Sinara

Quando se pensa em viajar para uma nova dimensão, oque passa pela sua cabeça é que através de um único portal você vai sair direto nesse outro mundo, mas ninguém certamente te avisou que um portal, pode te levar a outro portal e uma voz estranha pode te dizer um monte de coisas sem nexo e mandar você achar uma joia doida e você acabar parando em um lugar cinza e branco...

Não é exagero, o mundo aqui é branco e cinza mesmo e o pior por mais que eu tentasse eu não conseguia falar, e olha que eu tentei, eu até fiz questão de conferir se eu era eu mesma e não Robin, no fim oque me restou fazer foi seguir em frente, uma estrada de pedra se prolongava e foi por ela mesmo que eu fui, olhando ao redor tudo que vi foram árvores e mais árvores, entendam, o problema não é a árvore em si, o problema é que árvore cinza não é algo muito legal de se ver, o céu era branco e nada parecia vivo. Suspirei, se ao menos mais alguém estivesse comigo, continuei tentando falar, mas sentia que algo me impedia, na verdade eu sentia como se algo me observasse, e isso não é nada bom de se sentir em um lugar cinza.

Aquilo estava incrivelmente tediante, o único som que eu ouvia era oque as arvores faziam quando o vento passava por elas, mas só isso, eu estava quase dormindo em pé, mas acabei ouvindo um barulho diferente, um estrondo e um rosnado feroz vindo da floresta, eu parei no mesmo instante e comecei a observar ao redor.

De repente ouvi novamente o som, mas dessa vez bem atrás de mim, eu me virei e me deparei com um lobo cinza escuro me encarando como se eu fosse o prato do dia.

— Oi seu lobinho... Se não se importa eu. AH! – O lobo não perdeu tempo e pulou em mim, eu desviei rapidamente e o encarei tão chocada, que só depois notei que minha voz tinha voltado. — Além de querer me devorar é impaciente, tudo bem parceiro eu não tenho nada contra lobos, mas se quer brincar vamos brincar. – Dizendo isso tirei do meu bolso duas pequenas esferas de vidro, uma azul e outra preta.

O lobo rosnou e pulou em mim, eu desviei novamente e gritei “interrupteur bleu”, e a esfera azul brilhou e se transformou em um chicote de água, eu o segurei e acertei a pata do lobo, que urrou de dor mas logo se recuperou e me encarou com mais raiva ainda, eu o ataquei novamente, dessa vez acertando no rosto, ele urrou novamente e investiu contra mim com mais força e velocidade, eu não consegui desviar e acabei sendo empurrada com força pra longe. — Ah! Seu lobo maldito. – Eu me levantei com certo esforço, sentindo meu tornozelo doer, mas ignorei a dor e assim que o lobo veio me atacar novamente eu lacei sua pata e a água se espalhou pelo seu corpo, com a mão livre eu fiz a água prendê-lo como correntes, mas ele quebrou minhas correntes sem esforço, eu olhei diretamente nos olhos do lobo, e com um gesto rápido fiz o chicote desaparecer e se torna de novo uma esfera de vidro azul, que eu guardei no bolso, deixando em minhas mãos apenas a preta, o lobo parecia mais enfurecido, mas me olhava como se eu fosse um alvo fácil e isso me irritou seriamente. — Ótimo! Á tempos não me divirto assim, “interrupteur noir”. – A esfera preta escureceu e a fumaça negra começou a circular em volta de mim e eu sorri, já faz um tempo que não uso meus poderes. —Isso será realmente divertido... Vou deixar que sinta um pouco do ar que provém da ruinas, seu monstro desprezível, você escolheu a inimiga errada. – E dizendo isso ergui o braço sentindo que parte da fumaça o acompanhou. — Tenho a impressão de que fui subestimada... Isso é um erro fatal. – O lobo rosnou e correu até mim, eu fechei os olhos, sentindo a brisa tocar meu rosto e se tornar um ventania, em pouco tempo um grande tornado negro havia se formado em volta de mim, eu retirei do bolso uma esfera vermelha, “interrupteur rouge”, gritei e uma pistola com silenciador surgiu em minhas mãos, isso mesmo, uma das armas mais difíceis de se conseguir nesse mundo, é minha.

De dentro do tornado e sem pensar muito eu atirei duas vezes na reta do animal, a primeira bala acertou na pata, ele tentou inutilmente fugir, mas a segunda foi acompanhada do tornado que o cercou rapidamente e o tiro foi na cabeça.

O lobo caiu morto e rapidamente seu corpo desapareceu, eu arfei cansada e senti a dor no tornozelo aumentar, minha arma ainda estava em mãos e decidi deixa-la enquanto estivesse nesse mundo, no meio daquele cinza, uma coisinha verde me chamou a atenção, eu comecei a caminhar com esforço até onde o corpo do animal se desfez, mas uma forte ventania quase me arrastou, eu ouvi um assobio alto e quando olhei pra cima vi uma centena de pássaros negros vindo na minha direção. — Ótimo. Melhor impossível, quanto mais eu me der mal melhor certo? – resmunguei vendo os pássaros se aproximarem, eu preparei a mira e atirei nos primeiros enquanto me esforçava para dar passos para trás sem me importar com meu tornozelo, perdi a conta de quantas vezes tive que recarregar a arma na velocidade da luz e me afastar correndo, até que por fim cheguei perto da coisa verde, era uma pequena e encantadora esmeralda, uma joia, literalmente uma joia, olha pode parecer loucura, mas eu não esperava que fosse ser realmente uma joia.

Eu me abaixei para pega-la, mas nisso um pássaro passou raspando por mim e a agarrou com o bico, rapidamente eu atirei e o animal desapareceu, antes que a esmeralda pudesse cair no chão eu a peguei e no mesmo instante o mundo pareceu ganhar cor.