Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 21
Como gangorras


Notas iniciais do capítulo

Faltando um dia pra completar um mês, e aproveitando o feriado, apareci com mais um capítulo. Ai gente, o ano está acabando e o prazo pro TCC apertado. Mas vamos lá, mais um capítulo. Que aliás, está dramático porque estes dois não tomam jeito. Quando a gente ama é difícil até as arestas se acertarem, não é mesmo?



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Era mais uma quarta-feira. Havia passado quase duas semanas desde aquele dia que Lucas havia pedido a Rodrigo para ficar. Desde então algumas coisas aconteceram. O moreno, diferente daquilo que tinham combinado, ainda não tinha conversado sobre as coisas que lhe afligiam. E depois daquela manhã eles ficaram tão mais unidos que Rodrigo deixou pra depois também. Ate porque, mesmo não tendo contado sobre fatos tristes de sua vida, Lucas parecia bem mais seguro em contar outras histórias de sua vida, o que surpreendeu o loiro. De uma hora pra outra se via ouvindo alguns dos casos da infância do mais velho, o que o fez constatar, mais ainda, a importância que os avós haviam tido em seu crescimento. Mas como percebeu, ele nunca mencionava situações ocorridas perto da morte de ambos. Principalmente da avó, que passou ainda um bom tempo junto a ele, lutando contra a morte. O loiro sabia disto porque ele falou por cima, já mudando de assunto.

Como sempre, Lucas lecionava para a turma de Rodrigo hoje. Eles passaram a tarde juntos, como na maioria das vezes, mas evitaram, como sempre também, chegar juntos. Por mais que às vezes quisesse poder fazer um carinho no moreno em público, Rodrigo não queria que achassem que tinha privilégios com o professor. Eles, na universidade, agiam normalmente apesar de trocarem algumas mensagens. Principalmente Lucas, que sempre pedia para Rodrigo ir pra casa com ele nos intervalos das alas pelo celular, mas o loiro nem sempre ia.

– Então, como vocês sabem hoje é a entrega do portfólio. Espero que todos tenham feito, porque o exame vai ser bem complicado e eu não quero choros no fim do período. – os alunos já haviam se acostumado com polido, mas presente, senso de humor de Lucas.

– Bah, professor. Não dá pra entregar na semana que vem? Meu cachorro comeu meu trabalho! – um dos engraçadinhos da turma se manifestou.

Lucas sorriu, mas não respondeu mais nada. Sempre acabava dando alguma chance aos mais esquecidos, apesar de descontar alguns décimos. O moreno era muito tranquilo quanto a isto, sabia que poderia vir coisas maravilhosas destes alunos mais dispersos. Como era apenas entrega de trabalho, o professor acabou após uma conversa largando os estudantes mais cedo, ficando apenas com aqueles que não haviam entregado o trabalho.

Comemorando o tempo livre, a turma foi para a cantina. Rodrigo foi junto, ouvindo os outros combinarem de irem direto para uma festa, que ele nunca entendeu porque eles gostavam tanto. Ficaria ali até perceber que o moreno já havia liberado os alunos esquecidinhos. Talvez pudessem fazer alguma coisa, já que não estava tão tarde ainda. Mas evitaria ir para a casa de Lucas novamente, já que haviam passado à tarde por lá. Tinha vezes que não se sentia muito bem com a rapidez e intimidade que eles já estavam desenvolvendo.

Fazia mais ou menos um mês que estavam juntos. Para muitos seria já uma eternidade, mas não para ele. Se sentia estranho em já dividir coisas tão intimas quanto acordar pela manhã. Apesar de gostar muito, e sentir falta quando não estava com o moreno. Muita falta, aliás. Nenhum dos dois ainda havia tentando avançar muito nas caricia, mas Rodrigo sabia que Lucas estava apenas esperando um sinal seu, mas ele ainda não sentia que havia chegado a hora. Não enquanto estas barreiras que faziam o moreno ser tão inconstante ainda permanecessem. Estava pensando nisto quando algo lhe chamou a atenção naquela conversa que acontecia ao seu redor.

– Vamos convidar o Lucas – Claro que era a Maiara — Ele parece tão reservado, nem é tão mais velho que a gente. Deixa que eu convido.

— Convidar para o quê? — acabou perguntando, não havia escutado o que tinha sido dito anteriormente.

— Terra chamando Rodrigo. — a guria disse, empurrando o loiro — Acorda! Pra festa! Acho que ele iria curtir. Vou ir lá convidá-lo, aposto que ele aceita. Sempre consigo convencer as pessoas de irem onde eu quero.

Rodrigo ouvia com vontade de rir. Se ela soubesse os adjetivos que o moreno havia lhe dado não cogitaria ir nem ao menos nas aulas dele.

— Eu acho que ele não vai com a tua cara, loira. Deixa que eu vou lá. — disse Diego, um dos colegas.

Maiara tentou argumentar, mas acabou sendo vencida, apesar de ficar falando sobre o professor claramente gostar dela, pois era muito inteligente e participativa nas aulas.

Aguardando junto com os outros Diego voltar, Rodrigo não sabia cogitar qual seria a resposta do moreno, que sempre o surpreendia. Sabia que ele iria consulta-lo, e que iria somente se ele fosse (e claro, não deixaria o loiro ir sozinho). Sabia que o moreno gostava de sair para estes lugares bem urbanos, com muita gente e bebidas, ao contrário dele próprio. Entre as histórias contadas por ele, estavam fatos de noites de festas da faculdade. Claro que omitia as prováveis conquistas, mas era possível perceber que falava dos ambientes com empolgação. Tanto que o loiro já vinha pensando num modo deles irem a algum destes lugares, quem sabe na festa que haviam se visto na primeira vez. Convidaria Clarissa também, caso alguém os visse, não acharia estranho.

Diego voltou dizendo que o professor iria pensar, e talvez aparecesse mais tarde na festa. No mesmo instante o loiro recebeu em seu celular uma mensagem de Lucas pedindo para se encontrarem no estacionamento.

— Então, não vai participar do esquenta da turma? — Rodrigo entrou no carro já caçoando o mais velho.

— Saiba que fiquei tentado a ir até a cantina. Ainda mais que eu sabia que a Maiara estava por lá. Provavelmente no teu lado. — Lucas disse isto contornando uma das curvas de saída do campus, enquanto pegava na mão do loiro.

Rodrigo sorriu, pois era verdade. Ela ainda não havia desistido de vez, sempre dava um jeito de chamar a atenção dele, mesmo após ter falado que não tinham nada a ver.

Aproveitando que os estabelecimentos da cidade ainda estavam abertos, Lucas e Rodrigo acabaram parando em um que ambos haviam gostado, tanto pela discrição quanto pelo café, que o loiro adorava o que era feito no lugar.

— Então, tu queres ir nessa festa?

— Tu queres? — Claro que Lucas perguntaria pra ele isto.

— Não vale, eu perguntei primeiro. — Sabia que Lucas não lutaria com ele durante muito tempo.

— Achei que talvez, se tu quiser ir, fosse legal sim. Faz tempo que não saio pra ver gente. As baladas da vida sempre foram uma forma de eu analisar comportamentos.

— Hum, sim... está enjoado de apenas enxergar minha cara todos os dias? — Rodrigo, como sempre, apertava pra ver se conseguia alguma resposta mais ativa do outro. Mas a expressão que ele fez, recolhendo o pequeno sorriso que exibia, desta vez o fez se arrepender de ter dito aquilo, mesmo que de brincadeira.

— Rodrigo... se este fosse o caso, eu...

— Hei, calma! Eu estava apenas brincando! Não precisa ficar assim... — e pra confirmar isto, pegou na mão do outro. — Eu acho que não me importo de ir um pouco. Mas posso te pedir uma coisa? Nem vou dizer que estás me devendo uma já...

— Claro, tudo o que você quiser. — Lucas falou, olhando as mãos entrelaçadas ali, em um ambiente público. Estava muito feliz por aquilo.

— Podemos não voltar muito tarde? Eu trabalho amanhã... — na verdade Rodrigo queria dizer que não aguentaria toda aquela gente e o ambiente, mas não quis estragar a felicidade do outro. Mas mais tarde pensaria que era melhor que tivesse dito que não.

Quando chegaram na festa, todos já estavam por lá, e bebido pra variar. Nem se deram de conta que eles haviam chegado quase na mesma hora. Lucas perguntou para o loiro se ele queria alguma bebida, ouvindo uma negação. Como o moreno havia passado em casa e deixado o carro, vindo de táxi, o loiro percebeu que, provavelmente, ele iria beber um pouco que fosse. As horas transcorriam muito devagar para o Rodrigo, enquanto o moreno parecia se divertir. Ele conversava animado com os alunos, e após uma long neck de cerveja já parecia bem a vontade. Enquanto isto, Rodrigo meio dançava com Maiara, meio tentava desviar dela. Essa guria era brasileira, não desiste nunca! Ainda mais depois de umas e outras...

Rodrigo estava em um canto da festa, era umas 2h da madrugada. Não aguentava mais aquele bando de gente doida no meio da semana já. Ele havia parado de dançar fazia um tempo, tomava uma água enquanto conversava Clarissa por uma aplicativo no celular. Ela pedia pra ele se acalmar, mas não estava sendo possível. Tinha mandado pro Lucas um pedido de “vamos embora”, mas ele não havia tirado o celular do bolso até então. Pensava num modo de falar com ele e ir embora quando sentiu uma mão em sua cintura. Era Maiara mais uma vez.

— Rodrigo, tu tá namorando? Me dá um beijooo, ninguém está vendo!

— Mai, por favor, se afasta. Eu já disse que não! — Automaticamente o loiro procurou com os olhos Lucas, que parecendo ter uma bola de cristal nos olhos, olhava pra ele neste exato momento.

— Como tu é chato hein garoto! Estou começando a pensar que tu não gosta de... — ficou um tempo olhando ele e sorriu. — Não, não, estou pensando coisas estranhas, deve ser essa bebida. Sempre digo que vou parar de beber... vem cá!

Já sabendo o que ela iria fazer, Rodrigo a afastou de forma brusca. Mas não sem antes receber um beijo dela de forma desajeitada. Foi apenas um encostar de lábios, mas que ele sabia que poderia causar problemas. E pelo jeito foi o que aconteceu, já que viu o moreno se dirigir ao balcão do bar, pedindo algo que pareceu uísque. Droga! Foi até lá, sem se importar com quem poderia vê-los juntos, mas tentando ser o mais discreto possível.

— Vamos embora, Lucas? Vou te esperar lá fora. — Resolveu não tocar na cena de minutos atrás, já sentia o outro distante o suficiente. E não estava enganado.

— Olha, não sei o motivo — disse sarcástico — mas acho que a Maiara está melhor companhia que eu esta noite. Vai lá, quem sabe vocês não tem uma noite inesquecível pra lembrar os “nem tão velhos tempos”.

Respira.

Respira.

Respira.

— Lucas, vamos conversar sobre isto em casa se tu quiser, mas vamos sair daqui. Acho que tu já bebeu demais. — Rodrigo não suportava pessoas que bebiam além da conta. Elas ficavam inconsequentes, e isto não era bom. Nunca. Além de não saber lidar com Lucas assim, percebia isto agora.

— Eu não vou embora agora. — Lucas não olhava pra ele, mas parecia bem concentrado no copo. — Ainda não terminei aqui minha bebida. Depois eu vou.

— A gente combinou de ir juntos. Vou chamar o táxi, estou lá na frente te esperando.

— Chama a Maiara...

— Por favor, deixa de ser infantil. Ela está bêbada, tentou me agarrar e eu desviei. Tu com certeza percebeu isto.

— Você me evitou a noite inteira, Rodrigo! — Nessa altura nenhum dos dois se importava se havia alguém ouvindo ou não.

— Como assim evitei você? Eu apenas tentei ser o mais discreto possível...

— Tá, não precisa inventar desculpinhas pra falar que prefere beijar a amiguinha colorida. — Ok, Lucas irônico ativado.

— Ela não... — desistiu de tentar argumentar — Você vem ou não? — Estava cansado. Precisava sair dali logo. A relação deles o fazia bem, mas em momentos de crises como esta pensava se valia mesmo tudo que pensava pra fazer a vida de Lucas melhor, quando ele parecia ignorar algumas coisas, como o fato dele não gostar de bebidas, como já tinha dito a ele. Sabia que as coisas que o moreno dizia não eram de todo verdade, mas também sabia que vinha da insegurança que ainda sentia em relação a ele.

— Já disse que não. Não sou um inconsequente. Não se preocupa, não sairei agarrando ninguém por aqui. Não por minha vontade ao menos... — Rodrigo entendeu na hora a indireta.

O loiro ainda tentou mais uma vez. Não conseguiria ficar calmo sabendo que o deixaria pra trás.

— Por favor...

— Vamos pra minha casa então. — Lucas disse, o olhando nos olhos. Mas isto era o que Rodrigo queria evitar, desde mais cedo. Imagina agora com ele naquele estado.

— Não, eu te deixo em casa e vou pra minha depois. A gente não vai conseguir conversar essa noite mesmo.

— Como sempre, tu me dispensando.

— E tu desconfiando de mim, quando esta foi a única coisa que eu te pedi, a tua confiança.

Dizendo apenas isto, Rodrigo revirou os olhos, respirou mais uma vez e saiu dali, sem olhar para trás. Estava bravo com Lucas, inseguro e com medo. Sabia do ciúmes do moreno, mas não havia ainda lidado com ele assim, parecendo tão seguro ao lhe lançar indiretas. Chegando em frente ao local, visualizou os veículos de táxis estacionados. Entrou sem olhar pra trás e foi direto pra casa, imaginando como acordar no outro dia pela manhã. Estava cansado, triste, e magoado. Seu coração pedia para que relevasse, mas sua mente... seu lado racional pedia para que pensasse bem antes de seguir ou não com Lucas. Virava de um lado pro outro, sem encontrar uma posição agradável. Tentava ignorar o fato de estar preocupado com Lucas, que poderia muito bem ter saído da festa do jeito que estava e ter cometido alguma loucura. Acabou dormindo depois de um tempo, vencido pelo cansaço e pela falta que Lucas fazia ali com ele. Como era difícil e apaixonar!


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Notas finais do capítulo

Sorry, gente. Sério!
Espero voltar logo.
Espero o feedback.
Espero vocês acompanhando ainda.
beijos e se cuidem!
Agridoce.