Between Tricks and Feelings. escrita por JustAchlys


Capítulo 8
Chapter VIII


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI!

Mais ou menos.

Espero que gostem desse capítulo!



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Soul estava demorando. Demorando demais.

A essa altura, Maka já estava uma pilha de nervos, andando em círculos na sala de estar. Estava pronta há muito – meia hora, no mínimo – e Soul continuava a se arrumar em seu quarto. Será que ele não entendia que não era assim que as coisas funcionavam? Em geral, a garota é quem demora mais para se produzir. E o garoto é quem reclama depois.

Bom, isso vale para casais convencionais. Não para esta dupla infalível.

Não que eles sejam um casal, é claro. Ainda. O que nos leva ao motivo da Maka estar uma pilha.

– SOUL, SEU IMBECIL, ESTÁ QUASE NA HORA! SÃO OITO E MEIA, ENERGÚMENO!

Maka respirou fundo e começou a se desesperar. Será que Soul estava muito chique? Ela não havia se produzido tanto assim – decidiu por um vestido verde simples e soltou o cabelo, para variar um pouco. Talvez estivesse simples demais. Sabia que o restaurante que iriam não era exatamente “chique” mas também não era nenhum por quilo que eles iam de vez em quando. Estava quase na porta de seu quarto prestes a se trocar quando ouve o destrancar de uma porta.

– Osh, estressada, estou aqui, estou aqui. Mak-

Ela virou-se e encontrou-o lhe encarando fixamente. E ela estava certa: ele havia sim, se produzido bastante. Maka sentiu seu peito apertar à visão de um Soul de terno e gravata. Algo único que ela presenciaria, e tentou gravar a imagem na memória.

– Espere só um minuto Soul, vou trocar de vestido. É rápido.
– Não! Não, não precisa, você está...
...
– ... maneira. Vamos lá, você estava certa novamente. Estamos realmente atrasados.

Soul estendeu a mão à sua parceira e a encarou, esperando. Então Maka lentamente tirou sua mão da maçaneta e as juntou. Apesar de fazerem tal ato várias vezes todos os dias, Maka sentiu algo diferente dessa vez. Era uma situação diferente, estavam fora de sua zona de conforto e não pela primeira vez, Maka sentiu as borboletas no estômago voltarem com força.

Morram, insetos malditos. Deteriorem-se no ácido clorídrico que eu tenho de sobra aí na minha cavidade estomacal.

Isso Maka, pense em biologia. Biologia. E somente em biologia.

–x-x-x-

– Acredito que vocês sejam os Evans, correto? Sigam-me, sua mesa está logo ali.

Soul encarou o homem, aturdido. Mal haviam pisado no restaurante e um garçom já os atendeu. Evans, ele disse. Evans, e não Eater. Soul sentiu seu peito borbulhar de irritação - Blair havia feito uma leve pesquisa, então? Desceu o Sherlock Holmes naquela gata e PUF, resolveu se intrometer na sua vida inteira. Já não basta esse joguinho com ele e com a Maka, agora ela tem que se meter com a família dele. Óbvio.

Família essa que Soul Eater havia deixado no passado há muito tempo.

Ao percorrer as mesas do restaurante, Soul sentiu um forte deja vù, não muito agradável. À medida que eles iam passando pelo restaurante, Soul conseguia enxergar somente as velas enfeitadas na mesa, as toalhas de renda, a classe das pessoas naquele lugar.

De repente, ele não era mais Soul Eater, o último Deathscythe. Ele era novamente Soul Evans, um garoto estranho de cabelo branco em meio à uma multidão de aristocratas e eruditos. Ele era Soul Evans, a ovelha negra da família, que não conseguia sequer tocar uma música alegre no piano.

Ele era Soul Evans, e queria fugir.

Então sentiu um aperto conhecido em sua mão, tirando-o de seus devaneios.

– Soul? Você está legal? Podemos voltar se não estiver bem.

Olhos verdes brilhantes o encaravam profundamente, estudando-o, decifrando-o. Soul nunca soube se deveria ficar agradecido ou com medo de tanta preocupação. Talvez 'com medo' seja o mais sensato.

Porém no momento ele sentia somente um afeto gigante por sua parceira de longa data...

... e seria melhor se ele se concentrasse em se sentar e ordenar seu pedido. Eles estavam num restaurante, mais ou menos chique, e Soul teria de dar seu melhor para não sair correndo daquele lugar, pois conseguia ver o quanto Maka estava deslumbrada com todo aquele ambiente, e não seria ele que iria apagar aquele brilho em seu olhar.

Afastando a cadeira para Maka, Soul respondeu somente um breve "Vamos logo com isso.". Assim que se sentou, ele pôs-se a examinar o cardápio, tentando encontrar alguma comida normal.


–x-x-x-

Soul era um garoto estranho, isso é de conhecimento geral. O que nem todos sabem é que Soul é um garoto bastante educado, chegando ao ponto de deixar Maka sem saber como agir.

Quer dizer, ela sabia que ele tinha essas manias cavalheiras, e tinha uma leve desconfiança de que era uma educação que a família Evans deu a ele. Ela sabia, sempre soube disso. Entretanto, tal conhecimento não torna o fato mais fácil de lidar.

Talvez ela estivesse exagerando, certo? Provavelmente. Afinal, é dever de todo cavalheiro puxa a cadeira para a dama sentar, não é mesmo?

Eu não sou uma dama, então.

Como se age depois de tal ato? Ninguém nunca havia feito algo parecido com ela, e Maka nunca esteve em um ambiente tão propício para atos cavalheiros com Soul antes.

Levantando um pouco os olhos, ela espiou Soul por cima do cardápio. Ele parecia estar bem entretido, fazendo caretas e olhando torto conforme ia lendo o cardápio.

Maka revirou os olhos. Belo cavalheiro.

Passados alguns segundos, perguntou a ele o que comeria.

– Sei lá, Maka. Aqui não tem pratos maneiros, entende? Só tem camarão, lula, bife à rolè, escargot...ugh.

– O que seria escargot?

–Não queira saber.


Revirando os olhos pela segunda vez em dois minutos, Maka resolveu que pediria um beirute.

– É um prato relativamente diferente, e não passa de um sanduíche feito com pães diferentes. Agora pare de fazer careta, Soul, as pessoas estão começando a encarar.

– Na falta de fritas..

–x.x-x-

A noite passou rapidamente para ambos. Riram, conversaram, discutiram um pouco e ainda brincaram um com o outro. Definitivamente não eram as pessoas mais adequadas naquele lugar, mas Soul não poderia estar mais contente. Maka sabia se comportar quando deveria, mas só o fazia quando realmente era necessário. O que não era o caso.

Maka gargalhava e Soul encontrava-se fascinado com a visão que tinha. Maka estava... diferente. Com vestido e cabelo solto, Soul encarava-a como se fosse a primeira vez que a via.

Bem, de certo modo, era mesmo.

Soul notou uma mancha de ketchup no canto dos lábios de Maka e, como se fosse por instinto, levou o guardanapo até ela e a limpou delicadamente.

E todo o nervosismo do mundo foi parar em sua barriga quando ele saiu de seu transe e notou Maka o encarando surpresa, com seus olhos arregalados. Fazendo muito esforço para não corar, Soul virou-se abruptamente e gritou, com sua voz arrastada, pedindo pela conta.

E quando ele viu as orbes verdes tornarem-se irritadiças novamente, ele suspirou aliviado, contente que a boa e velha Maka a qual ele estava acostumado havia voltado. Pelo menos agora ele sabia como lidar com essa versão de Maka Albarn.

Nem se importava com a bronca que Maka estava lhe dando neste exato momento. Somente olhava para ela com os olhos levemente fechados e um sorriso debochado, torcendo para que a outra versão da Maka não voltasse nunca mais.

Porque aquela versão o induzia a fazer coisas nada maneiras.

E Soul Eater era um cara maneiro, e sempre irá ser.

–x-x-x-


Não conversaram muito no caminho de volta para casa, ambos nervosos para o próximo passo daquela farsa que viviam, graças à Blair.

Soul fingia estar calmo e maneiro, como sempre fez.

Maka sentia seu coração sair pela boca, e queria sair correndo a qualquer segundo.

Calma Maka. Que é que você está pensando? Não é nada demais, é só Soul babaca, e é apenas um desafio. Encare isso como um desafio, e nada mais. Liz e Patty vivem nos flertes com os garotos, certo? Serei igual a elas uma vez na vida.

Duas horas em silêncio.

Já haviam tomado banho, e Soul estava em seu quarto compondo, com headphones desajeitados na cabeça enquanto Maka estava na sala, lendo Orgulho e Preconceito pela nona vez.

E foi quando Maka pegou no sono.

E foi acordada por um Soul irritado, sussurrando "ACORDA RATA DE BIBLIOTECA" várias vezes seguidas. Um sussurro-grito, por assim dizer.

– TO ACORDADA IMBECIL, BASTAVA CHAMAR UMA VEZ?

– Tentei. Funcionou? Não. Agora não reclama que quem está machucado sou eu.

Maka piscou duas vezes para afastar o sono. Estava embaçado ainda. Esfregou os olhos. Embaçado ainda. Esfregou mais.

Continuava embaçado.

– Maka. Maka. MAKA. Vai lavar o rosto, inteligente. Vai arrancar seus olhos desse jeito.

Ela só se deu o trabalho de fazer uma cara feia para ele, e foi cambaleando até o banheiro, o sono quase a dominando novamente. Quando voltou, Soul já havia voltado para o seu quarto. Ela deu de ombros, e começou a se arrumar para dormir confortavelmente, em sua cama - e não num sofá, com o pescoço quase quebrado de tão torto.

– Maka.

Ela suspirou, fechou os olhos e contou até dez. Respira. Inspira.

Havia acabado de acordar, certo? Não há motivo para se irritar.

– O que foi So-

Maka parou do meio da frase, incapaz de continuar falando ao ver Soul sem camisa. Não era exatamente o fato dele estar sem camisa - embora isso tenha uma parcela de culpa também - mas sim o fato de que sua pele inteira estava coberta de beliscões.

E eles pareciam ter sido bem doloridos, por sinal.

Maka mal conseguiu balbuciar "quê..?", chocada. Encarava os machucados de seu parceiro com espanto. Eram, no mínimo, 20 beliscões.

Mas não poderia deixar de encarar partes interessantes também. E Maka botava a culpa inteiramente no estrógeno, porque... de quem mais seria a culpa?

Biologia, Maka. Biologia. Isso faz parte de anatomia humana, certo? Estou apenas tomando notas.

– O que aconteceu? - Maka finalmente conseguiu pronunciar.

– Blair. Blair aconteceu. Aparentemente ela colocou alguns feitiços caso não completássemos nossos..hã, "afazeres". Maldita gata. Todos os prendedores vieram atrás de mim para me beliscar, e sabe POR QUÊ? Porque a Bela Adormecida aqui dormiu mais cedo do que deveria.

Maka ainda não estava compreendendo. Só conseguia encarar as manchas vermelhas e roxas espalhadas pela pele de Soul, aturdida. Levantou a cabeça, dando de cara com as conhecidas orbes de rubi a encarando.

– Maka...

Maka esperou sua fala, jamais quebrando o contato visual.

– ... ainda não cumprimos o último "dever".


–x-x-x-

Soul não acreditava no que estava acontecendo.

Maka Albarn havia se esquecido completamente.

Suspirando e enchendo o peito com a pouca coragem que tinha naquele momento, Soul foi se aproximando de Maka lentamente, e pouco a pouco observava o olhar de Maka se transformar.

De perdidos, seus olhos foram para assustados.

De fato, Soul não poderia culpá-la por isso. Ele também estava assustado. Aliás, assustado é um eufemismo. Mas não se sentia exatamente entusiasmado para ser atacado por um enxame de prendedores novamente, então se forçava a avançar.

À medida que Soul dava um passo à frente, Maka dava um passo para trás.

Até que ela se deparou com a parede do quarto dele...e concluiu que estava presa.

Soul estava a alguns centímetros agora, narizes quase se tocando. Maka sentiu seu coração acelerar abruptamente, e de repente todo o sono se esvaiu, e então Maka estava em estado de alerta.

Soul não podia se segurar mais. Seu coração estava quase saindo do peito com a visão de Maka Albarn, Maka Albarn em seu quarto, a poucos centímetros de si, fitando-o com aquelas brilhantes orbes verdes.

Encaixou as mãos em sua cintura perfeitamente e juntou seus narizes e suas testas. Abaixou seu rosto devagar, até que seus lábios roçavam com os de Maka.

"Relaxe", ele sussurrou em seus lábios. E, incapaz de resistir à sensação de ter aqueles lábios tão macios perto dos seus, Soul fechou os olhos e acabou com a distância entre os dois, beijando-a.

Puxou Maka mais para perto pela cintura, e se perdeu nas sensações. Não se moveu por alguns segundos, deixando Maka se acostumar e recuperar do choque, mas não conseguiu segurar por muito tempo. Logo estava movendo seus lábios contra os dela, seu coração mais rápido que nunca, sua mente cheia com as mais belas memórias que ele tinha de Maka.

Resolveu, então, que iria se arriscar. Já que estava na chuva, por que não se molhar um pouco, não é mesmo? Soul lambeu o lábio inferior da parceira, pedindo permissão - a qual, para seu espanto, foi concedida quase que de imediato. Percebia-se que Maka não tinha muita experiência nisso, mas era Maka. Ele estava beijando Maka Albarn e nada no mundo poderia substituir isso.

Ficou surpreso quando sentiu duas tímidas mãos subirem por seu peito até se encaixarem em seu pescoço, acariciando sua nuca. Ele gemeu entre o beijo, e se afastou para respirar.

Não se afastou propriamente falando, uma vez que desceu seus beijos pelo pescoço da garota.

"Soul!" Maka sussurrou, espantada, ainda atordoada pelo o que acabara de acontecer. Mas Soul não queria ouvir, ainda não. Não queria que aquilo acabasse - "aquilo", o que é que isso for. Estava se sentindo tão bem, e não queria parar agora. Soul beijou delicadamente o local embaixo do lóbulo de Maka, arrancando um suspiro da mesma.

Suas mãos passeavam pelas costas de Maka, e ele explorava o pescoço dela com um vigor impressionante, e Maka somente suspirava, acariciando seu peito e sua nuca eventualmente.

– Soul... acho que deveríamos parar, já cumprimos o que devíamos.

Soul suspirou contra a pele macia, concordando. Talvez ele tivesse passado dos limites. Levantou a cabeça para encará-la, sinalizando com a cabeça que concordava.

E fechando os olhos mais uma vez, pegou-a de surpresa quando a beijou novamente, lenta e delicadamente.

"Boa noite" ele sussurrou em seus lábios, e a conduziu para fora de seu quarto. Precisava pensar.

Mas, antes disso, precisava muito dar uma passada no banheiro.


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Notas finais do capítulo

GALERAAAA DESCULPA! Fiquei muito - MAS MUITO - tempo sem escrever por motivos de "não tenho mais criatividade" e, além de tudo, eu precisava estudar mesmo. Ainda não estou lá muito inspirada para voltar a escrever, mas como são férias, eu resolvi tomar vergonha na cara e fazer pelo menos ESSE capítulo hahahaha e hoje eu estou especialmente romântica e tudo o mais, então já aproveitei para escrever antes que esse momento passe hahaha

Espero que tenham gostado, de verdade! Eu não consigo fazer momentos românticos sem alterar a personalidades dos personagens, mas espero que não tenha extrapolado tanto assim.

E se por algum acaso eu não formatei o capítulo direitinho, só me falem e eu arrumo! Eu meio que esqueci as manhas para formatar aqui hehe

Mil beijos e um enorme pedido de desculpas para todos os que estavam acompanhando a fic!



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