Pov Malina

A manhã chegou e eu estava na sala, espantada pelo que via à minha frente!

Nem podia acreditar no que os meus olhos vislumbravam! E não era a única já que assim que o Mamoru o viu, levantou-se deu um enorme berro, apontando para o rapaz de ontem me que salvara e à Mako, e ao parecer, o seu nome era Goenji Shuya.

–É ele Malina!- lembrou-me, voltando-se para mim com um enorme sorriso.

–Si-Sim...- respondi num murmúrio, tentando que o meu olhar não se encontrasse com o do Goenji.

–Então vocês já o conheciam?!- perguntou-nos o professor.

–Conhecer não conhecemos, apenas de vista, né?!

–É...- respondi tentando sorrir.

"Obrigado!", agradeci mentalmente por o meu desejo se ter concretizado. Realmente aquela estrela tinha ouvido o meu pedido, fazendo-me reencontrar com o rapaz que fizera o remate mais espantoso que já vira.

Quando ouvi o professor mandar o meu primo sentar-se, é que acordei, deixando de lado a imagem de ontem.

–Quero agora quero apresentar-vos o vosso novo colega, o seu nome é Goenji Shuya.- apresentou o professor- Vens da escola Kidokawa, certo?

–Sim.- respondeu sem alterar a a expressão dura que tinha no rosto.

Kidokawa?! Pelo que li numa revista de futebol, é uma das mais fortes escolas do Japão, devido a um novo jogador que entrou para lá. Será que esse tal jogador é ele?! Se for, acho que o Mamoru já o quer na equipe, e pelo sorriso que me lançou assim que olhou de esguelha para mim, e o mesmo sorriso foi retribuído porque tinha a certeza que se o Goenji entrasse para o clube de futebol, a Raimon seria imbatível!

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Assim que terminamos a aula, o Mamoru correu até mim, antes que me fosse embora para que fossemos juntos até ao Goenji para lhe falar-mos sobre o clube de futebol e a possível entrada dele para o time. Concordei com isso, arrumei a minha mala e levantei-me indo até ele juntamente com o meu primo e a Aki.

Chegamos junto dele e estava voltado para a janela, com o olhar perdido no pátio da escola, nem se apercebendo da nossa aproximação.

–Olá Goenji!- assim que o chamei, voltou-se para mim, fazendo com que o nosso olhar se voltasse a encontrar e tive a estranha sensação de que um raio passou pelas minhas costas, como um estranho arrepio- Ontem com a aquela confusão, nem nos apresentamos.- continuei com um pouco envergonhada- Chamo-me Endou Malina! E já agora, obrigado por ontem!- mas ele não me respondeu.

–E eu chamo-me Endou Mamoru! Sou o capitão do clube de futebol da Raimon e jogo como goleiro no time!- mas o Goenji pareceu ignora-lo, voltando a face para a frente, mas mesmo assim, o Mamoru não desistiu e foi para a sua frente- Gostarias de te juntar ao clube?!

–O Colégio Kidokawa é muito famoso pela sua equipe de futebol!- acrescentei.

–É verdade!- concordou o meu primo com um abanar de cabeça e um grande sorriso- Ah! E o remate de ontem foi fantástico!- mas como antes, ele voltou a ignora-lo, mas desta vez voltou-se o olhar de novo para o pátio da escola.

–O que se passa?- perguntei vendo que o seu olhar parecia triste.

–Eu deixei... O futebol para sempre.- respondeu, como se aquelas palavras lhe doessem imenso a sair apesar da confiança que depositou nelas.

–Como assim deixas-te? Porque razão?- aquelas perguntas que o Mamoru fez, eram exatamente as mesmas que passavam pela minha cabeça. Porque razão um jogador tão bom como ele deixou o futebol?

–Não tens nada a ver com isso.- respondeu secamente, deixando-me meio frustrada devido à curiosidade que sentia e ao facto dele nem se dar ao trabalho de responder como deve ser. Se bem que era a única a sentir-me assim, já que o Mamoru apenas fez um cara triste, fitando-o.

Ia abrir a boca para lhe perguntar porque chutara a bola na tarde passada se deixou o futebol, quando o Handa apareceu a correr chamando o Mamoru.

–Endou, o treinador disse para ir ao gabinete do director, imediatamente.

–Ao gabinete do director?

–O que fizeste?- perguntei.

–Eu? Nada! Não fiz nada de mal.

–Não é por isso. Mas acho que é algo muito sério.- a face do Handa começou a mostrar uma enorme preocupação- Endou, tenho um terrível pressentimento. E se é porque querem fechar o clube de futebol?

–Fecha-lo?!- gritamos em uníssono.

–Eu também já ouvi esse rumor.- acrescentou a Aki. Ok... Agora definitivamente fiquei preocupada.

–Não brinquem com uma coisa dessas!- respondeu o Mamoru, e logo, pos-se a andar- Não penso deixar que fechem o clube!- gritou.

–Mamoru! Espera!- e caminhei atrás dele para o acompanhar até ao gabinete do director para saber o que se estava a passar.

Será que isso era verdade? O clube está assim tão mal para terem de o fechar? Não! Isso não pode ser! Agora que finalmente ingressei na Raimon, o clube não pode fechar! E depois de todo o trabalho que o Mamoru teve isso não pode acontecer! Se depender de mim, o clube vai ficar aberto para sempre!

Assim que chegamos ao gabinete do director, tive de ser eu a bater para o Mamoru não abrisse a porta de repente e para que não o castigassem. Adentramos a grande sala, vendo o suposto treinador do clube de futebol, que também é um dos nossos professores, juntamente com o director e também uma estranha rapariga de longos e ondulados cabelos ruivos.

–O que me querem dizer?- perguntou o meu primo com uma compostura rígida, engolindo em seco, o que quase me fez apesar de saber que não era momento para tal.

–Sei que te avisamos com pouco tempo, mas temos um jogo amigável para semana que vem.- respondeu o treinador.

–Um... Amigável...- perguntamos ambos, parvos com a resposta.

–Um jogo?! Querem que joguemos?!- pergunto o Mamoru com um enorme entusiasmo na voz, o que é normal! Eu mesmo estava entusiasmada!
–E quem será o rival?!- perguntei.

–A Teikoku Gakuen.

–Te-Teikoku Gakuen?!- gritamos.

Teikoku Gakuen, a escola mais poderosa de todo o país e há mais de 40 anos que ganha o Futebol Frontier. Nunca foi derrotada desde que o seu treinador é Kageyama Reiji. É escola mais admirada em todo o Japão, e a Raimon e a Teikoku, não tem comparação possível no que toca a poder. Ainda gostava de saber com vamos ganhar.

–Sim, é verdade! Incrível, não é?- como é que o professor podia achar que era incrível? Estamos a falar da poderosa Teikoku!

–A equipa invencível que tem ganhou o torneio nacional de Futebol Frontier nos últimos 40 anos, esse mesmo!- disse o director como se isso fosse algo de bom para nós.

–Mas porque razão vem aqui a melhor equipa do país?- perguntou o Mamoru com um nervoso sorriso nos lábios- Sempre gostei de jogar contra equipes fortes mas...- ele olhou para mim com um olhar de como quem diz "Ajuda-me!".

–A verdade é que ainda são há sete jogadores no clube.- respondi, então.

–Se vos faltam jogadores, só têm que os recrutar antes dos jogo.- respondeu uma estranha voz feminina. Ao que parece, foi a tal rapariga da cabelos ruivos, que logo se voltou para nós- Ah, e se não conseguirem reunir jogadores suficientes ou não vencerem o jogo, fecharemos o clube. Já está decidido.- concluiu com convicção.

–O quê?!- perguntei, atónica com que ela dissera. Mas quem era ela para decidir uma coisa daquelas? Não podia fechar assim o clube! Nem pensar! Terá que passar por cima de mim para o fazer.

–Isso não podes ser tu a decidir!- continuou o Mamoru, e eu concordei com um rápido acenar de cabeça.

–Foi uma decisão tomada pela junta escolar e pelo director do instituto, porque não podemos andar a gastar dinheiro num clube que não ser para nada.

–Como?!- perguntamos ambos, já completamente ofendidos.

–Senhor e senhora Endou! Aviso-os que a senhorita Natsumi- afinal Natsumi é o nome daquela tal rapariga que pensa que pode mandar em tudo-, actua como representante do presidente da junta escolar, então tem que levar essas palavras tão a sério como se fosse ele próprio a dizê-las.- ok... Afinal ela pode mesmo mandar em tudo, o que me fez a mim e ao Mamoru, arder de raiva por dentro.

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Assim que chegamos ao clube de futebol, os rapazes já lá estavam e, ao receberem a noticia, não ficaram nada feliz. Muito pelo contrário... Se pudessem, já tinham todos saído a correr para bem longe dali.

–Então...- começou o Someoka nervoso e a soar em bica assim como todos os outros.

–Foi por isso que lhes disseram que jogaremos?- continuou o Kurimatsu.

–Jogaremos! Não penso deixar que fechem o clube!- tudo que o Mamoru só tentava defender o clube, e eu também, mas ele estava assustador- Conseguiremos os onze jogadores custe o que custar!

–Isso mesmo!- continuei- Vá lá rapazes! Não desanimem!

–É que enfrentaremos a Teikoku... E isso é uma loucura. É impossível.- começou o Shidou baixando ainda mais a moral de todos, incluindo o Mamoru.

–Com a tareia que vamos levar não poderemos nem sair à rua.- o que o Shourinji disse também não ajudou lá muito.

–O clube está perdido. Vai mesmo ser fechado.- ok... O Handa também não ajudou, e até eu já estava a ficar em baixo com as palavras deles.

–Já nos podemos despedir deste barracão.- concluiu o Kabeyama.

–Uau... Eles são ótimos a aumentar a moral de uma pessoa.- murmurei de forma que só a Aki que estava ao meu lado, me ouvisse, e ela assentiu, concordando comigo.

–Ouçam bem!- o berro que o Mamoru deu, assustou-me, fazendo-me dar um pequeno pulo- Podemos fazer possível o impossível se gostamos do futebol com todo o nosso coração!- com as palavras do capitão, todos pareceram acalmar.

–O Mamoru tem razão!- continuei, avançando para o lado do meu primo- Vocês não se podem dar por vencidos antes de começarem a jogar! Eu não sou do clube e não penso dar-me por vencida e vou ajudar-vos para que o clube de futebol não feche!

Assim que terminamos de falar com eles, eu e o Mamoru, corremos até à sala de artes onde começamos a escrever uns cartazes com letras bem grandes "O CLUBE DE FUTEBOL PRECISA DE NOVOS MEMBROS!" e "JUNTEM-SE AO CLUBE DE FUTEBOL!", para cada um de nós. O primeiro para o Mamoru e o outro para mim.

–Feitos!- disse com uma enorme alegria por poder ajudar de alguma maneira o clube.

–Obrigado Malina! Tens sido uma grande ajuda!

–De nada! É o mínimo que posso fazer por vocês!- respondi enquanto pegava no meu cartaz, mas o Mamoru nem se mexeu e continuou pensativo- Mamoru?

–Queres entrar para o clube de futebol?!- perguntou com um sorriso a rasgar-lhe os lábios.

–Como assim?- e então, ele voltou para mim com um sorriso ainda maior.

–Jogares com connosco! Seres uma jogadora do clube de futebol da Raimon!- apenas fiquei boquiaberta a olhar para ele.

Fiquei sem palavras com a proposta do Mamoru. Realmente nunca esperei. Eu queria mesmo entrar para o clube desde o início, mas... Sei lá! Com tanta coisa que aconteceu em tão poucos tempo nem tive tempo para pensar nisso ou se quer falar com o meu primo. E agora que ele me estava a propor isto, nem sabia bem o que dizer.

–Estás... A falar a sério?

–Sim! És uma ótima jogadora e acredito que continuas tão boa quanto antes. E além do mais, acredito na tua paixão pelo futebol! Não quero que te sintas pressionada a fazê-lo se bem que adoraria ter-te na equipe, mas tu...

–Claro!- comecei, interrompendo-o, fazendo-o ficar a olhar para mim- Claro que quero Mamoru! Isso nem se pergunta!- o sorriso do meu primo alargou-se ainda mais- Entrar no clube de futebol da Raimon sempre foi o meu sonho desde que éramos crianças!

–Então está decidido!- concluiu com um certo brilho no olhar- És a nossa nova jogadora do clube de futebol da Raimon!

Estava feliz! Estava realmente feliz por entrar para o time de futebol! Nem podia acreditar que o meu sonho realmente se estava a realizar! Agora, só falta ele... O Goenji Shuya.

Assim que terminamos de conversar sobre onde nos encontraríamos mais tarde para treinar e de preenchermos a minha ficha para me inscrever no clube, ambos corremos para o pátio onde começamos a gritar que o clube de futebol precisava de novos membros e para que se juntassem a nós! Mas ninguém parecia interessar-se.

No clube de teatro, expulsaram-me de lá dramaticamente, os de jornalismo quase me atiraram com jornais, os de natação atiraram-me com água para cima fazendo-me ficar molhada da cabeça aos pés e então, desisti, não entrando mais em salas de clube para que não levasse com mais nada em cima, se bem que o clube de teatro foi o único que não me mandou com nada apesar de terem os adereços à mão. Então, decidi ir ver como estava o Mamoru.

Pelo caminho, acabei por passar pelo campo de atletismo, acabando por ver um tal de Kazemaru Ichirota de quem as raparigas da minha turma falavam imenso, que é um ótimo esportista e além do mais tem o sonho de enfrentar os melhores e ser o melhor, obviamente!

–Ei! Kazemaru!- assim que o azulado ouviu o seu nome, parou de correr- Queres entrar para o clube de futebol?!

–Futebol?

–Sim! Ouvi dizer que te queres enfrentar aos melhores esportistas dos mundo! Pois aqui está a tua oportunidade! Só tens que falar comigo ou com o Mamoru! Estaremos a treinar no parque que há por de trás, junto à torre Inazuma!- e comecei a andar- Aparece quando quiseres! Até logo!- e sai a correr, procurando por mais pessoas com quem falar. Ainda ouvi o Kazemaru dizer algo mas já estava demasiado longe para perceber bem o que era.

Ainda consegui ver o Mamoru acabar de conversar com um estranho rapaz de óculos que saiu a rir de forma estranha. Então, corri até ao meu primo.

–E então?! Como está a correr?!- perguntei.

–Nada bem...- respondeu com imensa desilusão nas palavras- E a ti?

–Também não consegui ninguém.- ok... Agora estávamos os dois super desiludidos.
Mas não desistimos! Ambos continuamos a correr toda a escola, só que desta vez, juntos. Até que uma rapariga do primeiro ano nos chamou, fazendo-nos parar.

–Sou do clube de jornalismo. Já sabemos sobre o jogo contra a Teikoku! Têm alguma declaração para fazer?

–Uma declaração?- perguntei mais para mim mesma do que para ela.

–Claro que sim!- respondeu o Mamoru fazendo ficar curiosa sobre que declaração era essa.

–Ah sim?!- notava-se bem a curiosidade no olhar da azulada que se aproximou do meu primo- E qual é?- e apenas vimos o capitão apontar para o seu cartaz.

–Que o clube de futebol está à procura de novos jogadores!- e a resposta dele fez-me rir completamente, já a jornalista, não ficou lá muito satisfeita.

Então, eu o Mamoru decidimos voltar a separar-nos, mas antes, fui com ele até ao clube de sumo.

Realmente era incrível o que ele fazia para convencer os outros! O meu primo é admirável! Assim como é admirável a sua grande paixão pelo futebol!
Enquanto o via sair e me despia dele, vi que junto do clube de sumo estavam o Kabeyama, o Kurimatsu e o Shidou, observando secretamente o seu capitão. Sem pensar duas vezes, aproximei-me deles, farta deles não fazer nada para o ajudar.

–Vocês pensam ficar de braços cruzados?- assim que ouviram a minha voz, voltaram-se logo para mim- Não entraram para o clube porque gostam de futebol?- mas eles apenas se entre-olharam- Posso saber o que é que significa o clube de futebol para vocês?!- gritei.

–Pois... Diversão.- respondeu em uníssono.

–Sim!- respondi, já com lágrimas de felicidade nos olhos juntamente com um sorriso- Finalmente entenderam!

–És igualzinha ao capitão.- comentou o Kurimatsu, baixando a minha moral.

–Agora é que se nota que são da mesma família.- acrescentou o Shidou, baixando-me ainda mais a moral.

–É como se estivesse a falar pela boca dele.- e a conclusão do Kabeyama foi a gota de água.

–--

A tarde havia chegado, e como combinado, eu e o Mamoru íamos para o parque da torre Inazuma, só que o meu primo tinha umas coisas no clube para resolver e além disso ainda tinha que ir a casa assim como eu. Então, decidimos que cada um ia andando e o que chegasse primeiro esperava pelo outro. Eu assim fiz. E ao parecer, era a primeira chegar, já que não se ouvia a voz do Mamoru a gritar como sempre faz quando joga.

Corri escada a cima na esperança de chegar aquele local o mais depressa possível pois era um dos meus sítios preferidos da cidade e já não lá ia há anos! Mas assim que cheguei ao topo das escadas, os meus olhos nem podiam acreditar no que viam. Junto das barras cinzentas de metal, a observar o por do sol, estava o Goenji Shuya.

–Olá Goenji!- cumprimentei-o correndo até ele, que apenas se limitou a voltar-me a cara com aquele seu olhar incrivelmente intimidador mas de certa forma, para mim, cativante. Só que assim que me viu aproximar mais, voltou-me a costas e começou a andar. Mas eu não desisti e pus-me à sua frente, parando-o- Este é realmente fantástico, não é?! É o meu lugar favorito desde que era pequena! É verdade! Já sabes da noticia?! Refiro-me ao jogo contra a Teikoku!- sabia bem que aquilo podia nem sequer lhe interessar, mas talvez se ele soubesse que íamos contra a melhor equipe do país, talvez resolvesse ajudar-nos! Quem sabe. Porém, ele não disse uma só palavra- O pior é que nos faltam jogadores. Eu e o Mamoru parecíamos loucos a dar voltas à escola para recrutar jogadores, falando com as pessoas, mas não conseguimos nada.- comentei entre risos- Talvez tenhamos que mudar de estratégia, não?- mas ele voltou-me de novo as costas, fazendo-me pensar como não tinha percebido como ele era alto e parecia majestoso visto de trás com todo aquele seu poderio. Eu apenas baixei a face e atrevi-me a perguntar- Ouve... E porque deixas-te o futebol?- logo levantei a cabeça, encarando de novo as suas costas- Bem, se calhar não te apetece contar.... Mas é que me parece uma autentica pena. Quando vi o teu remate do outro dia, fiquei com pele de galinha! Já mais tinha visto um chute daqueles!- sabia bem o quão chata estava a ser, mas precisava de saber o porquê! Porque razão um jogador tão bom deixou o futebol assim sem mais nem menos- Tenho a certeza que tiveste as tuas razões para deixar o futebol mas se já não gostasses, não terias feito um remate como aquele! Isto é, penso eu.- e só aí, é que ele se dignou a olhar finalmente para mim outra vez, com uma cara de aborrecimento.

–Olha miúda, para de falar de uma vez por todas.

–É que gosto imenso de futebol e tenho a certeza que se te juntasses a nós, teríamos uma equipe incrivelmente forte!- antes que eu pudesse ver, ele já estava apoiado numa das traves, pronto para saltar para a parte de baixo do parque.

–Não voltes a dirigir-me a palavra.- e saltou, aterrando perfeitamente.

O que ele fizera realmente chateou-me. Qual era o problema responder aquilo que lhe perguntei? Custava alguma coisa falar comigo como deve ser? Então, aproximei-me das traves com uma pergunta já pronta para sair.

–Está bem!- respondi ao facto de me dizer para que nunca mais lhe falasse- Então porque razão remataste no outro dia?!- gritei, mas apenas recebi um olhar frio que parecia trespassar-me a alma como uma lamina.

–És mesmo chata.- e foi-se embora.

Chata?! Ele acabou de me chamar chata?! Mas quem ele pensa que é?! Apesar de não ser a opção mais matura, eu apenas lhe mostrei a lingua, se bem que ele nem viu. E finalmente, suspirei, vendo-o afastar-se cada vez mais.
Olhei para o céu alaranjado pelo por sol como se procurasse novamente aquela estrela para lhe dizer:

–Obrigado por nada!- gritei para o vazio, já que nem mesmo o Goenji lá estava para me ouvir.