela bem que poderia ser um tipo de bruxa, ou fantasma.

A garota sorriu mais. Seu rosto era bonito, tão iluminado que chegava dar vontade de chorar.

-                  Eu vim para te ajudar, Rose Hathaway.

Eu engoli em seco – mais um fantasma me faria surtar, sem dúvida!

A garota sorriu novamente.

-                  Eu não sou um fantasma Rose. Eu estou viva.

Eu a encarei com cuidado.

-                  É sério! Eu estou viva. Só não estou aqui de verdade. Eu sou uma usuária do espírito, como Adrian e Lissa.

Engoli em seco novamente.

-                  Vo... Você conhece Adrian e Lissa?

A garota andou pelo quarto como se nada tivesse acontecido e sentou-se em minha cama, ajeitando o vestido.

-                  Tecnicamente. Não!

Eu me sentei ao lado dela.

-                  E por tecnicamente, eu devo supor que você os visitou, como fez comigo agora.

-                  Algumas vezes.

-                  Porque? O que queria com eles?

-                   Nada demais. Apenas entender. Entender meus poderes, entender os poderes dos outros. Na verdade, foi meu tio quem pediu. Ele quer ajudar você.

-                  Quem é o seu tio?

Ela se levantou e caminhou até o espelho, olhando-se nele em todas as posições possíveis.

-                  Sabe que sempre me disseram que você era curiosa?

-                  Quem disse? – eu  surtei.

Levantei do chão e segurei a figura da garota pelos ombros, em frente ao espelho.

Ao invés de ficar brava, a garota sorriu novamente. Segurou meu rosto e virou-o de forma que eu visse nosso reflexo no espelho.

-                  Vê como somos parecidas? – sim eu via, mas não queria admitir.

-                  Eu sempre quis conhecer você, Rose! Sempre soube que seriamos grandes amigas!

Eu sorri. Aquele rostinho de anjo e aquele sorriso sincero quebravam qualquer coração. Até o meu.

-                  Isso mesmo Rose! Você fica muito mais bonita sorrindo. Meu tio sempre disse isso! Ele sempre disse que você tinha o sorriso da sua mãe!

Minha mãe. Por um momento eu suspirei fundo e procurei as semelhanças. Não eram muitas, mas eu sabia que no fundo, me parecia com Jeanine Hathaway. Uma lágrima rolou sem querer.

Eu suspirei fundo novamente e afastei os pensamentos tristes – se é que sobraria algum!

-           Como pretende me ajudar? E quem é seu tio?

-                  Vou te mostrar o caminho Rose. Na hora certa, você vai saber o que fazer.

A garota me abraçou e desapareceu entre meus braços.

Não era um problema para mim, ver mais um fantasma – ou o que quer que fosse a tal garota – mas algo nela me intrigava. Eu só não conseguia saber o quê.

Tirei minha roupa e liguei o chuveiro – fosse o que fosse, poderia esperar até que eu tomasse um banho decente.

Analisei cada um dos meus hematomas e arranhões e descobri que o sangue de Dimitri era realmente forte – quase não se podia nota-los, embora ainda doessem um pouco.

Desliguei o chuveiro, penteei meus cabelos e vesti um roupão do hotel. Quando abri a porta do banheiro, Stan estava lá. Sentado na poltrona, com os braços cruzados sobre o peito e um sorriso de deboche nos lábios.

-                  Então Hathaway, como foi o passeio?

-                  Que passeio? – eu desconversei.

-                  O que você deu com nosso amigo Strigoi, é claro.

Eu me aproximei mais dele e joguei o cabelo para trás, espirrando água no rosto de Stan.

-                  Para sua informação, guardião Alto, eu estava seqüestrada. Contra minha vontade, caso não se lembre.

Stan riu. Não uma risada qualquer e sem vontade, uma risada profunda e sensual que iluminou todo o seu rosto.

-                  Ah é claro! Eu acredito!

-                  Não seja bobo, Stan! – eu provoquei.

Stan segurou meus pulsos com as mãos. Seus dedos eram tão longos que deram a volta fácil, como duas algemas.

-                  Então não me faça de bobo, Hathaway!

Por alguma razão que eu desconheço, o toque de Stan acelerou meu coração. Eu fiquei meio sem saber o que responder, ou em que direção olhar; e ele fez o mesmo. Dei uma tossida e limpei minha garganta, olhando para o chão.  No mesmo instante Stan soltou meus pulsos e esfregou os olhos com as mãos.

-                  Eu... Eu... 

Enquanto as palavras saiam da boca dele, pensamentos sem nexo passavam em minha cabeça. Eu não tinha idéia do que esperava ouvir de Stan, mas meu coração estava acelerado. Então ele continuou a frase:

-                  Trouxe o seu café!


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