32

Percy Jackson

Assim que Beatriz entrou no chalé um Percy sentiu uma súbita vontade de ir atrás dela, mas o que ele poderia falar? "Seu namorado é um idiota e não se preocupe, não vou deixar ele te perturbar mais"? Nem pensar, falar isso apenas pioraria mais a situação. Depois que Haden tocou em Beatriz e acabou queimando sua mão por isso, ele foi embora para o chalé de Hécate, deixando Percy ali, sozinho, encarando a porta do chalé um.

Percy andou até o chalé três e foi direto para o seu quarto. Seu rosto doía e ele ainda estava com muita raiva de Haden. Percy tirou seu tênis e caminhou para o banheiro, ele precisa de um banho para acalmá-lo. Assim que trocou de roupa, deitou em sua cama, mas não conseguiu dormir. Percy estava com uma sensação ruim, e ele já havia aprendido a confiar em sensações ruins. Quase sempre a sensação era ruim mesmo.

Ele tentou de todos os modos dormir, mas sua mente continuava ligada, e ele já estava ficando nervoso por causa disso. Sentou na cama e limpou o suor que se formava em sua testa. Ele tinha que falar com alguém, na sua cabeça surgiu o rosto de Paula, sua meia irmã. Mesmo sem saber o que dizer para ela, Percy levantou da cama e saiu do seu quarto, indo até o quarto da garota.

Percy bateu na porta três vezes, ele escutou alguém xingando dentro do quarto e Paula abriu a porta bocejando. Ela usava um short, camiseta e sandálias. Paula ficou encarando Percy como se não estivesse o reconhecendo, depois que percebeu que Percy era Percy, ela tentou dar um sorriso, mas pareceu mais uma careta.

–Posso falar com você? – Percy perguntou.

Paula assentiu e deu passagem para Percy entrar em seu quarto. O quarto era bem bonito e, como já era de se esperar, azul. Se não fosse pela bagunça no local, seria até bastante feminino. Paula sentou em sua cama e Percy sentou ao lado dela.

–Então... – Paula começou, esfregando os olhos para tentar afastar o sono. – Imagino que não veio aqui para me chamar para ler historias de dormir para você.

–Não – Percy sorriu. – Na verdade, quero conversar sobre Haden.

Paula ajeitou-se na cama e espantou o sono de uma vez. Parecia que ela tinha levado um soco de algum coisa invisível, pois ela tinha ficado completamente ligada.

–Haden Stone? O namorado super estranho da Beatriz? – Paula perguntou.

–Sim, ele mesmo.

–Que foi? Está com ciúmes por ele ser namorado de Beatriz e você não? – Paula perguntou, sorrindo de modo malicioso.

–Vamos conversar sério, por favor?! – Percy olhou feio para ela.

–Tá bom, tá bom. Eu hein, não sabe brincar, não? – Percy ergueu uma sobrancelha. – Certo, o que aconteceu?

–Eu acho que ele está aprontando alguma coisa. Quer dizer, não sei se é porque não gosto dele, mas ele é muito sinistro, e tenho certeza que ele estava tentando me matar na Arena. Não confio nele – disse Percy.

–Eu também não confio nele, mas ele fez mais alguma coisa suspeita com você?

–Hoje eu fiquei com Beatriz no Campo de Morangos por umas duas horas mais ou menos... – antes que Paula pudesse pensar ou falar alguma coisa que não fosse apropriada para o momento, Percy se apressou em dizer: – Nós ficamos apenas colhendo morangos – o sorriso malicioso de Paula mudou para uma cara de tédio, como se quisesse dizer: "vocês são tão chatos". Percy preferiu ignorar e continuou. – Depois eu a acompanhei até o chalé um e não fizemos nada além de conversar. Alguns minutos depois Haden apareceu e bem... Ele teve um ataque, puxou Beatriz pelo braço, me deu um soco, claro que eu revidei, e tudo mais – Paula fez uma careta. – Depois ele tentou falar com Beatriz, mas ela acabou queimando a mão dele com algum tipo de poder dos filhos de Zeus.

Paula estava olhando para o nada quando Percy terminou de falar, ele até pensou que ela não estivesse tão interessada no assunto, mas, de repente, ela virou-se para ele e franziu o cenho.

–Esse garoto é, com certeza, sinistro – Paula disse e Percy assentiu. – O que você acha de espiar ele?

–O quê? – Percy encarou Paula. – Você quer dizer ficar vigiando o cara?

–Sim, podemos fazer isso agora, Percy. Estão todos dormindo. Ninguém verá a gente, e também podemos chamar Inara, ela é filha de Hades e pode nos dar uma força com o lance de ficarmos bem escondidos e tal.

Paula pulou da cama animada. Foi até o seu guarda-roupa, pegou uma calça jeans, uma jaqueta e um tênis. Correu até o banheiro e em menos de cinco minutos ela saiu do banheiro e puxou Percy para levantar da cama e sair do quarto.

–Você ficou maluca? – Percy sussurrou, tentando não acordar ninguém do chalé.

–Percy, nós temos que descobrir o que ele deve estar aprontando. Beatriz pode estar correndo perigo, já pensou nisso?

Percy ainda não tinha pensado na hipótese de Beatriz estar correndo perigo com Haden. Em um movimento rápido Percy foi até seu quarto vestiu uma jaqueta, uma calça jeans e um tênis. Paula o esperou, mas ficou o apressando e por isso ele não demorou nem dois minutos para se arrumar. Eles saíram do chalé e correram até o chalé de Hades antes que alguma Harpia os visse.

33

(P.O.V de ninguém)

Paula e Percy adentraram o chalé de Hades rapidamente. Para a sorte deles não tinha nenhuma Harpia pelo acampamento ainda. Eles caminharam o mais silenciosamente que conseguiram. Paula repreendia Percy sempre que ele tropeçava em alguma coisa e fazia barulho. Assim que chegaram ao quarto que Paula imaginou ser o de Inara, bateram na porta. Eles ouviram o barulho de alguma coisa caindo dentro do quarto e depois um silencio. Paula e Percy trocaram um olhar e a porta foi aberta.

Inara encostou-se na soleira da porta enquanto esfregava os olhos e bocejava. Quando ela percebeu os dois na frente dela, não tentou fazer igual Paula e abrir um sorriso. Inara simplesmente fez uma careta e ficou encarando os dois com uma cara de tédio.

Paula e Percy explicaram para Inara o motivo de estarem ali e a filha de Hades logo se animou em participar do plano. Trocou de roupa e até Queen apareceu ao seu lado. Inara contou a Paula como havia encontrado o cão infernal e Paula disse sobre Blue. Inara entrou no quarto e aconchegou Queen ao lado de sua cama. Os três não paravam um minuto de tagarelar sobre o que fariam quando encontrassem Haden. Antes que pudessem sair do quarto de Inara alguém bateu na porta do quarto que estava aberta. Nico estava ali usando sua calça jeans preta, jaqueta preta e tênis igualmente preto.

–O que você está fazendo aqui? – Paula perguntou a Nico.

–Vocês acham mesmo que vão fazer isso sem mim? – Nico abriu um sorriso arrogante.

–Isso o que? Não estamos fazendo nada – Percy disse, rezando para Nico acreditasse nele e voltasse a dormir.

–Ah, por favor, filho de Poseidon. Você está insultando a minha inteligência! Eu estava conseguindo ouvir o que vocês falavam lá do meu quarto e olha que o meu quarto fica lá no fim do corredor – Nico disse.

Paula revirou os olhos.

–Você não vem com a gente!

–Paula, deixa eu te explicar uma coisa. Ou eu vou ou ninguém vai, até porque eu posso ir agora mesmo falar para o Haden tudo o que vocês estão tramando fazer – Nico cruzou os braços.

Paula semicerrou os olhos.

–Você não seria capaz, seu emo idiota.

–Não brinque comigo, garota – Nico franziu o cenho.

Um silêncio instalou-se no quarto enquanto Nico e Paula tentavam matar um ao outro pelo olhar.

–Ok – disse Percy, chamando a atenção dos dois. – Voc~e pode ir Nico, dois filhos de Hades vão ser bons para nós, Paula. O lance é o seguinte, temos que ficar quietos. Haden deve estar no chalé de Hécate ou em qualquer canto depois da trilha dos chalés menores. E ele não poderá nos ver em hipótese alguma.

–Se você ousar entregar a gente, Nico, eu corto teu objeto sexual – Paula ameaçou.

–Ah nossa, estou morrendo de medo – Nico revirou os olhos. – Não vou entregar ninguém, até porque também quero descobrir o que esse cara está tramando. Nunca confiei nos filhos de Hécate.

Paula assentiu. Os quatro saíram do chalé em silencio. Paula e Percy perceberam que os filhos de Hades levavam a sério esse negocio de silencio. Era como se eles nem estivessem ali. E ainda tinha as sombras que podiam muito bem esconder Inara e Nico.

Eles caminharam até a trilha dos chalés dos Deuses menores. Estavam tão concentrados em não fazer nenhum barulho que até o barulho do vento podia ser escutado. Eles chegaram na trilha dos chalés menores e olharam diretamente para lá. Era tudo escuro e silencioso. Não tinha nada na trilha a não ser algumas pedras que demarcavam o caminho. Os quatro se entreolharam e caminharam em fila indiana até lá, primeiro Nico, depois Paula, depois Percy e atrás vinha Inara. Eles chegaram perto do chalé de Hécate e se dividiram em duplas. Percy escolheu ficar com Inara por ela ser filha de Hades e também porque Nico não gostava dele, então não seria nenhum um pouco agradável eles ficarem junto. Paula teve que ficar com Nico, contra sua vontade, mas ela não podia fazer nada, era bom um bom motivo que iriam ficar juntos.

Percy e Inara entraram no chalé e Nico e Paula foram procurar pelo lado de fora. Não demorou nem quinze minutos e Inara e Percy saíram do chalé dizendo que todos estavam dormindo e que Haden não estava no quarto.

–Onde esse cara está? – Paula perguntou para si mesma.

–Se soubéssemos não estaríamos procurando – Nico disse.

–Eu não te perguntei, di Angelo! – Paula revirou os olhos.

–Não comecem a brigar vocês dois – Inara disse, antes que Paula pudesse fazer ou falar qualquer coisa.

Eles sentiram um cheiro intenso de incenso que fez os quatro levarem a mão até o nariz para não espirrarem. Eles se entreolharam e foram até a parte de trás do chalé de Hécate, estava tudo escuro. Mas logo depois o cheiro de incenso veio mais forte. Eles seguiram o cheiro e, um pouco mais afastado dos chalés, eles encontraram Haden acendendo incensos que estavam colocados no chão em forma circular, Haden estava no meio do circulo e inalava a fumaça do incenso toda vez que um era acendido. Os quatro se esconderam atrás de algumas plantas que eram altas o suficiente para esconder eles e dar uma boa visão do que Haden estava fazendo.

–Por Hades! – Nico sussurrou. – Ele vai fazer macumba?

Paula deu uma cotovelada no braço de Nico.

–Cala a boca! Temos que prestar atenção!

Haden delicadamente pegou um saco preto que estava encostado em uma árvore e tirou de dentro dela um bastão de cor vermelha, parecia que tinham pintado o bastão com sangue. Também tirou um óleo de rosas, quatro velas de cores diferentes: uma azul escuro, outra cinza, a outra era marrom e outra laranja quase da cor de uma chama e mais três velas vermelhas. Logo depois Haden acenou com a mão para alguém e logo apareceu uma garota vindo na direção dele, ela andava devagar e cambaleante. Se não fosse por seu peito subir e desce por causa da respiração, poderia ser facilmente confundida com um zumbi. Haden a mandou sentar-se no chão e falou algumas palavras olhando fixamente para seus olhos, quando Haden levantou-se os quatro que estavam escondidos perceberam que os olhos, que antes eram castanhos escuros da garota, se transformaram em cinza, não dava para distinguir a pupila da íris. Os quatro engoliram em seco esperando para ver o que ainda estava por vim.

Haden pegou um galho que estava caído no chão e traçou um circulo no chão, depois colocou as três velas vermelhas sobre um altar improvisado por um tronco de arvore pequeno. Paula, Percy, Inara e Nico perceberam que as velas estavam representando Hécate, a Deusa Tríplice. Depois Haden pegou as velas coloridas e colocou ao norte a vela marrom, colocou ao leste a vela cinza, ao sul ele colocou a vela azul escuro e ao oeste ele colocou a vela laranja. Depois ele caminhou até as velas vermelhas e as ascendeu com um isqueiro, dizendo em seguida:

–Peço a benção daquele a quem sirvo e de seus aliados. Abençoem essa noite e esse circulo enchendo-o de poder e magia.

A voz de Haden era fria e áspera. Ele ajoelhou-se na frente das velas de braços abertos e as mesmas arderam em chamas. As chamas ficaram tão altas e fortes que chagavam a brilhar. Haden levantou-se e as chamas o iluminaram, seu rosto era uma mascara de ódio e poder. Seus olhos estavam fundos e sem nenhuma expressão. O azul de seus olhos estavam tão escuros que poderiam ser confundidos com pedras azuis royais.

Paula, Inara, Nico e Percy sentiram seus corpos arrepiarem. Nunca tinham presenciado nada tão estranho e mau. Eles mal conseguiam acreditar nos seus próprios olhos, era quase impossível de acreditar que Haden Stone, um dos caras mais atraentes e fofos do acampamento, era tão mau e perverso.

Haden pegou a garota que estava sentada com os olhos vidrados no nada e a deixou de pé no centro do circulo. Ele tirou de dentro do bolso da calça um canivete e segurou o braço da garota. Ele fez um corte no braço dela do pulso até o cotovelo. Ela não esboçou nenhuma expressão, continuava com os olhos vidrados e mexia a boca como se estivesse falando algo.

Nico, que estava escondido, pegou um celular de dentro do bolso da calça e colocou para filmar. De qualquer maneira ele tinha sido esperto.

–Que isso? – Paula olhou para ele. – Não pode usar celular no acampamento, seu idiota!

–Os filhos de Hefesto fizeram esse celular, sendo assim posso usá-lo aqui. Agora fica quieta! – Nico sussurrou.

Paula revirou os olhos, mas acabou ficando quieta para prestar atenção no resto do ritual que acontecia na sua frente.

O sangue da garota que estava com Haden escorria por seu braço e caia no chão. Haden pegou uma tigela pequena que tinha no chão e deixou o sangue cair lá dentro. Quando a tigela estava cheia até a boca ele mandou a garota sair do circulo e caminhou em direção a vela marrom, a vela do norte. Ele deixou o sangue cair em circulo ao redor da vela e depois deixou cair um pouco em cima dela, dizendo:

–Peço ajuda aos espíritos da Terra que estão aliados aos meus Senhores. Quero que me deixem mais forte para o Grande Dia.

O cheiro de terra invadiu as narinas dos quatro semideuses que estavam escondidos. Mas não era cheiro de terra molhada ou de terra na época da primavera, era um cheiro de terra feita para enterrar pessoas mortas, era um cheiro de terra morta e podre. Haden dobrou-se e arfou algumas vezes quando a terra pareceu invadir seu corpo, mas logo depois voltou para sua postura.

Haden caminhou em direção ao leste, onde estava a vela cinza. Deixou o sangue cair em um circulo ao redor da vela e depois deixou cair um pouco em cima, dizendo:

–Peço ajuda aos espíritos do Ar que estão aliados aos meus Senhores. Quero que me deixem mais forte para o Grande Dia.

Um vento passou ao redor dos quatro semideuses escondidos e entraram em suas narinas. Não era o cheiro de nenhum vento fresco e perfumado como se viesse de um campo de flores, era um cheiro de esgoto misturado a mofo. Haden dobrou-se novamente quando o ar o invadiu e dessa vez ele gemeu um “uau”, mas voltou a sua postura normal.

Haden caminhou em direção ao Sul, onde estava a vela azul escuro. Deixou o sangue cair em um circulo ao redor da vela e depois deixou cair um pouco em cima, dizendo:

–Peço ajuda aos espíritos da Água que estão aliados aos meus Senhores. Quero que me deixem mais forte para o Grande Dia.

O som de água foi escutado por Paula, Percy, Nico e Inara, e o cheiro invadiu suas narinas. Como os outros era um cheiro nada agradável, Percy e Paula sentiram seus poderes herdados de Poseidon se agitarem dentro de si. Era um cheiro tão repugnante que Percy teve que segurar as mãos de Paula para eles não perderem o controle e acabarem entregando a posição deles. Haden dobrou-se um pouco mais quando a Água invadiu seu corpo e arfou alto, mas logo voltou a sua postura.

O filho de Hécate caminhou até o oeste, onde estava a vela laranja. Deixou o sangue cair em um circulo ao redor da vela e depois deixou cair um pouco em cima, dizendo:

–Peço ajuda aos espíritos do Fogo que estão aliados aos meus Senhores. Quero que me deixem mais fortes para o Grande Dia.

O som de fogo queimando foi ouvido pelos semideuses escondidos ali presentes. Mais ao invés de entrar nas narinas, o fogo entrou na mente. Fazendo tudo lá dentro queimar e doer. Os quatro fecharam os olhos e se concentraram em seus poderes e partes divinas para não acabarem desmaiando ali. Nico apertou a mão de Inara ao sentir seu poder herdado de Hades se agitar, ele apertou a mão da meia-irmã antes que o fizessem perder o controle. Inara apertou a mão de Nico demonstrando que também queria manter o controle. Haden dessa vez não conseguiu se manter em pé quando o fogo o invadiu. Ele cambaleou e seus joelhos cederam, fazendo o filho de Hécate cair no chão. Ele passou a mão no rosto e minutos voltou para sua postura.

Os quatro semideuses já estavam de olhos abertos e embasbacados com tudo o que viam. Haden pegou o bastão que até então estava esquecido e o molhou com o resto do sangue da garota que ainda tinha na tigela. Ele levantou o bastão e traçou um pentagrama no ar, enquanto dizia:

–Eu invoco os poderes de meus Mestres, os poderes de seus aliados e meus poderes herdados de Hécate para me fortalecerem e me fazerem apto para o dia tão esperado. A partir de agora nada poderá me atingir.

Quando Haden terminou de falar cravou o bastão no chão e uma explosão muito forte de água, fogo, terra e ar se juntaram no garoto fazendo um som terrível ao explodirem dentro do filho de Hécate. Paula, Nico, Percy e Inara tiveram que tapar os ouvidos. Haden gritou de agonia e caiu de joelhos no chão. Os quatro semideuses que estavam escondidos lutaram contra a vertigem, o enjoou e a agonia de estarem presenciando aquilo e continuaram olhando para Haden que ainda segurava o bastão ofegante. Ele levantou a cabeça devagar e pareceu que estava encarando os quatro semideuses que se encolheram para não serem vistos, mas, na verdade, ele encarava o nada. Um sorriso se formou nos lábios de filho de Hécate e ele ficou de pé.

–Uma parte está concluída, Senhora!

Haden saiu de dentro do circulo e o fogo consumiu tudo o que tinha ali. Ele gargalhou, pegou o óleo de rosas e jogou em todo o local que tinha acontecido o ritual para disfarçar o cheiro do incenso e do sangue, depois pegou a menina que fora esquecida. Falou algumas palavras em seu ouvido e a empurrou em direção ao chalé de Hipnos. Quando tudo não passava de cinzas, Haden contornou o chalé de Hécate e entrou, batendo a porta fortemente. Os quatro semideuses saíram de onde estavam escondidos e correram até os chalés dos Deuses maiores. Quando chegaram lá estavam ofegantes e suados. Eles olharam para o céu e viram que ele já estava em tons pasteis, Nico olhou o relógio de seu celular feito pelos filhos de Hefesto e viu que já eram quatro e meia da manhã.

–Eu não acredito no que eu acabei de ver – Paula disse. – Foi a coisa mais maluca, sinistra e ruim que eu já vi em toda a minha vida.

–Nunca iria imaginar que Haden, O Babaca, era tão péssimo – Inara disse.

–Nós precisamos falar isso pra alguém – disse Nico. – Eu nem imaginava que os filhos de Hécate podiam fazer esse tipo de magia. Nem parece coisa de semideus.

–Não podemos falar para Beatriz, se não ela é capaz de jogar toda a merda no ventilador e aí nós estamos ferrados – Paula comentou.

–Jogar a merda no ventilado? – Percy encarou Paula, visivelmente confuso.

–Jogar a merda no ventilado quer dizer que ela vai acabar fazendo a coisa errada e isso vai espirrar para todos os lados, igual merda quando é jogada no ventilador – Paula explicou.

–Sem falar que ela vai ficar mais louca que Afrodite sem maquiagem e nós vamos ser os culpados pela droga toda – Inara disse.

–Ok, nada de contar para Beatriz, mas vamos contar para quem então? – Percy cruzou os braços.

–Nico tem tudo gravado. Não precisaríamos nos preocupar se vão acreditar ou não, até porque uma imagem vale mais que mil palavras. Nós temos que esperar o momento certo e contar para o Quíron – Paula disse.

–Sim, claro. Mas temos que fazer Beatriz se afastar de Haden, depois do que vi aqui tive completa certeza que ele é mau, muito mau – Percy disse, franzido o cenho.

–Isso deixa comigo e com a Inara. Beatriz é apaixonada por ele, mas gosta ainda mais da gente. Se nós tentarmos abrir os olhos dela, ela vai acabar cedendo – Paula disse. – Percy, Nico, vocês podem ir atrás de mais coisas sobre a vida dele, sei lá, fiquem de olho em tudo e qualquer coisa fora do normal nos avisem. Ele falou de um “Grande Dia”, nós temos que ficar ligados para isso também, ou os otário seremos nós e não ele.

Todos assentiram.

–Agora precisamos ir dormir, hoje vai ser um dia longo – Inara falou.

Os quatro se despediram e Nico e Inara foram para o chalé treze enquanto Paula e Percy foram para o chalé três. Antes que Percy pudesse entrar em seu quarto, Paula o chamou.

–Algum dia vamos ter que contar para Beatriz, e ela querendo ou não vai ter que aceitar que o namoradinho dela não presta. Mas até lá e enquanto eu e Inara não estivermos próximas dela, até porque isso de tirar ela de perto de Haden pode fazê-la se afastar de mim e de Inara, eu conto com você para cuidar dela –Paula tocou em um ombro de Percy e deu uma leve batidinha nele. – Você também pode contar a Jason, Beatriz gosta dele e ele poderia nos ajudar.

–Pode deixar, quando Beatriz e Jason souberem, nós seis, juntos, iremos descobrir o que esse otário esta aprontando. E pelo o que eu vi, o negocio ta pegando, então vamos ter que levar bastante a sério – Percy disse, tocando na mão de Paula.

–É, eu sei. Então, bom resto de noite Percy – Paula deu um leve sorriso.

–Bom resto de noite – Percy sorriu.

E assim cada um foi para o seu quarto pensando em um jeito de poder contar para Beatriz e Jason e darem um jeito de descobrir o que o filho de Hécate estava querendo aprontar.