Cigaretts and Valentines escrita por Grace


Capítulo 40
Have Fun


Notas iniciais do capítulo

Oi amores! Não, não morri, graças a Deus! Hahahaha
Sério, perdão pela demora. Essa semana foi minha semana de provas (muita coisa mesmo pra estudar) e pra piorar, meus professores marcaram todos os trabalhos pra entregar essa semana também. Ou seja, me ferrei legal.
Bem, tentei compensar com um capítulo maior e com mais uma das loucuras 4Tris, espero que gostem!
Beijos, amo vocês



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Tobias

Dirigi até um campo meio afastado da cidade. Era um lugar tranquilo e não muito conhecido. Ótimo para se passar uma tarde agradável. Tris tinha aberto o vidro do carro, e o vento que batia bagunçava seus cabelos, a deixando mais bonita ainda.

_Você tá linda, sabia? Mais do que o normal- Eu disse, desviando o olhar da estrada. Ela me deu um sorriso deslumbrante, eu sorri de volta. Deuses, como eu amo essa mulher.

_Você é lindo - ela respondeu, me mandando um beijo e sorrindo. Tris parecia outra pessoa hoje, comparada a Tris de uma semana atrás. Ela tinha recuperado o ar inocente e leve, que eram seu charme particular. Os olhos dela já não traziam a melancolia e a tristeza de uma semana atrás. E eu só agradecia por isso. Não era fácil pra mim vê-la chateada, vê-la triste e não poder fazer nada.

Eu estacionei um pouco afastado do caminho. Nós descemos do carro. Tris carregou o embrulho da comida. Eu rezava pro cara não ter esquecido de colocar os talheres junto, ou estaríamos sem ter como comer.

Nós procuramos uma árvore que oferecesse uma sombra boa.

_Como você descobre esses lugares? - Tris me perguntou, se sentando no chão e respirando fundo - É tão lindo aqui.

Me sentei ao lado dela. A visão realmente era espetacular. De um lado, dava pra ver boa parte de Chicago. De outro, era possível ver o bosque. Dava pra ver até um parque de diversões, a alguns poucos quilômetros de note estávamos. Ele me parecia abandonado.

_Quando eu era mais novo, gostava de pegar o mapa da cidade e sair por aí, descobrindo lugares. Esse aqui eu descobri assim. Vim pra cá de bicicleta, da primeira vez - eu respondi - Sempre gostei de lugares assim. Eles me acalmam, e me trazem a sensação de paz, que eu não conhecia antes de você,

Ela sorriu e apoiou a cabeça no meu ombro. Eu a abracei, a trazendo para mais perto de mim. Depois, dei um beijo em sua testa.

_Como foi na Prior’s & Co? - eu perguntei, tendo até um pouco de medo da resposta. Tris estava possessa hoje antes de ir pra lá. Eu nunca a tinha visto tão irritada e com tanto ciúme antes. Embora, ela continuasse negando que era ciúme. A nossa velha e eterna discussão.

_Ótimo - ela disse, sorrindo - Espetacular. Estrondosamente espetacular. Tobias, descobri que se eu fosse atriz, eu seria uma ótima vilã! - ela sorriu mais ainda, e eu cai na gargalhada.

_Eu tenho até medo do que você arrumou - eu disse.

_Só deixei bem claro que você é meu, e que se elas abrirem a boca pra falar mais alguma mentira, eu acabo com a carreira delas em dois tempo. - Ela fez uma carinha pensativa - Não que elas precisem de mim pra isso. Talento é uma coisa que elas não têm, definitivamente.

_Vindo da maior modelo dos últimos tempos, e agora, estilista, eu acredito em você - eu disse, e ela me deu um beijo no rosto.

Abri a embalagem de comida. Lasanha com muito queijo.

_Tobias - Tris chamou, olhando para a lasanha - Eu não vou caber no meu vestido desse jeito - ela resmungou, me fazendo rir - Você me encheu de chocolate uma semana, agora massa… Eu vou ter que passar os próximos três meses vivendo de salada pra conseguir entrar no vestido.

_Meu amor, larga de ser dramática. Você está ótima. Não vai ser um prato de lasanha que vai te fazer ganhar alguns quilos - eu disse, segundando o riso - Você vai entrar no vestido tranquilamente, e provavelmente ainda vai ter que mandar apertar.

Ela não me pareceu muito convencida. Segundo ela, eu nunca achava que ela estava feia e gorda. Ela vivia me dizendo que eu não servia de base pra esses assuntos. Eu continuava insistindo que ela continuava espetacular.

_Ah deixa eu te contar - eu disse, mudando de assunto. Ela me olhou - Shauna foi lá na Eaton’s hoje.

_Ela não tinha que ir no médico? - Ela perguntou, provavelmente já pensando em uma maneira de matar Shauna.

_Ela foi de manhã, com Zeke, antes de ir pro médico - Eu disse, parando para mastigar um pedaço de lasanha - Ela me fez sair da minha sala, ir até o térreo e apontar discretamente as duas moças que estavam falando de Zeke. Eu até tentei dizer que elas não estavam lá, mas ela me beliscou e me fez contar a verdade. Zeke queria ir pra sala dele correndo, mas ela proibiu - eu contei, segurando a risada.

_E aí? - Tris perguntou - O que ela fez?

_Ela se aproximou das duas e falou “se eu descobrir que vocês estão olhando pro meu marido de novo, eu faço Tobias demitir as duas”. As duas não sabiam nem o que dizer. Todo mundo em volta ficou olhando, eu tentando segurar a risada, e Zeke querendo sumir. As moças não tinham a mínima noção de como Shauna havia descoberto. Eu tive que fingir estar falando no telefone, pra poder sair de lá normalmente e ir pra minha sala rir.

Tris começou a rir.

_Cara, ninguém filmou isso? - Ela perguntou, entre risos - Eu amo a Shauna, sério. Só ela mesmo.

_Shauna tem sérios problemas. Você não viu a cara das moças, coitadas. Ficaram brancas, igual papel. Elas devem pensar que Shauna tem grampos de escuta por toda a Eaton’s.

_A culpa disso é sua - ela disse quando acabou de mastigar - Ninguém mandou você contar isso pra ela.

_Só contei porque era o único jeito de ela te falar o que você queria saber - eu respondi.

_Você é demais, sabia? - ela disse, me dando um selinho - Melhor noivo do mundo. Te amo, te amo, te amo e te amo.

Eu a puxei pra mais perto de mim.

_Eu te amo, pequena. Muito - Dei um beijo nela, que em seguida, encostou a cabeça no meu ombro.

Passamos o resto da tarde assim. Nós conversamos sobre tudo, e sobre nada, e aproveitamos a companhia um do outro. Ajudei Tris a subir numa árvore. A primeira árvore que ela subiu na vida. Eu digo que ela não teve infância e ela duvida de mim.

Quando era mais pro fim da tarde, resolvemos dar uma volta.

_Tris, já está escurecendo - eu disse.

_Ah, Tobias, vamos até lá no parque de diversões. Deve ser legal.

_Tris, o parque tá abandonado - eu disse, rindo da cara de triste que ela fez.

_Exatamente por isso. Eu sempre quis ver um parque de diversões abandonado. Só vai ter a gente lá - ela sorriu - Eu sempre odiei parques de diversão por motivos de: muita gente, muita fila, etc. Hoje não vai ter ninguém.

_E nenhum brinquedo funcionando - eu disse, rindo.

_Larga de ser estraga prazeres - ela riu - Se você tá com medo do parque assombrado, eu vou sozinha.

Eu ri mais ainda. Era incrível como ela sempre conseguia o que ela quer.

_Nem pensar - eu respondi, pegando a mão dela e começando a andar em direção ao parque - Vou com você.

_Ótimo - ela disse.

Para entrar no parque, tivemos que pular o alambrado.

_Você sabe que isso é invasão de propriedade privada, não sabe? - eu perguntei.

_Você me fez invadir um prédio e fugir da polícia, tá lembrado? - ela perguntou, rindo - E isso aqui está abandonado. Brincadeira de criança.

_Justo. Mas o prédio também era abandonado - eu rebati, e ela me deu um tapa leve no braço.

_Era quando você ia lá quando mais novo. Quando nós invadimos, não era. Você só achava que era, e… Caralho, eu gosto de invadir os lugares. Não te dá uma sensação legal?

_É seu lado de criminosa falando mais alto - eu disse, rindo.

_Confessa logo, Tobias. Você também está se tornando um delinquente.

_São as más companhias - eu respondi.

_Rá - ela respondeu

Nós olhamos em volta. Era bem legal mesmo. A luz da lua era o que iluminava o lugar. Olhamos umas barraquinhas maltrapilhas, cheias de furos. Eram aquelas barracas que geralmente tinham aqueles jogos que ninguém nunca ganhava. Andamos cada vez mais, xereteando nas coisas. Dava dó de ver isso aqui abandonado.

_Já imaginou se a gente encontra o espírito do primeiro dono do parque? - Tris perguntou, me fazendo rir.

_Suas teorias são muito criativas - eu disse, fazendo ela rir - No dia do prédio, teoria nos moldes de Criminal Minds, hoje, nos moldes de Supernatural. Você devia tentar uma carreira de escritora ou diretora também.

_Você nunca teve vontade de falar com um fantasma? - Ela me perguntou, e eu parei de andar.

_Eu não. Você tem vontade falar com um fantasma? - eu perguntei.

_Se ele não for do mal - ela deu de ombros. Se eu não tivesse passado a tarde toda com ela, eu teria perguntado qual substância ilegal ela tinha ingerido.

Ela olhou em volta, e parou os olhos em alguma coisa atrás de mim. Me virei pra ver. Uma roda gigante. Voltei a olhar para ela, em tempo de vê-la sorrir e começar a andar. Eu a segui.

Tris se aproximou mais da roda gigante. Depois ela fez uma coisa que me deixou totalmente estarrecido. Ela olhou bem para a escada de segurança, pareceu pensar por um instante, e então começou a escala-la.

_Hã… Tris? - eu chamei. Ela parou e me olhou - O que exatamente você pensa que está fazendo?

_Quero ver a vista lá de cima - ela respondeu, se virando e recomeçando a subir.

_Você é louca, sabia? - eu resmunguei, e então comecei a escalar atrás dela. Cara, como eu odeio altura. Tudo o que eu pensava era em não olhar para baixo, respirar devagar e me concentrar no que eu estava fazendo.

Eu nunca fui muito chegado à altura. Eu não me importava com prédios altos, nem com coberturas, porque eu sabia que era seguro. Mas a ideia de escalar as escadas de uma roda gigante, não me deixava nem um pouco confortável. Parei um instante para respirar fundo. Nós já tínhamos passado da metade do caminho. Tris ainda estava a alguns degraus a minha frente.

_Tobias? - ela chamou, me fazendo olhar para cima - Está tudo bem?

_É só eu me lembrar de não olhar para baixo - eu disse, respirando um pouco mais calmo. Desde criança eu não gostava de altura.

_Você quer descer? - ela perguntou.

_Não. Vamos continuar - eu disse, acrescentando mentalmente: só não vamos muito mais alto do que isso, pelo amor de Deus. Eu podia ter descido, mas eu gostava de encarar meus medos, por mais nervoso que isso me deixasse.

Depois do que me pareceu uma eternidade, Tris parou, e se esgueirou para as barras que cruzavam o brinquedo. Ela se sentou em uma das mais largas, e eu me sentei ao lado dela, segurando firme no suporte que estava ao meu lado. Tris chegou mais perto de mim e me abraçou, se segurando apenas em mim.

_Eu não sabia que você tem medo de altura - ela sussurrou.

_É quase uma fobia - eu respondi.

_Você podia ter ficado lá em baixo.

_E te deixar vir sozinha? Nunca - eu falei.

_É lindo aqui de cima - ela disse, e eu até podia vê-la sorrindo. Realmente, era lindo. As luzes da cidade ao fundo, a sombra das copas das árvores... Quase dava pra esquecer que nós estávamos pendurados a vários metros do chão. Quase.

_Você sabe que se a gente cair, já era né? - eu perguntei.

_Morrer nos seus braços? Não me parece uma coisa tão ruim - ela respondeu. Tris estava realmente perdendo o juízo.

_Você só pode estar perdendo o juízo - eu resmunguei - Você não está com nenhum pouco de medo?

_Não - ela respondeu - Estou me sentindo segura aqui. Você está aqui.

Não confie muito em mim, foi o que eu quis dizer, mas fiquei quieto. Já bastava eu em pânico aqui.

Alguns minutos se passaram, até que nós decidimos descer. Com cuidado, demos um jeito de voltar para as escadas. A descida foi igualmente agonizante, mas eu já me sentia mais calmo.

Fiz uma oração em agradecimento quando coloquei meus pés no solo novamente. Tris me abraçou. Eu ia comentar que só ela pra me fazer essas loucuras, quando nós ouvimos vozes. Trocamos um olhar. Tris segurou uma risada. Não tinha uma vez que nós fazíamos coisa errada que não dava rolo depois.

Recuamos vagarosamente, só para dar de cara com três caras, que fumavam e conversavam entre si. Uma mesinha improvisada continha alguns saquinhos cheios de alguma coisa, uma balança e alguns maços de dinheiro. Pelo teor da conversa, tráfico de drogas, sem dúvidas. Eu só não sabia ainda quem era o traficante, quem era o comprador ou se eles eram todos da mesma quadrilha. Não deu tempo de esconder.

_Estão procurando alguma coisa? - um deles perguntou. Eu coloquei meu corpo na frente de Tris.

_Nós estamos de passagem só - eu respondi calmamente. Percebi que a minha resposta não agradou. Tecnicamente, nós havíamos visto a cara deles, onde eles se encontram e o que estavam fazendo. Segundo minha convivência com Zeke, quase dez anos de cadeia.

_Só de passagem? - o outro perguntou, dando um passo para frente.

_Na verdade - Tris disse, chamando a atenção dos caras - Nós queremos algumas pedras. Ou pó… Qualquer coisa da boa, que seja forte.

Eu segurei a vontade de rir e de demonstrar surpresa. Tris era maluca, só podia.

_É mesmo? - ele perguntou, parecendo desconfiado ainda.

_É - ela respondeu, segurando a minha mão - Um amigo em comum disse que vocês costumam ficar por aqui…

_Amigo em comum?

_É cara - eu disse, antes que ele perguntasse quem - E nós queremos nos divertir um pouco sabe? E aí, tu tem umas cinquenta gramas da pedra aí?

_Cem gramas, eu acho melhor - Tris disse, olhando pra mim e sorrindo - Vai ser mais divertido. Vai ter bastante gente.

_Você tem razão - eu disse, concordando com ela, enquanto o cara se virava e separava alguma coisa. Nós trocamos um olhar. Tris apertou a minha mão discretamente. Eu realmente não acreditava que a gente sempre acabava se metendo em confusão. Tris realmente era uma baita atriz quando se tratava em contar mentiras.

_Pelo jeito, riquinhos também gostam de se divertir - um outro homem falou. Ele não se dirigia a nós, mas ao cara que tinha falado com a gente um pouco mais cedo - Deve ser bom poder fazer festinhas em plena segunda feira.

_Eu conheço esses dois - o outro falou - O empresário bilionário e a modelo.

Eu e Tris trocamos mais um olhar. Droga.

_Clientes, Bill. Seja discreto, e eles voltam. Faça um alarde e você se fode - o outro cara falou. Como eu queria sair logo dali.

O tal Bill voltou para perto de nós com um saquinho na mão. Peguei minha carteira. Ele deu o preço. Eu paguei. Nem questionei. Certeza que ele cobrou um pouco mais caro por saber que a gente tem dinheiro. Peguei a mão de Tris e saí de lá, o mais rápido possível.

Nós fizemos todo o caminho de volta, até chegar no carro, rindo e comentando o absurdo que a gente tinha feito.

_A culpa disso é sua - eu disse, brincando com ela - Se fosse tivesse tido infância, a gente não precisaria ter ido ao parque abandonado e não teríamos que ter comprado maconha ou sei lá o que que tem aqui.

_Rá - ela disse, me dando um tapa no braço - Se não fosse eu, provavelmente você estaria ferrado.

_O que que a gente faz com isso aqui? - eu perguntei, apontando para o saquinho que estava no meu bolso.

_Sei lá, espalha a droga pelo caminho e depois a gente se livra do saquinho - ela respondeu - Mas se você quiser usar, fique a vontade, eu volto dirigindo.

_Não, obrigado - eu respondi, rindo - Você quer?

_Não - ela me deu uma olhada - Não gosto de drogas.

Eu ri. Finalmente uma coisa errada que Tris não tenha feito. Eu espalhe a droga pelo caminho. Pelo cheiro, eu julgava ser maconha. Zeke ia chorar de rir quando eu contasse o que tinha acontecido.

Voltamos para casa, ainda comentando a nossa nova aventura. Nós teríamos muita história para contar para os nossos netos. Eu esperava que isso nunca acabasse.


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Notas finais do capítulo

Quem gostou??? Gente, eu não tenho noção de quanto é muita ou pouca droga, sério... nem de preço. Foi mals :S Hahahahaha