O Trono de Gelo escrita por DISCWOLRD


Capítulo 16
Palavras Sábias


Notas iniciais do capítulo

A forma humana de Anivia eu me baseei em Galadriel de o Senhor dos Anéis.

segue o link de 2 fics que recomendo

http://fanfiction.com.br/historia/488299/Reverse/

http://fanfiction.com.br/historia/524319/Cronicas_de_Ionia/

a parte de livros e romance foi retirado do texto de Terry Prichett



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OST

— ABRAM OS PORTÕES!

Duas grandes portas de quase meio metro de espessura abriram-se no muro do ultimo circulo da cidade. Ashe avançou através da entrada cavalgando até o centro do pátio. O cavalo entrou na praça com vapor saindo de suas narinas. A respiração pesada e profunda. Um homem calvo com uma longa barba e com uma armadura segurou as rédeas enquanto Ashe saltava da sela.

— Minha senhora — Disse ele

— Chame os médicos agora! — Rugiu ela

— Claro — Ele fez sinal e apontou para sela. — Removam-no do cavalo. — Dois guerreiros se aproximaram do cavalo — Depressa! Depressa!

Os homens soltaram-no da sela e colocaram no chão. Um deles examinou o rosto e disse de repente:

— É o rei, Tryndamare!

— O quê? — exclamou o homem calvo arregalando os olhos com a surpresa.

— Ele foi ferido. Fomos emboscados a reunião foi forjada para que caíssemos em uma armadilha. — Ashe olhou para os soldados e ordenou — Levem-no aos curandeiros e tragam tudo o que ele precisa. Depois, tragam-me noticias. — Os guerreiros concordaram com a cabeça e levaram o rei para dentro do palácio. Ashe os observou saindo, desejando poder acompanhá-los.

As atenções dela voltaram de repente para o homem calvo quando ele disse:

— Minha senhora, os lideres e nobres dos demais clãs desejam falar com senhora.

Era uma péssima hora para reuniões, mas ela sabia que seria inútil resistir. O clima estava tenso entre os clãs que apoiavam os avarosianos. Finalmente, ela inclinou a cabeça. — Diga que logo estarei com eles.

O sol já sumia no horizonte deixando um rastro avermelhado, depois de um longo tempo de espera, Ashe sentou-se dando um suspiro de cansaço. Passou uma das mãos no rosto e olhou fixamente para o teto. Ela foi acordada dos pensamentos quando um dos curandeiros chegou até a rainha.

— Como está o meu marido? — Perguntou atônita

O curandeiro baixou o olhar em direção a ela.

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OST

Como sempre Ezreal não estava tendo um bom dia. Ele se encontrava pendurado no galho alto de uma árvore. Era o resultado final de um conjunto de atividades intensas. Primeiro, ele foi carregado para dentro da mata pelo cavalo. Depois, deu de cara com lobos, que por mais pouco conseguiu escapar. Eles avançavam na direção dele. O cavalo apavorado se enfiava pelo meio da floresta deixando as feras para trás. Ezreal tentou se segurar, mas um galho baixo, mais forte do que os outros, derrubou-o da sela.

Ele não sabia voar ou não era bom em escaladas, mas qualquer um que o tivesse visto ficaria impressionado com a velocidade com que ele subiu na árvore mais próxima para escapar dos lobos. O explorador ouviu uns estalos e percebeu que estava sobre um galho perigosamente fino. Engoliu seco. Sabe aquele momento em que você pensa que nada pode piorar? O galho se curvou, quase se dobrando, descobriu que agora estava pendurado na ponta de uma tira de madeira, que ficava mais fino à medida que se soltava da árvore. O galho cedeu e ele caiu exatamente no meio da clareira. Fechou os olhos e se preparou para o pior.

Silêncio

Nada tinha acontecido. Seus instintos e seu senso de autopreservação, incrivelmente bem desenvolvido, dizia que estava tudo bem agora. Ele arriscou olhar, lentamente abriu um dos olhos. Estava sozinho nem sinal dos lobos. Suspirou e se deitou na grama tentando julgar onde estava. As copas das arvores se adensavam lançando uma luz filtrada para o chão.

Todavia, o dia chegava ao fim e talvez não fosse uma boa ideia, pensou Ezreal, ficar ao ar livre. Ele se levantou. Ele não estava muito seguro da sua localização, mas parecia haver, atravessando boa parte da floresta. Pensou que talvez encontrasse alguém disposto a ajudar viajantes em dificuldades. De qualquer modo, era isso ou os lobos. Ele não demorou a fazer sua escolha. Quando tentou fazer seu caminho, um uivo seguido de um grito de perigo o fez entrar em estado de alerta.

Perto dali...

Uma garota de cabelo vermelho que aparentava ter dez anos estava de costas para uma arvore cercada por dez lobos que a encaravam com olhos selvagens. Na sua frente, jazia um daqueles animais mortos com o pelo chamuscado. Um dos lobos soltou um uivo de arrepiar enquanto os outros mostravam as presas.

Um deles rosnou mostrando os dentes e avançou em direção a ela com um grande salto. Nesse momento, viu-se um feixe de luz passar seguido de um zunido agudo. Houve um latido, e o lobo que saltava caiu no chão com um som abafado; ele tinha a marca de alguma coisa que havia perfurado a garganta. Ezreal saltou para frente da menina se colocando entre ela e as feras.

— Você está bem? — Perguntou sem desviar os olhos dos lobos.

A Lógica teria dito a Ezreal que para sua integridade física seria bom não lutar contra lobos bancando o herói. A Lógica teria lhe dito que seria melhor ter ficado deitado e tomado outro caminho. A Lógica teria dito isso tudo e outras coisas, se não tivesse tirado o dia de folga.

A menina ergueu o olhar e os olhos dela pareceram brilhar por um instante. Aconteceu aqui algo que acontece com garotinhas apaixonadas que leem muitos livros sobre romance. O mundo se dividiu em dois, a do mundo real e a da menina. Provavelmente no mundo dela, Ezreal estava vestido com uma armadura reluzente, uma grande capa vermelha e montado sobre um cavalo branco com os cabelos balançando ao vento e recaia nele, contra toda a lógica, um feixe de luz.

— Sa... sabe... alguém sair dessa, sabe, e tudo ficar bem depois de tudo, eu gostaria que você meio que dissesse às pessoas que eu meio que estive aqui. Talvez pudessem escrever isso em algum lugar — propôs ele.

— Você é um príncipe encantado? — Perguntou ela

Ezreal olhou para ela tentando digerir a pergunta.

— O quê?

— O príncipe encantado que salva a amada do perigo. Você veio me resgatar.

Por um instante, os lábios de Ezreal mexeram-se em silêncio ele franziu a testa tentando entender aonde a garota queria chegar.

— Mas não vou deixar meu príncipe se machucar. — Disse — Cinzas, cinzas, cinzas todas caem. Hora de brincar!

— Espere é muito perig... — a voz dele foi sumindo conforme seus olhos surpresos foram registrando a cena

A menina abriu os braços e criou duas bolas de fogo na palma das mãos. As chamas refletiram naqueles olhos esverdeados. Ela sorria como se tudo aquilo não passasse de uma brincadeira. Um dos lobos avançou e a garota arremessou as bolas flamejantes contra ele, à esfera explodiu um pouco a frente no chão queimando o lobo que fugiu aos latidos para dentro da mata.

Com outro movimento do braço, duas bolas incandescentes, vermelhas e cor de laranja, ganharam vida novamente. A jovem arremessou os orbes contra outro lobo que saltara na direção dela. Elas explodiram, queimando ele e o solo ao seu redor. A menina olhava para as feras com uma expressão divertida, mas já aprontava o próximo ataque.

Recuperado da surpresa, Ezreal estendeu o braço, e a força que emanava do cristal lhe atravessou o corpo. Saltou para frente, posicionou sua luva e um feixe de luz atingiu um dos animais que caiu no chão, depois se jogou para o lado e com um tiro certeiro atingiu outro lobo que caiu sem vida.

A menina ergueu as mãos e uma esfera incandescente envolveu-a. O domo brilhante se expandiu queimando a grama. Então disparou fogo das palmas das mãos em uma rajada causticante. Queimando tudo no caminho. As chamas dispersaram, deixando o calor e o solo negro. Os lobos restantes fugiram se precipitando para dentro da floresta. A menina levou o joelho ao chão toda aquela magia tinha exigido demais de seu pequeno corpo. Ezreal se virou para a garota.

OST

— Você está bem?

Ela sorriu para ele.

— Um príncipe igual aos livros que veio me salvar.

— O quê?

— Você é o príncipe, não é? Igual aos livros que eu li.

Ezreal era chamado de muitas coisas, mas certamente príncipe não estaria entre elas. Ele balançou a cabeça e suspirou, talvez tivesse começado errado toda aquela conversa.

— Certo, vamos recomeçar — propôs — Meu nome é Ezreal, estou perdido do meu grupo e encontrei você aqui com esses lobos, é perigoso para alguém de sua idade ficar em florestas sozinha... — ele parou por um instante e acrescentou — mesmo você sendo bem forte.

— Eu estava protegendo Flocos.

— Flocos?

Ezreal sentiu uma ligeira pressão nos pés. Ele baixou o olhar e viu um animalzinho havia cravado as gengivas sem dente no bico da bota de Ezreal e lhe dava uma chupada vigorosa. Ezreal se abaixou e o pegou o que parecia ser um pequeno roedor, era como uma bola de pelos. Todo o corpo do animalzinho era por inteiro coberto de pelos macios e brancos. Quatro pezinhos socavam o ar com vigor e dois chifres se projetavam para fora da pelugem formando uma semicircunferência. O pequenino lambeu o rosto de Ezreal e levantou um olhar divertido para o ele.

— Um poro? — Surpreendeu-se — Meu tio sempre falava deles. Uma raça que abita as regiões frias de Freljord. Vivem em tocas formadas por vários túneis e câmaras que são utilizadas para armazenar comida ou dormir. Têm o olfato apurado e uma excelente audição e são muito apreciados como animais de estimação.

— Flocos! — Exclamou a menina. O poro saltou da mão de Ezreal para ela e depois para dentro da pequena mochila que trazia nas costas, ouviu-se um ruge-ruge e Flocos colocou apenas a cabeça para fora da bolsa mordiscando um biscoito.

— Então, você estava protegendo esse poro dos lobos?

Ela assentiu

— Até você chegar e me salvar, agora sei que meu príncipe igual aos livros se chama Ezreal.

— Que tipos de livros você anda lendo? — perguntou Ezreal.

Encabulada, ela baixou a cabeça e girou o pé no chão.

— As histórias encantadoras: o namorado que salvou a menina do dragão na torre e fugiram juntos, mas morreram protegendo um ao outro. A outra história da menina que se matou porque o pai insistia que se casasse com um velho e aquela que...

Ezreal ouviu, abismado. A julgar pelo material de leitura cuidadosamente escolhido por ela, talvez nem sobrevivesse à adolescência.

— ...então ela pensou que ele estivesse morto e se suicidou, aí ele acordou e também se matou, porque as duas famílias eram contra o casamento. Tem uma história bem romântica que fala que a garota...

Ezreal já havia notado que o amor nos deixa tristes, eufóricos, distantes, mas não tinha se dado conta de que também pode nos deixar burros.

— ...Ai ela viu que ele não voltou da guerra então ela se jogou do penhasco e...

Ezreal acreditava que alguns jovens casais se conheciam, digamos, num baile da cidade e se davam bem, saíam juntos por um ou dois anos, tinham algumas brigas, faziam as pazes, casavam e nem cogitavam se matar.

— Ah — disse, baixinho. — E ninguém... vive bem?

— Amar é sofrer — decretou ela — Tem de haver muita desgraça!

— Tem?

— Com certeza. Não é mesmo Flocos — O poro concordou com guincho

Ezreal tentou imaginar tudo aquilo, mas era o tipo de assunto que o sujeito logo tentava esquecer.

—Argh! — disse ele. — e você é?

Envergonhada, ela baixou o olhar.

— Annie.

— Certo, vamos procurar um lugar para passar a noite e depois te deixo em alguma vila ou coisa do tipo.

Uma onde de sangue involuntária percorreu o rosto dela

— Eu vou dormir com você?

— Não! — Objetivou — não foi o que eu disse, olha eu... esquece! Vamos andando precisamos encontrar a estrada que atravessa o bosque.

— Não posso.

— O quê?

— Estou procurando meu animal de estimação, eu me perdi dele.

— Certo, como ele é?

— Bem, é grande e peludo. O nome dele é Tibbers é o meu urso de estimação.

Por um instante, os lábios de Ezreal mexeram-se em silêncio enquanto seu cérebro processava a informação.

— Você tem um urso de estimação? — Perguntou tentando ser o mais normal possível

Annie assentiu

— O que acha? — Perguntou

— Acho que é perigoso

— Ele gosta de pipoca

— E gente?

— Ah, e gente. Acho que umas cinco pessoas, até agora.

— Boas ou más?

— Mortas.

Ezreal suspirou e desejou do fundo do coração que conhece alguma pessoa normal que não o colocasse em alguma enrascada. Na próxima vez pensaria duas vezes em salvar alguém.

— Como alguém perde um urso? — Perguntou

— Nós estávamos no porto de Zaun e por alguma razão todas as pessoas corriam quando viam a mim e o Tibbers.

— Vai saber né, porque será. — Ironizou

— Então Tibbers sentiu um cheiro de comida vindo de um barco e entrou nele, quando eu tentei trazer ele de volta o barco partiu em direção a Freljord. Todos os marinheiros pularam no oceano com medo quando encontraram a gente. Sem ninguém pra guiar o barco se chocou com as pedras e meio que uma coisa levou a outra e agora estou aqui. Nós queremos achar o Tibbers, não é?

— Não exatamente queremos — reagiu Ezreal — Não é uma palavra que eu teria escolhido.

— Como você diria, então?

— Hã... Acho que a expressão “não queremos” resume muito bem a situação.

— Mas você concordou que ia me ajudar!

— Sem morrer no processo — protestou. — Não faria bem a ninguém. Pelo menos, não a mim.

— Eu tenho medo que não possamos encontra-lo.

— O meu medo é justamente de encontrarmos ele.

Os dois seguiram em direção ao norte. O vento chiava por entre as árvores e o sol já começava a deixar o horizonte que daria lugar a uma noite calma e clara. As árvores se projetavam em direção ao céu com grossos troncos negros. De vez enquanto passava por eles alguma lebre ou raposa. Mas nem um lobo ou outra fera apareceu. Atravessaram por um tronco caído sobre um riacho, não escutando nenhum ruído, a não ser da própria água que corria logo abaixo. Neste ponto Annie já terminava de contar mais uma história de romance.

— ...Assim ela morreu junto com o amado. — disse ela.

— Não tem um final feliz?

— Mas o amor tem que ser trágico — Objetivou

Ela sentiu a mochila estremecer e viu o poro tremendo e agitado, ele parecia alerta olhando atentamente para todos os lados a procura de alguma coisa.

OST

— O que aconteceu Flocos? — Perguntou Annie

O Poro ronronou, se esticando e contraindo as pequenas orelhas. Ele fustigou o ar e se escondeu no fundo da mochila.

— O que tem de errado com ele?

— Eu não sei.

Um longo rugido explodiu na escuridão das árvores. Um rugido intenso e selvagem, que quase fez o coração deles saírem pela boca. Ezreal puxou Annie pelo braço jogando por sobre o ombro e partiu em disparada.

— O que foi isso? — perguntou ela assustada

— Não será o seu Tibbers?

— Ele não ruge assim. O que foi isso?

— Eu não sei, mas não quero ficar aqui para descobrir.

Ezreal correu o mais rápido que pode se precipitando para dentro dos arbustos e dando encontrões em galhos finos. Ele aumentou a velocidade quando um minuto mais tarde o rugido reapareceu, desta vez à esquerda, vindo entre as árvores. Os rugidos estavam terrivelmente próximos. O explorador correu para direita, mas dessa vez o mesmo rugido soou, mas vindo da direção que ele estava indo. Ele mudou a direção, voltando mais para a esquerda.

— Seja o que for é rápido — gemeu Annie — Se eu pudesse usar magia!

— Melhor nos mantermos mais longe o possível e algo me diz que não será fácil como os lobos.

Ezreal viu tudo de relance; um grande urso branco correndo em paralelo entre as arvores. Tinha um corpo pesado e parecia trazer uma armadura ao longo do dorso, mas apesar de tudo parecia acompanhar perfeitamente eles. Então a grande fera virou o rosto. Os olhos dela se encontraram com os deles. Olhos selvagens e penetrantes. As suas íris eram azuis e pareciam carregar uma tempestade neles. Ezreal sentiu vontade de gritar, ele agora entendia o que um coelho sente, quando se depara com um lobo. A fera rosnou e desapareceu entre a vegetação.

Ezreal se deteve.

— Porque você parou? — Perguntou Annie

— Não tem mais para onde ir!

Annie se virou para ver por sobre os ombros de Ezreal. Na frente deles se projetava uma ribanceira coberta de neve, uma decida vertiginosa que acabava em um precipício. Eles podiam ouvir dali o ronco da água. O som inconfundível da correnteza. Ezreal sabia que talvez não sobrevivessem, que as águas revoltas poderiam sugá-lo para a morte. Era isso ou virar comida de um urso.

— Se prepare!

O poro saltou da mão de Annie e se aninhou no bolso da jaqueta de Ezreal. Ele respirou fundo e pulou bem a tempo. Logo atrás dele, uma enorme mandíbula se projetou da vegetação até a borda mordendo o ar a poucos centímetros da jaqueta de Ezreal. Eles ainda puderam ver e ouvir. O enorme urso erguendo-se nas patas traseiras, estendendo as terríveis garras da pata dianteira e rugindo como se desafiasse os céus.

Eles conseguiram escapar, mas tinham outro problema agora. O explorador sabia que tinha pouco tempo antes que alcançassem o penhasco no fim da ribanceira. Poucos segundos separavam os dois de uma queda para a morte. A ameaçadora linha no fim do caminho se aproximava cada vez mais.

O vento frio golpeava o seu rosto com um constante zumbido em seus ouvidos. Ele tentou frear a descida com as mãos e tentar se colocar de pé, péssima ideia, a neve escapou pelos dedos e um movimento errado fez com que rodopiasse para cima e para baixo. No momento em que conseguiu parar de rodar, viu de relance Annie descendo sem controle pela encosta. Ele tinha que fazer alguma coisa.

Um movimento errado, um cálculo errado de distância poderia ser fatal. Um pouquinho de menos e ele não iria alcançá-la. E nessas situações você só tem uma tentativa. Ele se concentrou e se lançou pra frente. Agarrou Annie pela cintura. Segurando ela com força. Os dois se engalfinharam.

Eles ainda estavam deslizando e o vento frio penetrava pela sua pele com uma força implacável. Freijord parecia decidida a ficar com eles. “Acho que não” pensou Ezreal, apontando a cabeça para baixo, e calculado a distância. Um tronco de uma arvore solitária se projetava para fora na beirada do precipício, um apoio, se ele conseguisse pegar, estariam a salvos. Ezreal se preparou.

— Um

Ele agora podia ver a queda que o aguardava caso falhasse e a correnteza que corria logo abaixo. Dispersou o pensamento e se concentrou na contagem.

— Dois

Ele sabia alguma coisa de física. Associou o tempo da contagem com a velocidade da descida. Usaria a gravidade para ganhar impulso.

— Três!

Quando passaram pela borda, ele se agarrou com toda a força de seus braços ao tronco. Mas a natureza sempre coloca na mistura alguma coisa que não podia ser prevista. Annie se chocou contra ele, fazendo os dois rolarem pelo tronco. Então os dois caíram em direção à correnteza.

Eles se precipitaram para dentro do rio. Ezreal precisava fazer alguma coisa, logo a correnteza iria arrasta-los para o fundo e o frio diminuiria suas chances de sobrevivência. Annie estava inconsciente sendo arrastada pela água. Ezreal, seus membros batiam nas protuberâncias rochosas à medida que o rio o arrastava.

Com ímpeto ele nadou, nadou e nadou. Conseguiu segurar Annie pela cintura novamente. Com os movimentos certos ele foi em direção à luz acima. Mas a correnteza jogou de um lado a outro com violência e afundou mais e mais até que sua consciência oscilasse. O explorador forçou a razão e o corpo.

E então...

Seus dedos encontraram apoio. Ele agarrou em uma pedra e agora se esforçava, resistindo à correnteza. Ele emergiu a cabeça e aspirou todo o ar que conseguiu enchendo os pulmões novamente. Com um esforço sobre humano conseguiu alcançar a margem. Colocou Annie deitada, ainda inconsciente sobre o chão. Seus ombros cederam de alivio. Ela estava respirando.

Ele caiu de joelhos sendo vencido pelo cansaço. Tentou se levantar, mas descobriu que não podia. Logo a dor deu lugar ao nada. Ele não conseguia sentir os membros, a sua mão estava pálida. Sua visão falhou, ele tentou forçar a razão, mas não conseguia. Estava cansado, precisava se levantar ou ele e a garota morreriam congelados. Ele folegou e todo o mundo pareceu escurecer, mas antes que a consciência se perdesse viu uma enorme mão vindo em sua direção.

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OST

Olaf entrou na tenda carregando Sejuani nos braços. Ele estava consciente do corpo dela tocando o seu, seus nodosos músculos sobre as coxas dela. Com urgência ele a levou até o interior da tenda. Os aposento de Sejuani eram simples. Ela sempre foi acostumada ao pouco. Conforto e luxo são palavras desconhecidas em seu vocabulário. Olaf deixou escapar um oblíquo riso, ela se parecia com ele. A vida de lutas e a obrigação da força acima de tudo, eliminou a necessidade do comodidade. Está sempre pronta para agir, lutar e liderar era tudo que ela precisava.

Ele a colocou com cuidado sobre uma espécie de liteira. Colocou as pernas e braços em posição mais confortável enquanto ela gemia um pouco. Ele era um homem de guerra, um bárbaro moldado ao choque da lâmina e ao grito de batalha. Já viu centenas de mortes muitas pelas suas mãos. Enfrentou exércitos e bestas, mas essa situação o deixava impotente, era algo que não poderia ser resolvido pelo fio de suas laminas ou pelos músculos de seu corpo.

Olaf pensou em despi-la e tratar de seu ferimento, mas ele não conseguiu. Porque queria desesperadamente tocá-la sentir a textura de sua cintura, a firmeza redonda de seus seios, a curva de suas costas e o contorno de suas pernas. Ansiava por tomá-la em seus braços, vestida ou não, sentir o sua respiração ritmada com a sua.

O bárbaro foi arrancado de seus pensamentos quando uma grossa voz falou logo atrás dele.

Um homem de aparência orgulhosa e astuta apareceu logo atrás de Olaf. Ele parecia ignorar o frio estando vestido como um peregrino, usando pouco mais que um colete feito tecido, cortado na altura dos ombros, o que revelava seus braços musculosos, mãos grandes e um peito troncudo. Uma guirlanda estava pendurada em seu grosso pescoço. Seu cabelo desgrenhado e sua barba espessa, somavam com um olhar intenso e bestial.

— O que aconteceu? — Perguntou ele

Olaf devolveu aquele olhar

— Udyr... uma flecha envenenada. – Respondeu – Fomos emboscados. A reunião foi forjada para que caíssemos em uma armadilha e ela foi atingida.

Udyr se aproximou e se abaixou analisando o rosto de Sejuani, depois analisou o estado geral, Ignorou hematomas e feridas que não representavam risco de vida. Sua pulsação estava fraca e sua seu rosto pálido. Ele procurou o ferimento da flecha até encontra-la, o ferimento estava mais inchado. Udyr suspirou pesadamente quando ela gemeu de dor.

— Eu irei chamar os curandeiros. — Afirmou

Algumas horas depois...

OST

Olaf estava em frente à tenda de Sejuani. Seu olhar se fixou em um lugar distante que somente ele podia ver, depois, baixou olhar em direção à fogueira. Ele fixou seu olhar no fogo. Ali, diante do constante crepitar procurou esquecer tudo por um instante. Mas, como o movimento constante das chamas o acalmou, e o deixou num estado passivo, aos poucos sons, imagens e emoções aleatórias chegaram até ele. O sentimento de culpa o dominou, ele falhou com seus antigos companheiros e agora falhou com a mulher que jurou proteger. Atormentado pelas memórias, Olaf cerrou seus dentes e respirou forte.

Aquilo não era um comportamento de um líder, o segundo no comande depois da própria Sejuani. Ele era o responsável por comandar os homens depois dela, dando ordens que deveriam ser prontamente obedecidas, inclusive na rápida execução de qualquer formação militar e, encarregava-se da disciplina. Mas uma vez a voz de Udyr o arrancou dos pensamentos. Ele saiu de dentro da tenda.

— Como está Sejuani?

— Os curandeiros me disseram que ela vai se recuperar. Eles cuidaram dela durante a noite toda. O veneno a debilitou terrivelmente. Talvez ela não tivesse sobrevivido se não fosse por você.

Os ombros de Olaf caíram aliviados. Udyr deu uns tapas em seu ombro.

— Precisa mais que uma flecha pra derrubá-la.

— Eu deveria ter levado aquela flecha!

— Mas não levou, cabe agora evitar que isso repita. Além disso, não foi culpa sua, ela sabe a que está sujeita.

A expressão no rosto de Udyr se intensificou.

— Diga aos curandeiros que tragam tudo o que ela precisar. Eles iram Vigia-la até que esteja totalmente fora de perigo.

Udyr cerrou os punhos e a fogueira capturava seu olhar

— Tem algo errado? — Perguntou Olaf

— Eu posso sentir, Olaf, sentir algo que se manifesta em meio as terras congeladas. Os espíritos de Freljord me alertaram, de um mal sobrenatural, um mal ancião que acordou. Determinado a abalar os alicerces de Freljord até suas entranhas. Esta região jamais será a mesma. Mas também posso sentir outro poder, um poder mais antigo e mais poderoso que se dirige a vilarejo de Lisk.

Udyr deixou-se tomar pela determinação e seus olhos por um instante emanaram chamas.

— E é para o vilarejo de Lisk que irei!

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OST

Ezreal acordou e não acreditou no que seus olhos viam. Ele tentou falar, mas não conseguiu. Todos os músculos de seu corpo estavam rígidos. Ele estava em um campo de batalha, ou pelo menos o que restou dela. Estava na ponte Howling Abyss.

Ninguém havia sobrevivido à carnificina ali. A batalha tinha cobrado o seu preço. Ele olhou em volta novamente, o lugar estava coberto por sangue e a ponte já não se media por passos, mas por corpos. Pequenos pontos de incêndios tinham se espalhado. Pedras da estrutura foram arrancadas da própria fundação da ponte e despedaçadas como brinquedos velhos.

Olhando para a carnificina com uma terrível sensação. O sangue formava poças, enquanto os corpos jaziam no frio. Seu coração foi tomado por pavor. Era um campo de morte tão terrível que ele não conseguia olhar. Havia soldados mortos por todos os lados.

Ele olhou em volta, quase dominado pelo pânico. Sentiu como se estivesse se afogando, faltou-lhe ar quando reconheceu a pessoa morta. Era Ashe. Ela estava coberta de sangue, o seu próprio sangue. Os braços estavam cobertos por cortes profundos. Havia outras feridas em seu torso, cortes abertos que pareciam ter sido feitos por uma espada. Ezreal segurou a náusea desviando o olhar. Mas foi pego novamente por outra visão aterradora. Viu logo perto dela o corpo de outra mulher de bruços deitada sobre um enorme javali morto.

Talvez pensou, que fosse Sejuani, já tinha ouvido falar de uma guerreira que liderava as tribos mais ao norte e que montava um poderoso javali de guerra. Ezreal a pegou girando-a para cima, mas ela virou a cabeça gemendo. Ainda estava viva. Ele a segurou firme tentando mantê-la fixa. Olhos dele arregalarem-se pelo horror quando percebeu uma lança quebrada pela metade atravessada no peito dela. A arma tinha lhe perfurado na altura dos pulmões. Ela golfou sangue. Ezreal tentou fazer algo, mas nada podia ser feito. Quando levantou o olhar para ela, percebeu, os olhos dela já diziam tudo: ela tinha morrido.

Desnorteado, o jovem caminhou evitando pisar nos corpos espalhados, mas por vezes tropeçava ou pisava no que pareciam partes desmembradas de soldados. Depois de algum tempo, ele tropeçou em algo e caiu sobre o chão de pedra, ficou ali envergado até que tivesse coragem para se levantar novamente. O vento frio fustigava o seu rosto trazendo o cheiro forte de ferro.

Quando se recompôs. Levantou o olhar para uma montanha de corpos que se erguia acima dele. As armaduras e vestimentas estavam ensopadas de sangue. Havia soldados deitados em cima de outros soldados em um conjunto macabro de corpos. Havia flechas negras espetadas em todos eles.

As lágrimas embaçaram a visão de Ezreal, ele tentou desviar o olhar, mas os rostos dos homens caídos prendiam sua atenção. Um corvo desceu, vindo do céu. Um enorme corvo negro, do tamanho de um cachorro. O pássaro levantou a cabeça, estudando Ezreal com os olhos redondos e negros. Ele abriu o bico e grasnou um som brutal. O pássaro bicou uma tira longa e úmida de carne vermelha, rasgando e puxando-a, para depois jogar a cabeça para trás e engolir. O estômago de Ezreal revirou quando o corvo virou a cabeça novamente, encarando-o.

— CHEGA! — Ezreal rugiu — Eu não quero mais esse sonho!

Ele sabia que os corvos significavam um mau presságio. Um anúncio de tempos difíceis de quando morre um ente querido, ou quando são forçados a ser uma pessoa ou situação que você não pode querer ser. Quando ele tentou gritar novamente, uma luz clareou todo o local à sua frente, muito mais clara e radiante que o sol.

— Ezreal, o que você vê é o futuro, caso fracasse. — afirmou a voz da luz.

OST

Uma mulher bonita saiu de dentro da luz. Era jovem, e ao mesmo tempo não era. A pele branca e o rosto claro eram perfeitos e suaves. Seu olhar era altivo e cheio de sabedoria, como o olhar de alguém que conhece muitas coisas que os anos trazem.

— Quem é você? — perguntou Ezreal tentando juntar o máximo de coragem possível

— Eu sou Anivia, a criofênix — Respondeu ela — Eu sou aquela que fala em sua mente.

Ezreal reuniu novamente coragem e perguntou

— Anivia, mas você... não era uma ave?

— Eu sou muitas coisas garoto. Tenho a forma que esse mundo precisar e agora, sou uma mulher.

— O que é isso? Esses sonhos, esses corpos, toda essa morte...

No momento em que falava, tudo a sua volta mudou como se fosse materializado em outro local. O campo de batalha foi trocado por um jardim fechado. Um jardim que se abria para o céu. Ele viu na sua frente, uma estatua de uma ave que prendeu sua atenção, ela estava como se preparasse para o voou. Apesar de ser uma estrutura imóvel seus olhos brilhavam. Acima dela, as nuvens se afastaram de modo que o sol brilhava radiante sobre sua estrutura.

— O que foi esse sonho?

— Os sonhos nos mostram muitas coisas, algumas pessoas podem ver o que desejam ver. Mas também os sonhos podem revelar fatos terríveis ou incompreensíveis. — respondeu ela — Este último, são sempre mais estranhos e compensadores do que as coisas que desejamos ver. Os sonhos podem revelar coisas já passadas, coisas que estão acontecendo, e as que ainda podem acontecer.

— Então esse é o futuro, toda essa morte?

— Lembre-se de que os sonhos revelam muitas coisas, e nem todas já aconteceram. Algumas nunca chegam a acontecer, a não ser que aqueles que as veem desviem de seu caminho para impedi-las.

— Gostaria de nunca ter vindo aqui. Gostaria que nada disso venha a acontecer.

Ela sorriu.

— Se eu falhar, então seremos expostos ao Inimigo, não a bruxa do gelo, mas ao verdadeiro inimigo e Freljord desaparecerá ante ao vazio. Partiremos para longe de nossa terra, para lentamente esquecermos e sermos esquecidos. Mas, no fim, não haverá salvação, pois todo o mal cobrirá esse mundo e tudo que é bom desaparecerá. — Ela sorriu — Este não é o fim, ainda há esperança para aqueles que a buscam.

— Eu não entendo, porque eu? Que dizer... tantas pessoas no mundo mais qualificadas.

— Você está aqui por uma razão, talvez não veja as conexões ainda. Mas só porque você não vê. Não quer dizer que não existam. Tudo tem um significado. Ezreal. Você é forte não um covarde. Apenas um covarde foge.

— Eu tenho minha duvidas!

— Reflita sobre seus pontos fortes e não sobre suas fraquezas.

— Como você quer que eu faça isso sozinho?

— Você não precisa lutar sozinho, Ezreal – Anivia disse em uma voz baixa e tranquila que, ainda assim, soou forte e autoritária — Você terá mais do que imagina. Você terá a mim do seu lado.

Ezreal sentiu um poder percorrendo o seu corpo com essas palavras.

— Você deve lutar. — disse ela — Eu irei lhe mostrar o caminho. Você precisa encontrar o ancião da vila de Lisk e lá ele entregará o meu ovo.

A mulher suspirou, dando um sorriso, e sussurrou mais algumas palavras que ele não conseguiu compreender. Então ela ergueu a mão e traçou nele uma runa no braço de Ezreal, que ardia com o toque dela como se tocada por brasa. Aqueles olhos transmitiam confiança e astúcia e eram infinitamente poderosos. Era uma força capaz de qualquer coisa.

— Agora acorde — disse ela por fim — pois o tempo urge. Meu jovem, haverá perdas irremediáveis, mas não deixe que a tristeza, esta provação, que encontrará daqui a alguns dias corrompa o seu coração. Você deve seguir em frente, mesmo que não encontre motivos e esperanças.


Então uma forte luz iluminou tudo e Ezreal não viu nem ouviu mais nada. Dentro de alguns dias, ele descobrirá a verdade sobre o seu tio e uma grande revelação com ela...


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Notas finais do capítulo

BEM PESSOAL, PROX SEMANA VOLTAREMOS TALVEZ COM GAREN E KATARINA E A CHEGADA AO VILAREJO DE LISK.

ESPERO QUE TENHAM GOSTADO POR FAVOR COMENTEM E SE DESEJAREM, RECOMENDEM :v



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