Vampire Dreams - A Maldição escrita por DennyS


Capítulo 6
VI - Revelação




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Capítulo VI

Revelação

Demetri chegou à mansão poucos minutos depois ao sair do colégio. O carro do seu irmão estava estacionado na entrada e ele praguejou em voz alta. Queria conversar à sós com sua tia. Seu irmão e principalmente a noiva dele não tinham o bom senso de tia Adele, eles não conseguiam manter uma conversa calma e sensata por muito tempo.

Demetri chegou a hesitar por um momento na entrada da mansão, mas não por muito tempo. O que precisava dizer a sua família não podia esperar nem mais um minuto, mesmo que a imaturidade de seu irmão o fizesse se arrepender depois.

Ele entrou na mansão e seus olhos tornaram-se vermelhos no momento em que sentiu o cheiro de sangue humano. Demetri correu na direção do odor que impregnava toda a mansão. Em cinco segundos estava na grande sala de estar.

–O que foi que eu disse, meu amor? Demetri quase derrubou as paredes para chegar aqui. – Luca, seu irmão mais velho estava sentado em uma poltrona, tinha uma taça com sangue em suas mãos. – Venha, irmãozinho. Sirva-se!

Damiana ocupava o sofá, pingava sangue de seus lábios. Ela fitava o marido com um sorriso malicioso. Demetri sentiu um medo terrível crescer dentro dele, mais forte até do que seu desejo por sangue.

–O que vocês fizeram? – ele rosnou, seus olhos procuravam vestígios de algum humano dentro e fora da mansão. – Vocês caçaram?

Em meio segundo Demetri tinha levantado seu irmão da poltrona, segurando-o com um braço pela gola da camisa. Luca tinha uma expressão de tédio no rosto ainda segurando a taça sem derramar uma gota do sangue.

–Vocês fizeram uma promessa à tia Adele! Como você pôde Luca? – Demetri tomou impulso para atirar seu irmão na parede, mas Luca se moveu mais rápido, soltando-se do irmão sem fazer muito esforço.

–Você é a última pessoa que pode me acusar de atentar contra a vida humana, Demetri. Se me lembro muito bem, você foi o único de nós aqui que mandou um indefeso humano para o hospital, poucos dias atrás.

Demetri rosnou e atacou o seu irmão. Dessa vez Luca não previu o ataque a tempo e sua preciosa taça de sangue caiu de suas mãos. Com um movimento preciso de seu braço, ele jogou Demetri longe e olhou para a sua bebida derramada.

–Olha só o que você fez. – disse ele sacudindo a cabeça. – Que desperdício.

Demetri se levantou rapidamente para atacar novamente o irmão, quando ouviu sua tia entrar na sala.

–Demetri! Pare, querido. Luca e Damiana não machucaram ninguém.

Adele estava parada na entrada da grande sala de estar. Ela usava um longo vestido branco de seda, seus cabelos loiros e compridos estavam soltos, seus olhos eram azuis e brilhantes, seu rosto era branco e polido como porcelana.

–Então onde conseguiram? Você permitiu isso? – perguntou Demetri com incredulidade. Adele não se alimentava de sangue humano e não gostava que eles também o fizessem. Todos sabiam que não eram obrigados a aceitar a condição de tia Adele, mas eles fizeram uma promessa a ela de que iriam tentar sobreviver do modo dela.

–Busquei algumas bolsas de sangue no hospital da cidade vizinha. – disse Adele entrando na sala. – Percebi que estava exigindo demais de vocês. Eu consigo sobreviver com sangue animal apenas por ter sido minha escolha há mais de um século. Não foi difícil para mim. Mas vocês não escolheram, apenas acataram a um pedido meu. Não é o meu direito fazer isso. Tem que ser a escolha de vocês. A minha única condição será não caçar e machucar humanos.

–Então, você já pode relaxar, Demetri. Sua falta de confiança em mim e em seu irmão é muito ofensiva. – Damiana continuava a saborear delicadamente a sua taça de sangue. Ela usava seu cabelo comprido e castanho em um penteado no alto da cabeça. Usava um vestido exagerado de festa e joias brilhantes. Demetri sabia que ela gostava de se sentir sempre uma rainha, o que fazia com que ele gostasse menos dela.

–Me desculpem. – ele murmurou enquanto seus olhos voltavam à cor normal.

–Está matando aula? Eu deveria te castigar. – disse Luca se servindo de mais sangue e voltando a se sentar com um sorriso irônico. – Ou você finalmente desistiu? Eu disse a você que se comportar como um humano é perda de tempo.

–Não tire sarro do seu irmão. – repreendeu tia Adele sentando-se no sofá ao lado de Damiana. – Sabe que temos que agir como humanos para não levantar especulações. Todos dessa cidade achariam estranho se soubessem que um jovem como Demetri não frequenta a escola. Não é verdade, Demetri? Por que não está na escola? E onde você passou a noite?

Demetri hesitou por um momento e sua tia no mesmo instante percebeu que havia algo errado.

–Sinto medo em você. – disse ela agora aflita. Não era apenas medo que Demetri sentia, também sentia raiva, também estava confuso e ansioso. Agora que o medo de que seu irmão pudesse ter caçado tinha passado e sua real preocupação retornado. – O que foi que aconteceu, Demetri?

Luca iria fazer uma piada sobre Demetri ter se alimentado de um humano novamente, quando viu a expressão de sua tia.

–Eu não tinha me dado conta no começo... – disse Demetri pensativo. Adele, Luca e Damiana o fitavam confusos e ansiosos. – Só agora tudo faz sentido.

–O que faz sentido? – perguntou Damiana. – Do que você está falando?

–Há dois dias, um humano se mudou para Dark Hollow. Senti um desejo intenso pelo sangue desse humano, fiquei fascinado por ele, atiçou minha curiosidade e eu só controlei a minha sede pela minha promessa. – ele fitou tia Adele. – Entrei em sua mente na última noite e olhei em seus sonhos, vasculhei lembranças perdidas. No primeiro momento não acreditei no que estava vendo, mas depois... Tive certeza. Esse humano é o último descendente dos Contiero.

Demetri viu como cada um de sua família reagiu ao nome amaldiçoado dos Contiero. Damiana rosnou e no mesmo instante seus olhos estavam vermelhos e suas presas sobressaíam os lábios. Luca se levantou da poltrona com a expressão enfurecida e Adele permaneceu sentada, seus olhos arregalados de surpresa.

–Demetri, você tem certeza? – perguntou Adele. – A Irmandade matou todos os Contiero e os descendentes humanos.

–Eu tenho certeza. – respondeu ele. – A Irmandade não cumpriu com o seu dever.

–Você matou o maldito? – perguntou Damiana também levantando-se. – Se não o matou, eu o farei. Sempre quis me vingar de um Contiero. Fiquei enfurecida quando a Irmandade não me aceitou como soldado.

–Ela é inocente. – respondeu Demetri.

–Ela? – perguntou Luca aproximando-se do irmão. – Não me diga que é uma garotinha?

–Como ela se chama Demetri? – perguntou Adele.

–Christine. – disse Demetri. Ele queria odiá-la apenas dizendo o seu nome, mas seu nome não provocava ódio dentro dele e não entendia por que. – Christine Haymes. Tem dezesseis ou dezessete anos de idade.

–Haymes? – retrucou Luca. – Agora você me deixou confuso, irmão. Um Contiero jamais poderia ser um Haymes. Haymes pertencem ao clã dos...

–Lobos, eu sei. – interrompeu Demetri. – Por isso parecia inacreditável para mim.

–Não existe lobos entre os Haymes desde a última geração. O gene se perdeu. – disse tia Adele pensativa. – Mas é possível que o último Haymes tenha se casado com um descendente dos Contiero.

–Vocês estão perdendo tempo. – resmungou Damiana. – Temos que levar essa humana à Irmandade ou executá-la de uma vez. Não ficar discutindo a sua árvore genealógica!

–Não podemos agir precipitadamente, Damiana. – disse tia Adele. – A jovem pode ser inocente.

–Inocente? – Damiana se aproximou de tia Adele. Seus olhos ainda estavam escarlates, suas presas para fora dos lábios. – Os Contiero foram condenados simplesmente por pertencerem a esse clã, por serem quem são. Já esqueceu de como eles massacraram nossa família apenas por se acharem ameaçados pelo nosso segredo? Eles sempre quiseram saber como somos capazes de andar sob o sol. Eles não conseguiam suportar o fato de que tinham essa fraqueza! Me torturaram apenas para que eu revelasse o segredo dos Santinelli!

–Precisamos saber mais. – disse Adele colocando a mão sobre o ombro de Damiana. – Por séculos acreditamos que os Contiero haviam sido exterminados. De repente um aparece na cidade em que decidimos viver por um tempo. Temos que ter certeza do que estamos enfrentando.

–Havia barreiras em sua mente. – disse Demetri à tia. – Eu não pude quebra-las, não pude revelar as memórias ocultas.

–Eu preciso vê-la, Demetri. – disse Adele. – Tenho que olhar em sua mente ou em seus sonhos para ter certeza. Você pode trazê-la aqui?

–E como ele fará isso? – retrucou Damiana. – Os Contiero são imunes ao nosso poder de persuasão. Vai trazê-la como refém?

–Eu vou trazê-la. – afirmou Demetri ignorando Damiana.

–Ela já está encantada por você? Para ter tanta certeza?

Demetri não respondeu a Damiana, apenas deu as costas e saiu da mansão.

~•*•~

Christine saiu da escola e seguiu na direção da loja de móveis usados da família. O dia havia sido difícil, não só pelo pesadelo da noite passada, nem pela ameaça de David, mas sim pelo ocorrido dentro do depósito com Demetri Santinelli. Christine não entendia exatamente porque se sentia tão arrasada, mas era inevitável. Queria saber pelo menos um motivo que fez com que ele agisse assim.

Quando saiu pelos portões da escola, seu coração parou. Demetri estava encostado em seu carro estacionado na calçada. Ele olhava diretamente para ela. Seus cabelos negros estavam arrepiados, seus olhos eram estreitos e sérios. Dessa vez ele estava usando sua jaqueta de couro, tornando sua aparência de bad boy mais obvia.

Christine desviou os olhos e continuou o seu caminho pela calçada.

–Christine! – ela ouviu Demetri chamar por ela e não pode acreditar. Ela parou no meio da calçada, assim como metade da escola para ver se era real.

Demetri parou na frente dela com as mãos nos bolsos da calça. Christine começou a ficar tonta então se lembrou de respirar.

–Oi. – disse Demetri.

–Oi. – respondeu Christine percebendo que todo mundo olhava para eles. Ela sentiu suas bochechas esquentarem.

–Desculpe ter saído daquele jeito. – disse Demetri olhando diretamente nos olhos dela. – Estava com um pouco de pressa.

–Tudo bem. – respondeu Christine um pouco confusa. Ele parecia com raiva naquela hora dentro do depósito, como se quisesse se livrar dela e não com pressa.

–Eu queria na verdade que você fosse até a biblioteca da minha casa. Acho que o trabalho de história ficaria melhor com várias referências. Não tem variedade de livros sobre a Renascença na biblioteca pública.

Christine ficou ainda mais confusa. Ele estava convidando Christine para a sua casa? Para estudarem juntos?

–Que tal esta tarde?

Christine ainda estava muda, tinha que acordar para a realidade. Mas não conseguia acreditar porque ele estava sendo tão amigável.

–Por que você... – Christine não conseguiu terminar a pergunta, mas Demetri respondeu.

–Bem... Só quero ser amigável. Ter um amigo para estudar.

Christine percebeu que ele parecia um pouco sem jeito. Demetri era novo na cidade e ela nunca o viu com uma turma de amigos, estava sozinho assim como ela, embora isso parecesse estranho. Qualquer um queria ser amigo dele, mas ele era reservado. Ele a escolheu. Ele queria que Christine fosse sua amiga. Ela não estava na posição de ser mal educada no momento e recusar uma amizade.

–Tudo bem. – ela respondeu cautelosamente. – Mas agora à tarde eu preciso trabalhar na loja da família. Minha tia está esperando por mim.

–Você não pode falar com ela? O trabalho deve ser entregue na próxima semana.

–Tudo bem, se ela permitir.

–Ótimo. Vamos até lá. – Demetri lhe deu as costas e seguiu na direção do seu carro.

Christine olhou a sua volta percebendo que muitos dos alunos ainda estavam nos portões da escola, olhando boquiabertos na direção dela. Jessica estava de queixo caído.

Christine caminhou lentamente na direção do carro agarrando os seus livros, tentando ignorar os olhares na sua direção. Depois entrou no carro.

Demetri pegou os livros dela e a bolsa, colocou no banco de trás e deu a partida.

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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que estão acompanhando. Reviews?