Um significado de um caso... escrita por Ayase


Capítulo 1
Um significado de um céu nublado...


Notas iniciais do capítulo

EITA! Voltei aqui né. Então antes eu tenho que falar que essa foi minha primeira fanfic que eu escrevi, sim... Eu a escrevi em 2014, mas............ eu parei por algum motivo que não me recordo. Ai eu vendo minhas histórias excluídas, eu a encontrei. E caralho, essa história é muito foda, eu preciso continuar. Então eu apenas modifiquei e corrigi alguns erros dos capítulos que eu já tinha feito e revisei tudo. Eu espero que gostem de verdade. Eu também tenho outra fanfic: My Romance, ela está ativa tbm e não pensem que eu vou deixar a outra para trás. Nop nop. Enfim... Espero que aproveitem essa história que eu fiz com todo meu coração... ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/569899/chapter/1

É estranho, não é? Quando de repente sua vida muda drasticamente e suas atitudes começam a ser completamente diferentes... Não dá para adivinhar o que vai acontecer hoje e nem amanhã, mas dá para decidir o que você vai buscar. No meu caso, quando eu tinha apenas 12 anos, eu não tinha ideia do que buscar para meu futuro, tudo o que eu queria era apenas ficar com todas as pessoas queridas que estavam presentes na minha vida... Mas isso era antes do pior acontecimento da minha vida...

— Amor acorda... — Uma voz meiga, chegou aos meus ouvidos. — Sua mãe está lá em baixo esperando você.

— Só mais um pouco, Rose. — Respondi mergulhando no cobertor.

— A Alice está lá em baixo... — Rose falou sorrindo.

— O QUÊ?! ELA CHEGOU? Vou tomar banho. — Pulei da cama indo para o banheiro.

Rose era a nossa empregada, apesar de não gostar muito desse termo... Eu a considero como minha segunda mãe já que ela vive comigo desde sempre.

Coloquei uma roupa de frio, o dia estava nublado como sempre nessa época. Eu odeio esse clima, é meio assustador e sem alegria. Descendo as escadas, a primeira pessoa que vejo é a Alice sorrindo.

— Você nem ligou falando que tinha chegado de viagem... É assim que me trata? — Fiz uma cara de emburrada.

— Eu sinto muito!!! —Ela gritou e me abraçou. — Eu cheguei de madrugada, não iria te acordar.

Alice era minha melhor amiga, ela morava do outro lado da rua, muitas vezes parecia minha mãe, sempre cuidando de mim e lembrando-me de fazer as coisas. Acho que não seria capaz de viver sem ela. Ela tinha viajado para o seu país de origem, no Japão, mas apenas nessa única semana que ela ficou fora, era tudo tão chato.

— Bom dia mãe. – Olhei para minha mãe na mesa, tomando seu café. Peguei um iogurte na geladeira e dei um beijo de leve na bochecha dela.

— Bom dia filhota. — Ela sorriu. — É a terceira vez essa semana...

— Eu sei, eu sei... Acordei atrasada de novo... — Resmunguei, tomando o último gole do iogurte. — Já que acordei atrasada, vou indo logo. Tchau tchau.

— Alice você não sabe o que a sua falta faz com essa menina... —Minha mãe riu.

— Eu sei bem... Temos que dar um jeito nela...

— Antes de vocês planejarem algo contra mim... Vamos para a aula Alice. — Falei já na porta.

— Juízo vocês duas, voltem assim que a aula acabar. — Minha mãe gritou quando fechamos a porta.

 — Pode deixar Sra. Clarke. — Alice falou dando tchau.

Assim que sai vi a bicicleta de Alice encostada no poste e depois peguei a minha na garagem.

— E aí? Porque está tão feliz hoje? - Perguntei. — Tirando o fato de me ver?

— Boba, você esqueceu? Amanhã é o aniversário do colégio, vai ter gente de tudo qualquer escola, e a maioria só alunos bonitos. – Ela falou animada, e acelerando mais.

— Meu Deus, você só pensa em garotos... – Ri com a situação e fiz o mesmo.

— Ué? Qual o problema? Precisamos arranjar um garoto. Você não quer ficar sem beijar até os 13 né? Tá na hora.

— Nós só temos 12 anos, Alice. – Olhei para ela rindo. — Não é como se isso fosse uma necessidade.

— Para mim não, porque já beijei. Mas você... Só anda com essa toca colorida na cabeça.

— Cala boca e deixa minha toca em paz... — Ela riu e andei.

...

— Chegamos... — Falei, pegando a corrente na minha mochila.

— Se você continuar a acordar tarde demais...

— Tá, tá... Você e minha mãe ficaram treinando para falar isso? — Dei um leve empurrão no ombro dela.

Prendemos nossas bicicletas na grade e entramos...

— Vamos sentar na janela. Hoje não tem ninguém. — Falei apontando para duas cadeias.

Sentamos e em seguida a professora de matemática chegou.

— Bom dia! Antes de tudo, vou apresentar uma pessoa que chegou hoje. — Todos olharam para porta. — Esta é a Jane, ela nasceu no Canadá, mas devido ao trabalho dos pais precisou se mudar para Londres, junto com seu irmão. Peço para que todos cuidem bem dela.

— Olá! — Ela sorriu e depois se sentou.

— Só mais uma coisa. Amanda, de novo você veio com essa toca? Sabe que eu não gosto dela. — A professora cruzou os braços.

Todos riram.

— Aff. Eu a acho legal. — Eu estava com uma toca colorida e para todos, bem chamativa.

— É bom guardar.

— Da próxima vez eu venho com aquela de caveira que você adora. — Dei um sorriso largo.

— AMANDA!!! — Ela gritou. —Eu odeio aquela, você sabe.

— Eu também te amo professora... — Ainda com o sorriso guardei a toca.

...

— Eu falei da toca... — Alice riu quando saímos da sala. — Tenho medo de a professora parar de dar aula por sua causa, sempre a deixa com raiva.

— Puff. Ela me adora. Eu alegro as aulas dela.

— Tá tá... Cadê a Jane?

— Não sei, mas a achei uma graça.

Compramos nosso lanche e fomos até o pátio.

— Alice. Assim o povo vai te achar maluca — Meio que isso ela já é. — se você ficar pulando desse jeito.

— Ahhh, você não esta animada para amanhã? — Ela perguntou parando.

— Nem tanto quanto você. Eu só estou interessada em dançar e comer os docinhos... — Falei mordendo a torrada que eu estava na mão.

— Idiota... — Alice bateu no meu ombro.

— Olha a Jane ali... — Apontei.

— Ela esta sozinha, vamos falar com ela?

~Narrador-Observador~

Jane estava lanchando em um banco longe da multidão que não parava de olhar para ela. Pensava se tinha algo na sua cara ou cabelo. Até mesmo olhou para sua roupa, será que tinha mancha de alguma coisa? De repente ela olhou para duas garotas que andavam até ela.

— Oi novata... — Uma delas sorriu.

— Olá! — Retribuiu o sorriso.

— Ah, não me apresentei ainda... Sou a Emily... E essa do meu lado, bom... Não preciso falar, não importa... Eu só vim aqui dar um anúncio. Os estrangeiros não são muito agradáveis para nós. Não gostamos muito, entende?

— Como assim?

— Nós ingleses... Ah, você é mesmo burrinha como todo americano... Não adianta explicar, você não irá entender. — A garota na qual não parava de mexer em seu cabelo enquanto falava com um chiclete na boca, piscou para sua amiga e a mesma se aproximou de Jane jogando suco de uva em seu cabelo.

~Amanda~

— Realmente, nós ingleses, somos bem diferentes, principalmente o sotaque, acho a dos americanos bem mais atraentes. — Eu aproximei das três. — O que pensa que está fazendo Emily?

— Vem Anna, vou te tirar daqui. — Alice levou a Jane com calma e tirando-a da multidão que estava concentrada na situação.

— E a sua amiga? — Perguntou olhando para mim.

— Relaxa, a Amanda sabe cuidar disso... — Alice piscou para mim e foi embora com a Jane.

— Ahh Amanda protegendo a novata, que coisa bonita de se ver... — Emily sorriu.

— Ah, por favor, né Emily, você não esta cansada de brigar com todo mundo não? — Perguntei calmamente. — Cuidado estresse dá espinhas.

Todo mundo ri.

— Cala boca Amanda. Não finja ser a boazinha aqui. — Antes de se virar, puxei seu braço e cheguei perto do ouvido.

— Espero que não seja necessário eu conversar de novo com você, não é? — A senti se tremendo e soltei a vendo sair batendo fundo com sua amiga.

— Tchau, gente, acabou a festa, voltem para o intervalo. — Falei empurrando todo mundo. — Vocês são curiosos, né? Sei que adoram uma briga, mas hoje não...

...

— Tá tudo bem com você? — Perguntei.

— Sim, só estou cheia de suco. — Sorriu.

— Vamos limpar isso, vem. — Levamos Jane até o banheiro.

— Pareceu que ela tem medo de você. — Ela falou.

— Ah, ela sempre teve medo da Amanda, mas isso é uma longa história. — Alice riu olhando para mim.

Peguei um pano que tinha na minha bolsa e dei para ela enxugar o rosto.

— Amanda, eu acho que tenho umas roupas na bolsa. — Alice falou.

— É bom pegar. A roupa dela está com cheiro forte de uva. — Falei.

— Ahhh... Mas juro que amanhã eu devolvo viu? — Ela disse quando a Alice deu a roupa.

— Olha, coloca sua roupa suja aqui. — Dei o saco para ela.

— Não se preocupe Jane, pode devolver quando quiser. — Alice fala.

— Obrigada garotas. Vocês são muito adoráveis.

— Alice... Tem quanto tempo que eu não ouço alguém falar isso? — Perguntei.

— Desde que nos conhecemos talvez... — Ela riu.

O intervalo já tinha acabado uns 20 minutos, todo mundo estava em sala, menos a gente.

— É melhor entrarmos na sala... — Jane falou.

— Ele não vai deixar. — Falei. — É o professor de Geografia, e digamos que ele não é muito amigável.

— Muito menos compreensivo. — Alice concluiu.

— E agora? — Jane perguntou.

Logo vejo um faxineiro limpando a bagunça dos alunos do intervalo...

— Ei... No três nós corremos para as escadas de incêndio, entenderam? — Falei. — Um...

— Por que? — Jane perguntou.

— Dois...

— Só vê e aprende. — Alice falou para ela e sorriu.

— Três...

Sem o funcionário olhar, corremos para as escadas.

— Vocês fazem muito esse tipo de coisa? — Jane falou ofegante.

— Nem tanto...

Subimos até o telhado da escola. Estava vazio, como sempre...

— Uau... Não sabia que os alunos podiam ficar aqui... — Jane sorriu.

Eu e Alice nos olhamos e ficamos caladas.

— Os alunos não podem ficar aqui, não é? — Ela se virou para nós. — Vocês... São muito legais!

— O quê?

— É sério! É a primeira vez que mato aula sem ficar doente... — Sorriu. — Uau, isso é tão maneiro!!!

— Nossa... — Alice riu.

— E agora, o que a gente faz? — Perguntou.

— O que sempre fazemos quando a gente vem aqui. —Falei — Deitar, olhar o céu e falar várias merdas.

Mostro um sorriso largo para elas.

...

— Olha ela, a idiota já dormiu... —Apontei para Alice que estava com a cabeça no meu colo.

Jane riu e respirou fundo olhando para o céu.

— Eu já estou amando esse lugar... — Olhei para ela e ela sorri.

— Por quê? Ele é tão feio... Olha esse céu, nublado e escuro... A maior parte do ano é assim... — Falei.

— Eu não me importo... Pela primeira vez eu me sinto a vontade, sabe? Meus pais vivem do trabalho, então eles estão sempre precisando mudar de país. E como consequência, acabo indo junto... Em todo lugar eu sou a novata e fico sem amizades por isso... É a primeira vez, que converso com pessoas novas.

— Jane...

— Eu estou tão feliz... — Ela coloca a mão no rosto.

— Hey... Eu estou feliz também... — A abraço. — Desculpa não poder dar um abraço de verdade, mas a Alice é muito pesada, sabe?

Ela ri e limpa algumas lágrimas.

— Não se preocupe, você é a nova garota daqui! — Praticamente gritei.

— Daqui?

— Dos nossos corações, Jane. Nós vamos te acolher... — Sorri — Faz tempo que estamos só eu e a Alice, está na hora de um novo membro no Grupo da Vergonha! Então elejo você como o novo membro! Tan tan tan!!!!!! — Abro os braços e ela começa a rir alto.

— É sério isso? Grupo da Vergonha? — Ela tenta falar em meio de risos.

— Ei! Não reclame. Todos que nos conhecem sabem quem somos por esse nome.

— Vocês com certeza são únicas... — Ela se ajeitou — Eu estou muito honrada em receber esse cargo!

— Bom mesmo! — Sorri.

— AH! — Alice gritou. — Volte garoto bonito...

— Ela está sonhando? — Jane perguntou.

— Quando ela fica ansiosa por algo, ela acaba sonhando com isso. — Falei.

...

— Que horas são? — Pergunto quando eu e a Jane acordamos.

— 12:20. — Jane fala olhando para o relógio em seu pulso.

— Vamos indo?

— Vamos né Ali... Alice? — Jane olha para Alice.

— Não acredito que ela ainda está dormindo! — Ela olha espantada.

— E está em um sono profundo... — Falo. — Tive uma ideia. Tem uma caneta ai?

— Tenho... – Jane tira do bolso uma caneta azul.

— Valeu! — Peguei um papel que achei no chão "Você não queria acordar então a gente voltou para casa, bjs. Ass: Sua amiga mais querida!".

Jane riu enquanto deixava o papel embaixo da mão de Alice.

Ficamos atrás de uma parede e jogamos uma pedra perto dela para ela acordar.

Ela acordou assustada, viu o papel, e ficou desesperada saindo correndo. Jane não aguentou e riu, Alice foi andando até a parede e nos viu.

— Hahahaha, isso não foi engraçado. – Alice falou com raiva.

— Calma, nervosinha. — Pisquei para ela antes do tapa que deu em meu ombro.

— Ai... — Choraminguei.

— Jane? Como você vai para casa? – Alice pergunta andando até a escada.

— Sozinha de bicicleta...

— Ótimo. Você vai com a gente. — Falo.

Faltavam apenas alguns minutos até a aula acabar, por sorte pegamos nossas coisas nos armários sem ninguém nos ver e saímos até nossas bicicletas.

— Conseguimos! — Alice fala com alegria, mas cansada.

— Vamos antes que nossa alegria acabe. — Jane sobe em sua bicicleta.

— Ótimo! — Alice diz — Que tal a gente almoçar lá em casa? Tô com fome.

— Vamos Jane?

— Okay... Eu posso usar seu telefone lá? Só para avisar para meus pais.

— Claro.

...

— Olha essa é minha casa. — Alice aponta para a sua casa.

— E a minha aquela.

— Uau!!! Vocês moram uma na frente da outra? Que legal. — Eu e Alice rimos.

— Sim... Vocês duas podem entrar. Eu vou avisar para minha mãe e depois chego ai. — Falei entrando na minha casa.

— Olá filhota! — Minha mãe estava descendo as escadas.

— Oi mãe! — Dou um beijo na testa dela. — Vou almoçar lá na casa da Alice, tudo bem?

— Okay... Mas não volte muito tarde. — Ele fala indo para a cozinha.

...

— Que demora.

— Eu aproveitei para trocar de roupa. — Falei entrando na casa de Alice.

— Olá Amandinha... — A Sra. Dawson gritou da cozinha.

— Olá Sra. Dawson. — Gritei de volta.

— Já falei para me chamar de Marie... — Ela gritou.

— Você sabe que adoro irritar a senhora! — Ouvimos ela resmungando.

— Parem de gritar, as duas... — Alice gritou e depois rimos.

— Cadê a Jane?

— Lá no jardim. Minha mãe está terminando de fazer o almoço...

Eu adorava aquele jardim... Tinha uma piscina nem muito grande nem muito pequena, estava cheia de folhas dentro dela. Havia apenas três árvores bem bonitas, uma fazendo sombra na piscina, outra na entrada e uma pouco longe onde tinha um banco em baixo dela. A Jane estava sentada acenando para nós. Eu andei até ela e percebi que Alice não fazia o mesmo.

— Vem Alice, o que está fazendo? — Gritei. — Alice!

— E-eu estou indo... — Ela falou assustada com um papel na mão.

— O que foi?

— N-nada... — Ela sorriu e jogou o papel rapidamente num lixo próximo.

— Hum...

Passou um tempo a gente conversando. Alice estava estranha. Tinha alguma coisa no papel, que a fez ficar assim, mas na hora não pensei que fosse grande coisa.

— Meninas, o almoço está pronto. – A Sra.Dawson apareceu chamando.

Almoçamos e conversamos, a Jane contou mais sobre ela. Depois ficamos no quarto da Alice até dar umas 16h.

— Gente hoje foi muito legal, mas tenho que ir embora. Minha mãe chega daqui meia-hora em casa. – Jane levanta.

— Ah, é mesmo. Já está ficando tarde. – Alice fez o mesmo.

— Tchau então meninas. Até amanhã... – Alice acena e antes de fechar a porta eu pergunto.

— Alice? O que tinha naquele papel? Você ficou estranha depois que pegou nele.

— Ah? Não tinha nada. – Ela fala sorrindo, não quis forçar a falar, então fui para casa. – Amanda!

— O que foi? – Me virei.

— Até amanhã! – Ela sorriu e fechou a porta.

A rua estava vazia e nenhum carro passava, minha casa ficava no outro lado. Enquanto atravessava, senti algo estranho... Um olhar de alguém, então olhei para os lados e para trás. Comecei a ficar com nervosa e andei mais rápido, era estranho, parecia que minha casa estava muito longe naquele momento. Com muito esforço cheguei ao portão. Abri imediatamente sem olhar para trás e o fechei... Senti algo perto e comecei a correr para a porta, abri com muita dificuldade e fechei trancando o máximo possível. Respirei fundo ainda nervosa, eu estava tremendo muito. Senti alguém se aproximando e fechei os olhos.

— NÃO ME MACHUQUE! – Gritei.

— Amanda... O que está fazendo sentada na porta? – Abri os olhos e vi Rose.

— ROSE! – Corri para seus braços. – Que susto...

— É o que eu diga, né? O que aconteceu?

— Nada... Eu só quero um abraço. – Afundei cada vez mais em seus braços.

— Minha pequena ♥

...

— Eu já disse que não quero ir... – Falei pela milésima vez enquanto a Rose ajeitava meu cabelo.

— Amanda... Você vai sim. Eu prometi para sua tia que ia te levar para o casamento dela. Faz tempo que você não a vê. – Minha mãe apareceu na porta do quarto.

Eram 5h da manhã e eu poderia estar em um belo sono. Mas há um casamento para ir, e em cinco anos esse era o terceiro casamento da minha tia que eu estou indo. O pior é que ela sempre inventa de se casar de manhã. Ela morava em uma cidade vizinha, levava umas duas horas para chegar lá. Ou seja... Eu tenho que acordar de madrugada para se arrumar.

— Vamos logo, o casamento começa às 9h. – Meu padrasto apareceu. – Você está linda Amanda.

— Obrigada Will. – Sorri.

Segundo minha mãe, meu pai faleceu quando eu era recém-nascida... Na época ele e minha mãe descobriram um câncer, mas já era tarde de mais, o câncer se espalhou no corpo inteiro e eu acabei ficando sem nenhuma memória dele. Minha mãe ficou muito abalada depois, e a Rose (na época ela já trabalhava com minha mãe) jogou fora tudo que lembrava meu pai, fotos, cartões, roupas, acessórios e até mesmo convenceu minha mãe a mudar de casa.

O Will conheceu a minha mãe no trabalho, e nos meus 7 anos eles se casaram. Eu fiquei muito feliz por eles, finalmente minha mãe tinha alguém que a fez feliz novamente... É sempre bom ter um homem em casa também. Ele sempre me tratou bem, e por educação e respeito pelo meu pai, ele nunca me chamou de filha, o que me deixa em certo ponto, feliz...

...

— Uau. Como sempre sua tia sabe bem como espalhar elegância nos casamentos. – O Will riu quando vimos o exagero no local. Tinha muito dourado e azul, era mais estranho que elegante. Quem diabos escolhe azul para decorar um casamento?

— A comida já está nas mesas? – Perguntei olhando ao redor.

— Amanda! – Minha mãe brigou, mesmo soltando um risinho no final.

— Ahhh vocês chegaram... Estou tão grata pela presença de vocês. – Minha tia estava sentada na cadeira, enquanto uma mulher arrumava seu cabelo.

— Eu também irmã... – Minha mãe foi abraça-la.

— Agora não querida. Vai acabar estragando meu penteado. – Ela mostrou a mão, pedindo para parar. Minha mãe olhou para mim com um sorriso torto.

— Enfim... Acho melhor nós ficarmos lá fora. A cerimônia não vai demorar. – Falei puxando minha mãe para fora. – Eu não gosto dela...

— Fazer o que, né? – Minha mãe riu e andou abraçada comigo. – Vamos roubar comida da cozinha, vem...

Nós entramos na cozinha escondidas e pegamos alguns doces que estavam perto da porta.

— Vocês duas!!! Não pode pegar a comida. – Um homem apareceu.

— Ops... – Falei

— Corre! – Minha mãe pegou minha mão e me levou até lá fora.

— Seria roubo se pegamos comida de um parente? – Perguntei rindo.

— Provavelmente. – Ela riu junto.

— Finalmente achei vocês... – O Will apareceu. – Por que parecem cansadas?

— Nem queira saber. Quer um? – Minha mãe perguntou.

— Eu pensei que não podia pegar comida antes... Ah, entendi. Vocês duas... Não posso deixar sozinhas. – Ele balançou a cabeça.

— Eu vou andar um pouco pelo jardim, depois encontro vocês. – Falei me distanciando.

— Não demora muito. – Ela gritou.

Depois de descer o gramado cheguei a um lago que refletia o céu nublado e frio, ele estava coberto de folhas secas e rosas murchas. Lembrei-me do que a Jane falou... Olhando agora, o céu é realmente muito bonito. Faz tanto tempo que não o vejo azul, estava sentindo saudades das estrelas, toda noite estava coberto de nuvens. Mas ali, naquela manhã um sentimento cresceu pelo resto do dia. Por algum motivo, aquele mesmo céu nublado me fez ficar confortável, por muito tempo. Aquele cheiro e barulho do vento frio derrubando as folhas no lago. Aquele cenário pareceu quente e acolhedor.

— Não recomendo ficar muito tempo aqui... – Eu olhei para trás e vi um garoto sorrindo. – Pode pegar alguma doença.

— Não me importo... – Falei olhando para o lago novamente.

— Sempre simpática assim?

— Essa sou eu sendo gentil. – Ele ficou do meu lado.

— Você poderia me dizer o que a faz ficar tão encantada como está agora olhando para esse lago...? – Eu olhei para ele e respirei fundo.

— Você não vê? Tudo...

— O que exatamente?

— Sabe quando você não gosta de algo e sente que ele é reconfortante ao mesmo tempo?

— Não entendi...

— Imagine uma pessoa então. Aquela pessoa que você sabe que não é uma boa escolha, porque ela te faz ficar triste... Mas ela acaba sendo acolhedora?

— Humm

— Eu me sinto assim nesse momento. Eu não gosto desse clima frio e escuro. Mas por algum motivo, eu estou feliz em ficar aqui... – Falo sorrindo e depois me toco que eu estou falando coisas estranhas para um desconhecido. – Ai meu Deus, esquece o que eu falei, okay? São coisas da minha cabeça. – Coloquei a mão na cara.

— Relaxa... Ficar aqui ouvindo coisas desse tipo é melhor que uma cerimônia de casamento que sabemos que não vai durar muito... – Ele sorriu.

— Por quê?

— Além de ser a senhora Janice, que já teve uns dez casamentos, no mínimo. Casamentos não são duradouros.

— Eu não acho o mesmo...

— Por favor... Você acha mesmo que um casal vai ficar o resto da vida sem sentir atração por outras pessoas?

 – Por que não?

— Porque é assim que as pessoas são, mesmo que elas amem uma pessoa, em algum momento ela vai cansar dela e vai querer outra. Você não acha?

— Talvez... – Falei decepcionada. – Eu acho horríveis essas coisas.

— As pessoas são horríveis e egoístas. – Ele falou sério e depois sorriu. – Então... O que vai fazer? A cerimônia está começando...

— Sério? Eu tenho que voltar... – Falei subindo.

— Cuidado... É difícil subir esse... – Antes dele terminar acabei escorregando na grama, por sorte ele estava perto e conseguiu me segurar, uma mão na minha cintura e outra no meu braço. – Eu tentei avisar...

— DROGA DE SALTO! Eu odeio... – Só então percebi que ele estava rindo, ainda me segurando, próximo demais, alias foi a primeira vez que um garoto ficou tão próximo.

— Prazer... Logan. – Ele voltou a me encarar sorrindo.

— Primeiro... Já pode me soltar. – Me afastei dele. – Segundo, eu sou a Amanda.

— Encantado. – Ele piscou.

— Ahh, eu já não gostei de você.

— Eu também adorei te conhecer, espero vê-la novamente...

— Creio que essa será a última vez... – Falo subindo novamente, dessa vez com mais cuidado.

— Ahh, eu tenho certeza que não. – Olhei para ele mais uma vez antes de voltar para minha mãe, e lá estava ele acenando sorrindo com os olhos fechados... Idiota.

...

— Ahh é estranho ver um casamento sem ninguém chorando. – Falei quando já estávamos perto de casa.

— Com essa minha irmã... Já estamos acostumados. – Minha mãe balançou a cabeça.

— Clary...

— O que foi Will? – Minha mãe perguntou ao o ver olhando seriamente para frente. – O que... O que aconteceu???

Olhei para onde os dois estavam observando com atenção e surpresa.

— Aquela casa... – O Will começou.

— ALICE!!! – Sai do carro quando eles pararam um pouco antes da nossa casa.

— Amanda!!! – Minha mãe gritou.

Corri em direção a casa de Alice, agora coberta de fogo e fumaça. Havia muitas pessoas em volta, carros de policia, ambulâncias e bombeiros jogando água. Estava de noite e eu não conseguia ver os rostos das pessoas... Eu procurava Alice entre elas, mas acabei encontrando Jane.

— Amanda... – Ela olhou para mim. – Eu tentei te procurar em casa, mas ninguém ia até a porta.

— A- a- a Ali-lice... Cadê e-ela???? – Tentei falar enquanto o choro atrapalhava.

— Eu não sei... – Ela começou a chorar e depois me abraçou forte. – Eu vi na TV que estava acontecendo um incêndio, depois eu percebi que era a casa de Alice, eu não consegui me conter e tive que vir.

— Jane! Precisamos procura-la... Não podemos ficar aqui sem fazer nada, ela... – Andei até a casa.

— Amanda, você não...

— Pare senhorita. Você não pode passar! – Um guarda me segurou.

— Quem é você? Sai daqui. Minha amiga ainda está lá dentro e alguém precisa salvá-la... – Fiquei me debatendo com o guarda.

— É impossível entrar nesse lugar. Não está vendo? Tem fogo em tudo qualquer lugar...

— Vamos Amanda... Não adianta, eu já fiz isso... – Jane me puxou.

— Mas a Alice, ela ainda está lá Jane... E eu não vou ficar só olhando isso... 

Me soltei de seus braços e enquanto o guarda segurava outra pessoa, passei correndo e antes de entrar na casa algo me impediu... Eu vi algo no fundo do corredor da casa, mas as lágrimas estavam atrapalhando minha visão, não pude ver o que era, mas o sentimento que eu senti, era o mesmo do outro dia. Só então bombeiros me pegaram e me jogaram no chão.

— AMANDA! POR QUE A JOGOU ASSIM? – Minha mãe apareceu.

— ELA ESTAVA ATRAPALHANDO! – O bombeiro gritou novamente.

— Filha... Você está bem? – Eu estava com muitos machucados e arranhões por conta do chão áspero da rua.

Eu fiquei imóvel, não sabia o que fazer naquele momento. Então deixei me levarem para casa, minha mãe ficou comigo até eu entrar num sono profundo. Mas eu senti ela chorando enquanto dormia... Afinal a Sra.Dawson era melhor amiga da minha mãe.

No dia seguinte eu acordei com o Will fazendo carinho no meu cabelo.

— Bom dia Amanda... – Ele sorriu.

— Eu tive um pesadelo horrível Will!!! – O abracei forte. – Foi o pior que eu já tive...

— Amanda, me escute... – Ele segurou minhas mãos com carinho e me fez olhar para ele. – Você precisa ser forte, okay? Não importa o que aconteça, não deixe isso destruir sua vida...

— Não foi um pesadelo, não é? – Eu comecei a chorar.

— Amanda... – Ele me abraçou chorando também – Eu sinto muito meu amor.

— NÃO, NÃO... A Alice... Ela... 

Eu corri até a janela e abri, e diferente de toda manhã, o céu estava azul, sem nenhuma nuvem e na frente não havia uma casa colorida... Era apenas algo preto saindo pequenas fumaças pelas janelas. Geralmente eu olhava e via a Alice sorrindo na frente, mas tudo o que eu via agora era minhas lágrimas e a culpa que eu carregava...

...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um significado de um caso..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.