Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 12
Derrubando barreiras


Notas iniciais do capítulo

Hi, gente!
Demorei um mês pra postar. Sorry!
Mas como eu penso que falo sozinha, tudo ok, hasuhas :(



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Faltava menos de 2h para que a aula começasse, mas ambos pareciam ter esquecido disto. Estavam sentados no sofá conversando sobre assuntos banais, Lucas perguntava mais detalhes da vida de Rodrigo no interior, enquanto não perdia nenhum detalhe do outro. Seus olhos eram a tradução das mais lindas linguagens. Conseguia perceber quando o outro estava alegre, ansioso, nervoso, saudoso da família a cada nova história contada. Já Lucas não se mostrava tão aberto assim para contar sobre si, o que o mais novo entendeu, evitando fazer muitas perguntas.

— Eu acho que preciso ir – disse Rodrigo – Daqui a pouco eu tenho aula e meu professor não tolera atrasados – completou com um sorriso.

Lucas na mesma hora ficou um pouco receoso, parecia nem ter entendido a brincadeira.

— Ué, pensei que iríamos juntos...

Rodrigo olhou pra ele com aquele olhar ansioso. Não queria ser rude, mas ainda pensava que era cedo para aparecerem assim, juntos. Decidiu desviar o assunto e arranjar uma desculpa.

— Vai ter que ficar para a próxima, eu não estou com meu material aqui. Preciso passar em casa.

Lucas percebeu o desconforto, porém não tentou argumentar. Rodrigo havia pedido para irem com calma, pelo visto seria em todos os sentidos, e respeitaria isto para mantê-lo junto a si.

— Está bem, até mais tarde então – Lucas disse levantando para deixar uma caneca na cozinha. Por mais que tivesse vontade não tomaria a iniciativa de beijá-lo novamente. Mas com surpresa, ao virar, percebeu que o loiro estava bem perto de si. E sem precisar de palavras trocaram um beijo lento e cheio de palavras que ainda precisavam ser ditas.

Quando acabaram, por falta de oxigênio, Rodrigo se afastou com um sorriso e saiu, deixando um professor sem reação por no mínimo 5min. Lucas após este tempo foi tomar banho e não parava de pensar no que havia acontecido a pouco. Seu coração batia acelerado, ao mesmo tempo que seus medos, inevitavelmente tentavam minar sua felicidade. O que mais o preocupava era como agiria daqui para frente com Rodrigo, já que sempre pensou que não era uma pessoa para estar do lado de alguém, ainda mais de uma pessoa tão centrada como o mais novo.

Enquanto ia para casa Rodrigo esperava ter algum ataque de realidade ou coisa assim. Mas apenas sentia uma plenitude momentânea que nunca havia cogitado existir. Claro que os receios estavam ali, aliás, quando Lucas sugeriu que fossem juntos para a faculdade ele quase desistiu de tudo. Mas quando o mais velho mostrou estar chateado, mesmo não tendo falado nada, ele percebeu que não conseguiria. O tempo que passaram foi bom, de um jeito que nunca havia sido. Foi diferente de tudo que já havia vivido, e nem apenas no âmbito romântico, mas em tudo. Nunca havia encontrado alguém que conseguisse entender e curtir as mesmas coisas. Mesmo que não conhecesse algo sobre o que estava falando, Lucas se mostrava interessado em saber, não ignorava como tantas pessoas. Ainda mais quando o assunto era sua vida no campo, que parecia sempre sem atração quando comparada com a vida urbana. Não tinha certeza do que ocorreria a partir dali, não haviam combinado nada nem estabelecido coisas. Mas desejava que tivessem ainda a oportunidade de conviver e descobrir coisas juntos. Aliás, havia ficado muito curioso em relação ao mais velho, já que ele relutava em falar de sim próprio. Entendeu isto, mas não mudava o fato de ter curiosidade em descobrir sobre sua vida e faria de tudo para que o outro se sentisse confortável em contar.

Rodrigo havia dito que chegaria atrasado, mas quem perdeu o horário foi Lucas. O moreno sempre chegava bem antes nas aulas, mas nesta vez colocou os pés no prédio 5min. antes de começar a aula. Quando passou pela sala dos professores ainda teve um pequeno imprevisto. Graças as benditas fichas de cadastros eletrônicos, o sistema havia avisado a coordenadora do curso que era seu aniversário. Sendo assim, querendo ser simpáticos com ele, organizaram um café na sala dos professores, e Cláudia parecia a mais enfezada. Lucas já havia percebido os olhares dela, mesmo ele agido de forma polida. Mas estava tão animado com o que havia acontecido à tarde que, por mais que quisesse ir para sala o mais rápido possível, e estando atrasado, passou um tempo com os colegas.

— Agradeço por terem organizado tudo isso, não precisava...

— Não tivemos trabalho nenhum, coisas simples. A Cláudia que fez questão de fazer este bolo que está delicioso, aliás... – disse a coordenadora tentando ser simpática e trocando olhares com a provável amiga, que não passaram despercebidos por ele. Com certeza ela fez aquilo para lhe chamar a atenção.

—- Estava ótimo mesmo, como tudo. Mas agora estou muito atrasado, se vocês me dão licença...

—- Ah, claro. Mais uma vez, parabéns Lucas – disse Cláudia, indo em direção a ele para abraça-lo de forma efusiva. No mesmo instante, Maiara entrou na sala e parou ao vê-los.

—- Olá, eu vim saber se o professor havia vindo... – falou com olhar curioso, olhando ambos que continuavam próximos.

Percebendo o sorrisinho da guria, e imaginando que estava pensando bobagens, decidiu assumir sua postura que não permitia segundas nem terceiras intenções.

—- Sim, estou aqui. E já pode ir avisando a turma que já vou. – não se importou em parecer simpático. Ela o irritava demais!

A guria os olhou mais um pouco e saiu. Chegando perto dos colegas, e Rodrigo estava entre eles, conseguira chegar antes e também estava estranhando o sumiço de Lucas, foi logo falando do que tinha visto.

—- Está rolando festinha lá na sala dos professores. Com direito a abraços íntimos e tudo!

—- Aé, de quem? O professor está lá? Pensei que se ele não viesse, a gente poderia ir beber lá perto do outro campus. – disse um dos colegas mais animados.

—- Ele veio sim, e está neste lance do abraço. Acreditem, entrei bem na hora que a professora Cláudia estava dando um mega abraço nele – disse, já aumentando a história, é claro.

Rodrigo nunca havia sido ciumento, nem com a primeira e única namorada. Mas sentiu um desconforto ao pensar nisto, ainda mais em se tratando de Lucas que parecia tão avesso a demonstrações afetivas.

—- Bah, será, heim gurizada? A Cláudia é solteirona, aposto que já quer fisgar o Lucas, hahaha

—- Vamos parar de fofocar e ir pra sala? Lá vem ele – disse Rodrigo, de forma ríspida. Aquela conversa toda o deixou incomodado. Não que tivesse ciúmes, mas a incerteza do relacionamento deles, mesmo tendo sido tudo muito recente, (haviam se falado naquela tarde!) o deixou um pouco inseguro sobre isso. Não queria ser apenas um passatempo na vida do outro, por mais que não tivesse certeza daquilo que sentia. Não era assim, era muito emocionalmente centrado para passar por isto.

Entrando na sala, resolveu sentar no lugar de sempre, perto de Maiara e outros colegas. Ele não era muito de conversar com todos, sendo assim, teria que permanecer no mesmo grupo que ela pertencia, mesmo o irritando muitas vezes.

Lucas chegou na sala de aula se desculpando. Rodrigo sentiu o exato momento que ele o enxergou, e pareceu não gostar do que havia visto, já que franziu o olhar ao ver Maiara ao seu lado. Então ele lembrou de seus “minis ataques” e de como ele, provavelmente, seria ciumento. Mas neste momento não se importou, também estava confuso sobre aquilo que Maiara havia dito sobre ele e a professora de tele que, aliás, ele nunca gostará.

Quando chegou o intervalo, Lucas permaneceu em seu lugar, enquanto os alunos ficavam se amontoando na porta, pensando se sairiam ou não. Quando chegou na sala, já impaciente pelas investidas de Cláudia, ficou pior ainda ao ver aquela tagarela da Maiara sentada perto de Rodrigo, ou o contrário. Achou que ele tivesse percebido o quanto ela era intrometida e fútil. Mas lembrando dos momentos passados mais cedo, decidiu não dar tanta importância, mesmo nos momentos que ela o olhava e falava com os colegas rindo. Tinha certeza que era sobre a cena que presenciou. E isto o deixou mais nervoso, tanto que decidiu liberar para o intervalo mais cedo.

O loiro olhava o professor pensativo a sua frente. Decidiu não sair para o intervalo, estava muito frio e não queria se mexer muito. Mas decidiu mandar uma msg para Lucas, mesmo sabendo que era arriscado. Sentia necessidade de falar cm ele. Foi assim que o celular do outro vibrou em cima da mesa.

Rodrigo: Então, teve festinha com direito a abraços hoje?

Lucas: Ciúmes? – perguntou. Estava surpreso por ele ter entrado em contato, ainda mais ali naquele momento. Olhando ele no fundo dos olhos, não se importou se havia mais gente na sala. Não resistiu. Será que Rodrigo se importava ou apenas falava isso por conta do que Maiara dissera?

Rodrigo: Não... apenas fiquei curioso. E com vergonha, já que não tive a chance de te presentear com nada. – tentou amenizar as coisas. Não era ciúmes, era?

Antes de responder, Lucas deu um riso alto o suficiente, que fez até mesmo quem estava ali o olhar. Rodrigo, com toda a certeza, ficou vermelho ao perceber isso, o que ele estava fazendo? Mas ao mesmo tempo achou o som lindo e raro. Precisava fazer com que isto acontecesse mais vezes.

Lucas: Se você soubesse o quanto me fez feliz hoje à tarde... Sério, não estaria envergonhado por tão pouco. – e lembrando de algo, e já que ele o estava provocando, decidiu devolver na mesma moeda – Aliás, eu que deveria estar incomodado com o fato de você ainda dar assunto pra Maiara.

Rodrigo o olhou fundo nos olhos. Como o imaginado, ele havia percebido que havia sentado perto dela e conversado. E parecia com siúmes, apesar de não querer demonstrar.

Rodrigo: Ela não é importante, achei que tivesse deixado claro hoje à tarde.

Lucas ficou sem ar. Seu coração bateu super-rápido neste momento. Não esperava que Lucas fosse responder assim, apesar de querer. Ficou com vontade de acabar a aula logo e sair com ele. Havia pensado sobre isto à tarde, após ele ir para casa. Mas estava em dúvida, não sabia se ele iria aceitar. Resolveu perguntar, de sua forma é claro.

Lucas: Estava pensando, se tu não tiveres nada pra fazer, não quer jantar lá em casa hoje? – mandou, mas ao contrário das outras vezes, não o olhou.

A resposta demorou a vir. Os alunos já estavam voltando e Lucas ainda não sabia o que responder. Depois que viera da casa de Lucas havia percebido o quanto seria difícil “ir com calma”, apesar dele achar que era necessário. Jantar na casa dele poderia ser arriscado, mas ao mesmo tempo, entendeu que era importante. Ainda mais ao lembrar das raras falas do mais velho hoje à tarde e do telefone de seu amigo. Havia entendido que, normalmente, ele passava o aniversário sozinho. Era sua chance de fazer ser diferente.

Rodrigo: Apenas com uma condição... – mandou e esperou sua reação. Ao vê-la, imaginou que ele já estava ansioso com sua resposta, pensando que fosse algo que gerasse um empecilho. O olhou franzindo a testa, o que fez o loiro sorrir e pensar em como ele era bobo. Decidiu mandar o que havia pensando: - Posso cozinhar pra você?

Quando a resposta chegou, Lucas deu um meio sorriso de alivio e recomeçou a aula logo. Queria estar o mais rápido em sua casa com aquele que, milagrosamente, o fizera sorrir com coisas bobas como um sms. Acreditou que ele relutaria em aceitar, por pensar que tudo estava indo muito rápido. Mas pelo jeito, se enganara. Deixando os medos de lado só pensava em como seria a vida dali pra frente. E o que Rodrigo cozinharia, já que sua casa nunca tinha nada muito planejado, pois, não se alimentava direito, fato que precisava resolver logo. Queria estar o mais inteiro para o loiro.

Quando a aula terminou, Maiara estava insistindo para que Rodrigo acompanhasse a turma nos tais bares de sempre.

—- Eu trabalho amanhã, ao contrário de vocês. – resolveu ser direto pra ver se ela entendia.

—- Ai, ok! Não precisava ser grosso também. Tchauzinho e bons sonhos, querido. – e saiu com seu sorriso irritante de sempre, como se tivesse sempre razão.

O mais novo saiu da sala e resolveu esperar o mais velho perto de seu carro. O campus já estava quase vazio, Lucas era um ótimo professor e o pessoal se empolgou muito com o assunto que o fez ficar até o horário normal, respondendo questões relacionadas. Mas o aluno havia percebido que ele estava impaciente, e tentava conter o sorriso em ver suas tentativas de terminar a aula logo. Não foi com total surpresa que percebeu Cláudia saindo do prédio chamando Lucas. Acabou se escondendo um pouco, caso ela o acompanhasse até o carro. Mas depois de um tempo eles acabaram se despedindo. Quando o mais velho parou perto do carro se perguntando se Lucas havia esquecido do combinado, olhando o celular, o mais novo foi para a luz.

—- Mas ela é insistente, heim?

Lucas sorriu e o olhou. Como era bonito. Tinha medo de sufocar o mais novo com seus problemas, mas a vontade que tinha era de passar o mais tempo possível com ele. Conversando, o tocando... mas tinha que agir com calma, não poderia esquecer disto, senão colocaria tudo a perder.

—- Ela apenas queria conversar sobre algumas coisas do curso. – Na verdade ela deu a entender que queria mais, mas ele decidiu cortá-la.

—- Sei... vamos?

—- Claro, alguém me prometeu um jantar. Estou ansioso e com fome, confesso. – disse dando um de seus sorrisos. Ele havia feito isso apenas naquele dia o que não fez quase que uma vida inteira. E como era bom.

Rodrigo sorriu e entrou no carro o olhando. Apesar da idade, Lucas parecia alguém frágil, que precisava de atenção. Anotou mentalmente isto, para que nunca o magoasse de verdade. Queria e seria a pessoa mais sincera e coerente com aquilo que acredita, como sempre foi. Esperava que conseguisse ser para ele aquilo que, apesar dele não saber como falar, querer. Mas primeiro teria que cumprir sua promessa e fazer o tal jantar.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!
Dicas, anseios, sugestões, reclamações. Enviem!
Agridoce