Once Upon a Time: We are all mad here escrita por Kremer
Uma garota corria, desesperada, por uma estrada. A madrugada era fria, a lua estava cheia e um lobo uivou ao longe.
A garota nada tinha a ver com aquela cidade. Nada conhecia. E havia um problema: ela sabia demais.
Passou por uma placa onde estava escrito “Saindo de Storybrooke”. Faltava pouco. Se ao menos pudesse cruzar a linha a tempo...
No último instante, uma luz rubra a atingiu, arremessando-a três metros para trás. E antes de tudo ficar escuro, ela pôde ver uma silhueta e sentir algo sendo injetado na sua veia.
– Foi fugindo como tudo começou, queridinha – disse uma voz feminina, suavemente.
...
Emma acordou nos braços de Hook. Por um breve segundo, aquilo lhe pareceu normal. E então, como se despertasse de um transe, levantou-se o mais devagar que pôde devido a sua urgência.
Seu primeiro instinto foi fugir. Não era culpa de Killian, nem era toda dela: mas aquilo sempre foi mais fácil. A melhor saída. A melhor estratégia.
Mal havia acabado de se levantar e ouviu uma voz vinda da cama:
– Será que algum dia você vai parar de fugir de mim?
Hook a olhava, sonolento. Emma o odiou por ser tão bonito – e tão amável, e apaixonante... Tentou se livrar de pensamentos assim.
– Não estou fugindo – disse, tentando achar uma desculpa – você sabe, deveres. Cidade. Regina... Não quis te acordar.
– Seus deveres poderiam esperar um pouco, Swan?
– O dever não espera – disse Emma, sorrindo. Como Killian não respondeu – apenas ficou olhando-a com certo ar de persistência, acabou cedendo.
– Você deveria saber que sou mais agradável acordado. – Hook sinalizou para que Emma se deitasse novamente, e assim ela o fez. Ambos de frente um para o outro. Emma tentou aquietar os pés, que ficavam mexendo impacientemente, num sinal de ansiedade.
– Você fica linda de manhã – disse Killian.
– Hook...
– Tudo bem, eu vou pular a parte da conquista convencional e usar meus próprios meios.
– Não foi o que você ficou fazendo a noite toda? – Emma sorriu.
– Um pirata pode ter mais de um jeito de conquistar uma mulher, aye? – Killian retribuiu o sorriso.
– Você tem 15 minutos.
– Quem é que está pressionando agora?
E sem dizer mais uma palavra, Killian fez com que Emma se aconchegasse a ele, e os dois ficaram daquele jeito: Emma se permitiu deitar a cabeça em seu peito, e acabou se esquecendo da promessa de 15 minutos. Assim, ambos adormeceram. Killian parecia radiante.
...
Snow e Charming preparavam o café da manhã. Geralmente, a família não tomava o café da manhã junta, mas naquele dia, Snow e Charming decidiram fazer algo especial.
– Acha que Hook gosta de panquecas? – perguntou Mary Margaret, ocasionalmente.
– Um dia desses e Hook estava ajudando Cora. Hoje, estou me preocupando se ele gosta de panquecas. – resmungou David.
– Não seja tão duro, David. Talvez ele tenha sempre sido um bom homem, e só precisou de Emma para despertar isso.
– Por Deus, Snow! Não me fale em despertar coisas, eles passaram a noite juntos! – David soava inconformado. Snow riu.
– Despertar o que? – Perguntou Henry, indo até a cozinha.
– Nada, querido. Seu avô está ficando superprotetor. – disse Mary Margaret, beijando o neto na testa.
– Então Hook está aqui? – perguntou Henry.
– Sim, mas ele deve estar dormindo. – respondeu Snow.
– Quer que eu vá chamar ele?
– Não! – disseram Snow e Charming, ao mesmo tempo.
...
Regina entrou no quarto onde estava a garota até então desconhecida. Ela continuava da mesma forma desde a ultima vez que a viu.
– Algo novo? – perguntou, ao doutor Whale.
– Não. Onde está sua parceira? – especulou Whale.
– Cuidando da própria vida, talvez? – rebateu Regina. Whale a encarou por um momento, mas não suportou o olhar.
– Ok, bem, vamos fazer alguns exames e ver se descobrimos algo.
Whale ia saindo quando Regina notou: havia uma pequena marca na parte interior do cotovelo da moça, uma marca levemente roxa.
– Whale... – chamou Regina, indo ver mais de perto.
– Majestade? – zombou.
– Você aplicou alguma injeção recentemente?
– A última injeção aplicada foi há 16 horas.
– Então essa marca deveria estar aqui?
Whale se aproximou e viu um pequeno ponto vermelho, similar aos causados por injeções.
– Uma marca de injeção dura tudo isso? – perguntou Regina.
– Algumas duram. Mas o problema não é esse. Aplicamos apenas uma injeção, e foi na região do quadril. Vou consultar as enfermeiras que passaram por aqui. Algo está errado.
...
Emma e Hook somente acordaram uma hora depois, quando o cheiro da comida invadiu o quarto.
– Parece que vai ser café da manhã em família – disse Killian.
– Alguém me mate. – protestou Emma. Hook parecia estar se divertindo.
Depois de se arrumarem, saíram do quarto e foram em direção a cozinha, Emma tentando manter o máximo de distância de Killian possível.
– Emma! – Henry a cumprimentou com um abraço de bom dia. Ele parecia totalmente satisfeito. O mesmo não se podia dizer de David. Snow White e Killian pareciam partilhar um sentimento de diversão.
– Espero que goste das panquecas. – comentou Mary Margaret, a Hook.
– Aposto que vou gostar.
– Nós estamos de saída – disse David –, precisamos ir atrás de algumas coisas para o bebê.
– Eu preciso ir? – perguntou Henry.
– Não se não quiser – disse Mary Margaret.
– Ah, ufa. – Henry tentou não parecer tão aliviado quanto estava de verdade.
Logo em seguida, Snow e Charming pegaram Neal e foram embora, dando um beijo em Emma e trocando um cordial aperto de mãos com Hook.
– Até logo, mate. – disse David, com um sorriso irônico.
– E já está me aceitando na família – riu Hook.
Um certo silêncio se instalou na cozinha depois que Snow e Charming saíram, até que Henry de repente disse:
– Mãe, vou dar uma olhada no livro que a Belle emprestou.
– Ok, garoto. Em 10 minutos saímos. – disse Emma.
– Vinte. – replicou Hook.
– Vinte – concordou Henry.
Emma apenas lançou um olhar mau humorado aos dois.
Comeram silenciosamente. Hook acabou realmente gostando das panquecas.
– Admito que a comida aqui é bem melhor do que a em alto-mar – comentou.
– Não se acostume. – Disse Emma, ao acaso. Hook a encarou.
– Swan, você precisa parar com isso.
– Parar com o que? – perguntou Emma, erguendo uma sobrancelha.
– De me querer e depois me afastar. Ou você me aceita na sua vida, ou não. – disse Hook – Apesar de que a segunda opção deixaria meu coração totalmente partido. – acrescentou, com um sorriso.
Emma ficou em silêncio por um momento, de forma que o pirata voltou sua atenção ao jornal que acabara descobrindo na mesa. Portanto, se surpreendeu positivamente quando Emma lançou-se sobre ele, e os dois gastaram seus últimos 11 minutos da manhã entre beijos – e alguns olhares convencidos de Killian.
O trabalho não poderia esperar mais. Emma deixou Hook e Henry no porto, pois os dois decidiram que gostariam de passar algum tempo juntos, e foi encontrar Regina onde Hood fazia a patrulha na floresta.
– Vim o mais rápido que pude. O que foi? – Perguntou Emma, se aproximando de Regina.
– Apenas olhe – disse, e indicou o caminho com o olhar. Uns cinco metros à frente, várias pessoas estavam caídas. Emma correu até lá, com Regina seguindo-a pacientemente.
– Não parecem mortos. O que houve? – perguntou Emma.
– Maldição do sono. Precisamos esperar que eles acordem sozinhos.
– Temo que não tenha sido você quem lançou isso.
– Mas é claro que não.
– Então, só pode significar que temos uma feiticeira à solta. – Melhor o demônio que você conhece, do que o que você não conhece, pensou Emma.
...
– Quero ver o médico. – disse a garota a uma das enfermeiras que havia ficado para cuidar dela. Ela havia despertado há pouco tempo, e um ar sombrio pairava sobre sua face.
Whale apareceu logo depois.
– Você acordou, ótimo. Precisamos fazer alguns exames. Vou buscar a...
– Eu me lembro de tudo. – disse, simplesmente.
– Você o que?
– Preciso ver Regina.
...
Levar alguém de volta a um hospital sem chamar atenção poderia ser uma tarefa difícil para qualquer pessoa que não saiba lançar um pequeno encantamento que sirva para deixar todos inconscientes. Tudo havia corrido como previsto.
– Amanhã, você vai ser de grande importância, criança – disse a mulher, alisando o rosto pálido e cansado da garota.
A feiticeira arriscou sair pela porta da frente, logo após desfazer seu encantamento. Achou que ninguém poderia vê-la, mas foi vista.
– Você pode sair e me enfrentar, queridinha. – disse.
Ruby saiu de trás de um arbusto – estava na forma de loba. Deixou seus dentes à mostra, rosnando de forma ameaçadora. A mulher, por um momento, sentiu um ímpeto de medo, mas logo em seguida, riu.
– Talvez você tenha visto demais... Mas não preciso me preocupar com você. Lobos não sabem falar – estalou os dedos, e Ruby ganiu ao sentir uma pontada no coração. – Você deveria me agradecer. Graças a mim, vai poder aproveitar sua forma de loba por muito tempo. Agora, fora do meu caminho.
Em seguida, a feiticeira desapareceu. Ruby correu para a floresta.
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