Amando novamente escrita por Biah Mello


Capítulo 23
Vigésimo Terceiro Capitulo


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!
LEIAM AS NOTAS FINAIS. É URGENTE!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/56244/chapter/23

- Oh Andrea, eu senti tanto a sua falta lá em Paris. – Cheguei abraçando Andy!

               - Eu também senti sua falta, Srta. Rosalie.

               - Andy! Faz anos que você trabalha aqui e ainda insisti em me chamar de SENHORITA? Faz com que eu me sinta... Velha...

               - Longe de mim ofendê-la querida... Bem vinda ao lar!      

               - Obrigada! – Sussurrei e estou me preparando para subir as escadas quando mudo de idéia e me viro novamente para Andy.

               - O que foi Rose?

               - Ninguém ligou enquanto eu estive fora? Tipo a... Vera? – Perguntei ansiosa.

               - Não querida... Ninguém ligou.

               - Okay... Obrigada. – Sussurrei decepcionada e subi para o quarto.

               Liguei o computador e conectei minha máquina digital a ele. Havia mais de cem fotos! Cliquei numa delas e mandei imprimir. Recortei e coloquei num porta-retrato que eu tinha guardado de coração. Na foto estava Emmett e eu, na Torre Eiffel. Olhei para a foto e meus olhos lacrimejaram. Aquele homem era o amor da minha vida e era meu. Só meu e de mais ninguém. Tirei a foto do porta-retrato e escrevi a data da foto. Coloquei de volta no porta-retrato e coloquei em cima de meu criado mudo. Para todo mundo ver. Sim, eu sou complicada.

               Deitei em minha enorme cama e abracei minha almofada predileta de coração. Lembro-me dos tempos em que socava a almofada por causa do... Argh, nem quero lembrar do nome.

               O telefone começa a tocar. Será que era Emmett? Pego o telefone ao lado do criado mudo e o levo até o ouvido na maior preguiça.

               - Alô. – Digo...

               - ROSE POSSO SABER O QUE VOCÊ ESTA FAZENDO DEITADA NA SUA CAMA ABRAÇADA COM A ALMOFADA? – Uma voz aguda de uma certa pessoa irritante me faz pular da cama. Alice. Sempre Alice.

               - Ally... O que você quer? E como você sabe que eu estou deitada na cama abraçada com a almofada?

               - Ora bolas! É a coisa mais óbvia do mundo. Todo mundo faz  isso quando esta pensando no seu amado, mas esta longe dele.

               - Como você sabe que estou pensando no meu “amado”? – Digo com um sorriso na face.

               - Eu simplesmente sei Rose. Simplesmente sei. Não discuta comigo. – Alice sabia de tudo mesmo...

               - E o que você quer Alice? Te vi não faz nem meia hora...

               - Ai Rose, até parece que você não quer falar comigo...

               - E não quero mesmo. – Digo por impulso. O telefone fica mudo. Ai, cagada! – Alice você esta aí? Ah Ally desculpa eu não falei isso por mal. Desculpa vai? Faço o que você quiser... Prometo.

               - Faz mesmo? – Ela diz animada do outro lado da linha.

               - Faço. Não esta mais chateada?

               - Eu nunca estive chateada. Demorei para responder porque eu estava escolhendo uma roupa. – Ela falou, simplesmente. Não acredito que caí nessa... Alice sempre Alice. – A propósito, vá escolhendo a sua também. Vamos ao shopping em Port Angeles hoje! Compras de Natal. Eu estou tão empolgada! – Eu podia ouvir, através de sua voz, sua empolgação. Ela estava louca.

               - Alice eu não vou ao shopping hoje! Presta atenção em mim: Hoje é dia cinco de dezembro. CINCO DE DEZEMBRO. Faltam VINTE DIAS PARA O NATAL! Por que motivo, razão, causa, circunstância eu iria querer fazer COMPRAS DE NATAL hoje? Você é maluca, só pode!

           - É por isso mesmo Rose... Temos que fazer compra já! Se deixarmos para a última hora, os shoppings estarão todos lotados, não haverá mais produtos de qualidade... Uma verdadeira catástrofe. Um apocalipse.

            - Oh que é isso? Para de drama, por favor!

            - Não é drama. É a verdade. – Ela falou, dramática.

            - Que seja! Que seja verdade! Mas eu não vou. Vá sozinha! – Falei estressada. Alice pensava que eu era o que? Eu tinha acabado de chegar em casa e ela queria que eu já fosse para Port Angeles fazer compras? Eu amava fazer compras, mas isso já era exagero.

            - Sinto muito lhe informar querida, mas você prometeu.

            - Prometi o que?     

            - Prometeu que faria o que eu quisesse. E eu quero que você vá ao shopping. – Não. Não. Isso não pode estar acontecendo. Eu não acredito que caí no papinho da Alice!

            - ALICE! Isso é chantagem!

            - Não, não é chantagem. Estou apenas cobrando o cumprimento de uma promessa que fizeram à mim.

            - Ah Ally, seja boazinha comigo. Eu estou tão cansada... – Falei... E era verdade. Eu não estava com cabeça para shopping! Não agora...

            - Seja boazinha você Rose. Nem será tão ruim assim... Nós vamos comprar roupas lindas e maravilhosas... Sapatos! Jóias! Por favor, vai... Que que custa? Só uma passadinha no shopping... Por favor...

            - TA BOM ALICE! Você venceu, parabéns! Eu vou ao shopping com você. Só me deixe tomar um banho e me arrumar antes.

            - Sem problemas. Passo aí em quinze minutos. – Ela disse e desligou.

           Que lindo. Como eu vou conseguir tomar banho, me vestir, me maquiar... Em QUINZE MINUTOS? Eu não sou o Flash. Alice que espere! Pensei e fui tomar banho.

***

            Terminei de passar meu batom, peguei minha bolsa e desci as escadas... Alice estava andando de um lado para o outro na sala, aparentando estar impaciente.

            - Cheguei Alice! – Disse animada. Ela se virou para mim. Seu semblante era de raiva. Bem feito. – O que foi Alice? – Me faço de desentendida.

            - O que foi? O QUE FOI? Você pensa que eu sou o quê Rosalie? Eu disse para você que em QUINZE MINUTOS eu passava em sua casa. Aí eu chego aqui e você ainda não esta pronta. Andrea diz para eu esperar um pouquinho. Eu penso, tudo bem, ela deve ter se atrasado, o que são cinco minutinhos? E você me demora mais MEIA HORA. Meia hora, você tem noção do que é isso? MEIA HORA! – Ela diz, fazendo uma encenação toda dramática, colocando a mão até no peio.

            - Três coisas Alice: Primeira, eu não queria ir. Estou indo porque estou praticamente sendo obrigada por você! – Alice abre a boca para falar mas eu não deixo. – Não me interrompa. Segundo, eu não consigo me arrumar em QUINZE MINUTOS! Simplesmente não consigo. Se você consegue, parabéns, mas eu não consigo. E não, eu não estou de TPM. Terceira coisa: Vamos logo. – Falo brava. O sorriso de Alice se transforma numa carranca.

            - Okay. – Ela sussurra e vai em direção ao carro. Estranho. Só okay? Sigo-a.

            Entramos no carro e Alice começa a dirigir, em silêncio. Alice nunca fica em silêncio. Isso esta muito estranho.

            - Alice aconteceu alguma coisa? – Pergunto.

            - Não. – Ela sussurra sem olhar para mim.

            - Você esta bem?

            - Sim. – Ela sussurra e dou de ombros.

            - Ai Ally, estou tão preocupada! Minha melhor amiga, a Vera não atende meus telefonemas há uns três meses. Eu estou com tanto medo. Vai que aconteceu alguma coisa grave...

            - Legal. – Ela fala, me surpreendendo.

            - Legal? Alice o que esta acontecendo com você? Eu não estou te reconhecendo. Qual o problema? – Pergunto estressada. Alice pisa com tudo no freio, me assustando. E se vira para mim.

            - Você quer saber qual é o problema Rose? Pois eu vou te dizer qual é o problema. VOCÊ. Você é o problema. Eu estou farta disso tudo. FARTA. Eu sempre fiz tudo por você. Tudo para te ver feliz! Diferente da Vera, que nunca esteve NEM AÍ para você! E eu te considero minha melhor amiga sabe? Eu te considero. E eu liguei para você querendo que você saísse passear comigo, para nos divertimos juntas. E o que você diz? Que não quer mais falar comigo! E eu te disse que não fiquei magoada, mas eu fiquei! Escondi porque eu sabia que ia acabar te magoando também. E eu não queria isso. Aí depois você me deixa esperando MEIA HORA sem nenhuma satisfação e briga comigo. Depois fica falando Vera para cá, Vera para lá! Você não quer mesmo ir no shopping? Sem problemas, é só falar. Eu dou meia volta, te deixo em casa e vou sozinha. Satisfeita agora?

            Eu olhava boquiaberta para Alice.

            - É impressão minha ou você esta tendo uma crise de ciúmes?

            Alice me olha descrente.

            - Ciúmes? Agora eu sei porque você era toda solitária... Agora você pode por favor sair do meu carro? Você tem dinheiro, pode muito bem pegar um táxi. – Alice diz brava, sem olhar para mim. Sua voz esta embargada.

            - Ei Ally, olha para mim... Eu sei, eu fui uma estúpida, uma idiota! Você é minha melhor amiga também, eu te amo muito. Mas... A verdade é que eu não estou acostumada com isso tudo. Não estou acostumada as pessoas se preocuparem comigo e quererem sair comigo. Eu não sou perfeita. Eu cometo erros... E se você me aceitar e me perdoar... Eu ficaria grata se você me ajudasse a mudar. Eu não quero perder sua amizade. Eu já perdi uma melhor amiga uma vez e não quero que isso aconteça novamente. – Sussurrei, quase chorando. Alice olha para mim, também com lágrimas nos olhos.

            - Nós somos duas idiotas sentimentais nê? – Ela sorriu, tristonha.

- Oh Ally! – Sussurro e a abraço. Um verdadeiro abraço de melhor amiga. Vera era minha melhor amiga, também. Mas Alice... Alice era Alice. E sua amizade não se comparava à de ninguém. (N.A: Rose: Eu. Alice: Daiana, minha melhor amiga *-*)

- Okay... – Alice se afasta e limpa as lágrimas de seus olhos. – Okay... Chega de lágrimas, chega de tristeza... Vamos ao shopping! – Ela riu e eu a acompanhei. Olhamos ao redor e percebemos que o trânsito todo estava parado. Também nê, Alice tinha parado no meio da rua. Mas as pessoas não estavam xingando e gritando, como deveria ser. Elas estavam todas – inclusive os homens – com lágrimas nos olhos, emocionadas, nos observando...

- Sinto que falamos alto demais... – Sorrio, sem graça.

- Sinto que devemos sair daqui agora! – Alice diz... E eu assinto com a cabeça. As pessoas voltam ao seus carros e Alice começa a dirigir. Olho para a janela e num momento, não sei se imaginação ou realidade, eu vi Vera do outro lado da rua. Ela estava com lágrimas nos olhos. Uma mão, acenando para mim. A outra, segurando nosso colar da amizade. Colar este de mais dez anos. Alice logo acelerou e eu não pude saber se aquilo tudo era ilusão da minha cabeça. Vera não poderia estar em Forks, poderia? Se ela estivesse, ela iria até minha casa não? Resolvi que não iria me preocupar com isso agora. Iria esquecer por um momento todos os meus problemas e curtir o passeio ao shopping. Isto era assunto para depois.

O tempo passou voando e chegamos logo no shopping de Port Angeles. Era sábado e estava lotado de gente. Fico imaginando se fosse véspera de Natal, como estaria...

            - Por onde começamos? – Pergunto para Alice.

            - Hum, deixe me ver... – Ela tirou uma listinha do bolso. – Trouxe anotado o nome de todas as pessoas que teremos que dar presentes. Sabe como é, vai que eu me esqueço de alguém? É melhor prevenir do que remediar.

            - Tem razão, mas por onde começamos...?

            - Vamos começar com o presente do Jazz... Você é irmã dele e provavelmente sabe o que ele quer ganhar... Em que loja podemos ir primeiro?

            - Hum... – Cocei o queixo, pensando... – Já sei! Vamos a loja de bonés! Aproveito e compro um presente para o Em...

            - Okay. – Alice sussurrou e fomos correndo para a loja.

            (...)

            Num determinado momento já tínhamos comprado dois presentes (um meu e outro da Ally) para todos os meninos: Emmett, Jasper, Edward, Alec e Carlisle (Carlisle era o pai de Edward. Combinamos de passar o Natal todos juntos).

            - Alice estou cansada. Vamos comer alguma coisa?

            - Que tal sorvete?

            - Sorvete? Alice é inverno!

            - E daí? Sabia que é a melhor época para se comprar sorvete? Assim não dá choque térmico. – Olhei espantada para Ally. – O que? Eu sou uma pessoa muito intelectual...

            - Intelectual? Ah ta bom que você é intelectual...

            - Eu sou! Só não demonstro publicamente...

            - Vamos tomar sorvete logo Alice!

            Compramos duas casquinhas – a minha mista e a dela de chocolate – e sentamos num banquinho para tomar.

            - Oh Meu Deus! – Alice falou, os olhos inexpressivos. – Oh Meu Deus. – Ela repetiu.

            - O que foi Alice, o que esta acontecendo? – Ela não respondeu. Apenas apontou com o dedo. Olhei na direção que ela apontava. Oh que novidade. Uma loja de roupas. – Tudo bem Alice, você quer comprar vestidos? – Perguntei. Ela negou com a cabeça. – O que você quer comprar então?

            - Eu quero comprar AQUELE vestido. – Ela andou até a loja e mostrou o vestido que estava no manequim.

            - Vá comprar então! – Ela me enviou aquele olhar de “cachorrinho que caiu da mudança”.

            - Sério mesmo? – Ela sussurrou. Assenti e ela entrou correndo na loja. A segui.

            - O que desejam? – Uma moça, que pelo crachá se chamava Leah, nos atendeu.

            - Eu quero aquele vestido. – Alice apontou para o vestido que estava no manequim.

            - Aguarde um instante. É modelo único então terei que pegar do manequim. – A moça falou e Alice assentiu, ansiosa. Leah tirou o vestido do manequim e mostrou para Alice. Era um modelo da designer de moda feminina, Nicole Miller. O vestido era elegante e ao mesmo tempo sensual. Mas eu não achei grande coisa.

            - Eu preciso deste vestido! Quanto fica? Pago qualquer coisa! – Alice falou, já pegando seu cartão de crédito de dentro da bolsa.

            - Ei Alice! Você vai simplesmente sair por aí pagando por qualquer vestido sem nem sequer saber o preço?

            - Não é qualquer vestido Rose. Este vestido foi especialmente feito para mim! Eu preciso dele! – Ela sussurrou, os olhinhos brilhando.

            - Compre de uma vez! – Falei e ela logo comprou o vestido. Saímos da loja.

            Voltamos a rodar o shopping e logo compramos os presentes para as garotas também: Jane, Bree e Esme, mãe do Emmett. Eu iria comprar o da Alice depois, escondido. E aposto que ela faria o mesmo. Estávamos saindo do shopping quando acabei trombando com alguém e caí, derrubando todas as minhas sacolas. Levantei a cabeça para ver com quem eu tinha trombado. Oh Deus.

            - Bom te ver Rose. – Royce estendeu a mão para me ajudar a levantar. Levantei sozinha e peguei minhas sacolas. – Não vai nem me cumprimentar?

            - O que você esta fazendo aqui? Não basta tudo que fez? Deveria estar preso. – Alice começou a falar, me surpreendendo.

            - Eu não cometi nenhum crime, tecnicamente. Eu posso falar com você um instante Rosalie? – Ele se virou para mim. Eu não sabia o que responder.

            - Vamos Rose, não dê bola para ele. – Alice falou para mim.

            - Eu só quero falar um pouco com ela, Alice! – Royce falou. – Eu não vou machucá-la. Você pode olhar de longe se quiser. – Alice olhou para mim, hesitando.

            - Tudo bem, Ally. Eu vou falar com ele. – Digo, firme.

            - Tem certeza Rose?

            - Tenho. – Sussurro e Alice se afasta.

            Viro-me para Royce.

            - Então, o que você quer falar de tão importante para mim Royce? – Pergunto. Ele suspira e se prepara para começar o discurso. Rará.

            - Eu não vou me desculpar, até porque o tempo que passamos juntos valeu a pena nê? – Ele perguntou na maior cara de pau.

            - É isso que você quer falar? Pronto, já falou, vá embora.

            - Não é isso. Eu vou embora e eu vim fazer uma proposta...

            - Proposta?  

            - É. Eu quero ficar com você. De verdade. Com concordância das duas partes. Você é tão linda... – Ele acariciou minha face e se aproximou para me beijar. Antes que chegasse a esse ponto, dei uma joelhada em seu “saco”. Ele gemeu de dor e olhou para mim, assustado.

            - Nem que você fosse o último homem do planeta Terra eu ficaria com você por livre espontânea vontade! – Falei. – Agora vá embora Royce! Vá embora de uma vez! Faça esse bem para mim e para o MUNDO!       -

            - Tudo bem... Você venceu! Eu vou! – Ele se aproximou de mim e sussurrou em meu ouvido. – Eu te amo. – Sorri para ele e me aproximei dele...

            - Eu te odeio. – Sussurrei de volta em seu ouvido. Ele revirou os olhos e eu o vi desaparecer em meio à todas aquelas pessoas do shopping.

            Respiro fundo e ando até onde Alice estava encostada, nos observando.

            - Vamos? – Perguntei.

            - Ele não te chantageou nem te ameaçou ou algo assim?

            - Não. – Ri sem humor.                                                                           

            Saímos do shopping e começamos o caminho de volta. Não falamos nada. Eu estava cansada e não estava a fim de conversa. Logo Alice me deixou em casa e eu estava subindo as escadas em direção ao meu quarto quando...

            - Rose! – Andy me chama.

            - Que foi Andy?

            - Tem carta para você...

            - Carta para mim? – Estranhei. Há tempos eu não recebia carta.

            - É. Chegou enquanto você estava no shopping. Deixei na escrivaninha de seu quarto.

            - Obrigada Andrea. Vou lê-la agorinha. – Corri para meu quarto e peguei o envelope, querendo ver de quem era. Paralisei quando vi o remetente. Vera? Como assim? Por que ela me mandaria uma carta? Abri-a imediatamente e comecei a ler...

            Rose,

         Estou escrevendo uma carta porque sei que não conseguiria falar tudo que quero se estivesse frente a frente com você. E isso é estranho nê? Desde pequenas sempre conseguíamos falar uma para a outra tudo que queríamos nê?

         Há quanto tempo a gente não se fala? Quatro, cinco meses... Você me ligou tantas vezes, mas eu não atendi. Não sei quanto tempo pensei que poderia ficar assim, “escondida”. Tomei a decisão de escrever esta carta quando vi você, hoje na rua, falando com Alice. Eu escutei sua conversa, acho que todo mundo escutou... E me senti a pior pessoa do mundo...

         Você deve estar se perguntando porque estou enrolando tanto... A verdade é que não sei, simplesmente não sei como me expressar. Mesmo escrevendo... Vou tentar ir direto ao assunto ta bom?

         Nós não podemos mais ser amigas. Não, eu não estou sendo chantageada como você foi por Royce. Estou falando isso por livre espontânea vontade. Não podemos ser amigas porque não somos mais amigas.

         Nós estamos muito distantes uma da outra. Não digo distância em termos de cidade ou país. Porque amizade a distância funciona sim. Muito bem. Mas conosco... Pode até ter funcionado por um tempo, mas logo morreu. Mas a culpa não é sua. É minha. Eu nunca liguei para você. Era você quem sempre ligava para mim. Eu nunca fiz esforço para te visitar. Toda vez que eu ia te ver, era porque outra coisa tinha me levado até sua cidade. Melhores amigas tem que compartilhar os bons e maus momentos, certo? Mesmo que seja através de telefonemas, e-mails, cartas... Mas isso não esta acontecendo com a gente! E não dá para continuar assim. Você acha que somos melhores amigas, mas a verdade é que não. Não mais.  

         Você tem uma melhor amiga. A Alice. Ela sim merece sua amizade. Mais do que eu...

         Eu sinto tanto! Mas tanto! Eu poderia ter feito isso certo, mas eu não consegui. E eu não vou falar mais nada. Provavelmente você nem esta lendo esta carta mais. Deve ter jogado no lixo na metade. Ou pode ser que você esteja lendo. Você  sempre me surpreende.

         Junto com esta carta, você encontrará um colar. Não um colar qualquer... Sim, é o nosso colar. Aquele que mandamos fazer dez anos atrás. No meu esta escrito “Rose” e na linha de baixo, “Melhores”. E no seu, “E Vera” e embaixo, “amigas. Estou te entregando porque não acho justo ficar comigo. Faça o quiser com ele, esta bem?

         Não me importarei se algum dia nos encontrarmos e você nem olhar na minha cara. É mais do que direito seu...

         Um abraço.

         Daquela que lembrará para sempre de você,

         Vera. S2               

            As lágrimas desciam por minha face descontroladamente. Oh Deus, eu era uma chorona... Chorava por tudo! Mas era inevitável... Vera era minha melhor amiga... Peguei o colar que estava junto com a carta. E tirei o meu do pescoço. Sim, eu usava aquele corar. Há dez anos. Olhei para os dois...

            Rose & Vera

            Melhores Amigas   

            Era assim que ficaria se uníssemos os dois corações... Mas agora, não fazia mais sentido...

            - CHEGA! – Bufei e me levantei da poltrona que estava sentada. – Isso não pode continuar assim. – Falei para mim mesma e abri uma gaveta de minha cômoda. Retirei tudo que tinha lá. Abri outra gaveta de minha escrivaninha e retirei tudo que tinha lá também. Coloquei tudo, incluindo a carta de Vera e nossos colares, em duas grandes caixas. Peguei-as e levei-as até os fundos. Andrea já tinha ido embora, Jasper tinha saído. Ótimo. Eu precisava ficar sozinha.

            Voltei até a cozinha e peguei uma bacia enorme, álcool e um fósforo. Fui até os fundos de novo. Retirei tudo das caixas. O que tinha nas caixas? Fotos, cartas, presentes... Tudo que se relacionava ao passado. Tanto de Royce, quanto de Isabella, Vera e outras pessoas que conheci.

            - Daqui um mês será ano novo, certo? Ano novo, vida nova. E eu não quero recomeçar presa ao passado. Quem vive de passado é museu! – Falei para mim mesma. Coloquei tudo na bacia, incluindo a carta que acabara de receber e o colar que me fez companhia durante dez anos. Pus álcool em cima das coisas e acendi um fósforo. – Eu nunca os esquecerei. Estas são lembranças impossíveis de esquecer. Estas pessoas fizeram parte de minha vida e mesmo que durante pouco tempo, fizeram-me feliz. Mas não vou ficar remoendo e guardando coisas do passado. Não adiantará nada. – Sussurrei e joguei o fósforo aceso na bacia, fazendo com que tudo que estava ali dentro pegasse fogo.

            Olhando aquelas chamas, lágrimas começaram a descer por minha face. Mas eu não liguei. Sorri, em meio as lágrimas. Este sorriso e estas lágrimas representam a minha liberdade. Agora, livre do passado – não das lembranças, porque estas são impossíveis de apagar, estou pronta para seguir em frente. De verdade, sem mais obstáculos.

            Logo tudo estava queimado. Apaguei o fogo que ainda restava e joguei as cinzas fora.

            Primmm! Campainha. Quem será agora? Voltei para dentro de casa e abri a porta da frente.

            - Surpresa! – Emmett entrou, sorrindo para mim.

            - Eu estava com saudades. – Sussurrei.

            - Saudades? Não faz nem doze horas que não nos vemos!

            - Mas eu estava com saudades!

            - Confesso, também estava. – Ele sorriu para mim e eu o beijei.

De que são feito os dias?

- De pequenos desejos.

Vagarosas saudades.

Silenciosas lembranças.

Entre mágoas sombrias,

Momentâneos lampejos:

Vagas felicidades,

Inatuais esperanças.

De loucuras, de crimes,

De pecados, de glórias

- Do medo que encadeia

Todas essas mudanças.

Dentro deles vivemos,

Dentro deles choramos,

Em duros desenlaces

E em sinistras alianças.

Cecília Meireles


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu quero ter uma conversa séria com vocês. Sabe quantas pessoas tem minha fanfic nos favoritos? 18. Sabe quantas comentaram no capitulo passado? 4. É isso aí! Fiquei super chateada. Não sou uma ótima escritora, eu sei disso. Mas porque quem lê não pode comentar? Eu sei que vocês tem preguiça, mas é o penúltimo capitulo! Comentem todos que lerem por favor! Nem que seja um simples "continua". Principalmente neste capitulo, eu preciso saber o que vocês acharam e se vocês querem algo de especial no último capitulo. Sejam bonzinhos e comentem por favor! Quando sai o último capitulo? Provavelmente no fim de Novembro. Ahh terça que vem é meu aniversário, então quero comentários e recomendações de presente!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amando novamente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.