POV Alba

O quartel francês era um verdadeiro castelo lotado de vampiros, para onde eu olhasse havia um vampiro de olho em mim. Klaus me guiou até uma sala onde havia uma grande mesa, acho que era a sala de jantar da casa, se sentou na cabeceira e juntou os dedos me encarando, tirei meu casaco e o coloquei em cima de uma das cadeiras.

–Tudo bem, pode me falar agora, aqui não seremos perturbados. –Ele falou todo autoritário comigo e eu não gostei nem um pouco, quando ele souber da verdade talvez entenda bem o por que que eu não gosto que mandem em mim.

–Ok...-Respirei fundo. –Esther me trouxe de volta...por que sou sua irmã.

Ele me olhou com indiferença, por alguns minutos ficou me olhando e depois caiu em um riso.

–Irmã? Mas o que será que minha mãe está pensando? Primeiro traz o meu pai biológico e agora uma irmã? Não vai me dizer que você é a Freya. –Ele perguntou e eu neguei com a cabeça.

–Não, já lhe disse que me chamo Alba. Mas pode ficar tranquilo que eu não sou sua irmã por parte de mãe, sou sua irmã por parte de pai. Ansel era meu pai também, muito antes de você nascer. –Respondi cruzando meus braços e ele me encarou pensativo.

–Então minha mãe acha que você pode me fazer mudar de ideia e aceitar a proposta dela?

–Acha, mas eu não vou fazer isso. Quem sabe da sua vida é você e não eu, se você quiser mudar ninguém ira lhe impedir, e se quiser ficar assim ninguém ira contestar. –Respondi e ele deu um sorriso meio torto.

–Então por que você queria me ver?

–Você é meu irmão caçula, queria ter rever depois de tanto tempo.

–Você sabia da minha existência? –Ele arqueou uma das suas sobrancelhas. –Ansel lhe contou?

–Contou, eu sabia de você. –Respondi sorrindo e ele fechou a cara.

–Por que nunca veio até mim, por que nunca quis se aproximar de mim? –Ele perguntou como se eu tivesse tocado em uma ferida dele, respirei fundo e pensei bem na minha resposta.

–Ansel nunca deixou. Disse que sua mãe não queria qualquer tipo de comunicação de você com os lobisomens, mas isso não me impediu de ficar lhe observando as vezes e até de te ajudar uma única vez, quando você era um garotinho de apenas 6 anos de idade. –Falei e ele suspirou pesado.

–Como assim?

–Você não se lembra? Você era só um garotinho quando treinava com facas em arvores a mando de seu pai adotivo...Mikael, certo? Enfim, você jogou a faca muito alto e não conseguia tria-la da arvore, foi ai que eu apareci, tirei a faca para você e lhe entreguei, eu tinha uns 12 anos na época e não via a hora de poder conversar com meu irmãozinho no mínimo uma vez. Nós passamos a tarde conversando, você era muito ingênuo e me contou muitas coisas...nos divertimos conversando, mas seu pai adotivo gritava por você e então você teve que ir embora, desde então nunca mais nos encontramos mas eu sempre estava a observar você, e na noite que Mikael descobriu que você era filho do Ansel...ele nos matou, me matou na frente do nosso pai, arrancou meu coração fora e me jogou no chão como um pedaço de carne, ele parecia um demônio pior que os lobisomens. Ai a poucos meses eu fui trazida de volta por Esther, criei minha própria alcateia e vivemos em paz com os outros seres. –Falei e ele abaixou a cabeça e depois a levantou com um sorriso bem diferente, não era de felicidade, era algo maligno.

–Mesmo se isso for verdade, eu não quero mais nenhum irmão. –Ele cuspiu aquela palavras pra mim. –Eu já tenho dores de cabeça o suficiente com aqueles que eu tenho, então não ache que vai conseguir alguma coisa me dizendo isso ok?

Comecei a sorri, como aquele menino havia mudado...

–Quer saber? Eu não estou nem ai para o que você pensa, eu só lhe disse o que você queria saber, se você não quer mais um irmão o problema é eu, mas eu não vou deixar de existir por um querer seu! –Me aproximei dele e ele estreitou seu olhar a mim. –Você pode mandar nos seus subordinados ou nos idiotas dessa cidade, mas em mim e em meus lobos você não manda. Todos eles são bem treinados e sabem ser leais, você esta perdendo uma peça que seria muito importante para o seu jogo, os lobos minguantes não são lobos comuns, nós sabemos controlar nossa transformação sem precisar desse tais anéis da lua. E quer saber mais? Isso não tem nada haver com sua vontade de não querer um irmão...

–Cale essa boca antes que eu arranque sua língua fora! –Ele rosnou pra mim e eu sorri.

–Então venha. Eu não tenho medo de você Klaus. –Dei as costas para ele e peguei meu casaco. –ISSO TEM HAVER COM O SEU MEDO COVARDE DE TER UMA FAMILIA!

Ele me olhava pasmo.

–Você não significa nada pra mim, não fale comigo como se fossemos próximos!

–Pode até ser, mas por que você não quer. Eu posso ser sua irmã, lhe dar uma verdadeira família, mas basta você querer garoto.

–Esqueça isso.

–Quando você achar que está preparado para me ouvir, me procure. Você agora não passa de um garoto com medo da própria família. –Ele me encarava com muita raiva e eu sabia disso, mas não iria deixar aquele moleque me botar medo, sai dali e me transformei, corri em direção da mata com minha consciência limpa, ele ainda vai vir atrás de mim.