Pov Malina

Estava receosa com o jogo que tínhamos pela frente, principalmente depois do remate que a Teikoku tinha feito na direção do Mamoru. E a sensação só aumentava com o sorriso maléfico que o capitão da outra equipe tinha na face.

–Isto é tão emocionante!- gritou o meu primo. Ao parecer ele não pensava como eu-

Pessoal! Vamos mostrar-lhes para que serviu a nossa semana de treinos!- mas a reação de todos foi apenas de pânico, enquanto a minha foi de espanto.

–Mas... Só uma coisa capitão!

–O que foi Kabeyama?

–É que... Que... Que te de ir ao banheiro!

–Ei! Kabeyama! Não vás!- chamei-o, mas o defesa continuou a correr sem se quer me ouvir ou olhar para trás correndo em direção ao prédio da escola.

–E agora o que vai acontecer?- começou o Kidou, ganhando a nossa atenção- Mesmo que contem com ele, continuaram a ser só onze jogadores sem um substituto, não é verdade?- o seu tom de voz era visivelmente provocante, enquanto apreciava a nossa desgraça- Conseguirão encontrar mais um jogador?- o seu olhar foi dirigido para um local do pátio com árvores.

Os meus olhos acompanharam o capitão da Teikoku vendo que ele olhava para o... Goenji?! Era mesmo ele! Estava ali, encostado a uma árvore, olhando para outro local. Mas logo desviei o olhar do loiro para não ter que recordar o que se passou na tarde de ontem. Então, foi quando vi a Aki correr na nossa direção, seguida por um rapaz mais baixo que ela. O mesmo que eu vira a falar com o Mamoru quando ambos tentávamos recrutar membros para o clube de futebol.

–Endou!- gritou a morena, chamando o meu primo- Espera!

–Olha! É aquele tipo...- comentou o meu primo.

–Ele disse que estava disposto a unir-se ao clube de futebol!- gritou a ajudante, correndo até nós enquanto acenava.

–Ele não parece ser muito atlético.- tinha de concordar com a afirmação do Max. Aquele rapaz mais parecia mais um... Otaku do que propriamente um atleta.

–Claro que não.- concordou o Someoka e ao parecer, todos pareciam estar de acordo.

–Ele disse que se chama Megane-qualquer-coisa!- respondeu já junto a nós, empurrando o rapaz para a frente do Mamoru.

–Chamo-me Megane Kakeru. É um prazer.- apresentou-se ajeitando os óculos.

–Ah!- e o Mamoru estendeu-lhe a mão- Olá Megane!- mas o otaku olhou para o meu primo de forma estranha, mexendo nos óculos e depois pondo-se a olhar para todos os lados.

–Pelo que vejo, sou o último e que não vai chegar mais ninguém. Mas para unir-me ao vosso time tenho uma condição.- é... devia estar a espera disto.

–Uma condição?- perguntamos eu e o Mamoru, olhando um para o outro.

–Isso mesmo.- começou, antes de nos olhar assustadoramente- A minha camisola tem que ter o dorsal número 10.

–O quê?- perguntaram os restantes rapazes em uníssono.

–O que vamos fazer agora?- perguntou o Kurimatsu, desanimado, sentado junto do Shidou, do Shourinji e do Handa.

–É como diz o ditado "Quando a esmola é muita, o pobre desconfia."(*)

–E o que é que isso quer dizer?- perguntou o Megane.

–Bom, está bem! Como queiras, Megane!- respondeu o Mamoru.

–O quê?!- perguntaram os rapazes, assim como eu.

–Mas estás a falar a sério, capitão?- perguntou o Kurimatsu, tão perturbado quando os outros.

–Claro que sim!- respondeu o capitão com uma enorme determinação no olhar, fazendo os rapazes cair ao chão, enquanto eu e a Aki exibíamos um meio sorriso. Já o Megane, deu um pequeno riso.

–E agora que está tudo solucionado, a vitória já é nossa!- gostava da confiança dele, mas sinceramente não estava muito segura disso.

Uma coisa curiosa sobre a Teikoku Gakuen... Eles geralmente destroem as escolas contra quem jogam. Porquê? Ninguém sabe. Diversão, talvez. A verdade é que ninguém lhes consegue marcar um só gol ou mesmo pará-los e graças a isso, eles têm vitória garantida, acabando por destruir a escola do oponente. Na minha opinião isso serve apenas para intimidar as outras escolas e humilhar os pobres derrotados. Estava com medo que se perdermos, acontecesse o mesmo com a Raimon. Mas eu tinha de afastar esses pensamentos e pensar positivo! Nós vamos ganhar! Algo de bom vai acontecer! Tenho a certeza!

–Endou! Endou Mamoru!- gritou o nosso "treinador", vindo a correr na nossa direção- O que é que se está a passar?

–Se-Senhor, é que o Kabeyama foi ao banheiro e...

–Não podemos fazer esperar os nossos convidados!- continuou o homem, antes do Mamoru poder terminar a frase- Têm que se despachar!

–Si-Sim senhor! Agora mesmo!

Então, sem mais demoramos, o Mamoru mandou todos nós corrermos para dentro de escola para ir procurar o defesa que ainda não dera sinais de vida.

O Someoka foi até a banheiro do lado direito da escola, no piso de baixo, enquanto o Shidou ficava com o piso de cima. Já eu e os outros rapazes, corríamos por todos o prédio escolar, procurando encontrar o desaparecido Kabeyama. Até que finalmente, fui dar de caras com o banheiro do lado esquerdo da escola onde estava o Mamoru, que saiu a correr de lá, perseguido por inúmeros objectos que voavam da porta para fora, sendo jogados por alguém que parecia chateado. Já eu, fiquei sem perceber enquanto vi o meu primo correr para o lado, e limitei-me a suspirar antes de começar a correr atrás dele.

A partir de uma janela, consegui observar o pátio onde vi alguns dos jogadores da Teikoku a falar entre si. Mas a minha atenção não se concentrou neles por muito tempo já que não conseguia deixar de pensar no Goenji. Como tal, olhei para o local onde antes o vira, procurando saber se ele ele ainda lá estava para assistir ao jogo. Só que para minha desilusão, não sabia qual árvores era.

–Malina!- chamou-me o Mamoru, fazendo acordar- Não vens?!- perguntou-me enquanto subia as escadas.

–Desculpa! Estou a ir!- e comecei a correr atrás dele, escada a cima.

Quando chegamos ao topo delas, encontramos finalmente todos os rapazes do time juntos.

–E então?!- perguntei.

–Não aparece.- respondeu o Handa.

–Mas onde será que ele se meteu?- perguntou o Mamoru.

–Procuramos em todos os lugares onde podia estar e nem rasto!- respondeu o Shidou, quando de repente, ouvimos o Kurimatsu gritar.

Olhamos todos para o local e vimos o rapaz deitado no chão, a apontar para um cacifo que não deixava de saltar e balançar.

–O cacifo!- gritou- O cacifo está a mexer-se à um bocado! Lá dentro há um fantasma!- e quando finalmente o enorme objecto parou de se mexer, o defesa sentou-se e recuou para junto de nós.

–Claro que há algo, mas duvido muito que seja um fantasma.- respondi.

–Digo o mesmo!- concordou o Mamoru antes de começar a andar até ao cacifo-

Kabeyama, estás ai dentro, não é?- perguntou, aproximando-se.
Para nossa surpresa, quando ele abriu o cacifo,foi logo projetado para trás devido à enorme barriga do Kabeyama que se encontrava dentro do cacifo.

–Olá capitão. Tudo bem?- perguntou como se estar dentro daquilo fosse completamente normal.

–Ma-Mas Kabeyama...- começaram todos em uníssono.

–Mas o que estás ai a fazer? Sai daí imediatamente que o jogo já vai começar.- ordenei.

–É que tenho um problema.- e começou a saltar- Fiquei preso e agora não consigo sair!

–Se calhar também podes jogar aí!- começou o Kurimatsu- Pensa bem! Teríamos uma autentica defesa de ferro!

–Não!- gritou o Kabeyama continuando a saltar- Isso não! Quero sair!- e assim que terminou a frase, os seus pés saíram para fora fazendo-o dar um enorme salto que desequilibrou o cacifo, fazendo cair ao chão.

–Capitão, vou tentar tirá-lo.- propôs o Shourinji que começou a correr desde longe até ao Kabeyama.

–Sim, Shourinji! Força!

O pequeno meio campista logo deu um salto para depois esticar o pé para a parte de baixo do cacifo onde deu um valente pontapé que fez o Kabeyama deslizar pelo cacifo fora, saindo pela parte de cima.

–Já... Saí.

–Muito bem, Shourinji!- felicitei-o- Espero que remates assim também durante o jogo!

–Sinto muito.- começou o Kabeyama ainda meio deitado no chão- Assustei-me um pouco antes do jogo.

–Kabeyama...- começou o Mamoru aproximando-se dele- As coisas não se resolvem a fugir. Se foges uma vez, acabas a fugir para o resto da tua vida. É assim que queres acaba?!- o defesa apenas olhava para o seu capitão com uma expressão triste no rosto e uma lágrima ao canto do olho.

–Capitão... Lamento.- mas logo se recompôs fazendo uma expressão determinada- Jogarei! Jogarei o melhor que puder!- acho que era isso que todos nós estávamos à espera de ouvir!

Assim que o problema ficou resolvido, todos corremos de volta ao campo onde a equipe da Teikoku já estava alinhada, pronta para jogar. E assim que nós chegamos, rapidamente fizemos o mesmo. Todos os olhares foram estavam posto em nós, o que me deixava extremamente nervosa.

–Vai começar o jogo amigável entre o time da Teikoku Gakuen e o Instituto Raimon.- começou o juiz- Que ambos os capitães venham para o sorteio- mas assim que o juiz o mencionou, o Kidou voltou as costas- Kidou, o sorteio de campos.- o que ele dissera, fez o capitão adversário parar.

–Não me importa!- respondeu, voltando um pouco a face para nós- Se comecem eles.- e continuou a andar.

Este este jogo desde o início que nunca me tinha trazia muito confiança e muito menos conforto, mas depois de ver o que o Kidou fez e a confiança que ele, é realmente para temer uma equipe como a Teikoku.

Ainda nem começou o jogo, e com toda a certeza, as complicações já começaram.
Mas eu não pretendo desistir! Sei que algo de bom vai acontecer! Até lá, não me resta outra alternativa a não ser dar tudo de mim!