Sweet Revenge - Não temos nada a perder! escrita por Naylla K


Capítulo 6
"Cartas em livros" ou "Ela voltou"




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Dois anos haviam se passado desde que Midori deixou Hogwarts, Wallace já estava em seu sexto ano. As aulas haviam começado já faziam dois meses e o garoto ia arrastando para todas as aulas. Pois é, mais um dia, mais tédio, outro dia sem ela. O que ele poderia fazer? Midori não tinha amigas em Hogwarts porque não conseguira se adaptar muito bem, ele a tinha visto conversar algumas vezes com uma garota, mas elas não pareciam muito íntimas. Depois que ela desapareceu e não deu notícias, Wallace não tirava da cabeça que era sua culpa. Ele deveria ter feito alguma coisa, ter sido melhor pra ela. Mas já passou, não dá para corrigir o passado. Ele só queria a ver mais uma vez, saber como ela está e o que andava fazendo nesses últimos três longos anos.

— Wally? - James o chamou - Wallace? Alce? Wally?

— Fala, veado! - Wallace se levantou seguindo em direção ao salão principal para o café-da-manhã.

— Você ficou sabendo?

— Não, James, o que eu deveria saber? - Wallace revirou os olhos.

— Seu humor está tão amargo quanto seu coração. Assim você me magoa! Eu aqui, me esforçando pra contar uma coisa que o Carson falou pro Jeremy que falou pra Sally que comentou com o Mathew que mandou um bilhete pro Joey que me disse que a Midori deu notícias de vida e você me trata assim! - James disse fazendo drama.

— Tá, tá, eu não acho que... Espera. - Wallace parou subitamente, assustando James.

— O quê?

— Você acabou de dizer que o Carson disse pro Jeremy que falou pra Sally que contou pro Mathew que mandou um bilhete pro Joey dizendo que o quê?

— A Midori deu notícias. - James respondeu. Vendo que seu amigo o encarava confuso continuou – Quer dizer, não exatamente. Carson, o monitor da Grifinória, disse que teve uma reunião com a diretora. Parece que a Midori estava na França.

— Ah. - Wallace disse respirando fundo. Ele e James se sentaram no salão principal para comer o banquete de todas as manhãs, mas os pratos estavam vazios, isso significa que Minerva tinha algum tipo de informação para os alunos. – Espera. Como assim estava?

— Silêncio, por favor! - Minerva pediu e todos logo se calaram para prestar atenção na diretora. – Antes de vocês se deliciarem com o delicioso café da manhã de hoje, eu gostaria apenas de anunciar que teremos uma antiga aluna de volta conosco.  - muitos múrmuros ocuparam o salão, porem se calaram quando a diretora pigarreou - Muito bem. - ela olhou ao redor para garantir que todos estivessem em silêncio. – A senhorita... - foi interrompida pelo barulho de portas se abrindo. McGonagall deu um leve sorriso para garota que entrara no Salão. Novamente múrmuros preencheram o Salão.

— Quem é essa? - Danny perguntou indiferente. Wallace se virou pra olhar, mas mal pôde acreditar no que seus olhos estavam vendo. A garota possuía o cabelo preto, na altura do peito, usava o uniforme da Grifinória, as bochechas levemente coradas, o andar confiante, a pele branquinha e lisa e... Familiar? Wallace congelou. Não, não poderia ser ela, ela estava em outra escola, em outro país. Deve ser apenas alguém parecido, certo?

— Não pode ser. - ele disse e seus amigos o olharam, confusos. A garota seguiu em direção a mesa da Grifinória e se sentou coincidentemente longe de onde os marotos se encontravam. Sim, apesar de serem de casas diferentes, os seis faziam uma certa questão de se reunirem nas refeições alternando as mesas e sendo, desta vez, na mesa da Grifinória.

— Muito bem. - Minerva interrompeu o murmuro curioso. – A senhorita Ojean estará se juntando ao quinto ano da casa da Grifinória. Bem vinda de volta, senhorita. Agora... Sirvam-se. - As mesas se encheram com o delicioso café da manhã que os elfos domésticos prepararam com tanto capricho. Alguns minutos depois, todos se retiravam. Alguns em direção ao jardim, outros em direção aos dormitórios, afinal era quinta e tinham que fazer os deveres e irem para suas devidas aulas. Wallace observava a garota de longe e ela estava de costas para ele.

O dia foi passando lentamente para Wallace. Merlin, como ele detestava Herbologia! Era a matéria que mais demorava a passar, em sua opinião e, felizmente, a última do dia. Assim que a aula acabou, Wally se dirigiu rapidamente para seu dormitório, havia dormido mal na última noite e precisava colocar o sono em dia. James comentou algo com ele enquanto ele seguia seu caminho pro dormitório, mas decidiu ignorar. Era o James, não falava algo útil com muita frequência.

~~~~

Dorothy passava a maior parte do tempo na biblioteca da escola. Ela é do tipo independente, não acha necessário que as pessoas precisam saber coisas sobre ela além do necessário, ou seja, seu nome. Por isso, evitava conversas com os outros alunos, no que ela considerava idiotas demais, chatos demais, irritante demais e desnecessários demais pra ela ter que aturar. Simplesmente passava o maior tempo o possível na biblioteca, onde criou o hábito de ler romances da sessão trouxa. Seus preferidos, eram os livros de um tal de Shakespeare, apesar de ela não acreditar muito nessa história de romance, gostava de ler sobre. Certa noite estava tão cansada, que acabou dormindo lendo Hamlet. Enquanto dormia, alguém a observava, sorrindo. Na manhã seguinte, Dorothy acordou de mau humor.

— Não acredito que dormi na biblioteca, de novo. – ela se espreguiçou na cadeira. Respirou fundo e fechou o livro que lia na noite passada, se levantando e indo colocá-lo novamente em seu lugar. – Qual será meu próximo alvo? “Sonhos de uma noite de verão” ou “Tudo está bem quando acaba bem”? –passou os dedos finos pelas capas velhas e empoeiradas dos livros daquela seção parando o dedo sobre um no qual não havia visto antes. – “Romeu e Julieta”? – puxou o livro e um pedaço de pergaminho caiu de dentro do livro, ela se abaixou e pegou o pergaminho.

“Boa leitura.”

Dorothy olhou em volta, não havia ninguém além da velha bibliotecária que estava cochilando em uma poltrona não muito longe de onde estava. Ela dobrou o pergaminho e o colocou no bolso de suas vestes. Achou que provavelmente era uma brincadeira boba de algum idiota que não tinha mais o que fazer, mas decidiu guardar o bilhete de qualquer forma. Pegou o livro e acordou a bibliotecária, preencheu o papel de empréstimo de livros e seguiu em direção ao seu dormitório para tomar banho e ir para a primeira aula. Poções, argh, odiava. Mas, mesmo assim, era necessário. Nada contra poções, apenas era uma das aulas que tinha que dividir com a Sonserina e isso significava que teria que aguentar a voz aguda e irritante de Rosefield e seu bando de seguidores. Esperar o que da filha de Pansy Parkinson?

Semanas se passaram e, toda manhã, Dorothy encontrava uma carta dentro de algum livro que nunca havia visto antes. Depois da terceira carta recebida na semana, ela resolveu deixar uma em resposta.

“Me pergunto o motivo de todos esses bilhetes, mas não consigo entender o porquê. Imagino que seja apenas uma brincadeira de mau gosto. Se for, por favor, eu peço para parar. Já perdeu a graça.

Esperando que tenha entendido,

Dorothy S. Cormich.”

Ela deixou o bilhete entre os livros da prateleira esperando que a pessoa encontre e a deixe em paz. Não gostava de ser incomodada na biblioteca ou em hora alguma. Apesar de ela confessar que os livros que essa pessoa misteriosa a indicava, eram os melhores livros que ela havia lido naquela biblioteca.

No dia seguinte, Dorothy voltou à biblioteca esperando não encontrar bilhete algum. Mas se surpreendeu ao encontrar um livro novo e com um bilhete dentro.

“Querida Dorothy,

Não pararei de mandar as cartas, não pelo motivo que acha que estou mandando.

Boa leitura.”

— Que frustrante! – ela bufou olhando o bilhete. Leu o título do livro. – “Guerra e Paz”, por León Tosltói. – respirou fundo. Abriu o livro e começou a lê-lo. Após algumas horas, o céu já estava escuro e ela encerrou sua leitura pelo dia. Respirou fundo e olhou o céu pela janela. – Já é noite. – Ela pegou um pedaço de pergaminho.

“Se insistir em continuar com isso, tudo bem. Gosto dos livros que me manda. E é bom ter algo novo pra ler de vez em quando.

Dorothy.”

Os meses foram passando, eles continuaram a trocar as cartas e, cada vez mais, Dorothy se apaixonava pelo tal misterioso. Os bilhetes foram ficando cada vez mais longos se transformando em cartas. Dorothy passava mais tempo na biblioteca do que antes e, às vezes, dormia lá. Lendo livros e mais livros que recebia. Mal sabia ela que, numa dessas noites, Midori a observava de longe. Viu Dorothy procurar por algo na prateleira e, após puxar um livro e ler um bilhete que caíra do mesmo, Dorothy sorriu e se sentou na poltrona, começando a sua leitura.

— Estranho. – Midori cochichou para si mesma balançando a cabeça e saindo de lá o mais rápido que pode.

Na manhã seguinte a garota voltou lá e, para sua surpresa, Dorothy dormia tranquilamente sobre o livro da noite anterior.

— Ei... – Midori a cutucou. Ela nem se moveu – Acorda... – ela a cutucou novamente e ela nem se moveu. – OI! – ela gritou perto do rosto da loira.

— AHH! – Dorothy deu um grito agudo, acordando e caindo com tudo no chão.

— Meu Deus! – Midori se assustou com a queda da garota e estendeu a mão para ela, que foi recusada.

— Quem você pensa que é? – Dorothy disse se levantando e limpando suas vestes.

— Eu? Bem, acho que nunca fomos apresentadas formalmente. Sou Midori Ojean. – ela disse sorrindo enquanto Dorothy mal a olhou e se abaixou parecendo procurar algo.

— Cormich, Dorothy Cormich. E você não se parece com a Midori Ojean. Eu a conheci. Uns três ou dois anos atrás ela estudava aqui, depois ninguém nunca mais ouviu falar nela. Ela era bem esquisita, não conversava com as pessoas... Não que eu possa falar muita coisa sobre isso, mas pelo menos não era o chaveiro dos "Marotos". - ela torceu o nariz ao citar o nome do grupo. Mas logo voltou ao assunto – Já ouvi muitos boatos sobre ela nos corredores com teorias bizarras do que aconteceu com ela. – Dorothy disse pegando o livro do chão e o examinando com cuidado – Eu já acho que mandaram ela de volta para o país dela, seja lá qual for. Ela até que era interessante, mas ficava andando atrás do Weasley igual um zumbi.

— Eu não era chaveiro de ninguém e eu estava na França, ok? – ela respondeu, irritada. Dorothy analisou a menina da cabeça aos pés pela primeira vez.

— Bom, se for verdade, isso explica muita coisa. – ela voltou a atenção para seu livro.

— É, sou eu mesma. – ela disse tentando se acalmar.

— Você está bem diferente. – Dorohy disse a olhando da cabeça aos pés novamente. Ela nunca havia prestado muita atenção na garota, mas dividiu o dormitório com ela durante três anos e, com certeza, essa não era mais a garota tímida e “inocente” de dois anos atrás. Ela estava diferente, estava mais alta, o uniforme estava vestindo perfeitamente, os cabelos soltos escuros, liso com uma franja longa que a deixava com ar mais madura, a pele branca oriental, lisa como a pele de um bebê, e os dentes perfeitamente retos e brancos.

— Sério? – Midori perguntou sorrindo.

— É, andou muito com as Veelas? – Dorothy disse se virando e escrevendo em um pergaminho.

— É, foi. – Midori disse ainda sorrindo.

— Seu sotaque lembra um pouco o Francês. – Dorothy disse sem tirar os olhos do pergaminho, ainda escrevendo.

— Sim, eu estudei esses últimos dois anos em Beuxbatons. Tive que aprender a falar francês na prática, então peguei o sotaque. – respondeu se sentando ao lado da garota.

— O que você quer? – Dorothy perguntou terminando de escrever no pergaminho e o dobrando.

— Só estou curiosa.

— Com o quê? – Dorothy não parecia muito interessada no que a oriental tinha a dizer.

— Com suas cartas, oras. – Dorothy quase derrubou a prateleira na qual mexia.

— M-Minhas o quê? – Dorothy gaguejou, de costas pra menina.

— Suas cartas. Ontem eu vi você entrando aqui, abrindo um livro e lendo uma carta toda feliz. Eu fui embora, mas, quando eu voltei hoje, você ainda estava aqui dormindo sobre o mesmo livro. Só achei estranho. Você parecia tão contente. – Dorothy congelava a cada palavra que a oriental falara.

— Você deve estar vendo coisas. – Dorothy disse colocando o livro de volta na prateleira, junto com o pergaminho que havia escrito.

— Espera... Você está trocando cartas com alguém? Quem é? – Midori perguntou animada, mas Dorothy olhou para baixo e Midori pareceu entender. – Ah, você não sabe.

— Olha, eu não sei porque você está aqui e nem porque voltou, mas isso é problema meu e se você contar pra alguém eu juro que você não vai ver o dia amanhecer. – Dorothy disse ameaçadoramente. Midori parecia um pouco desconfortável por ter se intrometido tanto.

— Me desculpe. Não queria me intrometer. Eu só pensei que talvez... Você quisesse saber quem é. Se eu estivesse no seu lugar, iria tentar ao máximo descobrir. Me desculpe. – ela se virou e foi embora, deixando uma Dorothy irritada pra trás.

— Esse é o problema, Ojean. E se eu descobrir e não for real. – Dorothy disse pra si mesma após a oriental sair. Como era domingo, ela não tinha aulas então passou o resto do dia lendo em seu dormitório. Pensando no que poderia acontecer se ela descobrisse quem lhe escrevia. –ARGH! Chega, Dorothy! Não estou mais te reconhecendo. – ela falou pra si mesma enquanto seguia seu caminho para a biblioteca. – Hoje eu vou descobrir quem é e vou acabar com isso de uma vez por todas. Ela entrou na bibliotece e guardou o livro que lia no dormitório de volta na estante e se escondeu atrás da poltrona onde sempre ficava.

O tempo foi passando e Dorothy já estava pensando em desistir da ideia. Já estava bem tarde e suas costas começavam a doer de ficar abaixada tanto tempo. Seus pensamentos de desistência foram interrompidos por um barulho de passos. Ela viu um garoto entrar na sessão onde ela estava e observar a prateleira próxima a ela. Ele estava de costas pra onde ela se escondia e a biblioteca estava escura. Foi quando ele puxou a carta que ela deixara mais cedo naquele dia e se aproximou da luz da janela há alguns metros de onde a garota se encontrava. Ela finalmente viu seu rosto.

Não... Não podia ser. Ele não. Isso era impossível. Agora ela tinha certeza que aquilo não passava de uma brincadeira estúpida. Segurou toda a raiva que sentia e viu o menino colocando um pedaço de pergaminho sobre a mesa perto dela e escrevendo algo, depois de certo tempo ele terminou, dobrou o pergaminho e tirou um livro das vestes. Ele colocou o pergaminho dentro e encaixou o livro na prateleira, saindo de lá pelo mesmo caminho que entrou. Dorothy saiu de seu esconderijo, não podia acreditar no que tinha acabado de ver. Tinha que ser logo ele?

 


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