Ela te ama, idiota! - Perina escrita por Bel


Capítulo 2
Eu não queria estar aqui


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem



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Não demorou muito para chegarmos. Avistei o lugar bastante iluminado e chamativo, cheio de pessoas em uma fila enorme para entrar.

– Eu não acredito que vamos encarar essa fila, preferia ficar vendo filme em casa. Vamos embora, ainda dá tempo de pegar o início da Câmara Secreta. – Supliquei para Bi, mas não adiantou.

– Nós vamos passar na frente de todas essas pessoas, relaxa. – Minha amiga linda e louca saiu andando, passando por todos da fila. Alguns reclamavam, e eu apenas a segui. Chegando perto da entrada da boate havia dois seguranças grandes e mal encarados. Bi mostrou a eles uma espécie de convite, sei lá, um envelope amarelo que continha nossos nomes e sei lá mais o quê.

– Podem entrar. – Um dos seguranças disse, agora todo simpático.

– E aproveitem a noite. – O outro grandalhão disse.

– Ah, claro que eu vou aproveitar. Estou aqui sob protesto, não é um dos meus melhores momentos na vida. Eu queria estar assistindo ao Potter na minha casa, tomando sorvete e comendo pizza, mas não, estou aqui, claro que eu vou aproveitar. – Eu resmungava, já dentro da boate, e Bi não ouvia, devido à música muito alta, MUITO mesmo.

– Olhe ali perto do bar! São os meninos. – Ela gritou perto de mim para que eu pudesse escutar, e depois acenou na direção de alguns garotos bonitinhos. Bem, bonitinhos é apelido, porque né... Uau,eles eram gatos demais. Todos eles.

Eu conhecia pela tv e revistas esses garotos do McFLY, mas nunca soube exatamente muita coisa sobre eles. Acho que são só mais uma bandinha, garotinhos com rostos bonitinhos e por quem as meninas babam. Devem ser chatos, metidos e vazios por dentro. Típico.

Minha amiga andava em direção aos garotos e eu a seguia. Prestei atenção um pouco no local em que eu estava: a boate era sensacional, tinha um jogo de luzes incrível, pessoas bonitas por todos os lados, a música alta que tocava era muito boa. Se eu estivesse em um dos meus dias normais e felizes, eu estaria louca pra me jogar na pista de dança e dançar até amanhecer com o meu namorado... Namorado...Victor. Ao me lembrar de novo dele, uma pontada atingiu meu peito e eu tive vontade de chorar. Eu queria estar com ele agora, apesar dele ser um tremendo idiota. Por que ele tinha que fazer isso? Estava tudo tão bem do jeito que estava.

– k. k. Acorda menina. – Saí de meus pensamentos com Bi me chamando. Ela me encarava de um jeito preocupado. Vi outros rostos me encarando também. Eram os tais do McFLY.

– Oi, eu estava pensando em algumas coisas, me desculpem. – Tentei sorrir, mas não consegui. Afinal, eu não tinha nem motivos para isso.

– Ela anda meio avoadinha assim mesmo, desculpem. –Bi disse.

– Mas então meninas, sentem-se aqui com a gente. – Um dos meninos que eu não sei quem é falou, todo simpático. Eu e Bi nos sentamos, e então começaram as apresentações.

– K, esses são Duca, Cobra, João e Pedro. –Bi apontou para cada um, e eles sorriram para mim. Que sorrisos lindos. Mas ainda devem ser vazios por dentro e completamente idiotas e mimados – E meninos, essa é a Karina, ou K.

– Oi k. – Eles falaram em coro e eu ri um pouco com isso, nem sei ao certo por quê. Menos o tal do Pedro que não falou nada, nem sorriu, nem me olhou.

– Vocês conseguiram fazer ela rir! Por favor, uma rodada de tequila aqui, precisamos comemorar! – Bi falou toda animadinha, e pediu mesmo uma rodada de tequila para a nossa mesa.

– Hey dude, acorda aí, fale com as nossas convidadas. – Um menino, que eu acho que era o tal do Cobra, falou com Pedro. Eu não sou boa em gravar nomes.

– Eu estava distraído. – Pedro deu de ombros – Olá garotas. – Ele deu um meio sorriso e me encarou rapidamente, com seus olhos .

– Oi Pedro. –Bi falou, depois de virar seu copo de tequila – Já está melhor ou ainda anda choramingando pelos cantos? – Bi riu. Ela parecia tão íntima deles, me senti um pouco deslocada.

– Estou melhorando. – Ele disse, piscando pra ela – Eu sempre melhoro.

– Quem vê pensa, né Bi. – Duca gargalhou. Bom, eu acho que era o Duca. Devia ser, pela tal risada escandalosa sobre a qual Bianca havia me falado. Eu, hein. – Pedro se faz de forte, mas fica aí todo triste pelos cantos. Parece um emo, ele está assim há semanas.

– É, ninguém aguenta mais ele ouvindo músicas deprimentes. Se você pegar o iPod dele agora, só vai encontrar versões de I Miss You, do Blink. – Disse Cobr depois de beber dois copinhos de tequila. Ele é rápido com bebidas, hein.

– Isso é mentira. – Pedro resmungou.

– Então passa seu iPod aí. – Bi pediu, olhando pro garoto dos olhos lindos.

– Eu não trouxe

– É mentira, é mentira. – João acusou – Ele trouxe sim, pare de mentir Ramos.

E então todos ficaram falando sobre Pedro estar numa espécie de fossa há alguns dias, e minha amiga louca abre sua boca e diz que eu também estou assim, e estou sofrendo por um cara que não me merece, que isso e mais aquilo e não sei o quê. Ótimo, agora meus sentimentos estavam sendo expostos numa mesa de boate. Valeu hein, Bi. Pelo menos não eram só meus sentimentos, também falavam de Pedro. Pelo que eu pude entender, ele namorava uma tal de Ashley, mas depois descobriu que ela só estava com ele por interesse. Ele devia gostar muito dela, pelo que falavam.

– Pedro lambia o chão que a garota pisava. –João balançava a cabeça negativamente, e todos interagiam na conversa, menos eu e o pobre Pedro.

– A K também era assim com o tal Victor, fazia tudo que ele queria, tratava bem demais, esse é problema. Temos que tratar mal os garotos.

– Ei, não é bem assim não. –Duca discordou.

– Claro que é, garotos não prestam. - Bi riu.

– Eu presto, sou pra casar. – Disse Cobra.

– Casar com uma garrafa de vodka, né, só se for. –João falou, e todos na mesa riram.

– Ei, você não quer... Hm, sair daqui um pouco? – Ouvi alguém falar perto de meu ouvido e me arrepiei ligeiramente, que estranho. Era Pedro. Olhei para ele, confusa. Como assim sair dali? Parece que ele entendeu minha confusão. – Vamos deixar nossos amigos falarem de nossas vidas tristes enquanto respiramos um pouco de ar fresco, não sei. – Ele deu uma risadinha baixa – Depois voltamos.

– Ok, vamos. Estou mesmo precisando de ar fresco. – Nós nos levantamos e saímos caminhando. Nossos amigos nem perceberam, que horror!

– Belos amigos nós temos. – Pedro comentou – Nem repararam na gente saindo.

– É verdade. São tão insensíveis, estavam falando dos nossos sentimentos, assim, abertamente, pra quem quisesse ouvir. Eu vou matar a Bianca.

– E eu aquelas bichas!

Eu ri do jeito engraçado que ele falou. Eu e Pedro estávamos em uma parte externa da boate, onde havia alguns banquinhos e plantinhas bonitinhas. Gostei do lugar, era possível ver algumas estrelas e não tinha muita gente ali. Sentei-me em um banco e Pedro se sentou ao meu lado. Ficamos em silêncio até ele falar alguma coisa.

– Sabe, eu não queria estar aqui. Não estou em clima pra isso.

– Então eu acho que te entendo perfeitamente. Eu só estou aqui porque Bi praticamente me obrigou, e não parava de tagarelar comigo.

– Os caras também ficaram falando sem parar no meu ouvido que eu precisava relaxar, sair um pouco de casa. Mas eles não entendem que eu não quero, só quero ter o meu período de fossa em paz. Tenho esse direito, não tenho?

– Claro que tem. Eu também queria sofrer em paz, mas a minha amiga não deixa. – Eu ri do que eu falei.

– Vida injusta.

– Completamente. Por mim, eu estaria em casa assistindo filmes... Eu mal me arrumei para estar aqui, estou usando trapos. – Bufei. Eu realmente tinha roupas melhores pra usar do que esse vestido.

– Não se arrumou? Se esse é o seu desarrumada, imagine você toda produzida então. – Ele riu, e eu o acompanhei.

– A verdade é que eu preferia assistir Harry Potter.

– Harry Potter, Karina? Esse filme é a coisa mais chata do mundo.

– Não é não, é um mundo mágico onde ninguém sofre por amor. – Pedro me olhou, fazendo uma careta engraçada.

– É chato. – Ele tornou a dizer.

– Você já assistiu, por acaso? Aposto que não.

– Assisti só um e é chato demais, sério. Aquele menino que usa óculos é tão intrometido, se ele não se metesse no que não é chamado, não teria tanta confusão.

– Se ele não se metesse não teria filme, e ele é o protagonista.

– É chato, não faz sentido. E aquele tal de Voldemort é só garganta, só sabe falar que vai fazer e acontecer, mas nunca faz nada. São não sei quantos filmes, não sei quantos anos de espera e o tal do Michael continua vivo.

– Você é que é chato.

– O Potter é mais.

Do nada nós dois começamos a rir, sem qualquer motivo aparente, apenas rimos. Isso era estranho, há dias nem Bianca conseguia me fazer rir e me sentir assim com uma pontinha de felicidade, nem que fosse passageira.

– Do que estamos rindo? – Perguntei, ainda risonha.

– Não sei, talvez porque precisávamos disso, um pouco de riso

O silêncio se instalou entre nós mais uma vez e ele, de novo, puxou assunto.

– Então, do que a senhorita gosta além de Harry-chato-Potter? Hein, dona Karina?

– Me chame de K, por favor. – Eu dei um sorriso.

– Tudo bem, K.

– Então, eu gosto de séries de tv. Minha favorita é Gossip Girl. Amo assistir também My Wife and Kids.

– My Wife and Kids é legal, Gossip Girl é gay.

– Não é nada, Pedro. – Dei um empurrão em seus ombros e ri.

– É sim, que coisa de maricas, ficar contando a vida dos outros em um blog.

– É muito mais que isso. Você não tem capacidade pra entender.

– Está me chamando de burro?

– Talvez não seja tanto assim, já que percebeu. – Eu ri – Estou brincando, gatinho.

Como assim eu chamei o garoto de gatinho? Eu mal conheço esse guri mimado. Eu só posso estar louca, isso é tudo culpa do Victor.

– Ah,então tá, gatinha. – Ele me olhou, e eu senti meu rosto corar quando ele me chamou de gatinha. Tipo, como assim?

– Acho que devemos voltar pra onde nossos amigos estão. Devem estar nos procurando.

– Ou não, né. Aqueles insensíveis.

– Só espero que já tenham arrumado assunto melhor do que nossas vidas.

– É, eu também.

Eu e o Pedro voltamos para dentro da boate. Fomos até a mesa que nossos amigos deviam estar, mas eles não estavam lá. Apenas João estava lá, mas já estava saindo para ir dançar com uma garota. Ele disse que os outros tinham ido dançar também. Que ótimo, sobrou eu e o guri dos olhos.

– Você quer beber alguma coisa, K?

– Quero sim, vodka.

– Você tem idade pra beber? – Ele levantou uma das sobrancelhas.

– É claro! Já tenho 21 anos!

– Parece ter 18.

– Vou considerar isso como um elogio.

– Foi um. – Ele piscou pra mim e saiu para pegar nossas bebidas.

– Oi coisinha linda, está sozinha? Posso me sentar aqui ? – Antes que eu pudesse responder, o bêbado já estava sentado ao meu lado. Ele era até bonitinho, mas estava tri bêbado.

– Não, eu não estou sozinha, e você não pode se sentar aqui. Agora vá embora antes que eu chame os seguranças. – Eu falei irritada, e ele se aproximou de mim. Que saco.

– Está nervosinha, princesa? Posso lhe pagar uma bebida, talvez você fique mais calma?

– Eu não quero nada de você, cai fora.

– Eu tenho um jeito de te acalmar bem rapidinho.

– Você ouviu a garota, cara, cai fora. – Pedro apareceu, e sua voz estava firme. Parece coisa de filme. Se a situação não fosse tensa, eu poderia rir agora.

– Não se mete aqui cara, ela está me dando mole.

– Você bebeu ou o quê? Ah! Que pergunta né, você está bêbado. Eu não estou te dando mole.

– Dude, vou te dar duas opções: ou você sai daqui por bem e na boa, ou sai por mal. Mas aí eu vou ter que te bater.

– BOB! Você está aqui, não é seu safado?! – Uma mulher apareceu do nada e começou a estapear o bêbado.

– Ei amor, calma, eu só estava aqui conversando com essa garota.

– Ele estava dando em cima de mim e me enchendo o saco, isso assim.

– Eu não sei o que fazer com você, Bob, sempre aprontando! Vamos pra casa, vamos logo, seu imprestável, antes que você dê em cima da namorada de mais alguém. – A mulher saiu arrastando o tal Bob e o levou para longe de nós. Algumas pessoas ali ficaram olhando. Eu e Pedro rimos da situação.

– Acho que a mulher pensou que somos namorados. – Eu disse, depois de Pedro entregar minha bebida.

– Deixa ela pensar, não devemos nada para ninguém, certo? – Ele me olhou.

– Certo, pseudo-namorado. – Bebi toda a vodka de uma vez, sou radical! Ou não.

– Uou, vai com calma, namoradinha. - Ele me olhou, rindo. Pedro parecia ser até que simpático, talvez não fosse cem por cento vazio por dentro... Talvez. Nós ficamos conversando um pouco e bebendo. Eu já me sentia meio solta, efeito da bebida. Eu não devia ter bebido tanto. Pedro me parecia diferente também, acho que nós dois bebemos demais, mas ainda não estávamos bêbados. Ele me contou sobre sua ex namorada, o que de fato aconteceu - não foi uma história com final feliz, pode-se dizer. Imagino como ele deve estar se sentindo. Estamos nós dois sofrendo por amor, que ótimo, hein.

– Pedro, acho que nós dois devíamos realmente compartilhar nossos sofrimentos. Nós dois fomos usados, traídos, estamos acabados, sem esperanças pra felicidade e ainda gostamos das pessoas que não merecem nada de nós.

– Você é tão realista.

– Tem que ser, né...

– Que tal mais vodka? Ou algo mais forte?

– Ah não, eu quero dançar. – Falei, um pouco alegre demais.

– Mas eu estou cansado, nem sei se consigo levantar daqui.

– Claro que consegue. Vem, Pedro, por favor. – Eu fiz biquinho. O que estava acontecendo comigo? Ok, vou fazer como todas as pessoas normais, vou jogar toda a culpa na bebida.

– Você fica linda fazendo biquinho assim, só por isso eu vou dançar com você.

Normalmente eu coraria, mas no estado em que me encontrava, apenas ri escandalosamente. Fomos pra pista de dança, onde tocava uma música bastante agitada. Reconheci, era Gettin’ Over You, do David Guetta. Já disse que tenho uma queda pelo David Guetta? Não né, eu acho ele tão... sexy! Mas isso não vem ao caso. Comecei a me movimentar no ritmo da música, Pedro me acompanhava. O guri dançava bem! Nossos corpos estavam próximos, mas não muito. Uma proximidade razoável. Ele colocou a mão em minha cintura, todo sem jeito, e eu sorri. Para nós dois, ou pelo menos pra mim, parecia uma dança inocente, mas acho que quem olhava de fora via de um outro jeito. Comecei a sentir meu estômago de um jeito estranho, what the hell?


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Notas finais do capítulo

Gostaram? por favor comentem