Red Angel escrita por Malina Endou
Notas iniciais do capítulo
Yo!
Aqui está mais um capítulo! Um pouco mais triste, mas espero que gostem!
Boa leitura!
Pov Malina
—Hoje é a final da fase eliminatória...- deixei a paisagem fora do trem para escutar o que dizia o meu primo no banco em frente ao lado do meu- E voltaremos a jogar com a Teikoku e verão o resultado dos nosso treinos!- todos concordaram com o nosso capitão ao vê-lo ali em cima do banco, todo entusiasmado.
O tempo fora do trem que nos levaria até à cidade da Teikoku não era dos melhores, mas o ambiente dentre do transporta e mesmo antes de entrarmos nele, era excelente! Todos pareciam animados para jogar final! Pensei que estivessem tão nervosos que nem conseguiriam falar ou mesmo andar, mas felizmente enganei-me. Todos pareciam entusiasmados com a final, e mal podia ver a hora em que entraríamos em campo! Teria de me esforçar ao máximo.
—E agora vai falar o chefe do restaurante...
—Mamoru.
—Ah... Quer dizer, o treinador Hibiki!- ri-me, vendo o meu primo sentar-se.
—Sim.- De seguida pôs-se de pé- Só tenho uma coisa para vos dizer, lutem com todas as vossas forças para que no final não tenham lamentar por nada.- Todos aceitamos as palavras do treinador.
O Mamoru tornou a levantar-se para dar animos à equipa, conversar com os meus novos e tentar que não ficassem nervosos. As suas palavras eram de grande confiança para connosco. Acreditava que depois de tudo o que passamos podíamos vencer, e eu estava de acordo. Passamos por tantas provações, tantos desafios e problemas para chegarmos onde chegamos, e não podíamos parar e eu tinha a certeza que a aquela equipa e o fantástico capitão que tínhamos, iríamos chegar muito mais longe no campeonato.
—Mas o que é aquilo?- assim que o Kabeyama falou, despertou a minha atenção. Parecia que estava assustado.
—É como o castelo do mal.- Levantei-me e aproximei-me de uma das janelas em que os rapazes não estavam à frente e realmente tinha de concordar com o Someoka. Aquele lugar parecia um pouco sinistro.
—Aquela é a Teikoku Gakuen.- Como? Aquilo era uma escola?- E precisamente, em pleno centro das suas instalações está o estádio de futebol onde jogaremos a final.- A escola era tão grande assim?
Saímos do trem rapidamente, andando um pouco até chegarmos à entrada da enorme escola dos nossos adversário. Parecia que quanto mais nos aproximávamos, mais imponente ela era, e mais assustadora ficava.
—Com que então vamos jogar aqui dentro.- Parecia um arranha-céus- Estou cada vez mais emocionado!- claro que o meu primo não se deixava abalar por estas coisas.
Entramos na escola sozinhos. Ninguém nos veio receber ou indicar o caminho, tínhamos apenas que seguir a direção de umas placas nas paredes que indicavam onde estavam os balneários e o acesso restrito a pessoas não autorizadas. Mas demoramos imenso tempo a lá chegar porque fomos obrigados a atravessar um corredor enorme ao ar livre, passando pelas enormes paredes escuras que nos rodeava. O sol não podia brilhar um pouco naquela cidade?
—Lembrem-se que foram eles que nos avariam o bus. Podem aparecer no chão para que possamos cair. Cuidado com as paredes para que não nos caiam em cima.
Os do primeiro ano começaram logo a verificar tudo; paredes, chão, até mesmo o teto para ver se não saltava nada desses locais. Suspirei. Como assim isso podia acontecer? Era como chama-los trapaceiros, lá por o Fuyukai ter feito o que fez não queria dizer que todos fossem iguais. Queria avançar para continuar a ir para o balneário, mas fui impedida pelo Someoka e o Kazemaru que se puseram à minha frente, detendo-me e com umas caras tão sérias e atentas.
—Rapazes, vocês estão a exagerar.- Não me fizeram caso. Baixei a cabeça, rendida ao vê-los ignorar-me.
Após tanto alarido - e tanta verificação - conseguimos continuar a andar. Os meus três companheiros deixaram-me andar livremente ao verem que não estava a achar piada à brincadeira dos guarda-costas, e finalmente lá conseguimos chegar junto de uma porta onde tinha o emblema da nossa escola com o nome da mesma por baixo.
—Acho que este é aqui. Vamos.- O meu primo ia ser o primeiro entrar, mas antes de se aproximar o suficiente das portas automáticas, elas abriram-se revelando que lá dentro estava o Kidou, assustando o nosso capitão e deixando-nos a todos admirados- És tu, Kidou.
—Vejo que chegaram sãos e salvos.
—Não queres dizer que preferias que tivéssemos um acidente. Que fazias aí? Que armadilha preparam?- o Someoka estava a exagerar.
—Não te preocupes. Não há nada de nada.- Continuou o seu caminho, sem dizer nada mais, apenas passou pelo Goenji, com quem trocou um olhar desafiador.
—Já chega, Someoka.- O nosso companheiro ia dizer algo mais, mas consegui detê-lo a tempo, agarrando-o pelo braço.
—Ei, Kidou! Estou ansioso por jogar a final!
O capitão da Teikoku não respondeu ao nosso, desaparecendo na primeira esquina que encontrou. Nós entretanto entramos no balneário e a primeira coisa que os rapazes fizeram foi aquilo que já estava a espera... Puseram-se a procurar por tudo o que era canto por armadilhas ou pessoas que nos podiam cair em cima a qualquer instante. Apenas eu, as ajudantes, o Endou, o Goenji e o Domon, ficamos a vê-los na esperança de desistirem daquelas ideias.
—Já vos disse que não puseram nada. O Kidou nunca nos prejudicaria.
—Mas ele é da Teikoku, como sabes que não te enganou, Endou?- o Someoka parecia que era o que menos queria acreditar nos nossos adversários.
—Sei que podemos confiar nele. Por isso, fiquei tranquilos.
—Assim espero.- A Aki também não acreditava? Bati umas duas palmas para chamar a atenção de todos, conseguindo. Já bastava daquela situação.
—Muito bem rapazes, já chega de falar. Temos de nos concentrar para jogar a final!
—É verdade. Não importa o que nos prepararam porque vamos vencê-los.- Finalmente o Someoka estava concentrado no que realmente importava.
—Claro que sim. Vamos vencer a final.
—É assim que se fala, Kabeyama.
Sorri ao ver o capitão avançar com os rapazes para junto dos cacifos onde poderíamos arrumar as coisas. Eu peguei no saco do meu equipamento e fui até um dos chuveiros disponíveis para me vestir ali dentro.
Todos se despacharam a vestir, alguns calados, principalmente os mais velhos, enquanto os do primeiro ano conversavam entre si e pareciam mais animados, uma vez que já se riam e tinham mudado de tema. E eu assim que acabei, perguntei à Aki se eles já estavam prontos para eu poder ir para a parte onde eles estavam, ela afirmou que sim, e eu saí do chuveiro. Porém, quando cheguei junto deles reparei que o meu primo não estava. Perguntei a nossa ajudante se o tinha visto e disse-me que foi ao wc. Aquele rapaz era tão despistado. Tinha-se esquecido por completo que eu é que fiquei com a sua bracelete de capitão. Peguei nela e saí a correr do balneário, e assim que cheguei à zona dos wc's, estava ele a sair.
—Mamoru!- ele olhou de imediato para mim.
—Ah, Malina! Já estás pronta?
—Sim.- Estiquei-lhe a bracelete- Toma. Esqueceste-te disto.
—Pois é!- pegou-a e colocou-a logo- Obrigado.- Sorri. Foi então, que por trás dele, no outro corredor, que vi o capitão da outra equipa- É o Kidou.- O Mamoru deu meia volta e ainda o chegou a ver antes de uma parede o tapar.
—O que estará a fazer antes do jogo?- olhou para mim e encolhi os ombros antes de corrermos os dois atrás dele.
Ainda o conseguimos apanhar a passar um outro corredor, antes de uma parede o esconder novamente. Parecia não nos ter visto, não abrandava o passo nem olhava para trás, mas nós íamos continuar a segui-lo. Algo não estava bem com o Kidou. Porém, assim que passamos para o corredor por onde ele fora, uma homem altíssimo, com uma roupa extremamente escura e óculos negros, pôs-se à nossa frente, detendo-nos. E só não chocamos contra ele por pouco, com o susto. Estava a sorrir, o que só o tornava mais medonho.
—Tu és Endou Mamoru, capitão da Raimon. E tu Endou Malina, atacante da Raimon. Não é assim, jovens?- como é que sabia tanto sobre nós.
—Sim.- Respondemos ao mesmo tempo.
—Eu sou o treinador da equipa da Teikoku Gakuen. Chamo-me Kageyama Reiji.- Então era aquele homem- Quero falar com vocês sobre o Kidou Yuto.
—Sobre o Kidou?- agarrei o meu primo pela ponta da manga da camisola. Aquela conversa não me estava a agradar.
—Sabiam que a Haruna Otonashi, uma das ajudantes da vossa equipa, é a irmã mais nova do Kidou?
—O quê? A Haruna é a irmã mais nova do Kidou?- não sabia o que dizer. O Mamoru conseguiu exteriorizar a sua admiração, mas eu estava admirada de mais para isso.
—Perderam os pais quando era muito pequenos e passaram a viver num orfanato, mas quando o Kidou tinha seis anos e a Haruna cinco, foram adotados por famílias diferentes.- Então era por isso- Mas o Kidou queria viver com a sua irmã, então fez um acordo com o seu pai adotivo; prometeu-lhe que venceria o Football Frontier durante três anos seguidos, os três da secundária. Por isso se o Kidou não consegue vencer jamais poderá viver com a sua irmã. Até pode mesmo vir a ser repudiado pela família Kidou, se perder na fase eliminatória do torneio.- Ele... Estava a mentir. Não podia ser verdade.
—Não...
Senti as lágrimas virem-me aos olhos, mas detiveram-se assim que senti o meu primo agarrar-me a mão que antes de lhe agarrava a manga da camisola, sentindo-a tremer. Escutei passos atrás de nós, mas nem me dei ao trabalho de virar para ver quem era. O treinador adversário passou por nós pôs-se de imediato a andar, passou por nós e colocando a mão no ombro do meu primo.
—Não se esqueçam. Se a Raimon vence este jogo, vão separar para sempre os dois irmãos.- Estava em choque. Não sabia o que pensar.
—Vocês estão bem?- só a voz do treinador me fez raciocinar um pouco, fitando-o- O que queria aquele homem? O que vos disse?- o Mamoru apertou-me ainda mais a mão.
—Ele... Ele desejou-nos boa sorte e que ganhe o melhor.
—Têm a certeza?
—Sim.- Foi tudo que consegui responder, tentando sorriso, antes de soltar a mão do meu primo. O treinador não podia saber o que se tinha passado.
Voltamos para o balneário ser dizer nada mais. Tentei animar-me e creio que o Mamoru pensou a mesma coisa, mas era notória que algo tinha mudado no meu primo, tentava que em mim não se refletisse o mesmo. Saímos todos juntos e fomos logo para o campo treinar, estando já lá a equipa da Teikoku a treinar para o jogo que se realizaria em poucos minutos.
O treino parecia não estar a servir para nada. Tinha que treinar os passes e coordenar-me o máximo que conseguia com o Goenji devido às nossas técnicas em conjunto, mas estava sempre a falhar os passes ou nas vezes que ele conseguia apanha-los, tinha de correr um pouco mais e esticar a perna, na maior parte acabava por deixar a bola passar. E eu mal conseguia receber os passes dele como deve ser, acaba sempre por deixar escapar a bola e quando tinha que passar por alguém, perdia a bola.
—Malina.- Levantei-me após tornar a correr para apanhar uma bola que deixei passar, voltando-me para o Goenji- Não é melhor fazeres uma pausa?- sorri e assenti.
—Sim, eu...- soltei a bola e desatei a correr- Eu volto já.- Precisava apanhar ar, sair dali, alguma coisa, mas não me conseguia concentrar naquele espaço.
—Malina!- parei, voltando-me para o meu primo que corria na minha direção- Estás bem?- assenti.
—E tu?- limitou-se a sorrir antes de descermos as escadas que levava à zona balnear.
Sabia que não devia entrar naquele espaço, era o wc masculino mas não estava ninguém a ver e eu também não queria estar sozinha, e ainda menos longe do Mamoru. Partilhávamos tanta coisa, mas aquela era sem dúvida a mais difícil de todas de suportar, mesmo que ambos soubéssemos e não guardássemos apenas para nós. Esperei que o meu primo terminasse de lavar a face, enquanto permanecia encostada à bancada dos lavatório, fitando as chuteiras.
—Mamoru. Malina.- Fiquei um pouco surpresa ao ver a Aki entrar, encarando-nos de forma séria, entregando logo de seguida uma toalha ao nosso capitão.
—O que se passa com vocês?
—Nada.- Apenas ele respondeu. Ela fitou e neguei com a cabeça, sorrindo.
—Nota-se nas vossas caras. Nem sequer me podem contar a mim? Que eu saiba, no futebol, quando um só não pode com algo conta os companheiros, não?- eu e o Mamoru fitamo-nos, e sorrimos.
—Apenas não te queríamos preocupar.- Desencostei-me e fitei a nossa ajudante- Bem, é que...
Acabamos por contar tudo o que o Kageyama nos disse, tudo o que sabíamos e como o soubemos. Ela limitou-se a escutar-nos em silêncio, encostada, como eu, a uma zona alta do interior do local, enquanto o Mamoru permanecia sentado numa zona mais baixa, de cabeça voltada para o chão.
—Então era por isso.
—Se lhes vencemos a Haruna e o Kidou não puderam viver juntos e isso...
—Espera!- a voz da própria Haruna cortou a fala do Mamoru, fazendo-nos correr logo de seguida para fora do wc e espreitar por trás de uma parede- Quero saber o que estás aqui a fazer. Explica-me agora mesmo.
—São a Haruna e o Kidou.- Estiquei-me um pouco mais para os ver. Parecia que iam discutir.
—Não tens nada a ver com isso.
—Tu mudaste. Desde que foste para a família Kidou, mudaste muito. Desde que nos separaram e fomos para famílias diferentes não me tentaste contatar uma única vez. Estás a tramar alguma coisa, irmão? Ou eu sou apenas um estorvo para ti?- sabia que a Haruna estava a sofrer, mas sentia imenso pelo Kidou. A Haruna nem imaginava o quanto deviam doer as suas palavras para o irmão- É isso? Estorvo-te?- ele não disse nada e limitou-se a desviar a face- Porque razão nunca quiseste falar comigo? Já não és o Yuto bom e amável que eu conhecia... És um estranho!- e saiu a correr, antes de o Kidou se pôr a andar na outra direção.
Pesou-me o coração ouvi-la dizer uma coisa daquelas. A Haruna não imaginava o que o Kidou estava a fazer e ele parecia disposto a não querer dizer-lhe a verdade, tendo que ouvir aquelas duas palavras e ver a irmã chorar e sofrer pelo seu silêncio. E nós três seguimos caminho
—Que triste. O Kidou está a fazer o que pode para levar a sua irmã para viver com ele, mas não poder contar à própria Haruna...
—Sim.- A Aki parecia ter-me lido os pensamentos.
—Quem me dera que houvesse algo para que tudo acabasse bem.- Assentia. Realmente havia um, mas não queria pôr essa ideia em jogo- Esperem! Isso não quer dizer que temos de perder o jogo, não é?
—Nós sabemos disso.- Por muito que ele soubesse, e como capitão não podia deixar algo assim acontecer, ambos sabíamos que era a única solução para eles. Mas eu não queria perder por nada nem para ninguém- Eu sou o primeiro a querer vencer.
—Então vamos. Vocês têm de se aquecer antes de...- sem terminar de falar, voltou-se para o outro lado. Acompanhei o seu olhar.
—Mamoru, olha ali.- O meu primo voltou-se para trás vendo o treinador a falar com o detetive um pouco afastados de nós, num cruzamento entre dois corredores.
—Então é verdade que o Kageyama planeou uma das suas.- Fiquei boquiaberta com as palavras dos treinador.
—Tenho todos os agentes a procurar, mas ainda não há nada.
—Precisas de ajuda?
—Não. Eu trato das coisas aborrecidas, tu preocupa-te com os rapazes e de fazer um bom jogo.
—Muito obrigado.- E seguiram pelo corredor a dentro, sem darem pela nossa presença.
As coisas estavam a complicar-se cada vez mais. Primeiro o da Haruna e do Kidou, agora aquilo? Parecia que tudo se complicava ainda mais. Não podíamos apenas jogar futebol tranquilamente?
—Já sei!- fiquei surpreendida com as palavras deles, principalmente quando começou a correr.
—O que se passa, Mamoru?!
—Já sei o que é que o Kidou estava à procura; o mesmo que o detetive Onigawara. A armadilha que puseram no estádio.
Eu e a Aki trocamos um olhar preocupado antes de corrermos atrás dele. Chegamos à zona das bancadas e já lá estava imensa gente. O barulho era enorme e via-se dali que no campo os rapazes estavam a terminar o aquecimento. Pareciam não suspeitar de nada.
—Não vejo nada de estranho. Além disso, acho que não terá feito nada com tanta gente a ver.
—Mas se o Kidou quer viver com a sua irmão, interessa-lhe que nos retiremos, não?
—Não.- Discordei de imediato- O Kidou é um jogador fantástico e tenho a certeza que ele não quer recuperar a irmã com armadilhas.
—Sim. Ele quer vencer-nos num jogo limpo, com os seus próprios méritos. É por isso que se esforça tanto, e por isso mesmo é que é um jogador fantástico.- Não podia estar mais de acordo.
—Parece que vocês o conhecem muito bem, não é? Mas conseguirão jogar contra ele?- fitamo-la- Se ele jogar limpo e nós vencermos, o Kidou e a Haruna não poderão viver juntos.
—Se ele quer jogar a sério, terá que dar o tudo por tudo e sem armadilhas, e nós faremos o mesmo, porque se não estaríamos a faltar-lhe ao respeito.
O Mamoru tinha razão, mas... Eu realmente conseguiria fazer isso?
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