Unattainable reality ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 42
Cúmplices


Notas iniciais do capítulo

Oeeeeee Chegou cap e bem, eu tentei fazer ele bem levinho, talvez no começo de vontade de matar os nobres e abraçar o Ches, mas, de modo geral, não está que nem os outros kk bem aproveitem.



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Ches

Eu odiava a minha aparência, simples assim;

Sempre odiei parecer um... Hibrido. Um animal doméstico, pronto para receber alguma ração do dono e ficar feliz com isso.

Ração... Em meus primeiros trabalhos como escravo depois que eu aderi essa aparência, o filho de um nobre me obrigou a comer ração, ele disse que eu era o bichinho dele, bichinho... BICHINHO.

Ele prendeu meus braços e foi colocando uma por uma na minha boca, me obrigando a mastigar...

Pensar no gosto da ração me enjoava, levei a mão a boca e tentei respirar fundo, meu pai segurou meu ombro e me olhou nos olhos.

— Tudo bem anjinho? – Ele perguntou me puxando para perto e eu neguei deixando as lágrimas caírem. — Ai meu anjo, não gosto de te ver assim.

Eu apenas continuei chorando. — Papai... – Murmurei, deitando a cabeça no ombro dele e segurando a coleira. — Machuca... – Ele encostou nela com cuidado e eu continuava chorando.

— Machuca o seu pescoço?

— Não papai, machuca meu coração... Eu já tentei tirar... Não sai. Papai, eu vou ser um escravo para sempre.

Meu pai me segurou pelos ombros. — Olha para mim Erick. – Pediu, na verdade mandou, eu o encarei imediatamente. — Você não é mais um escravo, você é meu filho e filho meu não é escravo.

— Eu sou um animal... – Murmurei. — Um bicho de estimação, que comia ração e era amarrado.

— Você... Ração Erick? Você não é um bicho. – Os olhos dele se encheram de lágrimas.

— É mesmo? Olha pra mim? Olha bem... Com o que eu pareço? – Questionei com amargura e ele me olhou nos olhos.

— Com o meu filho.

— Seu filho... Eu matei pessoas papai, eu fui humilhado, eu fui torturado... Eu roubei, eu bati, eu me tornei isso que você está vendo. Como pode me considerar como um filho?

Ele passou a mão pelo meu cabelo, beijou minha bochecha e sorriu.

— Eu te amo, quer ver uma coisa? Você, meu pirralho teimoso. – Ele se levantou e se sentou na cama, me puxando para sentar ao lado dele. — Quando Alli começou a ser um escravo, você o abandonou?

— Ah... Não.

— Quando ele mudou de personalidade você o abandonou?

— Não, papai.

— Quando ele tentou se matar você o abandonou?

— Não.

Meu pai sorriu e fez cosquinha na minha orelha, eu miei, o que foi? Eu sou um gato afinal. — Por que você não o abandonou?

Eu o encarei, o sorriso dele me fez sorrir também. — Porque... Ele é a minha família e eu o amo.

— É, e por que essa teoria não pode se aplicar a mim também? Eu te amo filho, assim como sua mãe te amava. Somos uma família, e você... – Ele beijou minha testa. — É o meu maior tesouro, não importa com o que se pareça. – Meus olhos marejaram e ele me abraçou.

— Eu senti tanto a sua falta. – Admiti. — Chorei tanto por você, pela mamãe, pela nossa vida, pai... Eu sei que o passado não volta, mas... Eu desejei tanto poder estar com você e com a mamãe.

— Tudo bem amor, agora o que importa é que estamos aqui. Certo?

— Certo.

Meu pai se levantou sorrindo e respirou fundo. — Antes de mais nada... O que é essa rosa ai?

Eu me levantei e sorri. — É a verdadeira marca de Zeck, meu mestre.

— Ah... Sim, eu o conheci. Bom homem.

— Sim. – Passei a mão pela marca, ainda sorrindo, me lembrando de quando ainda era bem pequeno e ganhei essa marca, Zeck estava um pouco nervoso pois não queria me assustar, com uma das mãos ele tocou em meu rosto e uma pequena luz saiu de sua mão, eu me assustei a principio, mas logo começou a arder um pouco, Zeck se apavorou com minhas lágrimas e parou no mesmo instante, os olhos cheios de preocupação e temor por mim:

— Tudo bem, só dói um pouco no começo, mas depois eu te dou um chocolate, o que acha? – Ele perguntou com um sorriso gentil e eu acabei cedendo facilmente, e depois, ainda ganhei um monte de doces.

— Ele me salvou. – Murmurei e vi meu pai assentir.

— E agora, meu anjinho, vamos lá embaixo por que eu pedi um chocolate quente delicioso pra você. Ou pensa que já esqueci do seu sabor preferido?

####

. — Crianças! –Will nos chamou um pouco sério, suspirei e caminhei até ele, vendo que Alice e Alli faziam o mesmo, porém Alli estava um pouco pé da vida, acho que era por causa da aparência. Quando chegamos, Will sorriu e colocou os braços para trás. —Temos um pequeno detalhe a ser resolvido, o motivo de ainda estarmos aqui. – Prendi a respiração, ai vem problemas.

— O que foi? É algo com Alli? – Alice questionou enquanto brincava com alguns fios do cabelo do Alli, os dois estavam encostados na parede, lado a lado.

— Sim e não, há uma série de implicações quanto a esse ai. – Will sorriu para o filho e se voltou para Alice. — Porém nesse primeiro momento meu assunto é sobre você. Deve ter visto o estado que se encontra a maior parte desse país.

— Ah... – Alice começou, tentando parar de apertar a bochecha do Alli — Sim, deplorável na verdade.

—Imagino que saiba que mesmo depois de tantos anos eu ainda sou um duque e prezo pelo bem deste país.

— Sim...

Will me olhou nos olhos dela e sorriu.

— As pessoas precisam de esperança, e agora estamos aqui. Não adianta apenas lutarmos contra a rainha e ignorarmos o povo que, mesmo depois da maldita guerra, segue sobrevivendo e precisa, minha querida, de algo que está em falta hoje em dia...

— E o que é? – Alli se intrometeu, sempre mais curioso do que deve.

— Esperança concreta, não ilusões. – Olhei bem para Will, tentando decifrar o sentido de suas palavras. — Eu desejo me apresentar a eles e mostrar que ainda estou vivo... Mas não é só de um duque que eles precisam. – Alice recuou um passo, já sentindo o fluxo que a conversa ia seguir. – Parece que já entendeu, sim eu conversei com Johan sobre tudo e, não posso negar que fiquei surpreso com você sendo-

— NÃO... – Ela o interrompeu, para a surpresa de todos, recuando ainda mais. — Eu não sou nada. Aceitei essa luta pela minha família e meus amigos, eu não sei nada sobre esse país, eu não sei nada sobre ninguém aqui e nem sei se eles ainda vão querer me ouvir.

— Eu entendo. Mas peço que repense com calma. Entenda que eu, particularmente, tenho uma mágoa mais do que pessoal com copas. – Will suspirou e encarou Alli. — Venham Alice, vamos nos entender com calma, Johan cuida do caso com os dois?

— Claro. – Meu pai aceitou de bom grado e saiu nos puxando para fora.

— Pai... – Resmunguei. — O que é tão importante assim? Coisas sérias de mais são chatas.

Meu pai parou, já do lado de fora e nos encarou. Um sorriso suave se exibia em seu rosto e seu olhar era indecifrável. — O que Will falou é mais que certo. Precisamos de esperança para retomarmos nosso país e mais que isso.

— Como assim? – Alli perguntou desconfiado e meu pai riu de leve.

— Talvez os adultos caretas tenham um plano. Mas para isso precisamos de vocês, principalmente de Alice.

— Plano? – Aquela ideia estava começando a me animar. — Que tipo de plano?

— Um bem sutil. Mas poderoso. Afinal não podemos penar em simplesmente chegar lá e matar a rainha. Isso é ilógico.

— Parece um belo plano tio. – Alli sorriu. — Que tal dizer qual é?

— Até posso dizer, mas deixo claro desde já que não vai ser fácil e exigirá parcerias, viagens e lutas. Vocês estão dentro ou fora?

Olhei para meu primo, que exibia um sorriso torto e um olhar brilhante, assim como nos encarávamos antes de assaltar a geladeira da vovó a noite, por um segundo voltamos a ser crianças, voltamos a ser cúmplices.

— Papai... Você ainda pergunta.


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Notas finais do capítulo

Ches sendo lindinho, e sobre a aparencia do Alli, só vou explicar melhor no prox cap MUHAHAHA
Espero que tenha ficado bom..



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