19 Atos Para Seguir em Frente escrita por Ly Anne Black


Capítulo 1
Compreensão


Notas iniciais do capítulo

Fanfic escrita para um desafio do Forum Lummus Máximmum. A proposta foi cobrir o tempo que separa o último capítulo de As Relíquias da Morte e o epílogo.



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I.

E honestamente – ele virou-se para a os quadros pintados, pensando agora só na cama de dossel esperando por ele na torre da Grifinória, e desejando que Monstro pudesse levar a ele um sanduíche lá – Eu tive problemas o suficiente por toda minha vida!

No entanto Harry não pôde se lembrar de Monstro ou das necessidades do seu estomago ao alcançar a cama que vinha sendo sua nos últimos seis anos de Hogwarts. A sensação de estar em casa – o que ali significava o lugar quente e seguro no qual já não corria perigo – aquela sensação de acolhimento engolfou todo o pesar, as dores físicas e as grandes perdas, ele teria tempo para sentir cada uma delas mais tarde. Seu corpo que agüentara tão bravamente não só aquele último dia de batalha, mas todo um ano de privações e dificuldades, finalmente cobrou o seu preço, e fez com que a mente de Harry abandonasse a lucidez, e abraçasse o alivio da inconsciência que o deixaria se refazer de todos os esforços.

O maior presente então foi um sono pesado, sem sonhos, como uma viagem para algum lugar calmo onde o tempo não contava. A próxima vez que Harry recobrou a consciência, ele demorou um tempo de olhos fechados e mesmo assim teve alguma dificuldade para reconectar os últimos fatos. Disso resultou não só um grande alivio, mas uma sensação de que uma enorme bolha oca surgia atrás de suas entranhas. Isso o fez se mexer inquieto e abrir os olhos. Identificou o topo do dossel e uma voz mais que desejada chegou aos seus ouvidos.

– Harry, você não precisa acordar agora se não quiser.

– Gina – ele murmurou, piscando para os olhos se acomodarem à semi-penumbra e identificá-la. – O que—

Ela se apressou para o lado da cama dele, parecendo afobada. Havia um grande curativo abaixo do seu maxilar, mas no geral parecia bem, o cabelo preso de qualquer jeito atrás da cabeça.

– Eu sinto muito por ter acordado você, vim só ver se estava tudo bem. Nós pensamos que você ia querer cuidar dos seus ferimentos quando acordasse.

Como se as palavras dela fossem um lembrete, ele começou a sentir dor em vários lugares. O ponto em que a maldição da morte tinha batido tão duramente ainda pulsava, e ele devia ter algo feio em sua cabeça. Suas articulações reclamavam também, mas nada se comparava ao seu pulso, que, ele reparou, tinha duas vezes o tamanho normal agora. Além disso, suas lembranças eram nuvens confusas pairando, e Harry achou que preferia assim, por hora.

Percebeu que era o seu primeiro momento a sós com Gina desde o seu aniversário, onde ela tinha lhe deixado aquele beijo de lembrança. Parecia um tempo muito distante e todas as perspectivas tinham mudado. Nada estava como era antes. Ele prontamente se sentou e olhou ao redor, mas as camas além da dele estavam todas vazias.

– Rony...

– Ele está com todo mundo lá embaixo. Todo mundo que ficou, quero dizer. Há muito que precisa ser reparado, até amanhã de manhã.

– O que tem amanha de manhã? - ele perguntou confuso.

– Ah. – Gina desviou o rosto para a janela, mas pela falha na sua voz Harry pôde adivinhar que ela tinha os olhos úmidos – Os enterros serão amanhã. McGonnagal quer uma cerimônia apropriada o bastante para os que ficaram e defenderam Hogwarts até o... fim.

Aquilo lembrou a Harry o que era. Ele mais do que qualquer pessoa jamais imaginara nem um dia após aquela data. Toda a sua vida desde que descobrira a missão tinha sido dirigida para aquele momento e nada além disso, sem planos para o futuro, reprimindo qualquer pensamento esperançoso que lhe viesse sobre uma vida após a ultima batalha. Pensando daquela maneira, não era de se espantar que ele conseguira se entregar à morte no fim as contas, se internamente ele vinha considerando aquela possibilidade, guardando-a tão intimamente quem nem mesmo se dera conta.

Então, ele sabia, aquela bolha vazia dentro dele se expandindo era algo como desorientação. O que ele era agora, sem um objetivo, sem um pensamento fixo para seguir? Aquela forma de pensar o nauseou, e Gina pareceu interpretar a expressão dele como dor e pulou prontamente da cama, acedendo as luzes do quarto com a sua varinha.

– Achei que você podia querer mais um pouco de privacidade, então pedi à madame Pomfrey alguns ungüentos, uma poção fortificante e um gole de esquelecresce. – ela indicou tudo uma bandeja – Agora, se quiser posso voltar mais tarde...

– Gina. – ele chamou e ela virou rápido. Dava para ver o quão inquieta estava. – Obrigado.

– Ah, Harry, eu não...

– Não, não por isso, quero dizer, por isso também, mas... Por ter compreendido. – ele disse por fim.

Ela parecia ter achado alguma graça, porque um sorriso surgiu no canto de sua boca.

– Como eu não poderia, Harry? Você diz isso, mas nunca viu seus olhos realmente quando ia embora. Qualquer um teria entendido, a confiança que você passava, se tivesse ao menos visto... eu nunca duvidei, Harry, porque qualquer um podia ver que você era um homem com uma missão e essas coisas não podem ser impedidas.

Harry abriu a boca, mas sabia que não ia dizer nada, estava passando o que sentia através do olhar, para ela. Por um momento eles só se encaram fixamente até a ruiva piscar.

– Bem, já que eu estou aqui me deixe lhe ajudar com isso – ela lhe deu o esquelecresce e o assistiu fazer uma careta ao bebê-lo – pronto, agora a poção fortificante, que não tem um gosto muito melhor. E esse é o ungüento curativo. Quando puder levantar você deve tomar um banho, Harry, porque sinceramente, parece que você esteve morando debaixo das terras por um tempo.

– Eu estive. – ele disse amargamente.

– E, eu devo dizer, vai haver um jantar e todos esperam que você apareça, todo mundo quer lhe agradecer pessoalmente. Mas se você quiser posso avisar que ainda não se sente disposto o bastante para isso, eles vão entender.

– Não, pode dizer que eu vou. Também quero falar com algumas pessoas, se estiverem ai.

– Você quer que eu chame alguém, a Hermione, talvez...

– Não. Ela precisa descansar. Você também deveria.

– Eu estou bem. – disse a ruiva prontamente. – Eu, hum... vou estar por aqui. Pode me chamar quando quiser. – ela fez alguns movimentos confusos indicando a porta, e ia saindo, mas Harry a chamou mais uma vez.

– Me desculpe por tudo. – ele teve que dizer. – Por ter deixado você, por nunca falar nada, por agir de forma injusta às vezes, até.

– Você não precisa, Harry. Realmente não precisa. – e com isso saiu do quarto, seu cabelo despencando pelos ombros, e sumiu de vista.

(Continua...)


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoas. Estou me iniciando no Nyah, depois de uma vida inteira de Fanfiction net. Aos poucos vou passando minhas fics pra cá... agradeço demais comentários, sabe que comentário pra escritor de fanfic é que nem doce né? Quando mais melhor. Beijocas.