Alleine In Die Nacht escrita por Maty


Capítulo 7
Capítulo 7 - Not my home




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-Batimentos fracos. – uma voz desconhecida gritava em meu ouvido, sentia o balançar inconstante e o barulho de carros do lado de fora. Alguém pressionava meu peito e soltava ar em minha boca, me obrigando a continuar respirando.

 

   Mas eu não queria! Eu quero estar com o Tom! Procurava ao meu redor, mas era tudo escuro. Estaria ele ao meu lado nesse exato momento? Estaria ele me esperando para seguirmos adiante juntos? De repente tudo se tornou estranhamente silencioso, os carros, as vozes, meu coração, tudo havia cessado e eu me senti leve.

 

-Parada cardíaca! Carregar! – senti um formigamento no peito, e então os batimentos de meu coração se tornaram audíveis novamente. – Fique conosco, garoto.

 

-Ele está bem?! Ele está bem?! – minha mãe gritava. Estava chorando. “Mamãe... Eu sinto muito. Sou um péssimo filho por fazê-la sofrer assim.”

 

-Batimentos cardíacos estabilizados, mas temos que fazer alguns exames antes de comprovar se houve algum dano ao cérebro ou ao organismo.

 

      Escuridão.

 

-Bill? – era Gordon, senti uma mão pegando na minha. Olhei ao redor completamente desconcertado. A claridade repentina machucava meus olhos. – Vocês nos deu um baita susto! – tentou sorrir, sem muito sucesso.

 

-Eu não... Eu não morri? – foram as primeiras palavras que consegui pronunciar. Não sabia dizer se estava desapontado ou não com tal fato.

 

-Claro que não! – exclamou. – Sua mãe ficou desesperada, aliás, ainda está! Isso não foi responsável. Acho que você esqueceu de pensar do nosso lado. Imagina como seria horrível pra gente te perder assim? Tão pouco tempo depois do Tom?

 

-Eu sei... Desculpe. – virei o rosto, com vergonha de encará-lo nos olhos. – Onde está a minha mãe?

 

-Foi tomar um café, deve voltar a qualquer momento. – se sentou em uma poltrona ao lado da minha cama, parecia cansado.

 

-Eu não devia ter feito isso. – sussurrei depois de alguns poucos segundos em silêncio, me sentia horrível. Tentar me suicidar... Eu realmente cheguei a esse ponto? - Não estava pensando direito. Tom ficava gritando em minha cabeça, eu queria estar com ele novamente.

 

-Seu irmão nunca desejaria que você tirasse sua própria vida dessa maneira. – era minha mãe, me virei e a encarei com olhos culpados. – Mas não se preocupe com isso, logo vai acabar. – sua voz era dura.

 

-Os médicos acharam meu problema? Eu vou parar de ouvir a voz de Tom?! – sentei na cama. Por um lado sentiria falta disso, bem no fundo sabia que tinha medo de esquecer como era o som de sua voz, mas era doloroso demais continuar ouvindo suas palavras ásperas e indelicadas.

 

-Não se preocupe com isso agora, ok? – beijou minha testa. – Só fique bem logo para sairmos desse lugar. – sua voz era macia e aconchegante novamente. Exatamente como a voz de uma boa mãe deve soar.

 

    Dois dias se passaram, devagar e ao mesmo tempo em um piscar de olhos. Não ouvi mais a voz de Tom em minha cabeça, mas ele invadia meu sono todas as noites. Às vezes eram sonhos, outras, pesadelos, mas seu rosto estava sempre presente. Os exames deram normais e eu finalmente tive alta.

 

-Para onde vocês vão depois daqui? – perguntei me referindo á Georg, Gustav e Andreas que esperavam em um pequeno sofá no canto do quarto enquanto eu fechava meu casaco, aliviado de finalmente deixar o lugar que me trazia tantas más lembranças.

 

-Prometi á Cindy que ia visitá-la hoje. – Georg disse, parecia estar me escondendo algo. Sorriu mesmo assim.

 

-Andreas?

 

-Eu tenho que voltar á aula, cara.

 

-Gustav? Por que não vem para minha casa? Posso pedir para minha mãe fazer aquele bolo que você gosta. – sorri. Gustav baixou a cabeça, evitando meu olhar.

 

-Eu disse á minha irmã que a levaria para almoçar fora. Desculpa. – disse quase que em um sussurro, se não estivesse tão atento ás suas palavras provavelmente não entenderia.

 

-Hum...Ok, então. – dei de ombros. Andei pelo corredor e me encontrei com meus pais no saguão do hospital. As portas eram de vidro e eu podia ver a multidão do lado de fora.

 

   Não era surpresa que a notícia de minha internação causou um alvoroço enorme, principalmente na Alemanha. Proibi o hospital de divulgar qualquer dado sobre a razão da minha internação e por isso a mídia se agarrava a fofocas, a maioria de depressão ou anorexia. O que não era surpresa, já que eu havia perdido muito peso e tinha a aparência extremamente abatida. Não gostava de ter minha vida exposta ou mentiras ditas sobre mim, mas não havia nada que pudesse fazer para impedir tudo isso de acontecer. Afinal de contas, essa foi a vida que eu mesmo escolhi. Acenei para Georg, Gustav e Andreas que ficavam para trás enquanto seguia meus pais e Gordon na direção do carro. 10 seguranças já preparavam o caminho para passarmos.

 

-Espera! – Georg exclamou, parei e me virei. – Você... Você sabe que é muito importante para mim, certo? – estreitei os olhos, confuso com suas palavras. – Quer dizer, dividimos tantas coisas juntos que é difícil me imaginar sem você! – sorriu, poucos segundos depois me abraçou forte. – Nunca mais repita essa besteira! Não me deixe preocupado! Eu realmente te amo, sabe? È um de meus melhores amigos.

 

-È... Concordo com tudo que ele disse! – Gustav exclamou por trás de seus óculos.

 

-Você sabe que eu também te amo, não sabe?! – Andreas sorriu mexendo em seu cabelo loiro.

 

-Vocês também são muito importantes para mim! – exclamei, forçando um sorriso aos meus lábios. Já estava a quase 5 dias sem ouvir a voz de Tom, tinha meus pais e meus melhores amigos ao meu lado. As coisas finalmente estavam voltando aos seus respectivos lugares, e talvez já estava na hora de eu voltar para o meu lugar também, mesmo sabendo que o lugar ocupado por Tom permaneceria para sempre vazio. – Até mais! – acenei.

 

     Passei pelos jornalistas, paparazzis e fãs com a cabeça baixa. Ainda não estava bem o bastante para encarar tantos flashes e perguntas com a cabeça erguida e o orgulho de antes. Entrei no carro apressado logo atrás de minha mãe, a porta se fechou atrás de mim e eu me agarrei á ela deitando minha cabeça em seu ombro. Gostava de seu cheiro. O balançar do carro e a conversa monótona que acontecia entre meu pai e Gordon no banco da frente foram aos poucos obrigando meus olhos a se fecharem.

 

-Bill, querido, acorde. – mamãe me balançava de leve.

 

-Mas nós não estamos em casa ainda. – olhei ao redor confuso e instantaneamente levei as mãos aos olhos, mas logo as afastei, lembrando que não podia borrar a maquiagem. Chacoalhei a cabeça e estiquei os braços esperando que isso fosse o bastante para afastar a sensação de preguiça e moleza.

 

-Eu sei que não. – sorriu amargamente. – Anda, desça do carro. – pediu.

 

-Onde nós estamos? – perguntei abrindo a porta e saltando para fora. O lugar era uma enorme construção branca, sem muitas cores e rodeada por uma enorme quantidade de árvores. O ar era fresco e consideravelmente mais agradável que o do hospital. Ouvi o barulho do porta malas sendo fechado e olhei para trás, quando a grande placa finalmente chamou minha atenção. – Hospital Psiquiátrico...?


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