5

(P.O.V de ninguém)

Beatriz, Paula, Inara, Clarisse, Will e Malcolm chegam ao acampamento vivos. Mas, claro, depois de lutarem contra três Benevolentes. Não foi tão ruim. Na cabeça das garotas poderia ter sido bem pior.

Assim que eles atravessam a barreira mágica do acampamento, podem respirar aliviados. Então, elas veem que o Acampamento Meio-Sangue não é nenhum bicho de sete cabeças como pensavam. Várias pessoas andam de um lado para o outro usando uma blusa laranja, armaduras e armas como: espadas, arcos e flechas, adagas e etc., é  bem interessante ver que, pela primeira vez ao chegar a um local, ninguém ficou olhando para elas como se tivessem uma doença contagiosa. A sensação de serem bem aceitas é tão boa que as três garotas estão começando a duvidar da própria sorte.

Quando um Centauro vem trotando até os seis, as três garotas logo tratam de tomar postura e ficarem sérias. Não querem parecer idiotas. Primeira impressão é a que vale, não é mesmo? O Centauro está com uma sobrancelha erguida. Ele deve ter reparado no cansaço dos seis.

— Vocês estão bem? — pergunta.

As garotas demoram um pouco a perceberem que ele está falando com elas, mas assentem em resposta.

— Bem, que bom — o centauro tira a atenção delas e fita Clarisse, Will e Malcolm. — Vocês fizeram um bom trabalho — os três assentem. — Podem voltar para seus treinamentos.

O trio assente novamente e vão caminhando para longe das três garotas e do Centauro. Ninguém repara ainda, mas os campistas parecem um pouco agitados. Eles caminham e conversam, mas suas expressões são sérias e preocupadas. Beatriz, Paula e Inara trocam um olhar diante da situação. Será que estava acontecendo algo? Quando o silêncio torna-se desagradável, o Centauro limpa a garganta, chamando a atenção das três garotas.

— Sejam bem vindas — o Centauro sorri. Elas assentem. — Meu nome é Quíron, sou o Diretor de Atividades do acampamento. Qual é o nome de vocês?

—Sou Paula Adams. Você tem uma bunda de cavalo?!

— Nunca ouviu falar dos Centauros? — ele voltou sua atenção para ela.

— Sim, mas é estranho ver um pessoalmente, entende? — Quíron assente, concordando.

Os olhos castanhos de Quíron voltam-se para Inara. A garota está concentrada em algumas construções do acampamento. Uma em especial chama sua atenção. Ela está tão mergulhada em pensamentos que quase não percebe o olhar de Quíron em sua direção.

— Meu nome é Inara Forbes.

E então, mais uma vez, o silêncio se instala. Todos olham para Beatriz esperando que saísse alguma palavra de sua boca, mas ela continua quieta encarando o nada. Ela parece estar pensando em alguma maneira de fugir do acampamento ou simplesmente está assustada demais com todos os acontecimentos.

Inara toca sua mão e Beatriz vira o rosto na direção da amiga. Inara aponta com o queixo na direção de Quíron e Beatriz pode ver os olhos do Centauro a fitando.

— Como é seu nome, garotinha? — o Centauro pergunta.

— Beatriz Collins.

— Certo — Quíron abre um sorriso. — Por enquanto, vocês ficarão no chalé de Hermes, o chalé de número onze, até serem reclamadas por seu pai ou mãe Olimpiano. E, bem, não precisam ter medo de nada — ele olha diretamente para Beatriz. — Ninguém irá machuca-las aqui, tudo bem?! — elas assentem. — Tudo bem, vou leva-las até o chalé e depois que vocês se acomodarem sugiro que vocês vão conhecer o acampamento. E, ah, tentem... Fazer amigos.

As garotas não entendem a relutância do Centauro em dizer "façam amigos", mas elas já imaginam que algo está acontecendo. E, é claro, que elas, mais cedo ou mais tarde, irão descobrir. E elas esperam que seja mais cedo do que imaginavam.

6

Percy Jackson

Sábado sempre fora o dia preferido do filho de Poseidon. Os semideuses não tinham folga no sábado, é claro, mas Percy adora o dia apenas por achá-lo legal.

A semana fora bem agitada no acampamento por causa dos boatos que estavam circulando. Todos comentavam sobre uma possível guerra. É claro que, Percy Jackson, o filho de Poseidon que salvou o Olimpo, era o primeiro a ser consultado. Vários campistas iam até seu chalé para conversar sobre os boatos, mas Percy estava no escuro em relação a isso. Quíron, que sempre lhe conta tudo — bem, algumas vezes conta — estava fazendo um "voto de silêncio" e as conversas sobre o assunto se resumiam ao Centauro, Dionísio e Rachel. Percy queria mais do que nunca saber o que estava acontecendo com o seu acampamento. A sua casa.

O garoto acorda tarde, o sol está forte quando ele consegue levantar da cama. Toma um banho e se veste o mais rápido que pode. Quando sai do chalé três vê um pequeno alvoroço no acampamento. Percy franze o cenho. O que será que está acontecendo? Ele podia perguntar a Quíron, mas, é óbvio, que o Centauro não diria nada. Então, resolve ir atrás de Annabeth Chase. Ela, provavelmente, saberia o que estava acontecendo.

Ao adentrar o chalé seis, caminha até o quarto de sua namorada e a encontra terminando de arrumar os cabelos, está fazendo um rabo-de-cavalo e não percebe a presença de Percy. Ele a cumprimenta com um beijo na bochecha e recebe um sorriso em troca. Annabeth o encara e percebeu que algo não está certo.

— Posso saber o que está deixando você preocupado? — ela pergunta.

— O acampamento está agitado. Você sabe o que está acontecendo?

Annabeth senta-se ao lado do namorado e segura suas mãos. Ele olha dentro daqueles olhos cinza e percebe que Annabeth sabia tanto quanto ele, ou seja, nada.

— Eu não sei, Percy — admiti a filha de Atena. — Quíron está mudo em relação à isso. E, bem, Afrodite, ela... — Annabeth cala-se.

— Ela o quê? — Percy insisti.

— Nada, nada. Esqueça isso, Percy — Annabeth dá um sorriso caloroso. — Tenho certeza que vamos descobrir rápido o motivo desse alvoroço. Mas, agora, que tal um café da manhã?

Percy não conseguiria esquecer. Sabia que a namorada estava escondendo alguma coisa dele, mas também sabia que Annabeth não queria falar sobre isso e tudo que ele menos queria era brigar com ela. Então, Percy apenas concorda e os dois saem do chalé seis de mãos dadas.

Ao chegarem ao refeitório ele vai para a mesa de Poseidon e Annabeth caminha até a mesa de Atena. Percy senta-se e uma ninfa colocou seu café da manhã na sua frente, o garoto não está com fome. Queria saber o que Annabeth tanto escondia dele. Enquanto ele tenta colocar o café da manhã no estomago ouve alguns campistas conversando sobre a ida de Malcolm, Will e Clarisse a um internato. Escutou também que eles trouxeram três semideusas e que só foi elas pisarem no acampamento que as coisas ficaram ainda mais estranhas. Ao escutar isso Percy não consegue mais fingir que come, pois tudo o que ele consegue escutar depois disso é: “três Romanos estão aqui”. Percy troca um olhar com Annabeth, ela também escutara e parece tão assustada quanto ele. Será que havia acontecido alguma coisa no acampamento Júpiter? Ou será que os Romanos estavam... Atacando? Não, é muito improvável, Percy ainda não tinha avistado nenhum foco de luta, ou bombas caindo do céu e etc. Percy só conseguia pensar na primeira vez que encontrou os Romanos. Não foi um encontro agradável. Ninguém confiava em ninguém.

Antes que Percy pudesse levantar da cadeira e ir atrás dos três Romanos que estavam no acampamento, ele a vê. Ela está entrando no refeitório, parece um pouco perdida e hesitante, mas caminha direto para a mesa de Hermes. Enquanto a garota senta-se seus olhares se cruzam por uma fração de segundos antes que ela abaixe a cabeça, envergonhada, porém foi o suficiente para que ele começasse a se perguntar coisas que jamais passara pela sua cabeça. Será que ele ama mesmo Annabeth Chase? Percy balança a cabeça tentando afastar esses pensamentos. É claro que ele a ama. Ela é sua namorada, afinal. Mas, quem era a garota da mesa de Hermes? Por que ela o havia feito pensar isso? Quem era ela? Uma filha de Hermes, talvez? Ou apenas uma garota que ainda não havia sido reclamada? Percy não consegue formular as respostas, pois assim como a garota aparece, ela some. Ele olha para todos os lados, mas nem sinal dela. Será que estava ficando louco? Não, provavelmente, não. Ele olha para o seu café da manhã. Não parece nem um pouco apetitoso, sai do refeitório ignorando o olhar de Annabeth. Está se sentindo culpado por ter, por um segundo, pensando que não a ama. Eles haviam passado por tantas coisas juntos, como Percy podia pensar que não a amava? Ele só podia estar ficando louco.

Assim que sai do refeitório encontra Nico di Angelo. O garoto pode ser facilmente confundido com um zumbi. O filho de Hades parece estressado e com sono e, mesmo que tente, Percy não consegue se conter. Vai falar com ele.

— Você está bem? — pergunta, tocando o ombro de Nico.

Nico livra-se do toque o mais rápido possível. Ele se vira e encara Percy com tanta raiva no olhar que faz o filho de Poseidon temer pela própria vida.

— O que você tem haver com isso, filho de Poseidon?

— Bem, só estou querendo ajudar.

Nico estreita os olhos. É claro que ele não gosta de Percy e é claro que Percy tenta mudar isso sendo simpático com ele.

— Quer me ajudar? Então, me diz o que está acontecendo por aqui.

Percy dá de ombros.

— Estão dizendo que três Romanos chegaram ao acampamento. E tem toda aquela história de guerra... Os campistas estão assustados, eu acho.

Nico pondera a situação olhando para o nada. Os olhos dele são poços negros sem emoção e Percy duvida muito que alguém fosse gostar de se aventurar neles. Com esse pensamento, Percy vai afastando-se de Nico.

— A gente se vê, Nico — Percy diz, antes que o filho de Hades voltasse a caminhar.

Percy está confuso, irritado e frustrado. É a primeira vez que sente-se assim. Não, na verdade, não é a primeira vez, mas ele não pode ficar pensando nisso o dia inteiro. Tem que dar aula de canoagem e tem que está concentrado. Assim que chega ao lago, Percy para subitamente e não é porque estava nervoso para seu primeiro dia como professor. Não é  seu primeiro dia! Ele para porque ela está ali. Sentada em uma canoa, sem saber o que fazer, está a garota da mesa de Hermes. Percy devia estar parecendo um idiota com a expressão de surpresa que estampa seu rosto. O garoto obriga suas pernas a se moverem, decidido a saber quem era aquela garota e porque ela o deixara, em um tempo tão curto, tão... Confuso.