Unattainable reality ~ sendo reescrita~ escrita por Sol


Capítulo 30
Há casos irreversíveis


Notas iniciais do capítulo

Ai gente, não dá, eu ia esperar um pouco para postar esse cap, mas simplesmente não deu para esperar, titia aki é mtto ansiosa
Bjus floquinhos



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Sinara

Uma das coisas que eu sempre amei na minha casa era o balanço que meu pai fez pra mim quando eu era mais nova, dele eu podia ver a cidade toda, afinal nossa casa ficava em um ponto um pouco elevado e central, já que meu pai era o líder ele tinha que poder ver tudo.

Mas o que eu mais amava, era a sensação de impotência e liberdade que aquele lugar me dava, mesmo sendo apenas uma pequena criança naquela época, eu entendia questões simples como ‘pessoas não voam, mas nesse balanço eu sentia o mundo sobre meus pés, e a liberdade me alcançar, quem sabe, eu realmente não tivesse voado naquela época?

Só que isso não importa mais, sentada nesse mesmo balanço, sinto uma lágrima ou outra escorrer, não tento impedir, afinal não tem motivo, tem coisas que simplesmente não podem ser evitadas, a morte é uma delas, uma hora ou outra ela surgiria, eu só pergunto a cada segundo: “Quem eu deixarei que ela leve?”

Ainda me lembro de quando cheguei ao castelo, eu estava sentada num canto da sala, vendo muitas pessoas apavoradas, dizendo que iriam morrer e que logo também seriam congelados, Branca, que sempre foi mais sentimental e impulsiva, estava visivelmente incomodada era óbvio que estava assustada, mas Jason não parou de sorrir e mostrar confiança um só minuto, um verdadeiro rei, quando ele tomou frente, suas palavras imediatamente inundaram meu coração:

Meu amado povo...” ele começou, dando espaço para Branca se sentar ao meu lado sem ser vista como eu disse, ela sempre foi impulsiva. “Sei que passamos por momentos difíceis, e temo que talvez as coisas possam piorar, mas hoje estamos unidos aqui e assim devemos permanecer, temos que ter esperança, porque se nos deixarmos levar pelo medo, seremos facilmente derrotados, por isso eu peço, não temam, mesmo que o pior venha, mesmo que nosso dias se tornem escuros, temos que continuar lutando, porque só vence, quem luta e só perde quem desiste, mesmo que saiamos derrotados dessa luta, nossa maior vitória será o nosso povo firme e forte, unidos, não só como um país, mas sim como uma família, que eu tenho orgulho de fazer parte e quero que vocês se orgulhem também, pois é o que somos, nossa magia é a união, Neal é uma família, familia é vitória, eu realmente amo vocês e hoje lamento profundamente cada um dos que perdemos, é isso, espero que confiem em minhas palavras.” O povo foi ao delírio, todos cheios de esperança e admiração, Jason era mais que um líder, era um herói, ele lutou em muitas guerras, sempre foi um exemplo de humildade, só não era mais amado que Branca, que sempre foi vista como uma mulher única, independente e brilhante, mas um dia, tudo mudou, Branca sumiu e Jason foi amaldiçoado de modo irreversível, ele está a cada dia mais perto da morte, seu caso é grave e só se mantém estável por causa de muito esforço dos médicos em conjunto com magos, mas uma hora isso vai perder o efeito e o herói da nação vai morrer, Branca não admite, mas eu a conheço suficientemente para saber o quanto está mal, passar anos em uma cela, sem poder ver a família, e quando finalmente volta, o reino está a um passo da ruína e o marido a um passo da morte.

Mas...

Meus pais biológicos não eram nem um pouco menos incríveis, muito pelo contrário, meu pai defendeu essa cidade de todas as formas e lutou com todas as forças, minha mãe, minha pobre mãe, ela sacrificou o seu poder por uma causa maior que ela... Não pensem que ela foi congelada imediatamente como todos, não, ela resistiu, fugiu para me encontrar, mas acabou se encontrando com Jason, com um ultimo abraço nos despedimos, pois ela voltou para essa casa, e realizou seu ultimo feitiço contra a rainha de copas, a quem diga, que quem deu inicio a loucura da rainha foi uma pequena e desajeitada menina, chamada Alice, mas a verdade, é que ela já estava enlouquecendo e ninguém viu, por causa de um único feitiço, lançado a distancia pela minha mãe, foi que iniciou a loucura, em um processo lento de tortura psicológica, Alice não causou a loucura, ela apenas foi a gota D’água, que levou a maléfica rainha a morte, mas tudo isso teve uma consequência, dos detalhes eu já não sei, mas segundo Jason, minha mãe perdeu toda a magia e ficou extremamente fraca, quando ele se ofereceu para ajuda-la, Nicole negou e disse que queria apenas chegar ao piano, onde meu pai já estava congelado, lá, segundo Jason, ela tocou a mais bela das valsas, e então ele disse que viu o escudo que a protegeu do ataque se quebrar e minha mãe, ao dar as mãos ao meu pai e lançar lhe um ultimo olhar apaixonado, congelou para sempre.

Para sempre.

Sim, agora eu vejo...

Mesmo que eu tentasse acreditar que um dia poderia revê-los, agora eu vejo, isso é algo que meu pai me ensinou a muitos anos atrás: “Nem tudo se resolve com magia, há casos irreversíveis”. Sim, por mais que me doa, eu tenho que fazer a escolha certa, há casos irreversíveis, e esses casos um dia têm que chegar a um fim.

Desci do balanço e lancei um olhar para Ás e Lyh, que estavam sentados na varanda, andei até eles sem me preocupar em ter pressa.

Os dois me encararam e eu respirei fundo.

— Nós tentamos de tudo com Jason... – Comecei um pouco nostálgica. — Tudo o que podem imaginar, mas nada deu certo até hoje, todos os medicamentos são falhos, e só um, até hoje, provou que pode curar tudo, e é aquele fruto, por isso precisamos deles.

— Mas... – Ás começou, mas fiz sinal para que ele parasse.

— Há casos irreversíveis Ás, tudo um dia tem que ter um fim, só vence, quem luta e só perde quem desiste. E eu não vou desistir do país pelo qual meus pais deram a vida para defender. Eu já decidi, vou salvar Jason, e deixar eles irem em paz, é o que dizem não é? Quando se ama, se deixa ir. Vamos, eu vou pegar esse fruto.

Lyh estava com um sorriso orgulhoso no rosto, mas seu olhar era vago, como se sua mente não estivesse lá, ainda assim ela nos seguiu sem termos que chama-la, ela estava estranha, e sorria de minuto em minuto enquanto caminhávamos.

— Chegamos. – Ela anunciou, um pouco alegre demais, e eu encarei a árvore majestosa a minha frente, o único fruto não estava no alto, era como se ele quisesse ser pego.

Aproximei-me com cautela, e toquei aquela fruta avermelhada e bonita, tão cheia de vida. Engoli seco, se eu arrancar, me culparei para sempre, mas se não o fizer, me culparei duas vezes mais.

Segurei a fruta, sentindo meu olhos ficarem marejados, Lyh tocou em meu ombro e sussurrou ao meu ouvido:

— Tudo bem Sinara, as pessoas querem ser livres, elas querem voar, deixe-as ir, deixe-as voar.

As lágrimas vieram a tona, prendi a respiração e contei mentalmente:

3...

2...

1...

0

Fechei os olhos, sentindo as lágrimas me dominarem, cai de joelhos, segurando aquele pedacinho cheio de vida em minhas mãos, uma valsa começou a tocar, eu olhei para todas as direções, mas nada vi, eu só ouvia a musica vir toda parte. Lyh puxou Ás e começou a dançar animadamente e fora do ritmo.

— Livres... – Ela gritava enquanto dançava. — Estão livres... Voem..

Então ao meu redor, tudo começou derreter, todo o gelo fui sumindo e tudo começou a brilhar, as pessoas, as casas, tudo, começou a desaparecer, lancei um olhar a minha casa...

O que aconteceu eu não sei explicar, até hoje não sei se é real, mas quando olhei, vi o balanço, e nele uma pequena menina sorridente achava que podia voar, mesmo que soubesse a verdade, ela entendia questões simples como ‘pessoas não voam, mas naquele balanço ela sentia o mundo sobre meus pés, e a liberdade a alcançar, quem sabe, ela realmente não tivesse voado naquela época?

A menina desapareceu, mesmo que eu tenha corrido em sua direção, ela desapareceu, mas se foi sorrindo, então eu parei, e finalmente entendi, aquela menina se perdeu a muito tempo, em uma embaixada fria, que trouxe a tona suas piores lembranças, então eu sorri entre lágrimas, percebendo o quão idiota eu fui, todos esse anos, achei que se conseguisse fazer o mesmo feitiço que minha mãe, eu poderia me vingar e voltar pra casa, mas agora vejo, que se fizesse isso, a menininha poderia perder suas asas, e seu amor.

As lágrimas não paravam, nunca pensei que pudesse chorar tanto assim na minha vida, alguém me abraçou, era Lyh, depois Ás fez o mesmo, os dois também choravam, mas também riam, e eu até entendi o porquê, as pessoas da cidade só queriam voar, assim como a menina, eles queriam se libertar do passado e seguir, olhei para a fruta e limpei as lágrimas.

— Ei, ainda não acabou, vamos para o castelo, temos que entregar isso para Branca, depois levamos o colar aos outros. – Comentei e eles aceitaram.

— Eu posso leva-los ao castelo, afinal, essa garota surtada aqui tem muitas qualidades.

— Obrigada Lyh, você é incrível.

— Vamos. – De mãos dadas, Lyh nos levou diretamente para a entrada do castelo.

— Uau. – Ás se encantou, e não era pra menos, aquilo foi fascinante.

Mas não havia tempo a perder, eu entrei correndo e me deparei com Branca, que me abraçou imediatamente, eu retribui sorrindo e mostrei a ela o fruto.

— Isso é... – Ela engoliu seco e segurou a coisa mais preciosa do mundo com cuidado. — Mas.

— Nós tentamos impedir, mas ela é teimosa. – Ás resmungou e eu ri.

— Branca, eu sei que precisam disso, nada mais importa pra mim no momento do que a saúde de Jason. – Disse com sinceridade e Branca me abraçou de novo.

— Eu te amo. – Ela disse quase chorando e me encarou com ternura. — Então vou, pedir aos médicos que preparem o remédio.

— Tudo bem. – concordei sorrindo, Lyh correu e se ofereceu para ajudar Branca e Ás foi para a varanda pensar um pouco, certamente em Jas.

Eu me sentei, sem animo e com algumas lágrimas rebeldes e incontroláveis cismando em passear pelo meu rosto. O pior não era sentir a dor, o pior era saber que ela traria uma ponta de alegria, embora eu tenha começado a repensa se meu sacrifício seria visto por alguém, se algum dia alguém olharia para mim e pensaria, aquela é a garota que deu a esperança a todos nós. Mas eu sinceramente duvidava que seria assim.

Me encolhi mais fiquei assim por um longo tempo e permaneceria assim, mas senti alguém me tocar e levantei os olhos, para me deparar uma pequena criaturinha de cabelos cinzas que me encarava.

— Let? – O chamei, sorrindo, querendo ou não eu sempre tive um certo apego por esse menino, mesmo tendo o reencontrado crescido depois de muitos anos. — Oi.

— Pu que tá cholando? - Ele perguntou erguendo as mãozinhas e limpando uma das minhas lágrimas.

— Perdi pessoas importantes hoje. – Esclareci e ele pareceu refletir.

— Pra sempli?

— Sim. – Let olhou para o chão, e depois pra mim, seus olhinhos encheram de lágrimas.

— Mas... Mamãe disse que você trouxe um jeito do papai de voltar. Só que... – Ele começou a chorar mais. — Não quero ficar feliz com você triste.

— Ah! Let, tudo bem... Eu vou ficar bem.

— Não... Puque, mesmo que o papai volte pla mim, você vai ficar tiste, e era pa você ficar feliz, puque... Puque... – Ele soluçava e chorava tanto que eu estava quase chorando junto. — O papai... Vai voltar pra você também... Puque ele também é seu papai. Meu papai é seu papai... Mas se... Você chola, eu vou... – Mal terminou de falar e começou a chorar de vez, devo admitir que nunca vi ninguém derramar lágrimas tão sinceras assim por mim, eu o abracei, ele sorriu e me deu um beijinho na bochecha.

— Pronto não to mais chorando. – Afirmei sorrindo e ele se afastou alegre, eu me levantei, fitando aquele menininho, mal podia acreditar que a anos atrás eu havia visto ele como um bebezinho recém nascido que mal sabia falar ou andar. Ergui a mão, que ele segurou com confiança. — Vem, vamos ver a mamãe.

— Tá.

Nós andamos até o quarto improvisado em que Branca estava cuidando de Jason, Ás e Lyh já estavam lá, quando me viu, a rainha me puxou para mais perto rapidamente e me entregou o frasco com um líquido rosa escuro.

— Vá. – Ela disse sorrindo e colocou Let na cama, o menino rapidamente correu e se sentou ao lado do pai. Eu caminhei lentamente e com a ajuda de um dos médicos, fiz com que Jason bebesse o conteúdo.

Let se sentou em meu colo, e os segundos que se param foram aterrorizantes, mas então o rosto do rei voltou a ganhar cor, Branca correu até nós, Let segurou a mão do pai e para nossa surpresa, Jason segurou as mãos do filho e abriu os olhos lentamente, ele se sentou sem nenhum esforço, ele estava com uma aparência saudável e aparentemente cheio de vida, seu olhar divagando pela sala, e pairando na esposa, um pequeno sorriso se formou em seus lábios.

Os médicos estavam em choque e os empregados emocionados, logo a notícia se espalhou pelo castelo todo, o rei estava mais vivo do que nunca.


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Notas finais do capítulo

Drama? Imagina...



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