XV.

A segunda gravidez de Gina não foi tranqüila como a primeira. No começo Harry podia superar acordar no meio da noite para providenciar os seus desejos mais estranhos, tortas de espinafre acebolada ou feijõezinhos de tijolo e sabonete. No entanto, os últimos meses transformaram aquela doce e firme mulher em uma criatura estranha e instável que gritaria a qualquer momento e no segundo seguinte estaria às lagrimas, mesmo que tudo fosse sobre pés de meias trocados.

Com Rony sobrecarregado com Hermione, que também estava grávida, do seu primeiro filho, todo o trabalho de cuidar da sua esposa inconstante e do pequeno James foi despejado em cima de Harry. Os oito meses de gestação o tornaram um homem pálido e com barba sempre por fazer, trabalhando muito pouco no Ministério e de repente muito habilidoso com papinhas de nenê e fraldas sujas.

Ele não pôde esconder o alivio quando a bolsa de Gina estourou, embora os noves meses não estivessem completos. Harry prontamente deixou James aos cuidados da Sra. Weasley e levou Gina para o St. Mungus. Ele percebeu que de repente todas as mulheres tinham resolvido parir naquele dia – elas arrastavam seus barrigões, impacientes, na sala de espera, aguardando o momento em que poderiam expulsar para fora seus filhos queridos.

Entre todas, havia uma jovem que aparentemente estava sozinha. Seu cabelo castanho claro grudava suado em torno do seu pescoço enquanto ela respirava em arquejos. Gina cutucou Harry e a indicou.

– O quê? - ele grunhiu, sentindo-se totalmente desconfortável no meio de todas aquelas mulheres.

– Vá falar com ela, Harry, ela está sozinha!

– Gina, se eu for, então você estará sozinha!

– VÁ! – ela urrou e o homem achou melhor não contrariar. Se aproximou da jovem totalmente sem jeito. Ela não deu mostras que o tinha percebido, concentrada na dor das suas contrações.

– Você... hum... precisa de ajuda? - ele pigarreou. Recebeu dela um olhar de desprezo como se ela visse um explosivin na sua frente.

– A não ser que você possa dar a luz por mim, acho que não pode fazer... humff... nada! – gemeu segurando a enorme barriga.

– Eu posso chamar alguém se quiser. – disse usando a paciência redobrada que vinha treinando com grávidas nervosas.

– Ah, não precisa, Potter! Ele já esta vindo, o desgraçado...

Mais do que espanto por ela saber seu nome, Harry mal acreditou em quem vinha na direção deles. Draco Malfoy, inconfundível apesar dos anos, com sua cabeleira loira fixa de gel, andava a passos largos até eles e arregalou os olhos quando viu o menino-que-sobreviveu próximo à sua mulher.

– Potter! Que diabos...

– Você está atrasado para o nascimento do seu próprio filho, Draco! – urrou a moça, aborrecida. O loiro abaixou ao lado dela.

– Mas ele não nasceu ainda, nasceu? Eu cheguei a tempo. E que diabos Potter está fazendo perto de você?

Ela deu de ombros. Draco olhou ao redor e identificou Gina que, ofegante e agora curiosa, assistia a cena.

– Eu não acredito... – o loiro praguejou inconsolável ao perceber que seu herdeiro nasceria sob o mesmo teto e no mesmo dia em que a cria de Harry Potter – Isso não pode ser verdade!

(Continua...)