All About Us escrita por The Huntress


Capítulo 49
Marrakech, Marrocos.


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO!!! LEIAM ISTO AQUI, É IMPORTANTE!!!
Olá, pessoal. Perdoem a demora para atualizar e não desistam da minha fanfic :(
Sério gente, desculpa mesmo por toda essa demora. Com o Enem chegando e os outros vestibulares eu estou bem atarefada com coisas da escola. Não demoro para atualizar a fanfic de propósito, às vezes eu também sofro com falta de inspiração e não me atrevo a vir escrever um capítulo meia boca para vocês porque sei que não vai satisfazer nem a mim e nem a vocês. Enfim, eu espero que me perdoem pela demora. E espero também que gostem deste novo capítulo e que se divirtam lendo como eu me diverti escrevendo. Boa leitura!
OBS: quero agradecer a Sacerdotisa da Terra e a Filha da Noite que recomendaram a fanfic na última atualização e ainda comentaram vááários capítulos. Vocês não tinham como me deixar mais feliz, obrigada mesmo. São pessoas como vocês que me motivam a continuar escrevendo. Obrigada também a todas as pessoas que comentam e acompanham a fanfic. Sem vocês All About Us nem teria chegado até aqui. Obrigada de coração e espero que continuem acompanhando a história desses seis semideuses maluquinhos aí ♥



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66

(P.O.V de ninguém)

— QUE DROGA! CADÊ ESSA PORCARIA?

  A voz de Inara poderia ser ouvida por toda a praia se ela não estivesse vazia. Passaram-se algumas horas desde o momento em que os semideuses chegaram ao porto de Casablanca no Marrocos. E tudo estava bem, calmo e feliz. Eles estavam aliviados por terem sobrevivido à Cemopoleia – uma louca que se considerava uma Deusa tão digna de prestígio quanto os Três Grandes. Mas as coisas não ficaram uma calmaria por muito tempo. A felicidade foi pelos ares quando Inara lembrou-se que, dentro do barco naufragado, estava o Elmo do Terror. E que agora ele podia estar submerso a vários metros de profundidade na água. Tiveram tanto trabalho para pegar esse negócio... Inara e Nico quase morreram e agora eles o perderam.

— SE ESTA PORCARIA TIVER AFUNDADO, EU JURO QUE MATO UM HOJE! — Inara grita novamente. A menina está dentro da água – na parte mais rasa, é claro – nadando para lá e para cá atrás do Elmo.

  Paula, Nico e Percy trocam um olhar. A filha de Poseidon ainda está ignorando o filho de Hades e por isso cochicha algo no ouvido do meio irmão, ignorando a existência do outro garoto. Beatriz e Jason se olham também. A filha de Zeus está preocupada com a condição de Inara, mas, acima disso, estava morrendo de medo de ter perdido o Elmo do Terror. Se eles realmente o tivessem perdido do que esta missão teria valido a pena? Eles não podiam simplesmente voltar para o acampamento sem ele. “Que pesadelo”, Beatriz pensou, passando uma mão no rosto. Ao lado da garota, Jason se levantou e começou a caminhar até a namorada. Ele nunca a tinha visto com tanta raiva e agora estava com medo de se aproximar, mas o fez mesmo assim. Afinal, com Elmo do Terror ou não, eles precisavam ir atrás de um lugar seguro para passar a noite; ficar muito tempo em um lugar ao ar livre era pedir para chamar a atenção de monstros.

— Inara? — Jason a chama da forma mais gentil que pode. Agora a menina está sentada na areia. As ondas da praia batem nela e o clima começara a esfriar, mas ela não parece sentir nada além de raiva. Jason agacha-se ao lado dela e toca no ombro da namorada. — Inara — ele a chama novamente.

— O que é, Jason? — ela vira o rosto para encará-lo e o menino tem a visão do inferno. Se olhares pudessem matar ele estaria estirado no chão agora mesmo. A expressão de Inara é de puro ódio. Ele tira a mão do ombro dela só por precaução.

— Sabe, você não precisa ficar tão nervosa — ele diz, sem jeito. — Nós vamos dar um jeito. Paula e Percy podem ir procurar. Tente se acalmar, por favor.

— Me acalmar? — ela ainda o encara. — Eu estou puta da vida, Jason! Como diabos fomos capazes de ser tão relapsos com algo tão importante? — ela se levanta rapidamente e Jason repete seu movimento. — QUE INFERNO!

  Inara dá as costas para o namorado e sai pisando duro pela praia. A garota simplesmente não consegue ficar parada; ela anda de um lado para o outro, resmungando algumas coisas e soltando alguns palavrões. Jason desvia o olhar dela e solta um suspiro. Sim, ele sabe o quanto isso é importante para ela, mas é importante para Nico também e ele não está neste estado. Será que ela não está exagerando um pouco? Jason é tirado de seus pensamentos quando sente o toque de Beatriz em seu ombro. Ele vira-se de costas e abaixa um pouco a cabeça para olhar a meia irmã nos olhos. Apesar do estado crítico em que os seis se encontram – molhados, exaustos, sujos de areia e com roupas rasgadas –, Beatriz parece cheia de energia. Dos seis, depois de Nico, as roupas dela foram a que mais sofreram. Uma perna de sua calça se transformou em um short e sua blusa virou um top, sem uma das mangas, deixando à mostra seu sutiã com estampa de pandinhas. E não, ela não parece com vergonha disso.

— A Inara é bem explosiva de vez em quando — Beatriz diz, tentando tranquilizar o irmão. — Não fique tão preocupado com ela, daqui a pouco vamos ver a velha Inara de volta.

  Jason assente, concordando, e Beatriz aperta a bochecha do garoto, dando um sorrisinho. Os dois olham para o lado e veem Paula indo para dentro da água. As roupas da menina estão um farrapo, mas ainda cobrem suas roupas íntimas. O que mais chama atenção é seu cabelo que parece que um tornado tinha passado por ele. Mas a menina não parece se importar então ninguém comenta nada sobre este fato – afinal, eles não querem mais uma pessoa cheia de raiva no grupo.

  A filha de Poseidon anda até a água cobri-la na cintura e então ela mergulha. A água está um pouco turva, mas a menina fez o possível para conseguir enxergar lá embaixo. Ela não consegue achar o Elmo do Terror em lugar nenhum e começa a se perguntar se ele está mais lá para o fundo; se sim, ela precisaria da ajuda de Percy para pegá-lo. Paula passa por um cardume de peixes e fica admirando-os, eram bem bonitos, de um azul cintilante. Enquanto procura, ela pensa em Nico. Por quê? Bem, nem ela sabe. Não é como se pudesse controlar seus próprios pensamentos. Depois de chegarem à praia, Paula notou que as roupas dele ficaram bem detonadas. Sua calça se transformou em uma bermuda e sua blusa simplesmente se desintegrou em vários pedaços. Mesmo que nunca fosse admitir, ela estava achando-o bem sexy nessas condições, com o torso completamente nu. “Mantenha o foco, Paula!”, ela diz para si mesma. “Sim, ele está muito gostoso, mas você ainda está com raiva dele e precisa encontrar esse Elmo do Terror antes que Inara morra do coração”. No mesmo momento em que Paula empurra Nico para o fundo de seus pensamentos ela vê alguma coisa brilhando perto de umas pedras. A garota nada até lá e quase volta para a superfície para dar um grito de felicidade quando vê que é o Elmo do Terror. O objeto ainda está dentro de uma mochila e, aparentemente, fora trazido até este lugar pela correnteza. Paula agradece mentalmente aos deuses por isso – se é que tinha sido eles quem dera uma forcinha.

A filha de Poseidon puxa a mochila e sem querer deixa seus dedos tocarem no Elmo. Ela perde o fôlego por um momento. A onda de poder que passa por seu corpo é enorme, mas ao invés de fazê-la se sentir bem, ela simplesmente se sente enjoada. Talvez porque é filha de Poseidon e isto simplesmente não foi feito para ela. Entretanto, enquanto volta para a superfície, pensa no que todo este poder poderia fazer com um filho de Hades. Ela automaticamente pensa em Nico e Inara. Se eles tiverem contato com todo este poder, será que conseguiriam evitar usá-lo? A menina não gosta nem de pensar nisso. Ela sai da água com a mochila nas costas e Inara é a primeira a recebê-la.

— Você achou! — Inara diz, tão feliz que parecia ter ganhado na loteria. Paula entregou a mochila para a amiga.

— Sim, mas Inara — a filha de Hades olha para ela. —, eu acho melhor você não ficar levando isso sozinha. Reveze com Nico, tudo bem?

— Por quê? — Inara ergue uma sobrancelha.

— Só faça o que estou pedindo.

Paula sai de perto da menina e vai se juntar a Percy e Beatriz que estão sentados lado a lado, tremendo de frio e tão perto um do outro que parecem prestes a se fundir. A filha de Poseidon deixa um sorrisinho escapar diante desta visão. “ E não é que eles formam um casal bonitinho?!”, ela pensa. Ela olha para o lado e vê Nico. Ele está de pé, de braços cruzados e olhando diretamente para ela. Um vento gelado começa a soprar, bagunçando os cabelos do filho de Hades e deixando-o um pouco mais misterioso que de costume. Ele está tão bonito que Paula sente a necessidade de desviar o olhar dele antes que comece a corar. “ Que porra é essa, Paula?”, ela pergunta a si mesma. “Pode parar com essa merda! Ele é um escroto que tentou te matar, então pare de pensar nele!”.

— Nós precisamos achar um lugar para ficar — Jason diz, aproximando-se dos outros semideuses com Inara do lado. — Ficar exposto assim apenas nos coloca em risco.

— Vamos pegar a estrada então — Percy diz, levantando a ajudando Beatiz a ficar de pé.

Os seis semideuses começam a se afastar da praia. Eles andam em duplas, em filas indianas. Jason e Inara vão na frente, Beatriz e Percy ficam no meio e Paula se vê obrigada a ir atrás com Nico. Ela revira os olhos. Definitivamente não é seu dia de sorte. Eles passam por barcos pesqueiros e cargueiros no porto, observam alguns homens descarregando as embarcações e tentam continuar viagem sem chamar muita atenção. Os seis continuam andando em silêncio até chegarem a uma estrada. Eles veem algumas lojas aqui e ali, mas não enxergam nenhum veículo. Ainda que estejam cansados, com fome e com sede, eles continuam andando sem nunca diminuir o ritmo. Entretanto, para piorar ainda mais a situação, em algum momento começa a chover. No meio do caminho Beatriz para e senta-se no asfalto.

— O que você está fazendo, Beatriz? — Inara pergunta, virando-se para a amiga. — Levanta daí, precisamos continuar.

— Meus pés estão criando bolhas. Não dá para chegar até Marrakech a pé — a filha de Zeus diz, massageando os pés. — Só os deuses sabem quantas horas são daqui até lá.

Debaixo da chuva forte é quase impossível ver alguma coisa claramente, mas Paula começa a olhar de um lado para o outro procurando alguma coisa que possa ajudá-los. Quando ela acha, seu rosto se ilumina e um sorriso diabólico aparece em seu rosto.

— Bem, acho que tenho a solução para o nosso problema — Paula diz, chamando a atenção de todos.

A filha de Poseidon ergue o braço e aponta para o que ela achou. Os semideuses seguem seu dedo e seus olhos encontram uma loja de motos há alguns metros de distância. O primeiro a olhar para Paula como se ela fosse louca é Jason. Ela estava pensando em roubar motos? Já não bastava terem roubado um cartão de crédito agora teriam que roubar motos? Qual era o problema dessa garota? Jason se perguntava.

— Você quer roubar motos? — Percy torna audível o pensamento de Jason.

— Sim — Paula dá de ombros. — A menos que você tenha uma ideia melhor, Perseu.

— Como exatamente faremos isso? — Inara pergunta. O sorriso malicioso de Paula volta aos seus lábios.

— Fiquem tranquilos — ela diz. — Eu tenho um plano.

[...]

— Deixa eu ver se entendi direito, Adams — Nico diz, tirando o cabelo molhado da frente dos olhos. — O seu plano consiste em acabar com a energia do lugar, entrar de fininho, pega as chaves e ir embora com as motos? É isso?

— Sim, exatamente — Paula diz, orgulhosa de si mesma. — Não é ótimo?

— Não! — Beatriz e Jason dizem juntos. Paula faz uma careta para eles.

— Você vai usar nós dois — Jason aponta para ele e Beatriz. — para detonar uma caixa de eletricidade sem nenhum tipo de proteção, apenas rezando para que não acabarmos explodindo tudo. Você é maluca, definitivamente!

— Ah, qual é, Grace — Paula balança as mãos, tentando dizer que ele está fazendo uma tempestade em um copo d’água. — Não é como se você e Beatriz não fossem experientes com eletricidade. E além do mais, Percy e eu ficaremos com a pior parte, que é a de entrar lá e sair sem sermos vistos. Depois que vocês dois acabarem com a energia vão ficar esperando junto de Nico e Inara do lado de fora, sãos e salvos. Para de ser tão cagão, Jason.

 — Ela tem razão, Jason — Inara segura a mão do namorado. — Nico e eu teremos que entrar lá para apagar os seguranças. Comparada com a nossa, a sua parte e de Beatriz é moleza.

Jason bufa e fecha a cara. Ele e Beatriz ficam bem contrariados com este plano e um pouco receosos de que não irá funcionar, mas não podem falar nada, afinal não têm um plano melhor. Depois de muita discussão eles resolvem que precisam fazer alguma coisa ou pegaram uma pneumonia por causa da chuva. No fim, Beatriz e Jason seguem com o plano.

Nico e Inara escondem-se do lado direito da loja enquanto Paula e Percy vão para o esquerdo. Assim que Beatriz e Jason desligassem as luzes, os quatro entrariam em ação. Enquanto isso, os filhos de Zeus vão para debaixo de um toldo para se protegerem da chuva enquanto dão um jeito em suas roupas. Beatriz rasga a outra perna de sua calça para transformá-la em short de uma vez e Jason dá sua blusa para ela possa cobrir o sutiã de uma vez. Ele fica só de calça jeans, mas não tem tempo de reclamar, eles precisam agir rápido, pois a cada momento que passa o perigo de encontrarem monstros apenas aumenta. Os dois saem de baixo do toldo e a chuva parece dar uma trégua. Eles dão as mãos; fingiram que são um casal que se meteram em um acidente de carro e que estão procurando por ajuda. Eles trocam um último olhar antes de começarem a andar e exercerem seus papéis.

O céu começa a clarear, fazendo os dois ficarem bem mais visíveis. Na frente da loja, eles colocam o plano em ação. Beatriz se joga no peito de Jason e começar a fingir um choro convulsivo. Do lado da loja Inara sente algo crescer dentro de si: ciúmes. Ela resmunga alguns palavrões enquanto quase passa por cima de Nico para ver melhor o que Jason e Beatriz estão fazendo.

— Será que dá para ficar quieta? — Nico sussurra para a meia irmã.

— Ela está agarrando ele, caramba — Inara sussurra de volta.

— Ah, me poupe, Forbes — Nico revira os olhos. — Eles são meio irmãos!

— Hunf — Inara bufa e cruza os braços. — Incesto nunca impediu os deuses de fazerem filhos entre si.

— Ei, sua maluca — Nico a segura pelos braços. — Eles só estão fingindo. Você sabe o que isso significa? Encenação? É de mentirinha. Não significa que eles vão sair por aí transando igual dois gatos no cio depois que isso acabar. Agora, sossega aí e presta atenção no que temos que fazer.

— “Sossega aí” — Inara repete o que Nico disse com uma voz irritante. — Blá blá blá. Você não manda em mim, di Angelo.

— Infantil — ele diz, virando de costas para a menina. Inara mostra o dedo do meio para ele.

Enquanto isso, na frente da loja de motos, Beatriz e Jason são recebidos por uma mulher. Ela provavelmente trabalha na loja porque está muito bem vestida. Ela começa a falar com eles, mas os dois não entendem nada, pois ela fala árabe. Beatriz desencosta a cabeça do peito de Jason e troca um olhar com ele. O que eles fariam para entrar já que não podiam falar com a mulher? Um homem de meia idade se aproxima deles. Provavelmente é o gerente. Ele fala com a mulher e segundos depois ela se retira.

— Está tudo bem com vocês? — o homem pergunta, virando-se para Beatriz e Jason.

— Que bom que você fala a nossa língua — Beatriz diz, um pouco alto demais, e volta a fingir seu choro. — Meu marido e eu estamos passando a nossa lua de mel aqui e acabamos de sofre um acidente de carro — ela deixa um soluço escapar. — Foi tão horrível — diz, abraçado Jason novamente.

— Ela está bem assustada — Jason diz, acariciando os cabelos da meia irmã. — Será que podemos ficar aqui até ela se acalmar e conseguirmos ajuda? Esta loja é a primeira que vimos desde que abandonamos nosso carro há alguns quilômetros daqui.

— É claro. Entrem — o homem diz, cheio de preocupação. Beatriz se sente mal por ter que mentir para ele, mas continua com a encenação de qualquer jeito.

Os dois entram na loja e sentam-se em duas poltronas. O senhor oferece a eles um cobertor e uma xícara de café e os dois semideuses começam a contar como foi o acidente em que se envolveram. Eles divergem em alguns pontos da história, mas o homem acaba se convencendo de que eles estão de fato falando a verdade. Momento depois o gerente pede licença para eles e vai pegar o telefone para que eles possam ligar para a emergência. É neste momento que Paula coloca a cabeça na frente das portas de vidros, chamando a atenção dos filhos de Zeus. Ela move os lábios, tentando falar algo e parecendo bem irritada. Jason semicerra os olhos, tentando ler os lábios da menina.

— Parem com... — ele se concentra um pouco mais pra ler. — Parem com esta porra e... Terminem logo com isso — Jason manda uma careta para ela e faz um bico. — Hunf, quem ela pensa que é para falar assim com a gente?

— Ela tem razão, Jason — Beatriz levanta da poltrona. — Vamos logo terminar com isso.

O homem volta com o telefone na mão, mas Beatriz dá a desculpa de que ela precisa usar o banheiro. O homem mostra a direção para ela e a menina vai andando inocentemente até lá enquanto Jason distrai o homem. Beatriz passa reto pelo banheiro e vai até os fundos da loja. Uma vez lá dentro, ela começa a procurar pela caixa de eletricidade. Assim que acha vai até ela e quando abre faz uma careta. Os fios estão todos misturados e ela não tem ideia do que fazer.

— Talvez se eu causar um curto circuito... — ela sussurra para si mesma.

E é exatamente o que a menina faz. Ela coloca a mão dentro da caixa e usa sua eletricidade para causar um curto nos fios. Diferente do que ela esperava não houve nenhuma explosão. As luzes simplesmente se apagam como se tivesse faltado energia ou algo do tipo. Do lado de fora da loja, Paula e Percy se preparam para entrar. No momento em que as luzes desligam, os dois vão para a frente da loja.

— Pronto? — Paula pergunta para Percy. O menino assente. —  Ótimo. Só cuidado para não levar um tiro dos seguranças.

— Espera — o menino para no meio do caminho. — Um tiro? Você não disse nada sobre...

— Vem logo, Perseu — Paula puxa o meio irmão para dentro da loja, rindo.

Os funcionários da loja estão desesperados, correndo de um lado para o outro em meio ao breu. Paula e Percy não conseguem enxergar nada, mas ouvem os gritos de dor de homens. Eles sabem que são Inara e Nico cuidando dos seguranças, só esperavam que eles não tivessem matado os homens. Os filhos de Poseidon esbarram em algumas pessoas, mas conseguem chegar até o local onde guardam as chaves, atrás do balcão.

— Vamos, Paula — Percy puxa a mão da menina. — Eu já peguei a chave.

— Espera aí — ela puxa a mão de volta.

— O que você está fazendo? Vamos logo! A energia pode voltar a qualquer momento!

— Ah! — ela exclamo, feliz. — Consegui. Vamos.

Os dois saíram correndo da loja e encontraram com os outros quatro do lado de fora. Percy joga uma chave para Beatriz e outra para Jason, e Paula puxa a última de sua mão. Eles sobem em três motos que estavam do lado de fora para exposição e os três que estão dirigindo aceleraram a moto e saem catando pneus na estrada. Paula é a primeira a quebrar o silêncio entre eles, dando um grito de felicidade. Eles estão com as mesmas duplas de sempre: Paula e Nico, Inara e Jason, Beatriz e Percy. É Paula quem está dirigindo e como ela está indo muito rápido Nico começa a achar que não chegará a Marrakech vivo. Jason está dirigindo a outra moto e, apesar de não estar indo muito rápido, Inara vai agarrada em sua mochila. A última moto é a que Beatriz está dirigindo, ela é a que está mais devagar, mas ainda assim Percy segura na cintura dela com uma força desnecessária. Paula diminui um pouco a velocidade para ficar ao lado da moto de Jason.
— Viu, Grace? Tudo deu certo no final. Você tem que admitir que eu sou foda — ela disse, rindo.

Jason manda o dedo do meio para ela – o que surpreende Nico, Inara e a própria Paula – e acelera sua moto. O resto da viagem é tranquila. Beatriz e Percy ficavam revezando no volante e agora era ele quem estava dirigindo. Como esperado Paula manteve a velocidade constante e continuo na frente dos outros. Jason e Inara foram conversando sobre assuntos banais durante o percurso. Beatriz estava abraçada na cintura do filho de Poseidon e em algum momento da viagem encostou a cabeça nas costas dele. Ela até conseguiu tirar um cochilo por alguns minutos até que Paula parou sua moto e os outros repetiram o movimento, obrigando a menina a acordar. Eles pararam em frente à uma lanchonete.   

— Por que paramos aqui? — Nico pergunta.

— Bem, Percy, lembra quando você estava querendo sair da loja, mas eu estava tentando pegar uma coisa? — Paula olha para o meio irmão. O menino assente, confuso. — Então, era isso.

Paula mete a mão por dentro da sua blusa e puxa do sutiã um bolo de dinheiro. O queixo de Percy cai. Então quer dizer que além de pensar no plano de roubar as motos ela ainda teve tempo de pensar em roubar dinheiro? Beatriz ri, sonolenta, ainda encostada nas costas de Percy. Pelo canto do olho, Percy olha para ela e, ao ver sua cara de sono, segura uma das mãos da menina que está em sua cintura. Eles entrelaçam os dedos e é a vez de Percy sorrir.

— Vamos comer alguma coisa — Paula diz, descendo da moto. — Estou faminta.

Os seis entram na lanchonete e chamam atenção pelo estado em que se encontra suas roupas, mas eles não ligam muito para isso e sentam-se em uma mesa afastada, perto da porta de saída. A garçonete traz o cardápio, porém, como eles não falam a mesma língua, os seis apenas apontam para o que querem no menu e a mulher sai para trazer os pedidos. Eles ficam conversando sobre o que faram quando chegarem à Marrakech e outras coisas irrelevantes. Quando os pedidos chegam os seis atacam a comida. Parece até que não viam comida há anos. Quando já estão quase terminando Beatriz levanta a cabeça e olha para a televisão. No aparelho está passando uma notícia; como está em árabe a menina não entende nada do que está sendo dito, mas quase engasga quando vê a imagem que é mostrada na tela.

— Pessoal — ela chama. —, olhem aquilo ali.

Os cinco levantam a cabeça e olham para televisão. A imagem que está sendo mostrada é uma deles seis correndo no aeroporto de Las Vegas e um vídeo deles roubando o jatinho. Debaixo da foto está a fras: “Procurados pelo FBI” em inglês. O rosto deles está um pouco embaçado na foto, mas ainda assim dá para reconhecê-los. Paula se engasga com a água que está tomando e Inara se vê na obrigação de dar tapinhas nas costas da amiga.

— Que porra é essa? — pergunta Paula, tossindo. — Estamos sendo procurados pelo FBI?

Os clientes do restaurante e os funcionários olham diretamente para a mesa deles como se fossem assassinos. Jason é o primeiro a reparar nos olhares lançados para eles e sente um suor começar a escorrer pelas suas costas.

— Err, gente — ele sussurra. — Temos que ir embora. Agora!

Os outros cinco percebem os olhares e se levantam rapidamente. Um por um, eles começam a correr para fora da lanchonete. Paula é a última a sair e não deixa de pegar seus sanduichinhos naturais. Quando chega do lado de fora, Nico já estava esperando por ela na moto.

— Tá de sacanagem comigo, né? Você ainda traz esses sanduiches? — Nico franze o cenho.

— O que é? — ela pergunta, de boca cheia, subindo na moto. — Eu estou com fome. Não enche o saco.

Nico, Percy e Jason aceleram as motos e se afastam da lanchonete o mais rápido que podem. Agora que estão sendo procurados pelo FBI as coisas ficariam bem mais complicadas; eles seriam reconhecidos em qualquer lugar que fossem e além de terem que se preocupar com monstros ainda teriam que tomar cuidado com a policia. Será que as coisas poderiam ficar piores?

Eles chegam à Marrakech quando o sol já está se pondo. A cidade está cheia de pessoas, turistas de todas as nacionalidades andam para lá e para cá e alguns policiais fazem rondas em alguns pontos. Os três meninos deixam as motos na mesma velocidade.

— Nós precisamos achar um lugar para ficar — Paula comenta. — E bem rápido.

Eles continuam nas motos por mais algum tempo até pararem na frente de um hotel. O nome é: Hotel Pullman Marrakech Palmeraie Resort and Spa, mas algo dentro do lugar chamou a atenção dos semideuses. Eles estacionam suas motos e entram no hotel. No saguão, eles chamam tanto a atenção dos hóspedes por causa do estado em que se encontram que Beatriz começa a se sentir constrangida.

— Por que entramos aqui mesmo? — ela pergunta. — É bem óbvio que não vamos poder passar a noite aqui. Será que podemos ir embora?

— Shh — Paula diz. — Espere um pouco. Tem algo estranho neste hotel.

— Mas um motivo para darmos o fora — Beatriz contina. — E se for algum monstro?

— Com licença.

A voz os faz virar para trás. Um homem está de pé atrás deles com uma cara de poucos amigos. Ele parece ser o ser o segurança do local e não está nem um pouco feliz de ver seis adolescentes sujando o saguão do hotel.

— Pode deixar, Almir — outro homem vai andando até eles. — Eu cuido dessas crianças.

— Sim, senhor — o segurança vai embora.

— Estava esperando por vocês — o homem diz, sorrindo. — Semideuses.

[...]

Os semideuses são levados para uma sala muito bem decorada e cheia de coisas caras. Sem se importar com o estado deles, o homem pede para que eles se sentem no sofá. Hesitantes, eles obedecem, e o homem senta-se de frente para eles. Segundos depois, lhes é oferecido chá, mas os semideuses recusam. O que mais chama a atenção deles é o objeto que o homem segura. É algo muito parecido com um cajado só que menor e tem duas cobras entrelaçadas nele.

— Vocês demoraram a chegar aqui — o homem diz, bebericando seu chá. — Foi uma viagem turbulenta?

— Quem é você, velho? — Paula pergunta, de cara fechada. O homem olha diretamente para ela. Beatriz sente medo pela amiga.

— Ora, ora — o homem sorri. — Você deve ser Paula Adams, não é? A filha de Poseidon. Gosto de você, garota.

— Bem, não me leve a mal, velho, mas eu não gosto de você — a menina diz, emburrada.

Beatriz dá uma cotovelada na amiga. Um aviso claro para que ela para de falar assim com o homem desconhecido, afinal eles nem sequer sabiam se o cara poderia ser perigoso ou não. Paula apenas dá de ombros e cruza os braços.

— Mate-osss logo!

Os seis escutam uma voz sibilada. Eles olham de um lado para o outro, procurando de onde vem a voz, mas não encontram nada.

— Quero comer ratinhosss!

Percy é o primeiro a ver de onde a voz está vindo. É do cajado do homem, das cobras enroladas nele. Na verdade, não é um cajado, é um caduceu e as cobras enroladas neles são Marta e George. Este homem não é comum, é um Deus e Percy já tinha encontrado com ele um tempo atrás.

— Hermes?! — o menino pergunta, erguendo uma sobrancelha. — Você é dono deste hotel? Pensei que você cuidasse de uma loja de entregas.

— Perseu! — Hermes olha para o menino como se fosse a primeira vez que o visse. — Pensei que não iria me reconhecer. Quanto tempo, não? Sim, eu sou dono daqui. Estou expandindo meus negócios, sabe como é.

— Hermes? — é a vez de Inara erguer uma sobrancelha. — Quer dizer que você é o Hermes? Nossa.

— É bem mais velho do que eu imaginava — Paula diz, emburrada.

— Olha, menina, eu agradeceria se você parasse de me chamar de velho. Tudo bem? Obrigado — diz o Deus. — Então, pelo o que estou vendo vocês já passaram por poucas e boas. A situação está complicada?

— Você nem imagina o quanto — Nico responde. — Então, como vai ser? Vai ajudar a gente ou não? Podemos ficar aqui?

— Hum... — Hermes diz. — Talvez.

 — O que você quer em troca? — Jason pergunta.

— Seu raciocínio é rápido, filho de Júpiter — Hermes sorri para ele. — Bem, para ficarem aqui vocês precisam pagar.

Como é que é? — Paula fica de pé. — Pagar? Já olhou para o nosso estado? A gente não tem dinheiro nem para pegar um ônibus quem dirá para pagar este hotel.

— E uma curiosidade: eu só aceito dracmas — Hermes levanta-se e vai até uma mesinha de canto. Ele se serve com um copo de uísque e volta a se sentar na frente dos semideuses.

— E onde diabos vamos achar dracmas? — pergunta Nico.

— Tem uns monstros que estão arruinando meu negócio — Hermes explica. — Lá onde eles estão tem dracmas. Vocês os matam, pegam os dracmas e podem ficar. O que acham?

— Temos escolha? — Paula resmunga.

— É, não — o Deus ri. — Então, vou precisar dividir vocês em trios. Querem escolher ou preferem que eu escolha? — ninguém diz nada. — Ótimo, então eu escolho. Hum... — Hemes coça o queixo. — Os monstros que vocês vão enfrentar exigem que em cada grupo tenha um filho dos Três Grandes... Ah! Já sei. Beatriz, Percy e Nico ficarão em um grupo e Paula, Inara e Jason ficarão em outro.

— E que tipo de monstros são esses? — Beatriz pergunta, desconfiada.

— Ora, vejam por vocês mesmos.

Hermes estala os dedos e em segundos o chão embaixo dos pés dos semideuses some. Como esperado, os trios caem em lugares diferentes. Beatriz, Nico e Percy  vão parar em um local aberto, muito parecido com um deserto; e Inara, Paula e Jason vão parar na frente de uma loja de estátuas. No deserto, os três não entendem muito bem que tipo de monstro vão enfrentar até que ele se torna visível.

— Que diabo é aquilo? — pergunta Beatriz, arregalando os olhos.

— São dois Minotauros! — Percy responde. — Se separem. Rápido!

Os monstros passam correndo bem no meio deles, tão rápido que se não tivessem pulado para o longe teriam sido esmagados. Os três trocam um olhar assustado. Como eles iriam dar conta de dois minotauros sozinhos? Será que o Hermes tinha enlouquecido de vez? Será que eles conseguiriam sobreviver a isso no estado em que estão? Enquanto isso, na loja Jason, Inara e Paula andam entre as estátuas. Em um certo momento eles avistam três mulheres vindo em suas direções. Elas usam óculos escuros e lenços na cabeça.

— Droga — resmunga Inara. — Aquelas não seriam... — Paula a interrompe.

— Puta que pariu! É a Medusa e as irmãs dela. Que cacete! — ela pragueja. — Rápido, fechem os olhos, e não os abram de jeito nenhum.

Hermes estava louco se ele cogitava a ideia de que os três poderiam dar conta da Medusa e suas irmãs sendo teriam que lutar de olhos fechados. Por que ele os tinha mandado para este lugar? Já não bastava esta missa inteira estar sendo uma porcaria desde o inicio? Que diabo eles iriam fazer agora? Será que sairiam vivos?

67

(P.O.V bônus - Quíron)

  A cada dia que passa mais e mais semideuses deixam o acampamento, indo atrás de Haden. E apesar de ainda terem muitos, esta saída deixa Quíron preocupado. Sem ter Dionísio ao lado para ajudar, o centauro tem que administrar tudo sozinho e depois que Annabeth foi embora as coisas se tornaram uma loucura. Afinal, querendo ou não ela ainda conseguia ajuda-lo na organização.

Já faz alguns dias que os seis semideuses foram mandados em uma missão especial para recuperar as armas dos Três Grandes, desde então Quíron não teve nenhuma notícia deles e isso o deixa preocupado. Seis filhos de Zeus, Poseidon e Hades sozinhos por aí... Não poderia terminar de uma forma boa em hipótese alguma. E para piorar ainda mais as coisas, o Olimpo está fechado. Os deuses resolveram se isolar do mundo por motivos que só eles mesmos sabem e isso está deixando Quíron cada dia mais inquieto. Seria um milagre se algum Deus pudesse ajudar os seis em sua missão, o centauro rezava para que isso acontecesse. Já fazem dias que ele não consegue dormir direito.

Neste exato momento Quíron está na Casa Grande tomando chá e assistindo o noticiário por um das televisões criadas pelos filhos de Hefestos. Não é uma coisa chique, mas deixa o velho centauro informado do que se passa no mundo. Ele é tirado de seus pensamentos quando a porta é aberta abruptamente e um Grover enlouquecido entra.

— Ei, Grover, está tudo bem? — Quíron pergunta, confuso. — Aconteceu alguma coisa?

— Coloque no canal da ABC News — o sátiro diz. — Você não vai acreditar no que está passando.

Rapidamente o centauro muda de canal e a reportagem o deixa de queixo caído. A repórter fala sobre seis adolescentes que causaram a destruição de um hotel no Colorado, fizeram pequenos furtos em Las Vegas, roubaram um avião também em Las Vegas, roubaram um barco na Turquia e a poucos minutos atrás tinham acabado de praticar um assalto a uma loja de motos. Um vídeo de Inara, Percy, Jason, Beatriz, Nico e Paula correndo pelo aeroporto de Las Vegas preenche a tela e Quíron cospe todo o chá que estava preso em sua boca.

— O FBI está atrás deles? Pelos Deuses! O que esses pirralhos pensam que estão fazendo? — Quíro bate o punho em sua mesa. — Eu não durmo mais de tanta preocupação e o que recebo em troca? Mais cabelos brancos e mais noites sem dormir.

— Devemos ir atrás deles, senhor? — Grover pergunta.

— Não, Grover — Quíron passa uma mão pelo rosto. — Não se pode interferir em uma missão uma vez que ela já começara — ele solta um suspiro. — Só espero que eles tenham cuidado e que não sejam presos e que, os deuses os livrem, sejam condenados por terrorismo ou algo do tipo.

— Eles são boas pesssoas — Grover tenta levantar os ânimos. — Apesar de serem um pouco irresponsáveis, inconsequentes, imaturos, malucos, cabeças de vento, inexperientes, impulsivos e...

— Grover — Quíron lança um olhar ferino para o sátiro. —, você quer ajudar ou piorar ainda mais a minha saúde?

— Certo. Desculpe — o sátiro diz.

— Que Zeus os proteja — Quíron sussurra.

Será que protegeria mesmo? Será que ainda tinha algum Deus olhando pelos seis semideuses em sua missão? O que estaria acontecendo no Olimpo que fez os Deuses se isolarem? Por que os outros semideuses estariam indo atrás de Haden? Que tipo de perigos ainda esperavam pelos filhos dos Três Grandes?  Todos torciam para que os Deuses estivessem com eles, mas a verdade é que, apesar da aparição de alguns Deuses, o Olimpo nunca estivera tão em perigo e os seis nunca estiveram mais sozinhos em toda sua vida.  


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Notas finais do capítulo

O que acharam, cupcakes? Comentem, por favor ♥



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