-  Tudo bem então... Eu passo aí lá pelas dezenove horas ta? – Eu falava com Emmett no telefone, rabiscando coraçãozinhos numa folha qualquer. Eu tinha esta mania de rabiscar enquanto falava ao telefone.

- Fico te esperando amor. – Ele sussurrou e eu suspirei. Ainda não tinha me acostumado com este “Love” todo. Eu tinha medo que tudo fosse um sonho e de manhã eu acordasse e descobrisse que nada tinha sido verdade.

- Eu te amo. – Sussurrei.

- Eu te amo também. – Ele sussurrou de volta.

- Agora eu tenho que desligar.

- Tudo bem. Beijos.

- Beijos.

O telefone ainda estava ligado e eu sentia a respiração de Emmett do outro lado.

- Desliga logo o telefone Emmett!

- Desliga você primeiro...

- Não... – Sacudi a cabeça em negação. Como se Emmett pudesse ver! – Desliga você!

- Você!

- Aii Emmett. Desligamos juntos então... Tudo bem?

- Ok. No três ta bem? Um... Dois... Três! – Ele gritou e desligou. Eu fiquei com o telefone ainda ligado na orelha. Sorri, vitoriosa. Eu tinha vencido. Novamente.

Peguei minha lista telefônica pessoal e abri na letra V. Olhei cada nome até chegar no que eu queria. Vera. Disquei o número e coloquei o fone no ouvido novamente. 

Tum.

Tum.

Tum.

Tum.

“O número chamado se encontra desligado ou fora da área de cobertura.”

- MAS QUE PORCARIA! – Gritei, histérica e joguei com tudo o telefone, fazendo com que ele atingisse minha cômoda, derrubando todos meus objetos pessoais.

Eu já estava começando a ficar preocupada. Antigamente, apesar de nos falarmos pouco, Vera sempre atendia meus telefonemas. Agora, fazia mais de duas semanas que eu tentava falar com ela e NADA! O que será que tinha acontecido? Se tivesse acontecido alguma coisa ela me avisaria, não avisaria? Eu sentia tanto a falta dela. Eu sentia falta de nossas longas conversas, de seus conselhos... Sentia falta das nossas sessões “SÓ GAROTAS”, onde assistíamos filmes, comíamos pipoca, arrumávamos o cabelo, pintávamos a unha e nos maquiávamos, esquecendo de tudo e de todos. Ah...

TRIMMMM. A campainha toca. Levanto na maior preguiça do mundo e começo a andar pelo corredor até a porta.

- Já vaiiiiiiiiiiii! – Grito e enfim chego até a porta, abrindo-a. – BREEEEEEEEEEEEEEEE! – Grito novamente e a abraço com toda força.

- Rose, você esta me sufocando!

- Ai desculpa! – Eu sussurro e me afasto. Bree era uma amiga que eu tinha feito logo que cheguei em Paris. Só ela para animar alguém toda depressiva como eu. Bree tinha uns dezesseis anos, era de estatura média, tinha os cabelos num castanho escuro cortados na altura do queixo, e olhos bem pretos. Ela era muito bonita. – Eu estava com saudades.

- Saudades? Nós nos falamos anteontem!

- Por telefone! Faz mais de duas semanas que você não aparece aqui.

- Ah Rose... Eu já te falei o motivo. Eu não estou tendo muito tempo. Minha mãe esta doente e eu...

- Eu sei Bree. Desculpe. Eu não quis magoar você. Sua mãe esta melhor?

- Não... Esta pior! Quando descobrimos do Câncer, ele já estava bem adiantado e agora só nos resta... Esperar e ver o que vai acontecer. Oh Rose, eu estou com tanto medo! – Ela falou e começou a chorar. Abracei-a.

- Não chore Bree. Vai ficar tudo bem querida. – Ela soluçava compulsivamente... – BREE! O que é isso? REAJA? Você pode fazer muito mais do que ficar só chorando! – Falei mas me arrependi imediatamente. Bree tinha muito mais motivo do que eu para chorar. Eu chorava por decepções amorosas, algo que TODO MUNDO TEM. A mãe dela estava morrendo. Segurei seu queixo fazendo-a olhar para mim. – Olha eu vou à casa do Emmett agora. Venha comigo! – Ela negou com a cabeça. – Por favor. Eu prometo que vai dar tudo certo. Nós vamos te fazer esquecer o sofrimento rapidinho!

- Tudo bem! – Ela suspirou. – Deixe-me pelo menos lavar o rosto antes.

- Okay... – Espero ela ir para o banheiro e ligo para Em. Ele atende ao primeiro toque.

-  Que foi amor?

- Eu posso passar aí AGORA?

- Claro!

- Pode, por favor, preparar alguns lanches? Bastante. Teremos companhia.

- Quem? – Ele perguntou curioso.

- Uma amiga minha. Agora tenho que ir. Beijos e até já. – Sussurro e desligo o celular.

- Prontinho! Estou arrumada. – Bree aparece.

- É assim que eu gosto de te ver... 

Saímos do apartamento e eu pego um táxi... Logo chegamos na casa do pessoal (leia: Ally, Em, Ed, Jane e Alec). Toco a campainha. Edward atende. Observação: Ele estava só com uma bermuda e sem camisa. (N.A: Visão do paraíso, com certeza.)

- Bom dia! – Ele sussurra e volta para o sofá. Entro com Bree ao meu lado.

- Onde esta todo mundo? – Pergunto.

- Alice saiu com Jasper; Jane e Alec estão no quarto fazendo algo que eu literalmente não quero saber... e... o seu namorado esta na cozinha preparando um lanche.

- Hum... Ah, antes que eu me esqueça. Edward, esta é Bree, minha amiga. E Bree, este Edward, meu amigo do Estados Unidos. – Edward se levanta novamente e cumprimenta Bree.

- Olá Bree. Meu nome é Edward Cullen. Mas pode me chamar de Ed. – Ele arqueia uma sobrancelha. Reviro os olhos.

- Sou Bree Tanner. – Ela sussurra em voz baixa.

- Er, Edward? Você pode fazer um favor para mim?

- O que é?

- Faça companhia para Bree enquanto eu vou falar com Em na cozinha... E, trate-a bem, por favor! Não me faça passar vergonha!

- Eu serei a melhor companhia do mundo, pode deixar...

- RARÁ! TA BOM.

Saí de lá e fui até a cozinha.

***

*Algumas horas depois*

- Ah não vale! Eu não agüento mais perder! – Bree gritou, com raiva. Estávamos jogando STOP e ela nunca conseguia terminar de escrever tudo...

- Se for perder, perda com dignidade. Sem fazer escândalo! – Edward falou.

- Engraçadinho! – Bree revirou os olhos para ele.

- É impressão minha ou esta rolando um clima entre Edward e Bree? – Emmett sussurrou para mim de uma forma que só eu pudesse ouvir.

- Será?

- Eu acho que sim.

- Tomara. Tanto Bree quando Edward passaram por momentos difíceis e precisam de uma companhia.

Nós nos divertimos para caramba. Comemos sanduiches de mortadela, tomamos leite com chocolate, assistimos filme, brincamos... Parecíamos verdadeiras crianças. Terminamos de jogar STOP e eu fui com Emmett para o Jardim. Queríamos namorar um pouco.

POV Edward

Primmm! Primmm!

Um celular toca.

- É seu Bree?

- É sim. Só um minuto. – Ela se levanta do sofá e vai atender. Vejo ela paralisar e seu rosto ficar branco. Ela desliga o telefone porém continua “paralisada”.

- Ei Bree o que aconteceu? – Chego nela e a “sacudo”.

Ela olha para mim com os olhos marejados.

- O que esta acontecendo?

- Minha mãe Edward... – Ela sussurra. – Ela... Ela morreu! – Ela me abraça e começa a chorar compulsivamente. Eu correspondo ao abraço e fico em silêncio. Existem momentos em que o silêncio é melhor do que um milhão de palavras.

\t\t 

No Dia Seguinte...

POV Bree

Coloquei uma blusa e uma calça social pretas e me sentei no sofá, à espera de Rose, que passaria aqui para me pegar, para irmos ao velório de minha mãe.

Meu coração estava despedaçado, doía demais. Minha mãe era a única pessoa que eu tinha na vida,  meu bem mais precioso. Eu não sabia mais o que fazer. Eu não tenho pai nem irmão. Só minha mãe. E agora ela se foi. Por que? Por que as pessoas que tanto amamos são tiradas de nós tão cedo e tão... Drasticamente? Se Deus realmente existe e se ele é a Bondade Suprema como todos dizem, então por que Ele FAZ ISSO? Eu não conseguia entender.

A campainha toca e eu abro a porta. Rose entra e me abraça apertado, mas eu não sinto nada. Não consigo sentir nada. Só tristeza e mais tristeza...

- Vai ficar tudo bem ouviu? Eu prometo. – Ela sussurra, mas eu não acredito. Como poderia ficar tudo bem? COMO? Ela vê que eu não falarei nada, então me puxa pelo braço e me leva até o carro...

(...)

Chegamos ao velório de minha mãe. Logo perguntam se eu quero falar alguma coisa, mas eu não digo nada. Apenas sento num banquinho e fico olhando para as pessoas que circulam pelo velório.

- Com licença. – Ouço uma voz conhecida e viro o rosto para ver quem é. Edward. O que ele estava fazendo ali? Ele falava num francês perfeito. – Eu não conheço a mulher que aqui esta sendo enterrada. Ela era mãe de uma amiga muito especial para mim. Eu só queria dizer que eu já perdi meus pais, quando eu tinha dez anos. E não foi nada fácil. Mas eu era novo e meio que... Me conformei. Só que aí eu perdi o amor da minha vida. Não na maneira como vocês pensam, ela não morreu. Mas eu descobri que ela nunca me amara. E foi horrível. Eu tinha perdido todas as pessoas que importavam na minha vida.  E eu até cheguei a pensar em me matar. Mas eu pensei, meus pais não iriam querer isso. E do que adiantaria? Eu estou tentando seguir em frente. É difícil, mas eu sei que conseguirei. Então, Bree, não desista. Não desista por nada neste mundo. Você tem uma vida toda para viver. Não a desperdice. Sua mãe não gostaria disto. – Ele parou de falar e eu já não conseguia parar de chorar. Ele me entendia. Ele realmente me entendia. Eu nunca pensei que ele se importasse comigo. Nós nos conhecemos ontem, afinal das contas. Senti alguém me abraçar. Mas não precisei abrir os olhos para saber quem era. Era ele. Edward.

- Obrigada... – Sussurro.

- Venha, eu vou te levar para casa. Você precisa descansar. – Sinto ele me pegar no colo mas não reajo. Eu não conseguia mais ficar acordada. Não sei aonde estava, só sei que logo afundei na inconsciência. Quem sabe lá eu tivesse paz.

TRÊS MESES DEPOIS

POV Rosalie

Eu estava num jatinho particular. Destino? Forks. Era Dezembro e nós resolvemos voltar para o Natal. Irônico não? Sair de Paris na melhor época de Paris. Acontece que, apesar de Forks ter todos os seus defeitos, era a nossa casa. E ficar longe de casa? Ninguém gosta. E estava Edward, Emmett, Alice, Jasper, Jane, Alec e... Uma novidade! Bree também! Edward lançou a proposta e Bree, que não tinha nada mais a fazer em Paris, aceitou.

Eu sentia que desta vez, tudo se encaixaria. Haveria obstáculos, é claro, mas isso é normal da vida. Se tudo fosse fácil demais, não teria graça. É preciso seguir em frente. O tempo não para por causa de nossos sofrimentos.