Megavi - Cenas excluídas escrita por MarjorieJustine


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

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Megan esqueceu de respirar por um instante. Mesmo sendo só pela tela do celular a visão de Davi na sua frente, ela sentiu um nervosismo por ver ele.
Davi sentiu um misto de nervosismo e alegria, e queria muito mostrar que estava feliz em ver ela.


– Oi Megan - disse ele para o celular acenando com a mão, que após colocou no bolso e com um sorriso que Megan achou encantador, completou - tudo bem com você?
Ele olhou significativamente para ela no celular, tentando captar sua reação. Mas Pamela trouxe então o celular para si e ele não conseguiu mais vê-la. Que por sinal, estava paralisada.

Não sabia o que fazer, sua mãe estava ao lado do Davi, não poderia contar sobre a gravidez ali para ela. E se contasse? Davi teria que saber. Mas assim por telefone? Seria muito melhor então aproveitar sua ida ao Brasil para poder comunicar a todos. Contaria para sua mãe e resolveria como fazer isso, mas faria assim que chegasse ao Brasil!


– Megaaaan, você está me ouvindo? - perguntou Pamela para a filha que estava estática com os olhos distantes.
– Oh. Yeah, mom. Acabei divagando, emocionada com a notícia do meu novo irmãozinho. - ela disse tentando disfarçar.
– So cute! Mas tell me, o que era tão important...- Pamela parou de falar com Megan para observar alguém que chegava animada e cumprimentando a todos, Manu. Pronto, Megan sentiu um misto de sono e enjoo "coisas de grávida" pensou.
– Oi Pamela - Megan conseguiu ouvir alguém com um sotaque nordestino forçado dizer - que bom vocês terem vindo nos visitar.
Megan sentiu mais enjoo diante do tom familiar dela. A sua mãe e nova familia fazendo visita a familia formada pelo pai do seu filho e a nordestina made in Paraguai!

– Mas olhe, quem é esse querido? Aluno novo da Plugar? - perguntou a Nerdestina. Nessa hora Pamela virou o celular, que estava focando apenas parte da sua cabeça, e foi quando Megan viu a desnecessária com seu irmãozinho no colo, dando beijinhos nele como se ela fosse a irmã dele. Megan sentiu uma pontada. Viu Ernesto se aproximar e sua mãe. Ambos fazendo carinho no menino, que devia ser de alguma país próximo ao Marrocos, ou Índia.

– Awwn baby. Look Megan que lindo seu little brother. - disse Pamela babando o menino. Mas Megan estava enjoada demais com a cena de Manuela no meio da sua família.


– Oh, Mom! I tottaly forgot, Arthur está com pressa, vamos a um compromisso agora. Depois te ligo. - disse Megan com pressa já querendo desligar, mas Pamela a impediu. Deixando Megan ainda mais agoniada ao perceber que Nerdestina, que já havia largado o seu irmão, agora olhava para a tela do celular com um sorriso mais falso que a bolsa Victor Hugo que estava usando, claramente feita na China!
– No, Megan. Você ainda não me contou o porque me ligou. Tell me, não se preocupe com Arthur que com ele me resolvo.

Megan estava vibrando de ódio da situação e na cara de falsidade que vira da nerdestina, num rompante veio a ideia de jogar naquela cara mista de oleosa no nariz, testa e queixo, mas seca nas enormes bochechas, que ela estava grávida do Davi. Que ele passou uma noite toda com ela, e depois foi enganar Nerdestina como antes havia feito com ela.
Mas respirou fundo, um sentimento de medo que reconhecera a pouco falou mais alto que a raiva e apenas disse:


– Nada de importante, só queria saber se vocês iam ou estão usando a casa dos Marra aí no Rio de Janeiro, pois eu e Arthur pensamos em passar um tempo aí, curtindo mais tempo juntos, e achei que aquela casa seria perfeita.
Megan disse isso e deu um sorriso que queria muito tivesse saído menos falso que o da Nerdestina. Sua mãe pareceu acreditar, pois devolveu um enorme sorriso e disse dando pulinhos.


– Oh yeah Megan, que wonderfull news, queria mesmo que você viesse para o Brasil. Eu e Ernesto vamos descansar um pouco depois do ultimo filme, e como o lançamento dele vai ser aqui no Brasil, pretendo ficar por aqui e nem viajar. Seria muito árduo para seu novo irmãozinho. - falou Pamela parecendo muito feliz com a noticia, e fazendo Megan pensar que quando pequena, não se preocupou muito em arrasta-la em algumas viagens, ou apenas deixa-la com as babás - Mas não se preocupe, eu e Ernesto vamos ficar em um apartamento que compramos aqui em frente a Copabacana!

– Great, mom! - disse Megan fingir vibração. Estava exausta já daquela situação. - now vou indo, beijos everybody.


Megan disse se despedindo de todos mas sem olhar direito pra quem sua mãe mostrou o celular. Não vendo assim que Davi, que prestara atenção em toda conversa se atirara em direção a Pamela.


– Espera, Megan, preciso ... - Davi chegou tarde demais. Megan já havia desligado.
– Oh querido, se eu soubesse que você queria conversar com ela teria pedido para ela esperar.
– Não tem como ligar para ela de novo? Preciso falar com ela - disse Davi ansioso, e ao perceber o olhar de alerta do Ernesto e o ar de falso desinteresse de Manuela emendou - é sobre as crianças da Plugar, uma promessa que ela fez, queria ver com ela...bom, saber detalhes quando ela viria ao Brasil, sabe? Para levar as crianças para vê-la, combinar de ela vir aqui. – Davi disse a ultima frase com ar de alívio por ter encontrado uma boa desculpa.

– Oh no, Davi. Arthur é muito chato com isso de compromissos. Melhor falar mais tarde com Megan, não quero ele irritado com ela. Eles não são de brigar, mas quando brigam é muito estressante para Megan. Muito bom eles virem passar esse tempo aqui no Brasil – Pamela disse tudo isso em tom decidido enquanto guardava seu celular na sua bolsa Prada. Estava muito bonita em um vestido rosa pink , justo, de uma alça só. – Mas ligue para ela mais tarde, ok?

– Aaa não vai dar, eu ... – ele olhou para Manu de soslaio – tentei ontem, para ver umas coisas da Brazuca... mas ela não me atendeu, acho que é porque mudei meu numero de telefone.

Davi disse isso colocando as mãos no bolso e olhando para um ponto distante. Já estava ficando nervoso com a situação. Quando Megan disse que se mudaria para o Brasil sentiu uma alegria súbita. A ideia de ter ela perto o alertou, mas então ela mencionou Artur e sua alegria diminuiu. Resolveu então aproveitar a chance e falar com ela naquela hora, mas Pamela estava complicando a situação para ele. Já fora difícil explicar para Manuela que perdera o telefone.

– Oh, você não conseguiu recuperar o número?

– Não, eu nem tentei na verdade, achei que encontraria logo o celular. Bom, será que você poderia então mandar pra ela o meu novo número para ela me atender quando eu ligar? – ele pediu para Pamela juntando as mão na frente do tronco como em prece.

– Of course, Davi – disse Pamela com um sorriso amigável, mas olhando de canto de olho um Ernesto, atrás de Manuela séria, fazendo sinais de sim com a cabeça – me passe o número e já mando.

Davi deu um belo sorriso.

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– Megan, o que foi? Você está pálida. – falou Arthur chegando na sala de jantar, onde Megan estava recostada em uma cadeira estofada, olhando para um ponto na parede a sua frente, branca como uma vela.

Ela olhou para Arthur ainda com o ar perdido. Algo vinha atormentando ela desde que desligara o telefone.

– Arthur... – ela disse evitando demonstrar sua vontade de chorar – não vamos para o Brasil, não quero mais. Por favor, vamos ficar aqui, criar meu filho aqui. – ela se levantou indo abraçar Arthur querendo conforto.

– Megan, foi você quem pediu para irmos ao Brasil, você quem queria seu filho nascendo lá.

– Eu sei, mas foi uma loucura, uma idiotice de querer estar perto dos meus pais. Eles nem estão se importando, posso ter ele aqui, all right? – disse Megan afastando o rosto do peito dele e olhando com súplica para Arthur.

Ele suspirou e a afastou, sentando ela em uma cadeira atrás dela, e puxando outra para sentar. Megan sentia muito isso, ele não raramente afastava ela. Raros eram os abraços que duravam mais de alguns segundos. Ele parecia não gostar de dar apoio ou ver ela fazendo manha para ter um pouco de carinho.

Mal sabia ele que a cada vez que a afastava um frio vinha no peito. Ela se sentia rejeitada, como fora por muitas pessoas que amava! Davi, mesmo que não a amasse, abraçava ela e a reconfortava. Ele a deixava tão segura.

– Megan, calma, você deve estar nervosa com a gravidez. – Arthur disse jogando o corpo para frente e pegando a mão esquerda dela. Fazendo carinho para tentar acalma-la – eu achei uma ótima ideia irmos ao Brasil, lá você terá Veronica, Jonas, Manuela e Davi e até Pamela para ficar com você – Megan fungou depois que ele falou Davi - Eu sei que não vou poder estar sempre perto, me sentiria muito melhor se você estivesse com amigos e familiares.

Arthur esperou uma resposta dela. Mas Megan só tentava controlar o choro. Na sua cabeça a imagem da Nedestina com seu new brother era uma agonia. Nerdestina, no futuro, segurando e chamando de filho o seu bebê "Oh God, não permita, não aguentaria ela perto do meu filho ou mesmo meu filho chamando ela de mom. O que era o mais provável sendo ela a madrasta dele. Que pesadelo!".

– Megan? Por favor, preciso saber se você está de acordo.

– Ok, Arthur. – Disse Megan se levantando e se desvencilhando da mão dele, e enxugando o rosto com suas mãos – você está certo, deve ser os hormônios, vamos para o Brasil. Você está certo, lá terei meus familiares – ela disse forçando um sorriso em meio a lágrimas que ainda desciam – terei mom, dad, e até vó Gláucia e Danilo..

–Não Megan, o Danilo eu não vou aceitar. – Disse Arthur ficando de pé e em um tom que assustou Megan.

– What? Arthur, é meu primo ...

– Eu sei que é seu primo – Arthur disse parando a fala dela levantando a mão em sinal de espera – mas também sei que ele tem muito a ver com suas fugidas! E, eu realmente não me importo, mas sabe-se-lá se não pode ser o pai desse filho – ele fez sinal para Megan nem tentar se explicar, quando viu que ela abria a boca – eu só vou com isso adiante se você não falar mais com Danilo, Megan.

Ele disse essa ultima frase colocando a mão na cintura e a olhando firme, como um pai que ameaça colocar a filha de castigo se ela voltar para a casa tarde.

Megan fungou mais uma vez, mas parou de chorar. Olhou para o chão engolindo o sentimento de raiva. Levantou o rosto, piscando ambos os olhos e fazendo sinal de afirmação inclinando levemente a cabeça. Deu um beijo leve na bochecha dele e pediu licença para ir descansar. Subiu as escadas firmes. Por sinal, breguíssima escaca com mármore branco e corrimão de material e tom metálico.

Ela entrou no quarto, fechou a porta atrás de si e se encostou nela tentando se conter. Precisava manter a calma. Não podia mais se desesperar.

Megan estava decidida, não poderia deixar Davi saber sobre seu filho. Não tinha coragem, não tinha forças de arriscar perder aquilo que já era o que mais amava no mundo. A ideia de perder mais um amor para Manuela lhe cortava o peito. Seu pai admirava mais ela que Megan. Sua mãe agora era a amiga da esposa do sócio do seu marido, quase um grande grupo familiar feliz em que Megan não se encaixa. Arthur claramente a admirava mais que a Megan, e possivelmente ainda a amava. E Davi, Megan colocou a mão no peito e suspirou, esse ela perdeu tantas vezes, uma mais doída que a outra. Não, ela não permitiria que Manuela novamente lhe tirasse o que mais amava.

Megan foi até a cama, se jogou de barriga para cima.

– E para isso vou precisar de Arthur, ao menos por enquanto, preciso de um pai para meu filho. Ao menos Davi nunca vai desconfiar. – disse Megan para si mesma olhando o teto. – Mas depois, bom, depois vejo o que faço.

Megan, virou de lado e olhou para a janela, onde estivera mais cedo, feliz com a ideia de ter o filho. Agora ele era tudo para ela, e só para ela. Arthur claramente não se importava com seu filho, só quer ter mais uma forma de controla-la. Ele devia adorar isso. Ela lembrou das conversas com ele naquele dia, cada palavra gravada, o tom de voz dele, e a gota da d’agua, ele disse “desse filho”.

Colocou tudo na balança e tomou uma decisão definitiva quanto a Arthur, ir ao Brasil, o pai do seu filho, e o que faria da sua vida dali para frente. Esperava não ter surpresas quanto ao seu plano.

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– Well, estava tudo muito bom – disse Pamela terminando o seu suco de morango. Estava ela junto com Davi e Ernesto, segurando pela mão seu novo filho que se agitava, na Plugar – Mas agora temos que ir! Quero visitar Jonas e Veronica ainda hoje.

– Aaaa, Pam, eu ainda não terminei os assuntos com Davi. Temos de resolver...- Ernesto disse olhando para Davi que se mexia onde estava.

– Ohh.. ok, Wilson me leva lá e depois vem busca-lo. – Disse Pam, dando um selinho em Ernesto, e olhando com desconfiança para os dois antes de colocar seu óculos escuros da Gucci, disse bye e pegou seu filho no colo. Saiu pela porta, permitindo que Davi enfim respirasse.

– Onde paramos? – perguntou Ernesto para Davi.

– Em como sou idiota!

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– Megan, sua mãe no telefone. – disse Arthur batendo na porta do quarto dela, acordando ela do seu cochilo.

– Oh, tell her que agora estou dormindo, depois falo com ela.

– Megan, ela tá insistindo, abre aqui e fala com ela. – insistiu Arthur.

Ela se levantou, já estava tudo escuro. Andava muito cansada, não só pela gravidez, mas as emoções eram cada vez mais fortes.

Foi até a porta e abriu a fresta suficiente para passar o celular. Arthur, sem nada perguntar, passou o telefone pela fresta. Ela pegou o telefone e fechou a porta, sem ligar qualquer luz, atendeu sua mãe.

– Megan? Você está aí sweety? – Perguntou Pamela

– Yes. Mas está escuro aqui e não estou com vontade de ligar a luz. O que a senhora quer? – perguntou Megan com voz ainda sonolenta e amuada.

– Bom, você não me pareceu muito bem essa tarde. I don’t know, achei que você quisesse mesmo conversar comigo. – Pamela parecia mesmo preocupada. Megan quase se comoveu. Pensou se não valia a pena contar a mãe, precisava de apoio para o que ia fazer.

– Mom?

– Fale querida! – ela disse com um sorriso acolhedor.

– Se você precisasse contar algo que é muito importante para a outra pessoa, mas que pode te matar, é algo muito ruim pra você, o que faria?

– Oh Megan, você está me deixando mais preocupada. Está acontecendo algo?

– Não, só que ..tenho que contar ao Arthur ...sobre ir morar no Brasil – Megan pensou na desculpa e se sentiu mais animada – só que acho que ele não vai aceitar e não querer ir. Mas quero muito ir para Brasil, se eu ficar sinto que vou enlouquecer.

– Nossa Megan, pensei que fosse algo muito sério. Well, ele não precisa saber que vocês vem para ficar. Faça como sua mom, não conte na hora, conte apenas quando sentir que vai conseguir a resposta que quer dele.

– Hmmm... não sei se entendi.

– Ora Megan, think, convença Arthur a vir só visitar your family, quando chegar aqui vá o distraindo, e quando sentir que ele está se agradando com a ideia de permanecer no Brasil, conte que você quer ficar aqui. Até porque, um dia você vai ter que contar, melhor que seja no momento mais favorável a você, right?

Megan franziu o cenho. Realmente, ela não precisava deixar de contar a Davi, ela só precisava contar no momento certo. Quando ele entendesse que ela era dona de si, que ser pai do filho dela não ia significar ele se meter na sua vida e nem obriga-la a conviver ou aceitar Nerdestina como sua irmão e co-mãe do seu filho. Afinal, era bem a cara do Davi se fazer de bom moço querendo forçar sua ideia de que tudo que Manuela toca vira ouro e querer convencer Megan a abrir mão da companhia do filho para deixa-lo algumas horas com Manuela.

– Great idea, Mom! Amanhã mesmo já começo os preparativos para minha chegada ao Brasil! Muito obrigada. Agora, põe meu irmãozinho aí para eu conhecer ele melhor.

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– Caraca. Se a Megan pegou o teu celular com vídeos e fotos da Manu e você em Curitiba, cara, já era. Imagina isso? Porque vocês estavam dando um tempo, mas ainda assim... – falou Ernesto com cara de preocupado, andando de um lado para o outro em frente ao Davi, deixando ele ainda mais angustiado.

– Porra, valeu. Agora estou mais tranquilo!

– Davi, meu amigo, tu tá fudido com a Megan se ela viu isso! – disse Ernesto se aproximando de frente a Davi e colocando a mão direita no ombro esquerdo do amigo.

– Não – Davi se agitou e saiu de perto de Ernesto, agora se movendo onde podia no espaço da Plugar – ela não, viu não pode. Megan não tinha razão de pegar aquele celular – ele falou isso parando e levantando ombros e mãos com as palmas para cima – E mais – ele se aproximou de Ernesto – se ela tivesse visto aquilo, sendo a Megan, teria ficado lá, procurado saber o que era. Depois daquela noite... – Davi parou um pouco, olhando para a janela, dava para ver a lua pelos vidros dela – ela não ia ter dúvida que gosto dela.

Ernesto observou o amigo olhando a lua do outro lado da Plugar. Ele suspirou, se aproximou do amigo, colocou novamente uma mão em um dos ombros dele, tentando reconfortar.

– Então tá amigo, ela não viu fotos e vídeos da Manu no seu celular, e você SÓ gosta muito da Megan.

Davi virou a cara para o amigo, com expressão séria, os lábios comprimidos tão fortes, que formavam um bico. Ele voltou a olhar para a frente e balançou a cabeça de forma negativa enquanto olhava para o chão.

– É, tá na minha hora amigo. Acho que você precisa pensar bem no que sente, e em como tirar a história do celular a limpo. – falou Ernesto pegando seu óculos escuros que ficou em cima de uma mesinha com vários legos. – você não vai para casa? Tá tarde, Manu deve estar preocupada.

– Não – Davi respondeu depois de uns segundos de silencio – eu não tenho dormido na casa com Manu, desde que comecei a criar a Sandy.

– Bom...isso torna as coisas mais claras, não? Digo, você uma vez disse que amava Megan de uma forma diferente da forma que amava Manuela. Só não sabia definir. Será que agora você consegue?

Davi saiu de onde estava, foi até o amigo e disse:

– Vamos beber?

Ernesto soltou uma gargalhada. Achou piada. Viu Davi sério e se preocupou.

– Davi, não vai fazer merda. Melhor ficar aqui e tentar pensar o que vai fazer amanhã, de cabeça fria. Vou pedir pra Pamela passar teu numero para a Megan. Amanhã você já consegue resolver isso.

Ernesto disse isso e se tranquilizou quando Davi concordou com a cabeça. Ele então colocou seu óculos, e foi até a porta, deixando Davi parado onde estava. Quando abriu a porta ele deu uma parada, olhou para a mesa próxima, cheia de copos dos sucos que tomaram mais cedo.

– Aliás, sempre esqueço de perguntar mas..Davi, por que suco de morango com laranja? Digo, o gosto é bom, mas você sempre usa esse suco nas festas da Brazuca, quando tem reunião com investidor. Algo especial.

Davi colocou a mão na cintura, uma perna para frente, suspirou e olhou para cima.

– Sim, o sabor da mistura, é uma delícia.

Ernesto estranhou a resposta e saiu em direção ao carro que o aguardava do lado de fora. Acordou Wilson e foi ver sua princesa Shelda. Não vendo Davi sair da Plugar e ir em direção ao bar, beber umas cervejas.

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Davi voltou só duas horas depois, com ajuda do Mosca. Tinha se metido em uma briga com um garçom que não quis trazer mais cerveja. Levou um soco que doía no canto esquerdo do lábio. Ele entrou na garagem, lembrou de outra noite que voltou para ali carregado por melhor companhia. Puxou um cobertor e foi dormir no chão em frente ao seu computador na Plugar.

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Megan estava na cozinha, tomando seu suco de morango com laranja quando seu telefone tocou de novo. Ela olhou e se impacientou. O mesmo número que tentara semanas atrás, tentou a noite passada das 10 da noite até meia-noite. E depois a acordou às 2 e às 4 da madrugada. Só que agora Megan não tinha apenas a suspeita de que era Davi, ela tinha certeza, sua mãe passou qual era o número novo dele por whatsapp.

Agora ela estava no dilema, afinal ele sabia que ela já tinha seu novo número, e teria a certeza de que não atendia porque era ele. Ela observou o celular parar de tocar, tomou outro gole do seu suco e estalou a boca. “Pouco importa o que o Davi vai pensar”. E deixou que o telefone tocasse mais duas vezes.

Arthur entrou na cozinha e pegou uma maçã da fruteira já mordendo ela.

– Oi Megan. Tenho que ir até a empresa resolver quem vai ficar responsável na minha ausência. Queria que já nos mudássemos daqui uma semana. Assim dá tempo de preparar a casa, escritório, filial e ...Megan, está me escutando? – Arthur notou que ela mantinha uma mão sobre o copo de suco, e a outra apoiava o queixo, mirando pela janela algum ponto que ele não soube identificar. – Megan?

– Aaa, sorry Arthur. Estava longe. Vou começar a ajeitar tudo aqui e no Brasil para irmos quando você quiser, querido – ela disse isso sorrindo carinhosamente para ele.

– Bom. Estamos em sintonia. Agora deixa eu ir – ele ia se retirando da cozinha quando Megan o interpelou.

– Arthur?

– Sim – ele se virou para ela impaciente.

– Você sabia que Davi e Manuela nos traíram em Curitiba? Digo, eles transaram e não nos contaram, mesmo ainda estando comprometidos conosco?

Ela falou na lata. Se ele quisesse saber como descobrira, despistaria. Mas ela precisava saber como ele se sentiria sabendo que fora traído por Manuela. Se reagiria de forma tão impassiva como quando soube que Megan esperava o filho de outro. O resultado fora revelador.

Arthur ajeitou a alça no ombro. Mordeu levemente o lábio interno e disse:

– Não sei de onde você tirou isso. Não sei se é verdade, mas a Manuela foi sincera comigo quando voltou de Curitiba, ela disse que aconteceu o suficiente para ela entender que queria ficar com Davi. Não sou burro para pensar que fora apenas beijinhos.

– E...?

– E o que, Megan? Quer saber se briguei com ela? Não, nem fiquei magoado com ela, pois ela foi sincera sim comigo. Ela não me iludiu, me respeitou, foi a mulher incrível que sempre demonstrou. – ele disse ainda mais impaciente. Megan sentiu indiferença a quase declaração dele para Nerdestina.

– Tão maravilhosa que não terminou com você antes. Primeiro garantiu que teria alguém que ela considerasse melhor, e então te dispensou. Ok, Arthur, querido. Era só isso, pode ir.

Megan falou dispensando ele com a mão, e voltando ao seu suco. Ele ficou surpreso com a reação dela. Sentiu o desaforo da resposta, e a crítica, mas resolveu relevar. Se virou e foi para o serviço, resolveria esse problema de rebeldia esparsa da Megan no Brasil, quando teria maior controle de suas ações.

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– Davi, você não está me escutando de novo?

Jonas falou em alto e bom som para quase todo o corredor, logo atrás de Davi escutar, mesmo as portas fechadas.

– Desculpe, Jonas. Estou um pouco indisposto hoje – disse Davi soltando um gemido.

Ele dormiu mal no cobertor improvisado na Plugar, bom, o que conseguiu dormir. Tentara sempre que acordava assustado com algum pesadelo envolvendo Megan e ele, telefonar para ela, sem sucesso. “será que Pamela não passou meu número?”

– Eu sei. Manu me contou que te encontrou jogado no chão da Plugar, com cheiro de álcool. Que vieram contar que você encheu a cara ontem e brigou com o garçom. Davi, estamos preocupados com você!

Jonas se aproximou do filho com os braços cruzados. Se inclinou até ficar próximo ao rosto dele.

– Filho, eu to preocupado. Você está indo mal com a Brazuca, os investidores estão pegando no seu pé? Pode contar o que quiser, eu a Manu e mais quem for necessário, te ajudamos. Temos experiência nisso.

Davi se empertigou na cadeira. Olhou para o pai. Sabia que aquilo era papo da Manuela. Ela vinha dizendo para fundirem a Brazuca a Marra fazia tempo.

– Não, pai. Eu to com problema de outra ordem – disse ele sem olhar para Jonas.

– De qual outra ordem? Problemas com Manu? – Jonas se endireitou e olhou para Davi do alto.

– Não... é problema que só eu posso resolver. Eu termino aqui. – Davi então cruzou seu braço e passou a olhar para o chão, evitando Jonas nos olhos.

– Certo, você está decidido. Mas filho...- Jonas se inclinou e ia colocando a mão no ombro de Davi, quando Megan apareceu na tela grande de monitor que ficava no centro da parede atrás de Jonas e de frente para Davi.

– Hi da... – ela começou a falar quando a primeira pessoa que viu foi Davi, que sorriu para ela.

– Peanuts – Disse Jonas se virando para a tela grande. – Que maravilha, faz tempo que não nos falamos. Pode ir Davi – ele se virou para o filho dispensando-o.

– Não, se vocês não se incomodarem, eu gostaria de ficar - Davi se ajeitou na cadeira, inclinando-se para frente.

– Por mim, sem problemas. E você Megan?

Ela fez um sorriso que esperava ter parecido meigo, para Jonas e disse que não teria problema.

– Dad, estou precisando de uma forcinha sua. Mão de obra do seu pessoal.

Megan começou a falar olhando dedicadamente a imagem apenas de Jonas. Enquanto fingia não ver Davi movimentar um dos braços para ela, querendo chamar sua atenção. Ocorre que dela nada conseguiu, mas Jonas notou os movimentos atrás de si e olhou Davi intrigado.

Ao que Davi sorriu encabulado e olhou para a parede de vidro fumê que mostrava a vista do lado esquerdo da sala. Notando que eles voltaram a conversar sobre Jonas emprestar Danilo em segredo para Megan por uns 10 dias, Davi passou a olhar fixamente a imagem dela na tela. Parecia bem, bonita. Estava com pouca maquiagem e com o cabelo amarrado um pouco em desalinho. Ela olhou ele rapidamente e ele sorriu, levantou a mão para acenar para ela bem na hora que Jonas se virava para trás, pois Danilo, que Davi nem percebera que havia sido chamado, entrava na sala. Jonas o mirou estranhando suas atitudes e cruzando os braços de novo. Davi se recostou na cadeira, semicerrando os lábios e olhando diretamente para a tela. Tentando perceber mais algum olhar dela para ele.

– Que isso? Reunião de família? – Danilo entrou falando – Priminha, continua linda.

Davi olhou de soslaio Danilo que parou do seu lado.

– Shut up Danilo. Preciso que você me faça favores. Estou te requisitando oficialmente ao meu dad para ser meu representante em alguns negócios que tenho de fazer para preparar a minha chegada e de Arthur no Brasil.

Ela falou isso olhando rapidamente para Davi. Não resistiu e tentou observar sua reação. Não foi das melhores. Ele desviou o olhar dela e fixou em Danilo ao seu lado.

– Mas que maravilha. Claro que topo, faço o que você quiser priminha. Só manda para mim por Whats e vou providenciando.

– Great! Now eu tenho que preparar as coisas por aqui. Bye...- Megan foi interrompida por Davi que se levantou e pediu para ela esperar.

– Não, Megan! Eu quero muito falar com você, mas...a sós. Pode ser, pai? – Davi fez essa pergunta direcionada para Jonas, que entendeu a súplica ao ouvir ele dizer pai.

– Ok, eu e Dan...

Não deu tempo de Jonas concordar, Megan desligara a conexão.

– Não acredito, pode ligar de novo para ela? – Davi disse indo até a mesa de Jonas nervoso. Tentou alguns botões, estava perdido. Devido a noite mal dormida e ressaca, as coisas pareciam flutuar na frente dele.

– Davi, não dá mais. Megan desligou. Depois você conversa com ela. Calma. – Jonas disse isso se aproximando e tirando um controle da mão do filho.

– Não, eu não tenho como falar com ela. To sem meu celular – ouviu um risinho de Danilo no fundo da sala - e agora ela não me atende do novo.

– Certo, espera que vou ficar tentando aqui. – Jonas começou a digitar uns números, mas não conseguia ligação.

– É, pelo visto meu serviço já acabou por aqui, se me ...

– Não, Danilo. Eu preciso da sua ajuda. Obrigado, Jonas.

Davi disse isso e saiu atrás de Danilo, que ignorou ele o chamando e saiu a passos largos. Só se permitindo alcançar por Davi quando dobrou em um corredor vazio.

– Que foi, Davi?

– Você, me empresta o seu celular. Se eu ligar com o seu a Megan atende.

Davi estava beirando o desespero. A agonia de saber o que acontecera aquela noite, porque Megan parecia evitar ele o consumia.

– Mas pra que meu celular Davi? – disse Danilo segurando um sorriso maldoso – pega aqui o seu, liga com ele.

E Danilo tirou do bolso da calça o celular de Davi, amassado, balançando ele na frente da cara de Davi, sorrindo satisfeito com a expressão do primo.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo se chama "Te amo, Megan" ;)



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