Minha real vontade no momento era sair correndo pelo labirinto rindo psicoticamente até alguém me dar uma porrada e falar que eu fiquei maluco. O que era muito provável. Qual era o problema de todos aqui? Por que todo mundo queria entrar naquele maldito labirinto? Um lado meu berrava comigo mesmo me dando um esporro por não ter feito nada. O que eu podia fazer? Eu tinha entrado em um estado de choque!

Por que eu não tinha entrado no labirinto enquanto ainda dava tempo? Se eles morressem eu iria me culpar pelo resto da minha vida.

Estava apoiando minhas mãos nos muros com minha cabeça abaixada entre elas. Maldito Alby! Por que ele resolveu ir junto?

Respirei tão fundo que achei que meus pulmões fossem explodir. A culpa não era dele. Sinceramente nem sei de quem é a culpa. Agora Thomas foi bancar o herói e entrou no labirinto. Por que o maldito parecia tanto com Elisabeth? Por que ele fazia as mesmas coisas? Não sei se ele vai ter a mesma sorte que ela. Ou o mesmo conhecimento que ela.

~*~

–Newt eu preciso te falar uma coisa. Você vai me chamar de maluca mais...

–Te chamar de maluca não faz muito sentido, afinal olha onde estamos. – Eu falava levantando meus braços mostrando toda a Clareira.

Ela riu cruzando as pernas na grama.

–Eu venho tendo sonhos, sonhos bem estranhos. – Ela falava pausadamente encarando o chão como se estivesse medindo todas as suas palavras.

–A maioria é sobre eu estar no labirinto. E sobre eu saber exatamente todo o labirinto de cor na minha cabeça. E quando eu entrei no labirinto pela primeira vez, eu sabia ele de cor na minha cabeça. – Elisabeth me encarava esperando minha resposta.

–Isso é... bem estranho. – Falei balançando a cabeça pra cima e pra baixo sem muita o que falar sobre sua afirmação. Que eu saiba nenhum dos corredores já chegaram aqui já sabendo sobre o labirinto. – Se lembra de mais alguma coisa?

–Nada. Só do meu nome e sobre as coisas do labirinto. – Sua voz estava carregada com um pouco de frustração.

–Então você sabe como sair daqui?

–Eu... não tenho certeza, eu pensei em algumas coisas, mas são só hipóteses, nada que eu tenha lembrado.

–Pode ser um começo talvez?

–Talvez. – Ela me respondeu com um sorriso.

~*~

Não sei quantas horas se passaram mas ainda era noite e faltava um bom tempo para as portas se abrirem e todos os garotos da Clareira estavam sentados junto ao muro ansiosos para o sol raiar. Todos com a mesma pergunta na cabeça “Será que vão conseguir?”

Não sei como deve estar a situação deles já que Alby estava ferido. Mas se ele estava ferido isso significa que eles tinham ido para o Penhasco e tinham Verdugos lá. Ou algo do gênero. Talvez Elisabeth estava certa. Talvez mesmo sem ela aqui ela será que nos tiraria da Clareira. Ela teria conseguido.

~*~

–Isso é loucura mas...

–Você fala muito essa palavra. – Disse rindo da cara dela fazendo ela ficar irritada.

–Posso terminar? – Ela disse cruzando os braços se fingindo de brava.

–A vontade. – Estendi meus braços em rendição.

–Nós iriamos conseguir. Seguir eles e ver se os Verdugos realmente saem de lá.

–Talvez. – Falei cantando uns mapas que ela tinha deixado no chão. – Mas vem cá, pra que todos esses mapas no chão?

–Eu estou pensando em uma coisa, quando tiver tudo pronto eu aviso. – Ela falou puxando os mapas da minha mão como se ela estivesse guardando um grande segredo neles.

~*~

Elisabeth nunca me chegou a contar sua ideia. Talvez tenha sido sua ideia de ouro. O melhor era acabar com o assunto para a frustração não crescer mais.

–Falta muito tempo ainda? – Jeff me perguntou do meu lado esquerdo.

–Sinceramente eu estou totalmente perdido no tempo. – Consegui distinguir a voz de Caçarola em algum lugar atrás de mim.

–Faltam só algumas horas. – Falei. – Eu acredito.

–Por que mesmo Alby queria entrar no labirinto mesmo? – Gally apareceu ao lado de Jeff.

–Ele queria ver o penhasco, pra ver se descobria alguma coisa. – Disse virando de costas para o muro para conseguir ver todos os Clareanos.

–Isso não foi perigoso? – Chuch perguntou.

Respirei fundo com um pesar imenso no meu peito.

–Sim.

~*~

–Me diga a pior coisa que poderia ter acontecido? – Elisabeth entrou no minha frente parando bruscamente me fazendo olhar para ela.

–Talvez morrido?

–Mas eu não morri. E ajudei muito.

–Ajudou mas ainda poderia estar morta.

–Relaxa, eu ainda vou encher o saco de vocês por um bom tempo. – Ela falava rindo agora.

–Mas me responda uma coisa, você sabia que isso era perigoso não?

–Sim

~*~

–Isso está me matando! – Zart falou levantando do chão e por um momento achei que ele estivesse andando em círculos igual a um cachorro.

–Não tenho um coração tão bom pra aguentar isso duas vezes. – Caçarola agora vinha em minha direção apoiando as mãos no quadril fazendo um ar dramático.

–Falta pouco tempo. O sol já vai nascer. – Tentei acalmar os outros mas no fundo estava tentando era me acalmar. Passar por isso duas vezes já era difícil e não sei como iria ficar com a morte deles. Primeiro perder Elisabeth e depois Minho, Alby e até mesmo o novato Thomas.

Alby era como um irmão mais velho que me dava as lições e Minho era o irmão caçula que enchia meu saco com aquelas tiradas sarcásticas. Eles eram como família. Já que não me lembrava da minha real família, ao menos sabia se estavam vivos. Mas a época de ficar se lamuriando por causa disso já se passou. Normalmente nos primeiros meses você se questiona de tudo mas depois você percebe que a vida aqui funciona mais do que ficar se questionando e é obrigado a aceitar tudo isso e seguir em frente.

Mas não bastava para os Criadores tirarem sua família uma vez, eles queriam fazer isso duas vezes.

~*~

–O que é tudo isso?

–Você está na Clareira, essa é sua nova vida a partir de agora.

–Mas eu... eu...

–Eu sei, tudo está muito confuso agora, mas tudo vai melhor eu prometo. Meu nome é Alby e se precisar de ajuda pode me chamar.

–Sim. – Eu falava com uma voz fraca olhando atentamente tudo a minha volta. Paredes, portas, floresta. Meu cérebro memorizava essas palavras e as repetia quantas vezes fosse necessário até que só existisse elas em meu pensamento.

–Nós vamos precisar muito da sua ajuda. Entendeu?

–Entendi.

–Se lembra pelo menos do seu nome?

–Meu nome é Newt.

~*~

Winston botou sua mão em meu ombro encarando profundamente a parede fechada em nossa frente.

–Cara, acho que vou ter um ataque cardíaco. – Ele falava boquiaberto ainda encarando a parede.

–Não estou muito longe.

~*~

Um barulho metálico rompeu por toda Clareira me fazendo correr mais rápido pelos corredores do labirinto. Ao chegar a grama rala da Clareira vi Alby e outros na caixa abrindo as portas de ferro.

Andei até ao lado de Alby vendo um garoto coreano jogado no chão metálico.

–Mais um. – Falei levando tudo por um lado divertido. A outra opção era todos nós sentarmos e começarmos a chorar.

Desci em um pulo assustando o garoto que me parecia na faixa dos 16 anos.

–Ta na hora de acordar Mértila.

Ele fez uma cara tão engraçada em reação a palavra que eu poderia rir.

–Vamos lá Trolho.

–Não me chame disso, eu tenho um nome babacão! – Ele falou com um tanto receio mas por fim não se conteve.

–Sei disso, sei disso.

~*~

Todos deram um pulo ao ouvir as portas se abrindo. Sem nenhuma exceção todos estavam com a cabeça erguida para ver a cena que estava por vir.

Eu acho que meu coração parou por esses curtos segundos. Por um momento eu achei que o mesmo fosse abrir um buraco no meu peito e fugir.

A porta abria devagar e quanto mais ela abria mais meu nervosismo aumentava. No nível em que as portas estavam abertas não dava pra ver muita coisa, muito menos com milhares de cabeças na minha frente. Finalmente elas se abriram completamente e bem ao fundo fazendo meu coração parar estava Minho e Thomas carregando Alby.

–Os idiotas conseguiram.