Capítulo narrado pela autora

Mil coisas se passavam na cabeça de Tris quando ela finalmente começou a descer as escadas. A primeira pessoa que ela viu, foi o moço parado de frente ao altar, a fitando. Os olhos azuis dele estavam fixos nela. O olhar dele se prendeu ao dela e ela o viu sorrindo. Ela sorriu de volta, ao mesmo tempo que uma lágrima desprendia de seus olhos e rolava por seu rosto.

"Eu vim pra Chicago pra te pedir pra fazer Tobias feliz, porque se tem alguém que merece felicidade, é esse garoto. Mas vi que você já o faz feliz. Muito feliz. Então, estou aqui para te agradecer por isso. Você é um anjo na vida do meu neto.” Era o que a vó de Tobias havia dito a ela, a apenas alguns minutos atrás, quando ela se preparava para descer as escadas, acompanhada do pai. Ela havia se controlado muito para não chorar antes da hora. A manhã calma e tranquila havia ficado para trás. Tris era um poço de ansiedade, felicidade e nervosismo.

Ela continuava olhando fixamente para o noivo, sem se importar com os flashs, com as pessoas, com a decoração ou qualquer coisa que ela julgasse banal. Tudo o que ela mais queria era poder dizer sim. Tudo o que ela mais desejava era dizer que Tobias Eaton era seu. De corpo e alma. No coração e no cartório. Para sempre.

Não eram só os convidados que olhavam para Tris. Tobias a fitava, com um sorriso no rosto e os olhos um pouco umedecidos. Só Deus sabia o quanto ele tinha esperado por esse momento. Só ele sabia o quanto ele amava essa mulher. Só eles sabiam tudo o que eles tinham enfrentado e passado juntos. Ele sabia que os laços eram fortes, e que iam se fortalecer a cada dia mais, a cada aprendizado, até a cada discussão e depois, a cada vez que eles fizessem as pazes.

Ele pensava em quanta sorte ele tinha. Tris era magnífica, em todos os sentidos. Ele havia notado o vestido dela, que era realmente deslumbrante, mas não conseguia desviar os olhos de seu rosto. Ela era tudo que ele jamais tinha tido a ousadia de pedir, seja para Deus ou para qualquer outra entidade poderosa que existe. Ele então agradeceu, seja pra quem estivesse escutando suas orações. Agradeceu por ter Tris em sua vida, por tê-la como esposa. Ele prometeu, naquele momento, que faria dela a mulher mais feliz do mundo, custasse o que custasse, acontecesse o que acontecesse. Ela sempre seria sua Tris. Sua pequena Tris. A mulher mais forte e determinada que ele conhecia.

Era no mínimo curioso como o "felizes para sempre" deles havia começado. Na sala de Zeke e Shauna, meses atrás, com os dois desesperados. O desespero leva as pessoas a fazerem coisas loucas, como aceitarem se casar com alguém que eles mal conhecem. Era interessante como eles haviam desenvolvido uma amizade sincera, e um pouco depois, como essa amizade se tornou amor. E como o amor pode, a cada dia, ficar mais forte, mais intenso. Eles nunca haviam pensado em como pode amar uma pessoa cada dia mais, como se apaixonar pela mesma pessoa, todos os dias de sua vida, e não se se sentirem entediados. Agora eles sabiam. Os dois sabiam. Eles podiam não entender, mas eles sabiam que era real, bonito, sincero e pra sempre.

O pai de Tris entregou a mão da filha para o noivo, sussurrando um "cuida bem dela, rapaz", que ele respondeu, sorrindo "eu vou cuidar". Tobias então beijou mão de sua quase esposa, depois sua testa e enxugou as lágrimas que caiam dos olhos dela. Lágrimas de felicidade, de emoção. Ele sabia que Tris devia estar se xingando por dentro, por estar chorando e borrando a maquiagem perfeita. Não que ele estivesse vendo algum borrão. Provavelmente ela tinha pensado nessa possibilidade e se precavido.

Os dois se viraram de costas para os convidados e de frente para o padre. As mãos entrelaçadas. As mãos dele estavam geladas, mas ela nem percebeu. As dela também estavam. Tobias apertou a mão de Tris levemente, e ela retribui o aperto. Quantas vezes eles tinham feito isso, de apertar as mãos um do outro discretamente? Bem, nenhum dos dois sabia, mas eles sabiam que essa não seria a última vez.

O padre deu início a celebração. Shauna limpou o rosto discretamente, e fingiu que não viu o marido fazer o mesmo. Ela estava feliz. Muito feliz. Ela sabia que eles haviam nascido um para o outro, e quisera o destino, que ela e Zeke fossem os responsáveis de iniciar essa história maluca, intensa e apaixonada. Zeke pensava em como Tobias merecia alguém que o amasse, alguém que o fizesse feliz, e mesmo que ele nunca fosse admitir isso para ela, ele sabia que essa pessoa era Tris. Ele tinha visto nos olhos dela, quando olhava para Tobias, o mesmo olhar que ele lançava para Shauna, e agora Kiara. Mesmo maluca, neurótica, afobada, exigente e mimada, Tris faria Tobias feliz, ele tinha certeza disso.

Andrew e Nathalie, que estavam sentados na primeira fileira, trocaram um olhar. Era nítida a felicidade da filha. Era nítido o quanto os dois se amavam. Bastava olhar para o casal. Eles sabiam que a filha estava bem casada, e que ela seria feliz com Tobias. Em seguida, avistaram um outro casal, Evelyn e Marcus, os pais do noivo. Os dois, de uma forma diferente, também estavam emocionados. Evelyn sabia que ninguém mais faria Tobias feliz, e apesar de nunca ter sido uma mãe muito presente, tudo o que ela podia desejar era a felicidade do filho. Embora ele não fosse muito próxima de Tris, ela sabia que a garota era a noiva perfeita. Marcus tinha consciência de suas diferenças com o filho, e se arrependia de várias coisas, mas ele estava feliz, por vê-lo feliz. Tobias merecia toda a felicidade do mundo. Sempre havia sido um sobrevivente, um guerreiro. Inteligente, sagaz, espirituoso. Ninguém melhor do que a jovem modelo para enaltecer as qualidades do filho. Marcus sabia que Tobias nunca esqueceria a infância. Ele próprio nunca se perdoaria pelo que havia feito, mas ele estava tentando ser uma pessoa melhor, e até mesmo um pai melhor, embora ele desconfiasse que Tobias não enxergasse isso. Pelo menos não ainda.

Caleb pensava em como ele estava feliz pela irmã caçula, e como ele mal podia esperar para que o dia dele se casar com Susan chegasse. Ele amava Susan. Era uma pena eles não terem se conhecido antes. Era uma pena eles terem demorado tanto para ficarem juntos. Caleb tinha certeza que Susan era a mulher de sua vida, assim como sabia que Tris era a mulher da vida de Tobias. Ele esperava que as pessoas vissem nos olhos dele quando o assunto era Susan, a mesma chama que ele via nos olhos de Tobias quando o assunto era Tris. Um misto de paixão, adoração, cuidado, dependência. Quem diria. Tris se apaixonando. Sua irmãzinha maluca, que vivia em enrascadas, vivia curtindo a vida, vivia de breves paixões, ou melhor, de paixão nenhuma. Ela merecia ser feliz.

Eis um momento que ficou gravado na memória de todos os que presenciaram a cerimônia. Tobias pegou a mão de Tris gentilmente. Ele olhou fundo nos olhos dela, enquanto repetia as antigas, solenes e memoráveis palavras. “Eu, Tobias Eaton, te recebo Beatrice Prior, por minha esposa, e te prometo ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te e respeitando-te todos os dias de minha vida".

As mãos dela tremiam levemente quando ela repetiu as palavras. A voz embargada, que não passou de um sussurro, mas que foi suficientemente alto para que ele, a única pessoa que importava, escutasse. Ele limpou delicadamente a lágrima que escorria pelo rosto dela, a fazendo dar um breve, mas emocionado sorriso. Por um instante, eles se perderam no olhar um do outro. Debaixo da chuva de flashes, os dois pares de olhos azuis, de tonalidades diferentes, se encaravam apaixonadamente.

Outro momento emocionante foi a troca de alianças, que geralmente é um dos momentos mais aguardados em casamentos. Tobias disse as palavras, enquanto colocava a aliança no dedo anular de Tris. Ela sorriu. Tudo o que ele mais queria era sair dali, com a mulher de sua vida, e os dois se refugiarem em algum lugar longe. Só eles. Desfrutando da companhia, da calma e da paixão, que só um podia proporcionar ao outro.

Tris olhou nos olhos dele ao dizer "Tobias recebe esta aliança em sinal do meu amor e da minha fidelidade. Em nome do pai, do filho e do Espírito Santo". Ele também sorriu ao escuta-la dizendo essas palavras. Pronto. Estava feito. As alianças estavam em seus devidos lugares, onde permaneceriam até o último suspiro, até o último sopro de vida. Eles se olhavam delicadamente, sem palavras, embora a vontade de falar alguma coisa fosse grande. Eles eram marido e mulher para todo o sempre. Até que a morte os separasse. Eles não sabiam o que aconteceria depois da morte, mas se ouvisse algum tipo de vida, eles tinham a certeza de que essa união ultrapassaria a morte.

Tris queria dizer tudo o que ele representava pra ela. Tudo o que ele significava. O quanto ela o amava. Ela queria dizer que o amava mais do que a própria vida, que ela não conseguia se imaginar sem ele. Tobias queria poder colocar em palavras todos os seus sentimentos, seus planos, sua felicidade. Apesar de faltar palavras naquele momento, não faltou entendimento. Eles sabiam exatamente o que se passava pela cabeça um do outro.

“O noivo pode beijar a noiva”. Tobias deu um beijo na testa de Tris, que fechou os olhos e se limitou a abraçar o marido. Marido. Meu marido, era o que ela pensava. Depois eles selaram os lábios. Um beijo apaixonado. O primeiro beijo de casados. Não durou o quanto eles gostariam, não foi de tirar o fôlego, mas foi intenso, foi real, foi verdadeiro. Pra que palavras quando se podia sentir?

Logo os recém casados foram tomados por braços e abraços. Os dois cumprimentaram os convidados, agradeceram o carinho e a presença, sempre de mãos dadas, sem nunca desgrudarem um do outro. Tobias pensava que ele devia ser o homem mais feliz do mundo. Tris pensava que ela nunca mais poderia reclamar da vida. Ela tinha Tobias, então, ela tinha tudo.