Olhei para Dimitri calmamente. Eu não iria surtar, apenas ia escuta-lo sem julgamentos, ou pelo menos até quando meu temperamento aguentasse.
    — Tudo bem Dimitri, diga.
    Ele suspirou cansado e passou a mão pelo cabelo.
   — Rose, eu sei que fui um idiota, um crápula,um filha da puta. Mas só me escute esta bem?
  Eu assenti, preferindo não fazer comentários. Confesso que estava um pouco abalada e com o coração apertado.

    — Nem sei por onde começar, Roza. Quando eu voltei da Russia e você me trouxe de volta, não foi só por pelos motivos que dei que queria ficar longe de ti. Foram por outros também. Mas não consegui ficar longe, eu te amava demais e morria de medo de te perder para outro, e resolvi nos dar uma chance achando que poderia ser curado se seguisse em frente. No começo eu até consegui, mais foi ficando cada vez mais difícil. Eu ouvia uma voz Rose, na minha cabeça que me mostrava o pior de mim, que me sussurrava coisas desprezíveis e tentava me seduzir a atitudes e pensamentos que nunca teriam me passado pela cabeça. Com o tempo a voz foi ganhando força dentro de mim, e foi influnciando minhas atitudes sem que eu me desse conta. Por isso tantas brigas Roza, e juro não queria te trair, quando vi aquela louca já estava me beijando e você a atacando! Eu ainda morro um pouco mais quando penso no nosso filho, você sabe o quanto queria uma família. Nunca quis te fazer mal, muito menos te matar! Aquilo foi um acidente eu juro!Eu fiquei tão transtornado que tive que ir embora quando te vi morta. Era minha culpa! Eu tinha te matado! Fiquei desesperado, senti como meu coração tivesse sido arrancado do meu peito. Tinha que sai dali! Depois fiquei sabendo que estava viva, mais não podia voltar. Não com esse monstro vivendo em mim. Em uma das minhas viagens encontrei uma usuária de espirito que sabia o que estava acontecendo comigo, Cassandra me disse que era parte do espirito strigoi que vivia em mim. E ele nunca sairia daqui, mais me deu um colar, com uma proteção que o manteria longe da minha mente. Ele só consegue me alcançar quando estou com muita raiva. Me perdoe, por favor? Eu nunca deixei de te amar, Roza!

     Dimitri me segurava pelos braços angustiado e percebi que eu chorava.
     — Você não confiou em mim. - Sussurrei.
     — Eu não consegui! Não podia!
    — Como pode dizer que me ama, se nunca confiou em mim? Que amor é esse Dimitri? Se tivesse me contado, teríamos encontrado uma solução juntos desde do início e nada disso teria acontecido! Meu filho ainda estaria comigo!

    Ele me soltou e vi que Dimitri chorava. Aquilo partiu meu coração, eu o entendia agora, suas atitudes, suas palavras, aquelas sombras em seu olhar.    Mas tudo podia ter sido evitado, se ele tivesse me contado! Confiado em mim!
   — Nesse tempo que ficou longe, eu percebi e agora que me contou tudo isso, tenho mais certeza ainda que, nós não teríamos durado muito. Mesmo sem isso. Você estava sempre pronto para ser o herói e colocava seu altruísmo em primeiro lugar. Isso não é ruim,Dimka, mais tudo tem seu limite.Você nunca colocou seu amor por mim em primeiro lugar.Nunca confiou em mim de verdade. Não há relação que dure sem confiança. Ainda mais com esse seu complexo de herói.

    — Roza...
    — Escuta Dimitri, se não tivesse esse complexo de herói, poderíamos dividir os problemas como qualquer casal normal, e achar soluções juntos. Mas isso só nós afastava mais. Você tinha medo de me preocupar, de me magoar, mais devia saber melhor que ninguém que nunca fui uma bonequinha de porcelana. Eu te perdoou, por tudo. Eu ainda te amo, e sei que nunca deixarei de amar. Pois você é ainda uma parte de mim.Mas temos que seguir em frente, e aceitar que o destino não queria que ficássemos juntos. Além disso, sempre que temos um problema, você foge, se afasta de mim!

   — Não Roza... ainda podemos dar certo! Eu sei que sim! Eu posso melhorar!
    Eu balancei a cabeça e estendi a mão para ele.
   — Vem comigo.

    Eu o levei ao cemitério da corte, onde estava enterrado meu filho. Ele caiu de joelhos em frente a inscrição de pedra e chorou por um longo tempo. Eu senti minhas lágrimas caindo também porém fiquei em silêncio, sabia que ele precisava daquele momento. Depois de um certo tempo eu ajoelhei ao seu lado e o abracei. Ficamos lá abraçados e chorando durante o que me pareceu horas. Eu me sentia cada vez mais leve, meu filho finalmente tinha seus pais juntos ali com ele.

   — Eu te perdoou, perdoou, meu Dimka. - Sussurrei para ele.
   — Oh Roza...
   Dimitri me beijou cheio de amor e saudade. Eu retribui automaticamente, mais me afastei logo. E olhei em seus olhos.

   — Dimitri, eu te perdoou. Mas nosso casamento acabou. Eu amo o Adrian. Ele me faz bem, ele me faz senti completa.Feliz. Você tem que seguir em frente também.

   Ele se levantou furioso e me olhou determinado.

  —Não! Eu vou te reconquistar! Ainda é minha mulher, ainda carrega meu nome! E voltará a me amar!

 Saiu de volta para o palácio, me deixando ali sozinha, sem saber o que pensar ou fazer.