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Inara Forbes

Inara havia ficado feliz por Paula ter sido reclamada. Algo dentro de Inara queria que ela fosse reclamada também, mas ela imaginava que isso não fosse acontecer tão cedo.

Depois que Paula foi levar suas coisas para o chalé onze. Inara foi treinar arco e flecha. A garota odiava esse treinamento. Ela nunca conseguia acertar os alvos, era como se eles se desviassem das flechas dela. Assim que Inara chegou lá, viu que Jason também estava lá, ele sorriu assim que a viu. Ela revirou os olhos.

Inara pegou um arco e uma flecha e se posicionou. Respirou fundo, tinha que ficar calma para não quebrar aquele alvo desgraçado.

Ela atirou a primeira flecha que parou a uma distancia considerável do alvo. Calma Inara, é só a primeira flecha, pensou. Atirou a segundo flecha que parou a uma distância razoável do alvo. Inara não conseguiu mais se conter.

–Por que esse alvo não vai atrás da flecha e faz com que ela pare no meio dele? – Inara não gritou, mas sua voz saiu mais alto que o normal. Ela bufou.

Alguns campistas olharam para ela e outros até riram. Ela já estava se preparando para atirar a terceira flecha quando percebeu que Jason caminhava até ela, rindo igual aos outros.

–Se acalma – disse ele.

–Que é? Vai ficar rindo da minha desgraça também? – perguntou, apontando a flecha para o alvo.

–Não, vou ajudar você.

Jason foi para trás de Inara e segurou as mãos de Inara, apontando de um jeito diferente para o alvo. Ele ficou tão perto dela que Inara já conseguia sentir a respiração dele em sua orelha. Enquanto Jason explicava algumas coisas para ela, Inara começou a ter um certo déjà vu com lembranças que ela lutou tanto para esquecer. Inara não conseguiu se controlar, com um movimento brusco ela acertou seu cotovelo no abdômen de Jason o que fez o mesmo dar um passo para trás e Inara acabou atirando a flecha errado e quase acertou o braço de um garoto. Ela estava tão atordoada que deixou o arco cair no chão. Sua visão começou a ficar embasada por causa das lágrimas, mas ela se negou a chorar. Não iria chorar no meio do acampamento, na frente de todo mundo.

O garoto que quase foi acertado com a flecha começou a xingar Inara, mas ela não conseguia escutar nada. Ela olhou de um lado para o outro procurando os chalés, ela já podia sentir algumas lágrimas lutando para sair. Ela tinha que se controlar!

Inara olhou para Jason que estava com uma mão no abdômen, gemendo de dor. Ela não tinha batido tão forte... Ou tinha?

–Desculpe – Inara sussurrou para Jason, mesmo sabendo que, muito provavelmente, ele não iria escutar.

Inara correu entre os campistas para chegar até o chalé onze. Ela queria se trancar em seu quarto até tudo isso acabar, mas como a sorte não estava do lado da garota, Drew a parou no meio do caminho. Inara engoliu o choro e limpou as lágrimas antes que Drew a percebesse.

–O que você quer? – Inara perguntou, furiosa.

–Quero saber por que você fez isso no meu cabelo – Drew apontou para o cabelo colorido.

Inara olhou para o cabelo dela, mas não conseguiu rir.

–Não fiz nada com você – mentiu.

–Ah, não? E você quer que eu acredite nisso? Ah por favor, Inara, seu papinho de "menina santa" pode funcionar com os garotos que te comem, mas comigo não funciona! – Drew cruzou os braços.

As lembranças vieram mais nitidamente na mente de Inara. Ela começou a sentir as lágrimas de nojo, sentiu vontade de gritar que a única puta ali era Drew, mas as palavras travaram. Inara só conseguia pensar em chorar, chorar e chorar. Como se seu cérebro estivesse programado para isso toda vez que ela se lembrasse da mesma coisa.

–O que foi? – Drew atraiu a atenção de Inara. – Perdeu a voz?

Não, Inara. Você consegue aguentar!, ela ficava repetindo isso em sua cabeça, mas sempre que tentava aguentar as lágrimas sentia os braços de Jason a envolvendo, as mãos dele pegando as suas e ela sentia ainda mais vontade de chorar. Por que eu não posso ser normal?, Inara gritou isso no fundo de sua mente.

Inara tentou correr para longe de Drew, mas a garota segurou seu pulsa, fazendo-a ficar parada no mesmo lugar.

–Não me toca!!! – Inara berrou. Drew saltou-a, a filha de Afrodite deu um passo para trás.

Inara virou-se de frente esticou um braço. Como se seguisse ordem dela, uma rachadura formou-se no chão ao lado de Drew. Inara congelou, ela estava horrorizada. Era a mesma rachadura que Nico havia feito quando Paula fora reclamada. Inara olhou ao redor procurando Nico só para ter certeza se não foi ele quem fez a rachadura, mas Nico não estava ali. Ela havia feito aquilo.

Inara olhou para os campistas que estavam a sua frente, todos estavam ajoelhados. Até Drew.

–Salve Inara Forbes, filha de Hades, Deus do submundo – alguém disse.

Inara olhou para cima da sua cabeça e viu que havia um holograma de um Elmo de Terro em cima de sua cabeça. Ela olhou ao redor e viu que Beatriz estava chegando perto dela, Inara não queria que a amiga a visse no estado em que estava. Não queria ter que contar o motivo de estar quase chorando. Não que ela não confie em Beatriz, mas ela não poderia contar o motivo a ninguém.

Antes que todos pudessem se levantar e Beatriz pudesse alcançar Inara, ela saiu correndo dali. Correu tanto que chegou ao chalé onze em menos de cinco minutos. Ela entrou em seu quarto e trancou a porta. Já podia sentir as lágrimas tomando conta do seu rosto. Ela sentou-se no chão, abraçou as pernas e chorou.

[...]

Quando conseguiu se acalmar, Inara começou a arrumar suas coisas. Ela não via as amigas desde o momento em que foi reclamada. E não queria vê-las tão cedo. Ainda não.

Saiu do chalé onze e todos alguns campistas ficaram olhando para ela, certamente estavam lembrando do que aconteceu com ela, mas Inara não se importou. Ela andou até o chalé treze e respirou fundo umas vinte vezes antes de bater na porta.

Ela esperou alguns minutos antes de uma menina atender a porta. Era uma garota baixinha, de cabelos enrolados, morena e com os olhos cor de âmbar.

–Oi – disse a menina. – Sou Hazel Levesque.

–Inara Forbes.

Antes que alguém pudesse falar algo, um garoto apareceu atrás de Hazel. Era um garoto bem alto, branco, de cabelos pretos bem curtos e de olhos puxados. O garoto parecia um chinês e talvez fosse. Inara não quis nem imaginar o que eles dois poderiam estar fazendo dentro do chalé.

–Esse é Frank Zhang – Hazel apresentou.

–Oi – disse Inara.

–E aí – disse Frank.

–Entre – Hazel deu passagem para Inara entrar. – Você é filha de Hades, certo?

–Sim.

–Vem, vou mostrar seu quarto.

Inara foi caminhando atrás de Hazel e Frank. Ela observava o chalé inteiro enquanto caminhava. Era bem diferente do que ela imaginava.

–Chagamos – disse Hazel.

Hazel abriu a porta e Inara entrou, se deparando com seu mais novo quarto. Ela agradeceu a Hazel e fechou a porta do quarto. Ela colocou sua mala em cima da cama e começou a jogar suas roupas dentro do armário que tinha no quarto. Ela queria esquecer esse dia. Esquecer que machucou Jason. E esquecer tudo o que havia lembrado. Ela só queria ter uma vida normal. Queria ser feliz sem ter que se lembrar de tudo o que já poderia ter colocado uma pedra em cima.